AJUSTE DE DOSAGEM DE COMPRIMIDOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL VANESSA GIACOMINI MARCHEZAN ([email protected]) / Farmacia/unifra, Santa MariaRS LUCIANE VARINI LAPORTA ([email protected]) / Professora/ Unifra, Santa Maria-RS NATÁLIA DE MENEZES TAVARES ([email protected]) / Farmacia/unifra, Santa Maria- RS TATIANE CRISTINA SCHWAAB NEDEL ([email protected]) / farmacia/unifra, Santa Maria-RS ALEXANDRE MACHADO RUBIM ([email protected]) / tecnico-administrativo, Santa Maria- RS Palavras-Chave: ANTI-HIPERTENSIVOS; PARTICIONAMENTO DE COMPRIMIDOS Apesar dos comprimidos serem considerados farmacotecnicamente como forma farmacêutica unidose, ou seja, destinada à administração em uma única vez, a prática de partição é comum entre profissionais de saúde e pacientes (ANSEL et al., 2000). Inicialmente, a divisão de comprimidos foi justificada, para ajustar a dose ao paciente, nos casos em que a dosagem requerida não estava disponível comercialmente, ou quando o paciente necessitava de dose diferenciada, como nos casos de início de tratamento (ROCHON, 1999). Atualmente, tem sido muito praticada, particularmente, nos Estados Unidos da América e no Canadá, como estratégia de diminuição dos custos com medicação por parte dos planos de saúde, que determinam aos médicos a prescrição do medicamento em sua forma de apresentação de maior dosagem do fármaco, para que seja dividido e utilizado pelo paciente. A divisão dos comprimidos em metades ou quartas-partes é um procedimento geralmente realizado pelo próprio paciente, em casa, empregando métodos casuísticos, ou também pode ser realizada por profissionais farmacêuticos, como por exemplo, em ambientes hospitalares onde seja implantada a distribuição de doses unitárias. Os comprimidos podem ser particionados manualmente, cortados com uma faca ou ainda, com o auxilio de cortador especial. Uma das preocupações mais freqüentes é que os comprimidos divididos não produzam doses iguais. A forma do comprimido, ou seja, tamanho, curvatura espessura, são fatores importantes a serem observados, pois também podem influenciar na sua partição. Os melhores resultados podem ser obtidos com comprimidos maiores, ovais e que possuem extremidades achatadas (VAN SANTEN et al., 2002). Estudos têm demonstrado vários riscos associados ao particionamento de medicamentos, uma vez que não existe garantia de que o comprimido será partido exatamente no meio; se existirá a uniformidade de dose em ambas as partes; se haverá perdas no processo de quebra ou se a outra metade irá preservar a estabilidade durante o tempo de armazenagem até ser administrada. Por isso torna-se necessário, assegurar a confiabilidade dos produtos farmacêuticos para não colocar a saúde dos pacientes em risco, em função de sua inadequabilidade em termos de dosagem, segurança, qualidade ou eficácia. Sendo assim, esse trabalho teve como principal objetivo avaliar, através do controle de qualidade físico-químico, comprimidos íntegros e particionados de captopril (3 genéricos e 3 similares), hidroclorotiazida (referência, 2 genéricos e 2 similares) e cloridrato de propranolol (referência, 4 similares e 1 genérico), todos utilizados rotineiramente no controle da hipertensão arterial, a fim estudar se essa forma de ajuste de dosagem é segura ao paciente. As análises foram realizadas em conformidade com as monografias dos referidos produtos, descritas na Farmacopéia Brasileira 4ª Edição. Os comprimidos foram particionados pelo método manual e com cortador específico, e avaliados conforme descrito na European Pharmacopoeia (2006). Os resultados obtidos nesse estudo indicam a ocorrência de dispersão maior do que a estabelecida para garantir a uniformidade da dose administrada, em todos os medicamentos analisados. Podemos perceber também, que quando a partição dos comprimidos ocorreu de forma manual, a variação foi maior do que quando particionados com o cortador específico. Dos comprimidos de hidroclorotiazida analisados, apenas 2 marcas não apresentaram comprimidos fora das especificações de 85% a 115%, quando particionados com cortador específico, mas apenas uma marca passou no teste, quando particionados manualmente. Em relação ao cloridrato de propranolol, apenas uma marca, dos particionados com cortador, apresentou unidades fora das especificações, mas quando particionados manualmente, esse número aumentou para 4. Os comprimidos de captopril não apresentaram unidades fora das especificações, nem quando particionados manualmente nem com cortador, porém o desvio padrão relativo foi sempre maior, quando a partição foi manual. REFERÊNCIAS: ANSEL et al. ; Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos; Sao Paulo; Premier; 2000. Comissão Permanente de Revisão da Farmacopéia Brasileira; FARMACOPÉIA BRASILEIRA; Sao Paulo; Atheneu; 2001. VAN SANTEN, E.; BARENDS, D.M.; FRIJLINK, H.W; Breaking of scored tablets: a review; europa; J.Pharm. Biopharm.; 2002. Rochon PA, Clark JP, Gurwitz HJ. ; Challenges of prescribing low-dose drug therapy for older people; França; CMAJ.; 1999. Strasbourg: European Department for the Quality of Medicines; EUROPEAN PHARMACOPOEIA; França; COUNCIL OF EUROPE ; 2006.