Senhor Presidente,

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DISCURSO N°
, DE 2010.
Senhor Presidente, Senhoras Deputadas, Senhores Deputados.
Há 93 anos, nascia no Piauí um ilustre homem que viria a ser um dos
nossos maiores intelectuais. Refiro-me a Júlio Romão da Silva, escritor,
jornalista, etnógrafo e fundador da Frente Igualitária Brasileira no Rio de
Janeiro. Ele empreendeu lutas imprescindíveis ao movimento negro e a
literatura.
Descendente de pretos africanos, vendidos como escravos na Bahia,
Júlio Romão ficou órfão aos quatro anos de idade. Foi criado pela avó paterna,
Mônica Efigênia da Conceição, em Teresina. Este piauiense que recebeu o
nome de “Romão” em homenagem ao Padre Cícero Romão superou as
dificuldades econômicas e até geográficas em um Brasil ditatorial da primeira
metade do século XX e conseguiu fazer um trabalho memorável para o país.
Enquanto estudante, foi marceneiro em Teresina e depois em São Luis
do Maranhão. O contato com as letras se deu inicialmente com um jornal
experiência: ‘O Artífice’, fundado em 1932, no antigo Liceu Industrial de
Teresina, onde se formou. Depois lançou o jornal ‘O Eco’, onde expôs suas
idéias renovadoras sobre a poesia e romance regionais.
Em 1937, migrou para o Rio de Janeiro e, sem qualquer ajuda
financeira, enfrentou dificuldades extremas, mas nunca desistiu de estudar. Na
então capital federal, fez o curso ginasial no Colégio Matos e cursou
Comunicação Social na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.
Iniciou a carreira jornalística como revisor do Jornal do Comércio,
exercendo o ofício de jornalista por mais de quarenta anos, trabalhando em
importantes veículos da imprensa carioca, como Correio da Manhã, Diário
Carioca e a Revista da Semana. Ainda no Rio de Janeiro fundou o jornal Terra
Mafrense, que divulgava os fatos e coisas do Piauí.
Do jornalismo passou a literatura. Com 42 obras literárias publicadas,
algumas traduzidas para o espanhol, Júlio Romão é membro da Academia
Piauiense de Letras e já foi indicado por mais de uma vez para a Academia
Brasileira de Letras.
Em 1950 passou a atuar no serviço público. Foi chefe do setor de
Publicidade do Conselho Nacional de Geografia; assessor do Presidente da
Comissão Federal de Abastecimento e Preços; diretor do Departamento de
Geografia e Estatística da Prefeitura do Distrito Federal. Durante o governo
Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro, Júlio foi responsável pelo levantamento da
estatística econômica e pela política administrativa do estado da Guanabara.
O Rio de Janeiro reconheceu o trabalho de Júlio Romão concedendolhe cidadania carioca e dando seu nome a uma das ruas do bairro Méier, na
capital daquele Estado, através do projeto de Lei n° 2.158 de 1966.
Júlio Romão é um importante escritor vivo da história brasileira. Este
piauiense atuou em um cenário político de governos centralizadores e de uma
cultura de contestação intensa presente na literatura, música, teatro e no
jornalismo. A história de Júlio Romão possui episódios de embate com o
regime ditatorial e de auto afirmação como negro em uma sociedade racista.
Em 1988, Romão voltou a residir em Teresina, após 53 anos no Rio de
Janeiro. Hoje, Júlio Romão da Silva é aposentado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). É membro da Sociedade Brasileira de
Geografia e da Associação Brasileira de Geografia e da Associação Brasileira
de Imprensa e ainda escreve artigos para jornais e tem projetos de escrever
novos livros.
Deputado Federal Osmar Júnior
PCdoB/PI
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