Dr. Rodrigo Massaud

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Educação baseada em evidências aspectos neuro
funcionais e a importância da utilização do
método das boquinhas
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Dr Rodrigo Meirelles Massaud
Médico Neurologista pela UNIFESP/EPM
Membro efetivo da Academia Brasileira de Neurologia
Coordenador médico do Programa Integrado de Neurologia do
Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo)
• Sem conflito de interesses
Trailer oficial do filme: O começo da vida
https://youtu.be/ZS4G1Ts75Ek
Minha história
• Esse negócio de entender de uma coisa,
tem que amar. Quando você ama, isso cria
uma capacidade. Você se interessa pela
coisa, você começa a olhar.
Tom Jobim
Consenso ao redor do mundo
• A aquisição adequada da leitura é fundamental para o
progresso de qualquer cultura ao redor do mundo.
• Remediar e evitar problemas de leitura deve ser um dos
principais focos da educação.
• As evidências científicas apontam que crianças com
dificuldades para ler apresentam ao longo de toda a vida:
- Resultados acadêmicos piores,
- Menor empregabilidade
- Problemas de interações sociais
Compromisso Social
• Obter o dominio da leitura e da escrita, faz parte de um
processo que deve ser desenvolvido não só pela escola, mas
por toda a sociedade, incluindo a família.
Alfabetização uma ciência?
• O processo de alfabetização, tem sido um grande desafio para
crianças e educadores em todo o mundo.
• O interesse pelo assunto se tornou alvo de várias ciências
Neurociência educação e alfabetização
Aplicações:
• Avalia de forma controlada os diversos métodos de
alfabetização utilizados pelos educadores.
• Detecta dificuldades específicas de leitura.
• Propõe intervenções baseadas em evidências científicas que
minimizem os problemas de leitura.
• Entende o funcionamento do cérebro durante o ato da leitura.
(mecanismos neurobiológicos)
Educação baseada em evidências
O método científico
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“A ciência é talvez a única atividade humana em que os
erros são sistematicamente criticados e com o tempo
corrigidos.” K.Popper
O Método científico
“Teorias científicas são redes, somente aqueles que as
lançam pescarão alguma coisa.”
“Que a ciência lhes seja alegre como empinar papagaios.”
O Brasil e o mundo
• Infelizmente os resultados brasileiros de leitura, no (PISA)
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes,
continuam abaixo da média dos países da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).
PISA
• Avalia estudantes de 15 anos de idade, matriculados a partir
do sétimo ano escolar. Avalia a proficiência em leitura,
matemática e ciências
Relatório Nacional PISA
Relatório Nacional PISA 2012
Fundamentos do aprendizado
criando mentes produtivas
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Inteligência
Habilidades de comunicação (fala, leitura, escrita)
Memória
Motivação
Empatia
Funções executivas
Educação na era da informação visão dos
educadores e visão de mercado
• Habilidades cognitivas de gerenciar e acessar informações.
• Capacidade de resolução de problemas nos diferentes
domínios, além da área de conhecimento específico.
• Metacognição: aprender como o cérebro aprende planejando
e monitorizando o próprio aprendizado.
• Habilidades de comunicação
• Habilidades de raciocínio crítico.
• Criatividade: habilidade de ver as coisas de novas maneiras.
Evolução
Hemisférios cerebrais
Macro regiões encefálicas
Domínios da comunicação
• Comunicação não-verbal inclui: a linguagem corporal, gestos
e sinais.
• Comunicação verbal inclui: o modo oral e o modo escrito e
são particularmente funções do lado esquerdo do cérebro.
Áreas relacionadas a fala e a leitura
Fala e Habilidades de comunicação
• De onde surge a fala?
• A fala é pré programada ou determinada por inputs em áreas
específicas do cérebro?
Crianças ao redor do mundo
• Evidências mostram que crianças surdas começam a
apresentar a lalação na mesma idade de crianças que
possuem a audição normal.
Crianças ao redor do mundo
• Crianças expostas a diferente idiomas, costumam apresentar
um padrão bastante parecido de lalação com sons muito
similares.
• São instintivamente sensíveis a diferentes sons.
• Geralmente as vogais são produzidas antes das consoantes.
Ajudando as crianças a entender os propósitos de
usar a fala e outras habilidades de comunicação
1- Instrumental: para satisfazer as necessidades e desejos.
2-Regulatório: para controlar o próprio comportamento e o
comportamento dos outros.
3- Inter- relacional: para estabelecer e manter contato com os
outros.
4- Pessoal: expressar escolhas, expressar o self, e assumir
reponsabilidade.
5 Aprendizado: para fazer perguntas e buscar informação
6 Imaginação: para fingir, criar imagens e padrões.
7 Representativo: para informar os outros, para expressar
idéias.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação.
• Quanto mais rico o ambiente de convívio da criança, do ponto
de vista da comunicação, melhor será o desenvolvimento das
habilidades da fala.
• Quanto maior o nível educacional e o nível gramatical das
pessoas da casa (pais), maior será a habilidade de leitura das
crianças no futuro, mesmo anos mais tarde.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação.
• A família deve estimular um ambiente comunicativo com as
crianças, incluindo-as nas conversas familiares, encorajando-as
a falar sobre o que está acontecendo durante jogos
brincadeiras, sempre descrevendo aquilo que estão fazendo.
Será que evoluímos?
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação.
• Brinquedos eletrônicos com barulhos diferentes da voz
humana, não são bons modelos de aprendizado para as
crianças, porque não possuem a prosódia o ritmo e a
intonação da fala.
• Limite o tempo de exposição a eletrônicos ( televisão, tablets,
video games, smart fones).
• A base da conciência fonológica vem da fala humana os
eletrônicos costumam ser somente uma experiência visual
para as crianças.
• Interagir é preciso
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação
• Além de falar e conversar com a criança, um dos hábitos mais
importantes para o desenvolvimento da fala e futuramente da
alfabetização é ler em voz alta para as crianças .
• Não pare de ler em voz alta quando a criança aprender a ler.
Concreto X abstrato
• Associe o aprendizado da fala aos acontecimentos do dia a
dia, isso ajuda na compreensão e facilita a memorização.
• Use objetos concretos, sempre que possível, para exemplificar
o que você quer falar, isso ajuda muito as crianças .
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação
• Quando estiver vendo figuras aproveite para explicar a mesma
situação de várias formas.
• Siga a tendência natural de aumentar a complexidade da fala a
medida que a criança cresce. Sempre cheque o nível de
entendimento dela.
Ambientes que estimulam a fala e as habilidades de
comunicação
• As crianças precisam ouvir muitas perguntas para
aprenderem a forma interrogativa.
• Os adultos devem responder positivamente as tentativas
da criança de se comunicar.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação
• As crianças aprendem vendo os pais e irmãos usando a fala
para se comunicar e para resolver problemas.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação
• A neuropsicologia sugere que o “inner speech”, a conversa
silenciosa que fazemos com nós mesmos, criam conexões em
partes importantess do cérebro
As Bases Neurobiológicas da Aprendizagem da
Leitura
• Diferindo da fala ou da marcha, a aquisição da leitura
corresponde a um processo de complexas adaptações do
sistema nervoso, que necessitam de estimulação e orientação
externa. (Foorman et al., 1998).
Evidências ciêntíficas robustas
• O papel da consciência fonológica sobre a aprendizagem da
leitura e da escrita é amplamente conhecido na literatura
científica.
• O emprego de atividades de consciência fonológica de forma
preventiva ou reabilitadora, evidenciando uma estreita relação
com o aprendizado do código escrito.
• O treinamento da consciência fonológica, em especial da
consciência fonêmica, pode gerar melhora na representação
fonológica das palavras, tanto para disléxicos, quanto para
crianças sem dificuldades de aprendizagem.
METACOGNIÇÃO
• As habilidades metacognitivas possibilitam ao aluno planejar e
monitorar o seu desempenho; tomando consciência dos
processos que utiliza para aprender. Ajuda a tomada de
decisões sobre que estratégias utilizar em cada tarefa, avalia
continuamente a sua eficácia, alterando-as quando não
produzem os resultados desejados .
CONSCIÊNCIA METALINGUÍSTICA
• A consciência metalinguística é considerada a habilidade de
manipular e refletir sobre os segmentos da fala.
• Em todos os idiomas ao redor do mundo nativos utilizam os
fonemas, de forma não consciente, com propriedade quando
escutam ou quando falam.
• Já o conhecimento consciente dos fonemas se desenvolve
com a aprendizagem do sistema alfabético da respectiva
língua, necessitando de instrução formal com o ensino da
alfabetização propriamente dita.
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
• A consciência fonológica parte integrante da consciência
metalinguística.
• A consciência fonológica é a habilidade de se refletir
explicitamente sobre a estrutura sonora das palavras faladas,
podendo manipular seus componetes.
CONSCIÊNCIA FONÊMICA
• Consciência fonêmica é uma sub-habilidade da consciência
fonológica, se refere, portanto, à habilidade de controle sobre
a manipulação fonêmica. A habilidade de ouvir e perceber as
letras, no tempo-espaço que elas ocorrem, ou seja, fazer a
correspondência imediata da letra com o som ouvido.
CONSCIÊNCIA FONOARTICULATÓRIA
• A consciência fonoarticulatória é a parte da consciência
fonológica que permite refletir sobre as características
articulatórias dos fonemas, sendo a habilidade responsável
pela distinção das articulações dos sons da fala, ou seja, os
fonemas se tornando entidades concretas articulatórias.
• A consciência fonoarticulatória é a capacidade de o indivíduo
pensar sobre os sons e os gestos motores necessários à
produção da fala. Essa capacidade é importante não somente
na produção e na percepção dos sons, mas também na
aprendizagem do sistema alfabético de escrita.
multissensorial
Sistemas de Neurônios Espelho
• Uma das descobertas que mais influênciou o entendimento da
neurobiologia do aprendizado foi a descoberta dos neurônios
em espelho. Esses neurônios disparam quando ocorre a
observação de uma ação que causa no observador a ativação
automática do mesmo mecanismo neural disparado pelo
executante da ação. Este mecanismo permite a compreensão
da ação de uma forma direta.
Sistemas de Neurônios Espelho
• Há evidências de interação da área de Broca (relacionada aos
mecanismos de linguagem) com a área motora primária
(Ferrari et al., 2003).
• Esta interação é entendida como base para parte do
aprendizado da leitura. A observação de ações realizadas por
outros e reproduzidas internamente, produzem resposta dos
sistemas neurais motor e de linguagem de maneira integrada,
e envolve racionalização e concepção imaginativa menos
intensa para realização do ato.
As Bases Neurobiológicas da
Aprendizagem da Leitura e Escrita
• A observação de pacientes com lesões focais cerebrais foi
durante muito tempo a única janela para o conhecimento do
funcionamento do cérebro.
Lesões que levam a alexia
• A importância do hemisfério esquerdo na atividade da leitura
em adultos já é conhecida desde o final do século XIX, quando
Dejerine relacionou lesões dos giros angular, supramarginal e
temporal superior esquerdo com quadros de perda da
capacidade da leitura (Dejerine, 1891).
Presente e Futuro
Ressonância magnética funcional
Ressonância magnética funcional
• Hoje os estudos relacionados à investigação das funções
cerebrais, tem utilizado a RMf como a técnica de escolha.
• O aumento da atividade neuronal causado por determinada
tarefa realizada pelo sujeito dentro do aparelho (paradigma)
leva a um aumento da extração de oxigênio pelos tecidos e
um grande aumento da perfusão cerebral regional.
• O contraste entre as imagens com sangue oxigenado e com
sangue venoso foi denominado “contraste BOLD” (do inglês,
Blood-Oxygenation-Level Dependent)
MAGNETOENCEFALOGRAFIA
Neuroimagem
• Um número crescente de estudos em neuroimagem exploram
aspectos diferentes da leitura como:
1- A diferença entre um leitor eficaz e um disléxico
2- Intervenções que aumentem a eficiência da leitura
3- Fatores preditores de um bom leitor.
Magnetoencefalografia durante teste de
decodificação fonológica em crianças.
• A atividade detectada após 200 ms, que representa o
momento inicial da decodificação fonológica está
representada em vermelho e está diminuída no hemisfério
esquerdo da criança com dislexia, além de uma maior ativação
do hemisfério direito (Papanicolaou et al., 2003).
Neuroplasticidade e Aprendizado
Neuroplasticidade e Aprendizado
Fator preditor de alunos que se tornam
bons leitores
• Rapid automatized naming (RAN) ou Nomeação rápida
automática é definida como: a capacidade de nomear o mais
rápido possível estímulos visuais apresentados como: letras,
dígitos, cores e objetos tem sido fortemente relacionado a
capacidade de leitura em várias línguas diferentes.
Circuitos cerebrais envolvidos na leitura
• De modo didático, podemos citar a presença de dois circuitos
principais no cérebro , que são ativados quando uma palavra
escrita é visualizada pelo córtex responsável pela visão:
1. Circuito temporo-parietal via indireta
2. Circuito occipto-temporal ou via direta ou Léxica
Arquitetura cerebral para leitura
Circuitos cerebrais da leitura
Área visual primária
• Área visual primária, situada nos lobos occipitais de ambos os
hemisférios, que é ativada inicialmente durante a visualização
da palavra a ser lida.
Giro angular e supramarginal
• Porção posterior do giro temporal superior, giros angular e
supramarginal, que são ativadas principalmente durante o
processo de análise fonológica de uma palavra.
• Estas áreas estão associadas aos processo de decodificação da
palavra durante a leitura em seus menores segmentos, que
são as letras, as quais são correlacionadas com os seus
respectivos sons.
• Assim, após a visualização da palavra “BOLA” (pelas regiões
occipitais), os 4 símbolos alfabéticos são “analisados” na
região temporo-parietal a qual efetua a correlação dos sons
“be + o + ele + a”, com as suas letras correspondentes.
Área de Broca
• Área de Broca, participando no processo de decodificação
fonológica associado ao processo articulatório.
• A área de Broca (córtex pré-frontal ventrolateral e ínsula)
também tem participação no ato da leitura, quer seja
silenciosa ou em voz alta, quando está ocorrendo o processo
de decodificação fonológica e está associada à formação da
estrutura sonora, através da movimentação dos lábios, língua
e aparelho vocal (Price, 2000; Price et al., 1996; Shaywitz et
al., 2002).
Junção temporal e occiptal
• Junção dos lobos temporal e occipital, que são consideradas
áreas secundárias da visão, destacando-se mais
especificamente os giros lingual e fusiforme, além de partes
do temporal médio, que são ativados principalmente durante
o ato da análise visual da palavra, permitindo uma
interpretação direta da palavra ou seja é efetuada uma
transferência direta da análise ortográfica para o significado .
Lições para levar para casa
• O desenvolvimento da fala pode ser adequadamente
estimulado e isso facilitará muito a alfabetização.
• Os educadores devem orientar os pais nessa empreitada.
• O desenvolvimento da conciência metalinguística e todos os
seus componentes ( consciência fonológica, consciência
fonêmica) são fundamentais para a leitura e devem ser
desenvolvidos e estimulados por profissionais capacitados.
• As evidências ciêntíficas para a utilização dessas técnicas são
muito fortes e não devem ser ignoradas.
Lições para levar para casa
• É sabido que nenhum investimento gera tanto retorno social e
econômico quanto investir na criança.
• Vai demorar 20 anos para que você tenha um retorno, mas
este retorno, segundo mostram as pesquisas e evidências
científicas, é muito alto.
Obrigado!
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