05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 105 Artigo Original Contaminação de Lúmen de Cateter de Hemodiálise: Prevenção e Tratamento com M-EDTA Contaminaton of Dialysis CatheterLumen: Prevention and Treatment with M-EDTA João Carlos Biernat, Fernando dos Santos, Ana Maria Giancristoforo dos Santos, Áurea Alice Raubach, Maria Elaine Latosinski Souza, Maria Salete Stumpf Demin, Daiane Kochhann, Marcela Santiago Biernat Clinirim - Clínica de Doenças Renais. Porto Alegre - RS. RESUMO Introdução: Contaminação é complicação freqüente associada ao uso de cateter venoso central. A presença de biofilme, recalcitrante ao tratamento convencional, perpetua esta infecção. Na rotina atual, emprega-se heparina para preencher a luz do cateter, porém heparina não protege contra infecção, uma vez que não tem ação antibiótica. Uma alternativa à heparina é o emprego de edetato dissódico e minociclina (M-EDTA), um potente quelante de cálcio, magnésio e ferro que destrói a membrana celular bacteriana e fúngica, além de desestruturar o biofilme, permitindo a ação local em alta concentração de antibiótico associado. Objetivos: Verificar a eficiência de uma solução contendo M-EDTA como selo em cateter de Hemodiálise em comparação com Heparina. Metodologia: Coletaram-se 160 hemoculturas seriadas, prospectivas, de 15 cateteres de pacientes renais crônicos antes de dialisar. Após a diálise, aplicou-se heparina nos cateteres do grupo A (oito cateteres) e M-EDTA nos do grupo B (sete cateteres). Na análise estatística, foi usado o Teste de Comparação entre Proporções Independentes, sendo considerado significativo um p< 0,05. Resultados: No grupo A, oito hemoculturas foram positivas, com incidência de 9,52 % após 248 dias de observação. No grupo B, uma hemocultura foi positiva, com 1,31% de contaminação (p<0,05) após 203 dias de observação. Foram identificados Staphylococcus aureus (quatro amostras), Klebsiella pneumoniae (três amostras) e Streptococcus pneumoniae (uma amostra) no grupo A e uma amostra de Klebsiella pneumoniae no grupo B. Conclusão: A solução de M-EDTA, comparada com heparina, previne e trata infecção em cateter de hemodiálise, sendo alternativa promissora para reduzir a preocupante prevalência de sepse em paciente renal crônico usuário de cateter. Descritores: Biofilme. Cateter. Contaminação. Diálise. Heparina. M-EDTA. ABSTRACT Background: Contamination is a frequent complication associated with the use of central venous catheters. The presence of biofilm, resistant to conventional treatment, perpetuates such infections. Currently heparin is employed to fill the catheter lumens, though it does not protect from infection since it has no antibiotic action. One alternative to heparin is the use of minocycline and edetic acid (M-EDTA), a potent calcium, magnesium and iron chelating agent that destroys bacterial and fungal cell membrane and disrupts biofilm, thus allowing the associated antibiotic to exert its action locally at a high concentration. Objective: To compare the efficiency of a solution of M-EDTA as a lock in hemodialysis catheters with that of heparin. Methods: One hundred and sixty serial, prospective hemocultures were drawn from 15 catheters of chronic renal patients before dialysis. After dialysis, heparin was instilled in the catheters of group A (8 catheters) and M-EDTA in those of group B (7 catheters).The statistical analysis was performed using the comparative test between independent proportions. A p-value of < 0.05 was considered significant. Results: Among the catheters in group A, 8 hemocultures were positive, with an incidence of 9.52% after 248 days of follow-up. In group B, 1 hemoculture was positive, representing 1.31% of contamination (p<0.05) after 203 days of follow-up. The bacteria identified were Staphylococcus aureus (4 samples), Klebsiella pneumoniae (3 samples) and Streptococcus pneumoniae (1 sample) in group A and 1 sample with Klebsiella pneumoniae in group B. Conclusions: The M-EDTA solution, compared to heparin, prevents and treats infections in hemodialysis catheters, representing a promising alternative for decreasing the alarming prevalence of sepsis among chronic renal patients using catheters. Keywords: Biofilm. Catheter.Contamination. Dialysis. Heparin. M-EDTA. Recebido em 16/01/08 / Aprovado em 24/03/08 Endereço para correspondência: Dr. João Carlos Biernat - Clinirim Rua Sport Clube São José 222. CEP 91030-510, Porto Alegre, RS E-mail: [email protected] 05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 106 Tratamento de Cateter de Hemodiálise com M-EDTA 106 INTRODUÇÃO Infecção continua sendo uma importante causa de morbidade e mortalidade de pacientes com Insuficiência Renal, mesmo diante de todos os avanços obtidos com novas drogas e cuidados preventivos. Conforme registros do United States Renal Data System, infecção é a segunda maior causa de morte em pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) em diálise, só perdendo para patologias cardiovasculares. Sepse contribui com mais de 75% dessas mortes por infecção1. A taxa anual de sepse é muito maior nos pacientes em diálise do que na população em geral, sendo cem vezes maior na faixa etária de 64 até 74 anos2. O emprego de cateter em vez de fístula para realização de hemodiálise tem alcançando taxas superiores a 25%, como descrito em 20043. Em nosso meio, conforme dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, CENSO da SBN-2007, a média de pacientes em Hemodiálise com acesso venoso central (temporário e permanente) era de 9,4% em janeiro de 2007, havendo, em 35% das Unidades, emprego superior a 10%4. A média encontrada no Brasil, de 9,4%, está bem abaixo dos 25% dos EUA, dando uma idéia de que a utilização de fístula AV no país é satisfatória. O uso correto de cateter representa um importante avanço tecnológico, de valor indiscutível; no entanto, a associação deste dispositivo com graves complicações infecciosas da corrente circulatória é fato bem conhecido5. A incidência de bacteriemia relacionada a cateter varia entre taxas como 4,1 casos por 1.000 pacientes-dia a valores tão altos quanto 19,8 casos por 1.000 pacientesdia6. Considerando uma taxa de mortalidade de 5% a 10% por cada bacteriemia relacionada a cateter, ocorreriam de 2.750 a 5.500 mortes por ano, apenas nos EUA, decorrentes de 55.000 casos ao ano de sepse relacionada a cateter que lá acontecem7. Microorganismos podem aderir e colonizar qualquer superfície biomaterial, colocando o paciente em risco de infecção local e sistêmica. O tratamento com antibióticos convencionais em geral falha porque essas bactérias, denominadas sésseis, desenvolvem biofilmes e se tornam mais tolerantes ou fenotipicamente mais resistentes aos antibióticos do que as bactérias planctônicas, que vivem circulantes no sangue8. A insensibilidade das bactérias de biofilmes aos antibióticos decorre da composição da sua parede celular, da estrutura de sua superfície, da variação fenotípica e da atividade enzimática9,10. Sugere-se, também, que a matriz exopolissacarídica do biofilme, carregada negativamente, confere às bactérias sésseis uma eficaz proteção contra os antibióticos catiônicos, restringindo a penetração deles no biofilme11. J Bras Nefrol 2008;30(2):105-12 Embora a antibioticoterapia e as defesas do hospedeiro (anticorpos, neutrófilos, fagócitos, enzimas líticas) sejam eficazes para eliminar bactérias planctônicas, quando circulando livres na corrente sangüínea, não há ainda nenhuma forma estabelecida de tratamento capaz de erradicar completamente todas as bactérias sésseis de biofilmes associadas a cateter12. O biofilme funciona como uma barreira, impedindo a efetiva ação dos antibióticos e mecanismos naturais de defesa contra infecção. Além disso, nem antibióticos injetados na corrente circulatória nem os mecanismos naturais de defesa conseguem alcançar o lúmen de um cateter selado. A utilização de compostos químicos e antibióticos tem sido proposta para preenchimento de cateter (lock-terapia ou selo-terapia) na tentativa de reduzir os altos índices de morbidade e mortalidade associadas à contaminação de tais dispositivos13. A selo-terapia constitui-se na instilação de um antibiótico ou antimicrobiano, com ou sem anticoagulante, apenas no lúmen de cateter, numa concentração 100 a 1.000 vezes superior à Concentração Inibitória Mínima usada habitualmente para terapia sistêmica com essa mesma substância. Essa solução concentrada permanece na luz durante o período de tempo em que o cateter não é usado, no intervalo entre as diálises14. Um desses produtos é a associação entre o edetato dissódico (EDTA) e minociclina. O EDTA é uma substância orgânica, etilenodiamino-diacetato de sódio, com propriedades quelantes, que age de modo direto contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e fungos, removendo cálcio, magnésio e ferro da membrana celular, ocorre uma maior passagem de agentes biocidas após a lesão da membrana celular bacteriana, determinando sua morte15. Essa ação também ocorre contra a estrutura físico-química de biofilmes existentes na luz de cateteres, permitindo, assim, a efetiva penetração de antibiótico associado em altas concentrações locais e o seu efetivo contato com as bactérias sésseis após a destruição do biofilme. O EDTA também tem uma boa ação anticoagulante, determinada pela remoção de cálcio do sangue, evitando a formação de coágulos16. O EDTA desestrutura o biofilme, afeta a parede microbiana, remove ferro da bactéria e, assim, altera profundamente seu metabolismo, pois a depleção de ferro interfere diretamente na atividade de enzimas bacterianas envolvidas com a síntese de DNA (ribonucleotídioredutases), transporte de elétrons e defesa de estresse oxidativo (superoxido-dismutases e catalases)17. Este estudo foi conduzido com o objetivo de comprovar a hipótese de que a incidência de contaminação de cateteres de Hemodiálise tratados com M-EDTA é menor do que a observada em cateteres tratados com heparina. 05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 107 107 MÉTODO EDTA, para preencher sete cateteres. A formulação de MEDTA continha 30mg/mL de EDTA associados a 3,0mg/mL de minociclina, produzida pelo Laboratório Lebon, sob nome CATH-SAFE®, apresentados na forma de cristais em seringas de 3,0mL que eram dissolvidos em salina antes do uso. A heparina utilizada continha 5.000 U/mL, sendo produzida pelo Laboratório Cristália. As soluções de preenchimento foram infundidas em volume igual ao priming de cada ramo de cateter, de forma lenta (em pelo menos 10 segundos) ao final das sessões, permanecendo na luz até a diálise seguinte, quando eram removidas e descartadas. A infusão de selo de heparina e M-EDTA, ao final de cada sessão de diálise, também foi executada com técnica asséptica, conforme já descrito acima. O material de hemocultura foi incubado por cinco dias em caldo BHI (Brain Heart Infusion), a 35°C; após este período, foi feito repique do material para os meios de Mac Conkey (para isolamento de bactérias Gram-negativas) e Azida Ágar sangue (para isolar bactérias Gram-positivas). Para a identificação bacteriana Gram-negativa, foi utilizado sistema Bactray; para identificar bactérias Gram-positivas, foram realizadas provas bioquímicas convencionais, incluindo provas de catalase, coagulase, bacitracina, optoquina, novobiocina e sorologia. Através de Ficha de Registro Clínico específica, preenchida em cada sessão de diálise, foram monitorados sinais e sintomas durante o período de estudo atribuíveis à infecção ou para-efeito dos produtos utilizados (heparina e M-EDTA). Observou-se a ocorrência de calafrios, tremores, hipotensão por infecção de cateter, bem como para-efeitos relacionáveis ao uso de heparina ou M-EDTA, como hemorragias, reações alérgicas, precipitados na luz do cateter, parestesias por hipocalcemia. O uso de antibióticos, a oclusão do cateter ou a sua remoção implicaram fim de observação. Havendo necessidade de O estudo foi realizado de modo prospectivo, na CLINIRIM LTDA., em Porto Alegre, no período de 11/12/2006 até 12/02/2007, onde passavam por diálise 90 pacientes no momento do estudo. Como critério de inclusão, foram admitidos pacientes renais crônicos atendidos em regime ambulatorial, estáveis, em uso de cateter venoso central. Como critérios de exclusão foram considerados uso de antibiótico, doença infecciosa em atividade, cirrose, diátese hemorrágica, alergia reconhecida a componentes do produto em avaliação. Os pacientes foram alocados em cada grupo (A ou B), conforme a data de ingresso no estudo, alternando-se um paciente para cada grupo, sendo comparáveis quanto a dados demográficos, não havendo estatisticamente diferenças entre os grupos, como mostra a Tabela 1. Foram coletadas 160 hemoculturas seriadas, a cada dois dias, de 15 cateteres objeto do estudo. Antes do início da sessão de diálise, procedeu-se ao descarte completo de 3,0mL solução de preenchimento (priming) do cateter, evitando que resíduos de heparina ou M-EDTA pudessem permanecer no lúmen do cateter. A seguir, realizou-se a coleta da hemocultura, com seringas apropriadas de 10mL, removendo-se 10mL de sangue por exame, com técnica asséptica, fazendo-se anti-sepsia da área externa do cateter e canhão com gaze estéril, embebida em solução de PVPI a 10% (poli-vinil-pirrolidona-iodo) antes da coleta. O técnico utilizava luvas, gorro, máscara e avental estéreis em cada procedimento de coleta. Os cateteres utilizados eram temporários, de duplo lúmen, de poliuretano. Os cateteres foram divididos em dois grupos, usando-se, no Grupo A, heparina sódica como solução de preenchimento em oito cateteres e, no Grupo B, o produto M- Tabela 1. Características demográficas e clínicas Parâmetros Idade, média (DP) em anos Sexo feminino, % de pacientes Diabetes, % de pacientes Número de hemoculturas, mediana (min - max) Número de hemoculturas total Número de hemoculturas por cateter Cateteres, número Tempo total de cateter, em dias Tempo por cateter, em dias, mediana (min - max) Tempo de permanência de cateter < 15 dias 16-45 dias 46-90 dias Grupo A - Heparina 52,5 (18,4) 50 33.3 8(5-20) 84 10.5 8 248 32(11-63) Grupo B – M-EDTA 65(14.5) 60 40 8(4-23) 76 10,8 7 203 28)7-63) 1 6 1 3 2 2 P 0.250* 1.000** 1.000** 0.779**** 1.000**** 0.536**** 0.197*** * teste t-student para amostras independentes; ** teste Exato de Fisher; *** teste qui-quadrado de Pearson; **** teste de Mann-Whitney Tabela 2. Resultados Parâmetros Nº de hemoculturas positivas Hemoculturas positivas por mês de observação Hemoculturas positivas por 1000 dias de observação Grupo A - Heparina 8 0,96 32,6 Grupo B – M-EDTA 1 0,14 4,9 P <0,05***** *****teste de comparação de proporções independentes J Bras Nefrol 2008;30(2):105-12 05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 108 Tratamento de Cateter de Hemodiálise com M-EDTA 108 antibióticos, seu uso era efetivado conforme a rotina da Unidade e condição clínica do paciente, não sendo baseados nos resultados de hemoculturas deste projeto, cujos laudos somente foram liberados após completar o protocolo de 160 hemoculturas. Dados demográficos e características do estudo estão mostrados na Tabela 1. Como desfecho primário do estudo foi considerada a primeira hemocultura positiva, sendo determinado o Período Livre de Hemocultura Positiva em cada grupo, com análise de sobrevida através de curvas de Kaplan-Meier, mostrada na Figura 2. A análise estatística foi realizada usando-se o Teste de Comparação entre Proporções Independentes, sendo considerado significativo um p < 0,05, Teste t de Student para amostras independentes, Teste exato de Fischer, Teste quiquadrado de Pearson e Teste de Mann-Whitney. Foi obtido consentimento formal, por escrito, de cada paciente, para participação do estudo, sendo o protocolo aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Instituição. 32,6 hemoculturas positivas por 1.000 dias de observação contra 4,9 hemoculturas positivas por 1.000 dias de observação no Grupo B. (Tabela 1). O Período Livre de Hemocultura Positiva para 75 dias foi bem maior para o Grupo B, que recebeu MEDTA, do que o grupo A, que recebeu heparina ( 81,8% contra 50%), como mostra a Figura 2. Evolução Clínica No Grupo A, quatro cateteres foram removidos devido à bacteriemia, ocorrendo sete hemoculturas positivas nestes cateteres; outros quatro cateteres foram retirados por maturação de fístula AV, registrando-se nestes uma hemocultura positiva. RESULTADOS Quanto às hemoculturas, oito tiveram resultado positivo no Grupo A (heparina), com uma incidência de 9,25% de contaminação; no Grupo B (M-EDTA), uma hemocultura foi positiva, determinando uma incidência de 1,31% de contaminação, sendo p< 0,05, conforme Figura 1. Nos cateteres do Grupo A, foram identificadas as bactérias Klebsiella pneumoniae em quatro amostras, Staphylococcus aureus em três amostras e Streptococcus pneumoniae em uma amostra. Na única amostra de hemocultura positiva do Grupo B, foi identificada a bactéria Klebsiella pneumoniae, como mostrado na Tabela 3. Foram realizadas 84 hemoculturas seriadas nos oito cateteres do Grupo A, que recebeu heparina e 76 hemoculturas nos sete cateteres do Grupo B, que recebeu M-EDTA; no grupo A, o tempo médio de observação foi de 248 dias e, no Grupo B, foi de 203 dias; o tempo médio de permanência do cateter in situ foi de 31 dias no Grupo A e de 29 dias no Grupo B (Tabela 1). O número médio de hemoculturas positivas por mês de observação foi de 0,96 ao mês no Grupo A e de 0,14 ao mês no Grupo B; expressando estes resultados em 1.000 dias de observação. No Grupo A, detectaram-se Figura 1. Percentual de hemoculturas positivas no grupo com Heparina (barra aberta) e no grupo com M-EDTA (barra fechada) *p<0,05 Tabela 3. Bactérias Identificadas em Hemoculturas Grupo A – Heparina Klebsiella pneumoniae Staphylococcus aureus Streptococcus pneumoniae Grupo B – M-EDTA Staphylococcus aureus J Bras Nefrol 2008;30(2):105-12 3 4 1 1 Figura 2. Período Livre de Hemocultura Positiva Grupo A (Heparina) Grupo B (M-EDTA ) p*=0,313 * teste qui-quadrado de Log Rank 05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 109 109 No grupo B, três cateteres foram removidos em decorrência de final de observação, não havendo hemoculturas positivas oriundas destes cateteres; outros quatro cateteres foram removidos por maturação de fístula, detectando-se uma hemocultura positiva em paciente assintomático. Não foram registrados para-efeitos atribuíveis ao uso de M-EDTA e heparina durante o período de observação. DISCUSSÃO Este estudo teve como enfoque principal avaliar, prospectivamente, através de 160 hemoculturas seriadas, o nível de colonização de cateteres de hemodiálise. Em pacientes assintomáticos, foi aplicado um selo com uma nova alternativa terapêutica representada por um quelante de ferro e cálcio associado à minociclina, sendo os resultados comparados com heparina. Com a utilização de M-EDTA, a contaminação foi observada pela positividade de apenas 1,31% das hemoculturas, enquanto que, com heparina, 9,25% das hemoculturas foram positivas, sendo demonstrado um evidente benefício em termos de menor colonização bacteriana e menor risco de sepse . A maioria dos cateteres venosos centrais desenvolve um biofilme bacteriano em sua superfície interna tão cedo quanto 24 horas após a sua instalação18,19. Portanto, a colonização bacteriana é quase imediata, podendo evoluir ou não para sepse. Uma vez que o risco de sepse é enorme, o conceito atual é promover o tratamento endoluminal do cateter, protegendo ao máximo a sua luz por meio de antimicrobianos eficazes, com capacidade de evitar a proliferação bacteriana e fúngica e seus biofilmes. As bactérias gram-positivas que mais infectam cateteres (Staphylococcus aureus e Estafilococo coagulasenegativa - ECN) provêm da própria pele do paciente, como microbiota da área de inserção de cateter ou mesmo são veiculadas pela equipe de saúde20,21. Usando a técnica de eletroforese de campo pulsado (PFGE - Pulsed Field Eletrophoresis of Genomic), que permite identificar subtipos do DNA de cepas de Staphylococcus aureus, foi comprovado que a mesma bactéria presente na pele do paciente antes de ser inserido cateter venoso central foi também identificada, seqüencialmente, no segmento proximal do cateter, na sua ponta e no sangue22. Já as bactérias gram-negativas são, em geral, oriundas do próprio ambiente hospitalar ou da unidade de diálise, pela seleção de cepas, devido ao uso indiscriminado de antibióticos de largo espectro, sendo mais prevalentes Acinetobacter sp, Pseudomonas sp, Enterobacter sp e Klebsiella pneumoniae23. Recentemente Pizzolito e colaboradores descreveram em Araraquara-SP a presença de biofilmes na superfície de todos os 59 cateteres venosos centrais examinados através de microscopia eletrônica de varredura24. O EDTA é um potente quelante de cálcio, ferro e magnésio, também com segura e boa atividade anticoagulante. Possui uma bem documentada ação antiestafilocócica, descrita em 1988 por Root e colaboradores25, e antifúngica, como descrito por Gil, Casanova e Martinez, em 199426. A minociclina é um antibiótico derivado de tetraciclina, de amplo espectro, com uma comprovada ação antiestafilocócica e antiestreptocócica, inclusive contra cepas meticilino-resistentes27. Cabe salientar que a aplicação de antimicrobiano na luz do cateter pretende prevenir e tratar tão somente o lúmen deste dispositivo e não o paciente. Assim, não há introdução de EDTA e minociclina na corrente circulatória. A erradicação da origem da infecção, com a conseqüente prevenção de suas complicações, é o objetivo dessa nova conduta. O atual uso rotineiro de apenas heparina como “selo” de cateter de hemodiálise precisa ser revisto. Sabese hoje que heparina não tem nenhuma ação bactericida28, sendo discutível a sua ação anticoagulante após 12 horas. Além disso, um relato de Shanks29 traz um fato novo e inquietante: um componente de heparina denominado sulfato de heparan serve como substrato para biofilme, isto é, facilita o desenvolvimento de bactérias e biofilmes. Assim, a heparina, além de carecer de atividade bactericida, favorece o desenvolvimento de infecção em um sítio tão crítico como cateter de veia central. Até o momento, as diretrizes do K/DOQI não abordam o uso de soluções no preenchimento de lúmen de cateter para prevenção de infecção30. Do mesmo modo, as recomendações do CDC para cateter datadas de 2002 sugerem o uso de antibióticos como selo em cateter apenas para pacientes com infecção recorrente e para os quais o máximo de aderência a técnicas estéreis já tenha sido determinado21. Já existem no mercado internacional diversas apresentações de produtos com a finalidade específica de erradicar biofilme de cateteres. Citamos uma formulação contendo citrato de sódio a 7% e azul de metileno a 0,05%, desenvolvida por Ash, nos EUA, bem como uma outra com citrato de sódio a 4% associada a taurolidine, oriunda da Alemanha. Recentemente uma associação de citrato de sódio a 4% e taurolidine a 1,3% foi lançada nos EUA. Em artigo publicado por Betjes e van Agteren31, é realizada uma boa revisão quanto ao emprego de citrato e taurolidine em cateteres. J Bras Nefrol 2008;30(2):105-12 05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 110 110 Também podem ser empregadas formulações de citrato de sódio puro, em diferentes concentrações, como 4%, 5%, 10% e 30%; o uso de citrato hipertônico a 30%, na comparação com heparina, mostrou bons resultados, conforme o CITRATE Study Group, da Holanda, reduzindo de 4,1 para 1,1 a taxa de Infecção Relacionada a Cateter por 1.000 cateteres-dia32. Neste estudo, o número de óbitos por sepse de cateter foi de cinco no grupo com heparina contra zero no grupo com citrato a 30%, não sendo relatadas complicações decorrentes de seu emprego. Já uma apresentação de citrato de sódio a 46,7% foi retirada do mercado americano pelo FDA, em abril de 2000, após acidente fatal com instilação sistêmica desta solução33. O uso de citrato de sódio preparado em farmácia de manipulação não é aconselhável pelo risco de contaminação de soluções injetáveis produzidas em condições inadequadas, sem controle de qualidade e observância das especificações da legislação brasileira, editada pela ANVISA34. Recentemente, em São Paulo, foi relatado contaminação em dezenas de pacientes que receberam heparina manipulada, usada como selo de cateter, determinando sepse por Pseudomonas putrida, com graves repercussões clínicas35. Um outro alerta é que tanto citrato de sódio como EDTA, infundidos inadvertidamente na corrente circulatória, podem determinar hipocalcemia transitória, parestesias e arritmia36. Quanto ao citrato de sódio em baixa concentração, em estudo com mais de dois anos de duração, com mais de 30.000 cateteres-dia em cada grupo, comparando heparina com citrato a 4%, Pierratos, em 2007, no Canadá, concluiu que tanto heparina como citrato a 4% não possuem atividade antimicrobiana, ocorrendo bacteriemias nesses dois grupos sem haver diferença estatisticamente significante37. Já o selo de heparina com gentamicina pode gerar hipoacusia por ototoxicidade38 e resistência bacteriana à gentamicina, além de sua ineficiência, pois gentamicina, como outros antibióticos, não penetra em biofilme, a não ser em níveis subterapêuticos, tão somente indutores de resistência, devendo esta prática cair em desuso em função do atual nível de conhecimento do tratamento de biofilme e pelo surgimento de alternativas de fato eficazes e seguras. O uso extensivo e freqüentemente inapropriado de antibióticos de largo espectro em hospitais é reconhecido como um importante fator para a disseminação de resistência bacteriana39. Esse ponto crucial deve ser considerado também na prescrição de antibióticos em cateter, devido ao enorme potencial de desenvolvimento de resistência bacteriana. Vários protocolos que utilizaram aminoglicosídeos, vancomicina e cefalosporinas de terceira geração mostraram-se ineficazes após algum tempo, J Bras Nefrol 2008;30(2):105-12 Tratamento de Cateter de Hemodiálise com M-EDTA devido ao aparecimento de resistência40, contribuindo, inclusive, para o aparecimento de infecções por bactérias multirresistentes entre pacientes em hemodiálise41. O primeiro relato de Staphylococcus aureus resistente à vancomicina ocorreu justamente em paciente realizando hemodiálise42. Também as infecções causadas por Enterococcus faecium resistentes à vancomicina vêm emergindo como preocupante problema, com crescentes índices entre usuários de cateter venoso central43. Em presença de biofilmes, a penetração de níveis subterapêuticos de antibióticos no biofilme favorece o desenvolvimento de resistência por parte das bactérias sésseis que se abrigam em biofilmes44. Sabe-se que tais bactérias são 1.000 vezes mais resistentes do que as bactérias planctônicas (circulantes) de mesma espécie e que não tiveram contato com antibiótico45. Por tais motivos, este modo de emprego de antibiótico em cateter para tentar tratar bactéria séssil é, além de frustrante, iatrogênico, pois favorece o surgimento de cepas resistentes dentro do biofilme, com potencial para disseminação pelo organismo, com conseqüente agravamento da condição clínica do paciente. Assim, como princípio terapêutico basilar, nunca se deve empregar em cateter qualquer antibiótico que possa ser útil para tratar bactéria planctônica, circulante, causadora de infecção sistêmica. Emerge, portanto, uma questão fundamental: qual antibiótico pode ser usado em lock-terapia? Apenas aquele que jamais será usado como agente terapêutico principal para tratar bactérias planctônicas causadoras de infecções sistêmicas graves, como minociclina e doxiciclina. Devese, porém, sempre associá-lo a produto químico (como o EDTA), com propriedade específica de desestruturar o biofilme e de reduzir a resistência bacteriana, permitindo, então, que o antibiótico, em altíssima concentração local, possa agir com extrema potência contra as temíveis bactérias sésseis geradoras de biofilmes e resistência. Atualmente a indicação formal para uso de minociclina restringe-se ao tratamento por via oral de acne. A apresentação parenteral de minociclina foi, inclusive, retirada do mercado. Não é recomendável o seu emprego no tratamento de sepse, endocardite ou pneumonia grave; assim, uma eventual e pouco provável resistência, devida ao seu uso apenas em cateter, não deverá gerar risco ao paciente caso necessite tratar uma infecção grave, pois todo o arsenal terapêutico de antibióticos específicos para esta situação terá sido preservado. Dosagens de minociclina e EDTA na corrente circulatória, após sua instilação adequada no lúmen de cateter de hemodiálise, foram negativas46, bem como não foi comprovada resistência bacteriana à minociclina em transplantados de medula óssea, permanecendo estafilo- 05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 111 111 cocos isolados de lesões desses pacientes altamente susceptíveis à minociclina, mesmo após quatro anos de uso em cateter47; outros estudos também não evidenciaram desenvolvimento de resistência bacteriana à minociclina quando aplicada em cateter48,49. Como 60% a 70% das infecções de cateter decorrem de bactérias gram-positivas, a intenção de associar minociclina com EDTA foi justamente aumentar em muito a probabilidade de controle microbiológico, em virtude da excelente ação antiestafilocócica e antiestreptocócica deste derivado de tetraciclina. Além disso, a alta concentração local da fórmula, com 3,0mg/mL de minociclina, ou seja, 3.000 microgramas/mL, representa concentração 1.500 vezes maior do que a Concentração Inibitória Mínima de minociclina para Staphylococcus aureus resistente à meticilina, que é de 2 microgramas/mL27,50. Essa altíssima concentração local de minociclina, associada a EDTA, com o qual tem efeito sinérgico, garante à formulação sua elevada eficácia contra infecção por germes gram-positivos46. CONCLUSÃO Mostramos, neste relato, que a associação de MEDTA pode prevenir de modo significativo a contaminação de cateteres de hemodiálise quando comparada com heparina, constituindo-se em alternativa efetiva para evitar sepse por cateter. Novos estudos devem ser desenvolvidos para uma comprovação definitiva dessa observação inicial com MEDTA, bem como para ampliar o espectro de indicações de tão promissora terapia. Também servirão para melhor embasar a prática de uso parcimonioso de antibióticos sistêmicos, bem como para possibilitar a diminuição de lesões a vasos centrais devido à troca freqüente de cateteres contaminados. Em especial, pode-se instituir uma nova conduta com impacto importante na redução da preocupante morbidade e mortalidade por sepse de pacientes renais crônicos em hemodiálise. REFERÊNCIAS 1. United States Renal Data System: USRDS 2003 Annual Data Report, Bethesda, MD: National Institutes of Health, Diabetes and Digestive and Kidney Diseases; 2003. 2. Sarnak MJ, Jaber BL. Mortality caused by sepsis in patients with end-stage renal disease compared with the general population. Kidney Int. 2000;58:1758-64 3. Finelli L, Miller JT, Tokars JI, Alter MJ, Arduino MJ. National surveillance of dialysis-associated diseases in the United States: 2002. Semin Dial. 2005;18:52-61. 4. Sesso R, Lopes AA, Thomé FS, Bevilacqua JL, Romão Junior JE, Lugon J. Resultados do Censo de Diálise da SBN, 2007. J Bras Nefrol. 2007; 29:197-202. 5. Raad II, Bodey GP. Infectious complications of indwelling vascular catheters. Clin Infect Dis. 1992;15:197-208. 6. Hugonnet S, Sax H, Eggimann P, Chevrolet JC, Pittet D. Nosocomial bloodstream infection and clinical sepsis. Emerg Infect Dis. 2004;10:76-81. 7. Weijmer MC, van den Dorpel MA, Van de Ven PJ, ter Wee PM, van Geelen JA, Groeneveld JO, et al. andomized, clinical trial comparison of trisodium citrate 30% and heparin as catheter-locking solution in hemodialysis patients. J Am Soc Nephrol. 2005;16:2769-77. 8. Presterl E, Grisold A, Reichmann S, Hirschl AM, Georgopoulos A, Graninger W. Viridans streptococci in endocarditis and neutropenic sepsis : biofilm formation and effects of antibiotics. J Antimicrob Chemother. 2005;55:45-50. 9. Davies, D. Understanding biofilm resistance to antibacterial agents. Nat Rev Drug Discov. 2003; 2:114-22. 10. Fux CA, Costerton JW, Stewart PS, Stoodley P. Survival strategies of infectious biofilms. Trends Microbiol. 2005; 13:34-40. 11. Anderl J, Franklin M, Stewart P. Role of antibiotic penetration limitation of Klebsiella pneumoniae biofilm resistance to ampiciline and ciprofloxacin. Antimicrob Agents Chemother. 2000;44:1818-24. 12. Costerton W, Veeh R, Shirtliff M, Pasmore M, Post C, Ehrlich G. The application of biofilm science to the study and control of chronic bacterial infections. J Clin Invest. 2003;112:1466-77. 13. Segarra-Newham M, Martin-Cooper EM. Antibiotic lock technique: review of the literature. Ann Pharmacother. 2005; 39:311-8. 14. Mermel LA, Farr BM, Sherertz RJ, Raad II, O’Grady N, Harris JS, et al. Guidelines for the management of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis. 2001;32:1249-72. 15. Kite P, Eastwood K, Sugden S, Percival SL. Use of in vivo generated biofilms from hemodialysis catheters to test the efficacy of a novel antimicrobial catheter lock for biofilm eradication in vitro. J Clin Microbiol. 2004;42:3073-6. 16. Bleyer AJ, Mason L, Russell G, Raad I, Sherertz RJ. A randomized, controlled trial of a new vascular catheter flush solution (minocycline-EDTA) in temporary hemodialysis access. Infect Control Hosp Epidemiol. 2005;26:520-4. 17. Bullen JJ, Rogers HJ, Spalding PB, Ward CG. Iron and infection: the heart of the matter. FEMS Immunol Med Microbiol. 2005;43:325-30. 18. Passerini L, Lam K, Costerton JW, King EG. Biofilms on indwelling vascular catheter. Crit Care Med. 1992;20:665-73. 19. Donlan RM. Biofilm formation: a clinically relevant microbiologic process. Clin Infect Dis. 2001;33:1387-92. 20. Beghetto M, Victorino J, Teixeira L, Mirela A. Fatores de risco para infecção relacionada a cateter venoso central. Rev Bras Ter Intensiva. 2002;14:107-13. 21. O’Grady N, Alexander M, Dellinger EP, Gerberding JL, Heard SO, Maki DG, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections.Centers for Disease Controls and Prevention (CDC). MMWR Recomm Rep. 2002; 51:1-26. J Bras Nefrol 2008;30(2):105-12 05-Biernat-1693-30(2)-AF 17.06.08 16:48 Page 112 112 Tratamento de Cateter de Hemodiálise com M-EDTA 22. Maki D, Stolz S, Wheeler S, Mermel L. Prevention of central venous catheter – related bloodstream infection by use of an antiseptic-impregnated catheter. A randomized, controlled trial. Ann Int Med. 1997;127:257-66. 37. Grudzinski L, Quinan P, Kwok S, Pierratos A. Sodium citrate 4% locking solution for central venous dialysis catheters – an effective, more cost-efficient alternative to heparin. Nephrol Dial Transplant. 2007;22:471-6. 23. Traub B, Schwarze I, Bauer D. Nosocomial outbreak of crossinfection due to multiple-antibiotic-resistant Klebsiella pneumoniae: characterization of the strain and antibiotic susceptibility studies. Chemotherapy. 2000;46:1-14. 38. Bleyer AJ. Use of antimicrobial catheter lock solutions to prevent catheter-related bacteremia. Clin J Am Soc Nephrol. 2007;5:1073-8. 24. Storti A, Pizzolitto AC, Pizzolito EL. Detection of mixed microbial biofilms on central venous catheters removed from intensive care unit patients. Braz J Microbiol. 2005;36:275-80. 25. Root JL, McIntyre OR, Jacobs NJ, Daghlian CP. Inhibitory effect of disodium EDTA upon the growth of Staphylococcus epidermidis in vitro: relation to infection prophylaxis of Hickman catheters. Antimicrob Agent Chemother. 1998;32:1627-31. 26. Gil ML, Casanova M, Martinez JP. Changes in the cell wall glycoprotein composition of Candida albicans associated to the inhibition of germ tube formation by EDTA. Arch Microbiol. 1994;161:489-4. 27. Greer ND. Tigecycline (Tygacil): the first in the glycylcycline class of antibiotics. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2006;19:155-61. 28. Capdevila J, Gavaldà J, Fortea J, López P, Martin MT, Gomis X, et al. Lack of antimicrobial activity of sodium heparine for treating experimental catheter-related infection due to Staphilococcus aureus using the antibiotic-lock technique. Clin Microbiol Infect. 2001;7:206-12. 29. Shanks RM, Donegan NP, Graber ML, Buckingham SE, Zegans ME, Cheung AL, et al. Heparin stimulates Staphylococcus aureus biofilm formation. Infect Immun. 2005;73:4596-606. 30. National Kidney Foundation. Clinical practice guidelines: update 2006. Am J Kidney Dis. 2006;48[Suppl 1]:S1-322. 31. Betjes M, van Agteren M. Prevention of dialysis catheterrelated sepsis with a citrate-taurolidine-containing lock solution. Nephrol Dial Transplant. 2004;19:1546-51. 32. Weijmer M, van den Dorpel MA, Van de Ven PJ, ter Wee PM, van Geelen JA, Groeneveld JO, et al. Randomized, clinical trial comparison of trisodium citrate 30% and heparin as catheter-locking solution in hemodialysis patients. J Am Soc Nephrol. 2005;16:2769-77. 33. US Food and Drug Administration. FDA Issues warning on tricitasol dialysis catheter anticoagulant . Rockville, MD; 2000. (FDA Talk Paper TOO-16). 34. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 214 , de 12 de dezembro de 2006. Dispõe sobre boas práticas de manipulação de medicamentos para uso humano em farmácias [resolução na internet]. [Acesso em 22 fev 2008]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2006rdc/214_06_anexo.pdf 35. Souza Dias MB, Habert AB, Borrasca V, Stempliuk V, Ciolli A, Araújo MR, et al. Salvage of long-term central venous catheters during an outbreak of Pseudomonas putida and Stenotrophomonas maltophilia infections associated with contaminated heparin catheter-lock solution. Infect Control Hosp Epidemiol. 2008;29:125-30. 36. Polaschegg HD, Sodemann K. Risks related to catheter locking solutions containing concentrated citrate. Nephrol Dial Transplant. 2003;18:2688-90. J Bras Nefrol 2008;30(2):105-12 39. Hancock RE. Mechanisms of action of newer antibiotics for gram-positive pathogens. Lancet Infect Dis. 2005;5:209-18. 40. Allon M. Prophylaxis against dialysis catheter-related bacteremia with a novel antimicrobial lock solution. Clin Infect Dis. 2003;36:1539-44. 41. D’Agata EM. Antimicrobial-resistant, gram-positive bacteria among patients undergoing hemodialysis. Clin Infect Dis. 2002;35:1212-8. 42. Centers for Disease Control and Prevention. Staphylococccus aureus resistant to vancomycin - United States, 2002. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2002;51:565-7. 43. Raad II, Hanna HA, Boktour M, Chaiban G, Hachem RY, Dvorak T, et al. Vancomycin-resistant Enterococcus faecium: catheter colonization, gene and decreased susceptibility to antibiotics in biofilm. Antimicrob Agents Chemother. 2005; 49:5046-50. 44. Amorena B, Gracia E, Monzón M, Leiva J, Oteiza C, Pérez M, et al. Antibiotic susceptibility assay for Staphylococcus aureus biofilms developed in vitro. J Antimicrob Chemother. 1999;44:43-5. 45. Stewart PS, Costerton JW. Antibiotic resistance of bacteria in biofilms. Lancet. 2001;358:135-8. 46. Raad I, Buzaid A, Rhyne J, Hachem R, Darouiche R, Safar H, et al. Minocycline and ethylenediaminetetraacetate for the prevention of recurrent vascular catheter infections. Clin Infect Dis. 1997;25:149-51. 47. Hanna H, Graviss L, Chaiban G, et al. Susceptibility patterns of Staphylococcal organisms in leukemia and bone marrow transplant (BMT) services after the use of minocycline/rifampin impregnated central venous catheters (MR-CVC) in a cancer hospital. In: Proceedings of the 42. Annual Meeting of the Interscience Conference on Antimicrobial Agents and Chemotherapy; 2002 Sep 27-30; San Diego, CA. (abstr K-74). 48. Darouiche RO, Raad II, Bodey GP, Musher DM. Antibiotic susceptibility of staphylococcal isolates from patients with vascular catheter-related bacteremia: potential role o the combination of minocycline and rifampin. Int J Antimicrob Agents. 1995;6:31-6. 49. Hanna H, Benjamin R, Chatzinikolaou I, Alakech B, Richardson D, Mansfield P, et al. Long-term silicone central venous catheters impregnated with minocyclin and rifampin decrease rates of catheter-related bloodstream infection in cancer patients: a prospective randomized clinical trial. J Clin Oncol. 2004;22:3163-71. 50. Minuth JN, Holmes TM, Musher DM. Activity of tetracycline, doxycycline and minocycline against methicillin-susceptible and resistant staphylococci. Antimicrob Agents and Chemother. 1974;6:411-4