A PLURIATIVIDADE NA AGRICULTURA FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE JALES SP: O ESTUDO DE CASO DE DUAS COMUNIDADES RURAIS [email protected] POSTER-Agricultura Familiar e Ruralidade CRISTINA TONDATO; ALINE ROMERO CASSUCCI; JULIANE DAME DE ANDRADE. FATEC JALES, JALES - SP - BRASIL. A Pluriatividade na Agricultura Familiar do Município de Jales - SP: o estudo de caso de duas comunidades rurais The Pluriactivity Family Farming in the city of Jales - SP: a case study of two rural communities Grupo de Pesquisa: Agricultura Familiar e Ruralidade Resumo Cerca de 81% das unidades de produção agrícola em Jales são consideradas familiares. Foram escolhidas duas comunidades rurais próximas ao município de Jales (de 2 a 6 quilômetros), foram entrevistadas 31 famílias que, na sua maioria exercem atividades nãoagrícolas e fora da propriedade. Cerca de 22 unidades de produção tem algum membro que exerce alguma atividade remunerada no meio urbano. São vários os fatores que influenciaram para que exercessem essas atividades não-agrícolas, como: proximidade com o município, incremento da renda, trabalho menos penoso e mais atraente. Palavras-chaves: agricultura familiar, pluriatividade, atividades não-agrícolas Abstract The city of Jales - SP has a predominance of family farming, about 81% of its production units are considered family. Selected two rural communities near the town of Jales (2 to 6 km), we interviewed 31 families who mostly perform non-agricultural activities and off the property. About 22 production units have a member who performs an activity remunerated from within the urban environment. There are several factors that exert influence so that these non-agricultural activities, such as: proximity to the county, increasing income, work less painful and more attractive. Key Words: family farms, multi-activity, non-agricultural activities 1. INTRODUÇÃO A situação dos agricultores familiares se agravou a partir da década de 1960 devido ao processo de modernização e a expansão do sistema capitalista. Com o passar dos anos os agricultores e seus membros tiveram que encontrar outros meios de se sobreviver. De acordo com Schneider (1994), foi a partir da década de 70 que a economia internacional sofreu significativas mudanças, acumuladas depois da Segunda Guerra Mundial, e a agricultura também sofreu esses efeitos de reestruturação. 1 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Funk, Borges e Salamoni (2006), acrescentam também que pelo fato da maioria dos pequenos agricultores não conseguirem se modernizarem frente às novas tecnologias impostas pelo sistema capitalista, a maneira por eles encontrada foi incorporar à produção rural outras atividades não-agrícolas. Foi nessa época que a pluriatividade passou a ser explorada pelos agricultores familiares, pois sem alternativa para aumentar a renda da propriedade, muitos, mesmo residindo e trabalhando em seu estabelecimento, buscaram outros meios de obtenção de renda, como o trabalho não-agrícola. Schneider e Conterato (2006) comenta que a combinação constante de atividades agrícolas e não-agrícolas, em uma mesma família, é que caracteriza e define o fenômeno da pluriatividade. Esse trabalho que faz parte de um projeto maior, tem por objetivo caracterizar as propriedades familiares do município, descrevendo as atividades desenvolvidas dentro do estabelecimento e ainda analisar o que leva o produtor ou os membros da família a desenvolver pluriatividade. 2. BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO O município de Jales tem suas características voltadas para a agricultura, inclusive familiares. Nardoque (2002) comenta que a origem da pequena propriedade em Jales está interligada ao processo de colonização da região. Foi Euphly Jalles que, durante as décadas de 1930 e 1940, passou a loteá-la em pequenas glebas de cinco, dez, quinze e vinte ou mais alqueires. Houve uma grande diminuição da população rural desde a década de 60, que era 25.006 habitantes e, em 2008 apenas 4.045 habitantes. A cidade de Jales fica a aproximadamente 600 km da capital paulista e conta com 31.166 hectares, segundo os dados do Censo Agropecuário do IBGE (2006), que corresponderia à área dos estabelecimentos agropecuários, sendo que 14.391 hectares são pertencentes à agricultura familiar. O município tem um total de 1.011 propriedades, sendo que 820 são estabelecimentos familiares, correspondendo aproximadamente 81 % do total de propriedades. Isso mostra que a maioria das propriedades rurais do município o predomínio é da agricultura familiar (IBGE, 2006). Para Petinari, Tereso e Bergamasco (2008), a região tem sua economia essencialmente agrícola, que desde o início da colonização, suas atividades já eram voltadas para a agricultura, tais como a bovinocultura e a cafeicultura. Atualmente, a fruticultura é uma das atividades econômicas em valor de produção que vem ganhando espaço entre as frutas no município, como a uva de mesa, que é a principal atividade econômica, seguida da laranja, limão e outras. 3. A PLURIATIVIDADE EM JALES – SP Schneider (2006) diz acreditar que, através da pluriatividade, os agricultores familiares possam desenvolver iniciativas de diversificação das suas ocupações internas, e, externamente, à unidade de produção, assim como aumentar as suas fonte e as maneiras de acesso às rendas. Ele afirma que a pluriatividade é a combinação de duas ou mais 2 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural atividades, onde pelo menos uma seja a agricultura, em uma mesma unidade de produção pelos membros da família. Nas propriedades visitadas foram encontradas as atividades como: laranja, café, hortaliças, pecuária de leite e corte, uva, pinha, seringueira e ainda um pesque-pague. Ficou evidenciado um alto número de propriedades pluriativas, no qual 22 das 31 (71%) exercem atividades não-agrícolas, destas, oito (37 %) exercem duas ou mais atividades agrícolas. Em maioria, são os filhos dos produtores que procuram o meio urbano por achar que o trabalho agrícola é considerado secundário, desvalorizado, penoso, e, menos atraente. Outro motivo é por não ser remunerado pela família, pois não existe um salário fixo e horário de trabalho. Na pesquisa ficou evidenciado que a maioria das famílias exerce a pluriatividade intersetorial, onde um dos membros trabalha em setores ligados a economia, tais com a indústria e o comércio. As duas comunidades visitadas são relativamente próximas da área urbana, de 2 a 6 quilômetros, e assim tem contribuído para que algum membro da família exerça outra atividade no meio urbano. Não se pode negar o grande peso que as atividades nãoagrícolas têm nessas duas comunidades rurais, em sua totalidade fora do ambiente rural. As ocupações não-agrícolas já indicam uma perda progressiva de sua condição e identidade de agricultores, principalmente os filhos. Nesse sentido, há uma tendência muito grande que esse jovem deixe o meio rural, surgindo aí o problema da sucessão familiar. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pluriatividade no município é bastante visível, principalmente naquelas comunidades rurais próximas à cidade, pois os membros da família, na maioria das vezes os filhos, não querem desenvolver as atividades agrícolas com os pais por não receberem remuneração pelos serviços executados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FUNK, F.; BORGES, M. A. M.; SALAMONI, G. Pluriatividade: Uma Estratégia de sustentabilidade na Agricultura Familiar nas localidades de Capão Seco e Barra Falsa 3º Distrito – Rio Grande – RS. Geografia - v. 15, n. 2, jul./dez. 2006. Disponível em http://www.uel.br/revistas/geografia. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1109&z=p&o=2&i=P. Acesso em: 10 de março de 2010. NARDOQUE, S. Apropriação capitalista da terra e a formação da pequena propriedade em Jales–SP. 2002. Dissertação (geografia)- Universidade Estadual Paulista. Presidente Prudente, 2002. PETINARI, R. A. ; TERESO, M. J. A. ; BERGAMASCO, S. M. P. P. . A importância da fruticultura para agricultores familiares do EDR de Jales - SP. Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso), v. 30, p. 124-130, 2008. 3 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural SCHNEIDER, S. O Desenvolvimento Agrícola e as Transformações da Estrutura Agrária nos Países Desenvolvidos: a pluriatividade. Revista Reforma Agrária, ABRA, Campinas, v. 24, n. 03, p.106-132, 1994 SCHNEIDER, Sérgio; et al. A pluriatividade e as condições de vida dos agricultores familiares do Rio Grande do Sul. In: A Diversidade da Agricultura Familiar. Porto Alegre:UFRGS, 2006, p. 137-165 S. ; SCHNEIDER, S. CONTERATO, M. A. . Transformações Agrárias, tipos de Pluriatividade e Desenvolvimento Rural: In: Guillermo Neiman; Clara Craviotti. (Org.). Entre el Campo y la Ciudad Desafios y Estrategias de la pluriactividad en el agro. Buenos Aires: CICCUS, 2005, p. 307-348. 4 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural