Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade

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INOVAÇÃO E PLURIATIVIDADE EM LOCALIDADES RURAIS NO MUNICÍPIO DE
SANTA ROSA/RS
[email protected]
PÔSTER-AGRICULTURA FAMILIAR E RURALIDADE
ALINE GUTERRES FERREIRA; CLAYTON HILLIG; JOSÉ GERALDO
WIZNIEWSKY; CLÉIA DOS SANTOS MORAES; FLÁVIA CARVAJAL PEREZ.
UFSM, SANTA MARIA - RS - BRASIL.
INOVAÇÃO E PLURIATIVIDADE EM LOCALIDADES RURAIS NO
MUNICÍPIO DE SANTA ROSA/RS1
PLURIACTIVITY AND INNOVATION IN RURAL TOWN IN THE CITY OF SANTA
ROSA/RS
Grupo de pesquisa: Agricultura Familiar e Ruralidade
Resumo:
Com objetivo de levantar um perfil da zona rural do município de Santa Rosa/RS, um
Diagnóstico das localidades rurais do município vem sendo desenvolvido pelo Grupo de
Pesquisa Extensão Rural Aplicada/DEAER/CCR/UFSM. Os dados são coletados pelos
estudantes das ciências agrárias com agricultores familiares, através de entrevistas semiestruturadas. Foi observado na localidade de Candeia Baixa, a produção de vassouras de
palha, que vem sendo um bom exemplo de pluriatividade na região; sendo um cultivo que
pode ser caracterizado como ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente
justo e culturalmente aceito, está se transformando numa nova forma de tecnologia. Com
apoio e organização, uma atividade que fazia parte do aumento de renda, pode se
transformar uma alternativa viável para o desenvolvimento rural sustentável e uma forma
para os agricultores familiares resistirem no meio rural.
Palavras-chave: agricultura familiar, pluriatividade, desenvolvimento rural sustentável
Abstrat:
With objective of to lift a profile of rural zone of Santa Rosa/RS a diagnosis of rural areas
of municipality is
accomplished
by research
group
Extensão
Rural
Aplicada/DEAER/CCR/UFSM. The data are collected by pupil of agricultural sciences
with agriculturists families through the interviews semi-structured. Was observed in
location of Candeia Baixa a production of brooms of straw what have been a good example
of pluriactivity in region; is a cultivation what can be characterized like ecologically
correct, economically viable, socially fair, culturally accept, and is transformed in a new
technology. With support and organization a activity what was making only part the
increase in income, can transform himself a viable alternative to sustainable rural
development and a way of resistance of agriculturists families in middle rural.
Key-words: agriculturists families, pluriactivity, sustainable rural development.
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O presente trabalho faz parte do projeto que está sendo realizado pelo grupo de Pesquisa Extensão Rural
Aplicada do Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural (DEAER) do Centro de Ciências Rurais
da Universidade Federal de Santa Maria (CCR/UFSM) em Santa Rosa/RS.
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Introdução:
A questão da inovação tecnológica no rural sempre foi um tema que gerou e ainda
gera muitas controvérsias, sobretudo quando se associa esta idéia, aos aspectos históricos
relacionados à modernização da agricultura. Inovação tecnológica está associada à idéia de
um produto industrializado novo, uma máquina, um agrotóxico ou um adubo sintético, esta
concepção de inovação em contrapartida com uma corrente de pensamento agrário
ancorada na crítica da modernização agropecuária certamente contribui para não haver
uma clareza a respeito do tema, sobretudo nos ambientes institucionais: “A falta de ênfase
no corpo normativo das políticas publica do Ministério de Desenvolvimento Agrário
(MDA) no sentido de reforçar as parcerias intersetoriais dificulta a criação de um ambiente
institucional propício a inovação tecnológica, social e organizacional.” (Ademir Antonio
Cazella & Fábio Luiz Búrigo, p.7, 2008).
Com esta inércia institucional, a concepção mais ampliada de inovação, incluído aí
processos e técnicas desenvolvidas pelos próprios agricultores familiares, não se
desenvolve e a inovação tecnológica segue numa perspectiva mais ortodoxa vinculada ao
concreto de um produto: Se tomarmos a já clássica definição de agriculturas familiar da
Fao/Incra (1996), que possui os seguintes contornos: a) a gestão da unidade produtiva e os
investimentos nela realizados são executados por indivíduos que mantêm entre si laços de
parentesco ou de matrimonio; b) a maior parte do trabalho é igualmente proporcionada
pelos membros da família; e c) a propriedade dos meios de produção (embora que nem
sempre a terra), pertence á família, podemos inferir a partir desta caracterização, que a
temática da inovação tecnológica considerando a associação anteriormente referida, há que
ser radicalmente repensada e reorientada no ideário do desenvolvimento rural,
incorporando neste processos as dimensões mínimas da sustentabilidade (ambiental, social
e econômica) as quais devem seguir de elementos balisadores para a geração da inovação
tecnológica bem com a sua posterior utilização pelos agricultores familiares, assim como a
socialização em forma de redes sociais destas inovações.
Tem-se como exemplo de formas de inovação, produtores residentes da região de
Candeia Baixa que está localizada no município de Santa Rosa/RS, ali eles se dedicam à
fabricação de vassouras de palha, dando como exemplo de pluriatividade, pois a família
pluriativa; como analisa Teixeira (1998), são aquelas em que um ou mais membros do
grupo doméstico exercem alguma atividade extra-agrícola e/ou possui uma fonte de renda
fora da agricultura ou também, “A pluriatividade permite reconceituar a propriedade como
uma unidade de produção e reprodução, não exclusivamente baseada em atividades
agrícolas. As propriedades pluriativas são unidades que alocam o trabalho em diferentes
atividades, além da agricultura familiar (homebased farming). [...] A pluriatividade permite
separar a alocação do trabalho dos membros da família de suas atividades principais, assim
como o trabalho efetivo das rendas. Muitas propriedades possuem mais fontes de renda do
que locais de trabalho, obtendo diferentes tipos de remuneração. A pluriatividade, portanto,
refere-se a uma unidade produtiva multidimensional, onde se pratica a agricultura e outras
atividades, tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos diferentes
tipos de remuneração e receitas (rendimentos, rendas em espécie e transferências) (Fuller,
1990).”.
Materiais e métodos:
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Essa pesquisa faz parte do programa de Desenvolvimento Rural que esta sendo
desenvolvido através de convênio firmado entre a UFSM e a Prefeitura Municipal de Santa
Rosa/RS desde 2007. A coleta de dados foi retirada de entrevistas semi-estruturada com os
produtores rurais por alunos de Ciências Rurais/UFSM. Os dados são tematizados,
debatidos e após trabalhados em sala de aula; passam por uma analise estatística e
retornam as comunidades para o desenvolvimento das metodologias participativas com o
perfil socioeconômico diagnosticado nessas áreas rurais e também com o problema
principal identificado, assim são levadas alternativas para melhorar as condições vividas
pelos moradores e alocar recursos para melhorias e assistência técnicas.
Numa dessas entrevistas, tomou-se conhecimento de produtores que fabricam
vassouras de palha e vendem a unidade a cinco reais no comercio de Santa Rosa/RS uma
vez por semana e aumentam sua renda no mês, onde são muito bem aceitas.
Resultados e discussão:
A sustentabilidade é uma das grandes preocupações para o meio rural atualmente.
Busca-se uma agricultura que não desgaste agressivamente os recursos naturais existentes
e que proporcione aos agricultores familiares condições para sua reprodução social e
econômica. “Para ser sustentável, qualquer empreendimento humano deve ser
ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.
Mas esses conceitos, que parecem óbvios, simples sinais de bom senso, infelizmente ainda
estão longe da prática cotidiana de muitas pessoas, grupos, empresas e governos. Tanto que
um movimento mundial pela sustentabilidade surge como resposta ao seu contrário: a
insustentabilidade provocada pelo que é ecologicamente errado, economicamente inviável,
socialmente injusto, culturalmente inaceitável” (Caco de Paula, 2007).
A agricultura sob o ponto de vista agroecológico (Caporal & Costabeber, 2004)
como critérios da agricultura sustentável baseia-se em: baixa dependência de insumos
comerciais; uso de recursos renováveis localmente acessíveis; utilização dos impactos
benéficos do meio ambiente local; adaptação às condições locais ao invés da dependência
da alteração ambiental; manutenção em longo prazo da capacidade produtiva; preservação
da diversidade biológica e cultural; utilização do conhecimento e cultura da população
local; produção de mercadorias para consumo interno e para exportação.
Através da analise dos cultivos e da produção da vassoura, observa-se que a
plantação de vassoura feita pelos produtores de Candeia Baixa é ecologicamente correta,
pois utiliza pouco adubo químico e mais esterco caseiro, dando assim, destino os dejetos
que anteriormente eram fontes de poluição. Também não se é necessário revolver o solo
para a plantação, evitando a degradação e erosão, proporcionando cobertura permanente e
conservação do solo. Toda a produção é feita pelas famílias e é economicamente viável,
caracterizando um empreendimento socialmente importante. Na fabricação das vassouras,
os gastos são referentes à compra dos cabos de madeira, arame e barbante para
confeccionar as peças, com baixo uso de insumos externo, e culturalmente aceita, pois o
produto que é muito bem procurado na cidade de Santa Rosa/RS.
Conclusão:
A capacidade de um agricultor rural inovar, de ser criativo e seguir com a
pluriatividade conferem a ele superioridade nos desfechos das situações de crise hoje
vividas, o conhecimento e aprendizagem adquiridas com as novas formas de inovação e
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tecnologias empregadas, são muito importantes para sua interação com a sociedade e
economia. Na fabricação de vassoura que temos em Santa Rosa/RS têm-se algumas
dificuldades, principalmente a falta de organização; pois as famílias acabam vendendo o
produto in natura para o comprador, ou seja, deixam de agregar valores no seu produto
final; assim a formação de uma cooperativa de vassouras iria garantir a venda do produto,
especialmente o deslocamento deste que é de grande aceitação na cidade. Com as políticas
de desenvolvimento rural sustentável coerente com a realidade no espaço rural teríamos
variadas formas de inovação seguras para o produtor dando-os formatos tecnológicos
compatíveis e assistências técnicas especializadas com a atualidade.
Para Caporal & Costabeber juntamente com Rockenbach & Anjos a plantação que
tem baixa dependência de insumos comercias, pois utiliza recursos abundantes e de baixa
dependência externa; é durável, pois usa recursos locais renováveis acessíveis e tem uso
racional dos fatores de produção e insumos; com baixo custo, pois novamente utiliza
recursos ambientais abundantes e respeito ao meio ambiente.
Referencias Bibliográficas:
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Brasília: mda/saf/dater-iica, 2004.
CAZELLA, A. A.; BÚRIGO, F. L. O desenvolvimento territorial no Planalto Catarinense:
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TEIXEIRA, V. L. Pluriatividade e agricultura familiar na região serrana do estado do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, curso de pós-graduação em Desenvolvimento Agrícola e
Sociedade, UFRJ, 1998 (dissertação do mestrado).
VELA, Hugo. Agricultura familiar e desenvolvimento rural sustentavel no mercosul, i
Congresso internacional sobre agricultura familiar e desenvolvimento rural sustentavel,
setembro de 2002.
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