INOVAÇÃO E PLURIATIVIDADE EM LOCALIDADES RURAIS NO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA/RS [email protected] PÔSTER-AGRICULTURA FAMILIAR E RURALIDADE ALINE GUTERRES FERREIRA; CLAYTON HILLIG; JOSÉ GERALDO WIZNIEWSKY; CLÉIA DOS SANTOS MORAES; FLÁVIA CARVAJAL PEREZ. UFSM, SANTA MARIA - RS - BRASIL. INOVAÇÃO E PLURIATIVIDADE EM LOCALIDADES RURAIS NO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA/RS1 PLURIACTIVITY AND INNOVATION IN RURAL TOWN IN THE CITY OF SANTA ROSA/RS Grupo de pesquisa: Agricultura Familiar e Ruralidade Resumo: Com objetivo de levantar um perfil da zona rural do município de Santa Rosa/RS, um Diagnóstico das localidades rurais do município vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Extensão Rural Aplicada/DEAER/CCR/UFSM. Os dados são coletados pelos estudantes das ciências agrárias com agricultores familiares, através de entrevistas semiestruturadas. Foi observado na localidade de Candeia Baixa, a produção de vassouras de palha, que vem sendo um bom exemplo de pluriatividade na região; sendo um cultivo que pode ser caracterizado como ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito, está se transformando numa nova forma de tecnologia. Com apoio e organização, uma atividade que fazia parte do aumento de renda, pode se transformar uma alternativa viável para o desenvolvimento rural sustentável e uma forma para os agricultores familiares resistirem no meio rural. Palavras-chave: agricultura familiar, pluriatividade, desenvolvimento rural sustentável Abstrat: With objective of to lift a profile of rural zone of Santa Rosa/RS a diagnosis of rural areas of municipality is accomplished by research group Extensão Rural Aplicada/DEAER/CCR/UFSM. The data are collected by pupil of agricultural sciences with agriculturists families through the interviews semi-structured. Was observed in location of Candeia Baixa a production of brooms of straw what have been a good example of pluriactivity in region; is a cultivation what can be characterized like ecologically correct, economically viable, socially fair, culturally accept, and is transformed in a new technology. With support and organization a activity what was making only part the increase in income, can transform himself a viable alternative to sustainable rural development and a way of resistance of agriculturists families in middle rural. Key-words: agriculturists families, pluriactivity, sustainable rural development. 1 O presente trabalho faz parte do projeto que está sendo realizado pelo grupo de Pesquisa Extensão Rural Aplicada do Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural (DEAER) do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (CCR/UFSM) em Santa Rosa/RS. 1 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Introdução: A questão da inovação tecnológica no rural sempre foi um tema que gerou e ainda gera muitas controvérsias, sobretudo quando se associa esta idéia, aos aspectos históricos relacionados à modernização da agricultura. Inovação tecnológica está associada à idéia de um produto industrializado novo, uma máquina, um agrotóxico ou um adubo sintético, esta concepção de inovação em contrapartida com uma corrente de pensamento agrário ancorada na crítica da modernização agropecuária certamente contribui para não haver uma clareza a respeito do tema, sobretudo nos ambientes institucionais: “A falta de ênfase no corpo normativo das políticas publica do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) no sentido de reforçar as parcerias intersetoriais dificulta a criação de um ambiente institucional propício a inovação tecnológica, social e organizacional.” (Ademir Antonio Cazella & Fábio Luiz Búrigo, p.7, 2008). Com esta inércia institucional, a concepção mais ampliada de inovação, incluído aí processos e técnicas desenvolvidas pelos próprios agricultores familiares, não se desenvolve e a inovação tecnológica segue numa perspectiva mais ortodoxa vinculada ao concreto de um produto: Se tomarmos a já clássica definição de agriculturas familiar da Fao/Incra (1996), que possui os seguintes contornos: a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são executados por indivíduos que mantêm entre si laços de parentesco ou de matrimonio; b) a maior parte do trabalho é igualmente proporcionada pelos membros da família; e c) a propriedade dos meios de produção (embora que nem sempre a terra), pertence á família, podemos inferir a partir desta caracterização, que a temática da inovação tecnológica considerando a associação anteriormente referida, há que ser radicalmente repensada e reorientada no ideário do desenvolvimento rural, incorporando neste processos as dimensões mínimas da sustentabilidade (ambiental, social e econômica) as quais devem seguir de elementos balisadores para a geração da inovação tecnológica bem com a sua posterior utilização pelos agricultores familiares, assim como a socialização em forma de redes sociais destas inovações. Tem-se como exemplo de formas de inovação, produtores residentes da região de Candeia Baixa que está localizada no município de Santa Rosa/RS, ali eles se dedicam à fabricação de vassouras de palha, dando como exemplo de pluriatividade, pois a família pluriativa; como analisa Teixeira (1998), são aquelas em que um ou mais membros do grupo doméstico exercem alguma atividade extra-agrícola e/ou possui uma fonte de renda fora da agricultura ou também, “A pluriatividade permite reconceituar a propriedade como uma unidade de produção e reprodução, não exclusivamente baseada em atividades agrícolas. As propriedades pluriativas são unidades que alocam o trabalho em diferentes atividades, além da agricultura familiar (homebased farming). [...] A pluriatividade permite separar a alocação do trabalho dos membros da família de suas atividades principais, assim como o trabalho efetivo das rendas. Muitas propriedades possuem mais fontes de renda do que locais de trabalho, obtendo diferentes tipos de remuneração. A pluriatividade, portanto, refere-se a uma unidade produtiva multidimensional, onde se pratica a agricultura e outras atividades, tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos diferentes tipos de remuneração e receitas (rendimentos, rendas em espécie e transferências) (Fuller, 1990).”. Materiais e métodos: 2 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Essa pesquisa faz parte do programa de Desenvolvimento Rural que esta sendo desenvolvido através de convênio firmado entre a UFSM e a Prefeitura Municipal de Santa Rosa/RS desde 2007. A coleta de dados foi retirada de entrevistas semi-estruturada com os produtores rurais por alunos de Ciências Rurais/UFSM. Os dados são tematizados, debatidos e após trabalhados em sala de aula; passam por uma analise estatística e retornam as comunidades para o desenvolvimento das metodologias participativas com o perfil socioeconômico diagnosticado nessas áreas rurais e também com o problema principal identificado, assim são levadas alternativas para melhorar as condições vividas pelos moradores e alocar recursos para melhorias e assistência técnicas. Numa dessas entrevistas, tomou-se conhecimento de produtores que fabricam vassouras de palha e vendem a unidade a cinco reais no comercio de Santa Rosa/RS uma vez por semana e aumentam sua renda no mês, onde são muito bem aceitas. Resultados e discussão: A sustentabilidade é uma das grandes preocupações para o meio rural atualmente. Busca-se uma agricultura que não desgaste agressivamente os recursos naturais existentes e que proporcione aos agricultores familiares condições para sua reprodução social e econômica. “Para ser sustentável, qualquer empreendimento humano deve ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Mas esses conceitos, que parecem óbvios, simples sinais de bom senso, infelizmente ainda estão longe da prática cotidiana de muitas pessoas, grupos, empresas e governos. Tanto que um movimento mundial pela sustentabilidade surge como resposta ao seu contrário: a insustentabilidade provocada pelo que é ecologicamente errado, economicamente inviável, socialmente injusto, culturalmente inaceitável” (Caco de Paula, 2007). A agricultura sob o ponto de vista agroecológico (Caporal & Costabeber, 2004) como critérios da agricultura sustentável baseia-se em: baixa dependência de insumos comerciais; uso de recursos renováveis localmente acessíveis; utilização dos impactos benéficos do meio ambiente local; adaptação às condições locais ao invés da dependência da alteração ambiental; manutenção em longo prazo da capacidade produtiva; preservação da diversidade biológica e cultural; utilização do conhecimento e cultura da população local; produção de mercadorias para consumo interno e para exportação. Através da analise dos cultivos e da produção da vassoura, observa-se que a plantação de vassoura feita pelos produtores de Candeia Baixa é ecologicamente correta, pois utiliza pouco adubo químico e mais esterco caseiro, dando assim, destino os dejetos que anteriormente eram fontes de poluição. Também não se é necessário revolver o solo para a plantação, evitando a degradação e erosão, proporcionando cobertura permanente e conservação do solo. Toda a produção é feita pelas famílias e é economicamente viável, caracterizando um empreendimento socialmente importante. Na fabricação das vassouras, os gastos são referentes à compra dos cabos de madeira, arame e barbante para confeccionar as peças, com baixo uso de insumos externo, e culturalmente aceita, pois o produto que é muito bem procurado na cidade de Santa Rosa/RS. Conclusão: A capacidade de um agricultor rural inovar, de ser criativo e seguir com a pluriatividade conferem a ele superioridade nos desfechos das situações de crise hoje vividas, o conhecimento e aprendizagem adquiridas com as novas formas de inovação e 3 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural tecnologias empregadas, são muito importantes para sua interação com a sociedade e economia. Na fabricação de vassoura que temos em Santa Rosa/RS têm-se algumas dificuldades, principalmente a falta de organização; pois as famílias acabam vendendo o produto in natura para o comprador, ou seja, deixam de agregar valores no seu produto final; assim a formação de uma cooperativa de vassouras iria garantir a venda do produto, especialmente o deslocamento deste que é de grande aceitação na cidade. Com as políticas de desenvolvimento rural sustentável coerente com a realidade no espaço rural teríamos variadas formas de inovação seguras para o produtor dando-os formatos tecnológicos compatíveis e assistências técnicas especializadas com a atualidade. Para Caporal & Costabeber juntamente com Rockenbach & Anjos a plantação que tem baixa dependência de insumos comercias, pois utiliza recursos abundantes e de baixa dependência externa; é durável, pois usa recursos locais renováveis acessíveis e tem uso racional dos fatores de produção e insumos; com baixo custo, pois novamente utiliza recursos ambientais abundantes e respeito ao meio ambiente. Referencias Bibliográficas: CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: alguns conceitos e principios. Brasília: mda/saf/dater-iica, 2004. CAZELLA, A. A.; BÚRIGO, F. L. O desenvolvimento territorial no Planalto Catarinense: o difícil caminho da intersetorialidade. Extensão Rural. DEAER/PPGExR – CCR – UFSM. Ano XV, jan-jun. 2008. CMMAD, 1992. Comissão mundial para o meio ambiente e desenvolvimento, agenda 21 rio de janeiro (resumo) 1992. FAO/INCRA 1996. Perfil da agricultura familiar no brasil: dossiê estastistico proyecto utf/bra/036, Brasilia agosto de 1996. FULLER, A.M. 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