PERSPECTIVAS TERAPÊUTICAS NA SÍNDROME DO INTESTINO CURTO EM RECÉM-NASCIDOS Maria Rita Carvalho Garbi Novaes Paulo R. Margotto Ana Lilian B. Santos Capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco,editado por Paulo R.Margotto, 3ª Edição, em preparação www.paulomargotto.com.br INTRODUÇÃO Segundo Goday PS, qualquer definição de síndrome do intestino curto (SIC) deve incluir dois conceitos: a redução no tamanho do intestino e a necessidade de nutrição parenteral. A Associação Canadense de Cirurgiões Pediátricos define SIC como a necessidade do uso de nutrição parenteral por mais de 42 dias após a ressecção do intestino ou um tamanho residual do intestino curto menor que 25% do esperado para a idade gestacional. Os recém-nascidos (RN), especialmente os prematuros possuem uma vantagem distinta quanto à adaptação intestinal. O comprimento do intestino delgado do RN com 35 semanas é o dobro daquele entre 19 e 27 semanas, sugerindo que o intestino residual pode ter maior potencial de aumento no seu tamanho nos RN prematuros em relação aos RN a termo. O intestino delgado aumenta, em média, de 114,8cm entre a 19ª e a 27ª semana gestacional para 172,1cm entre a 27ª e a 35ª semana gestacional, chegando a 248cm nos neonatos acima de 35 semanas gestacionais. Com 1 ano, o intestino delgado atinge, aproximadamente, 380cm. Wales PW encontrou em seu estudo a incidência de Síndrome do Intestino Curto (SIC) de 22,1 por 1.000 admissões na unidade neonatal de cuidados intensivos e de 24,5 por 100.000 nascidos vivos, sendo estes valores muito maiores em prematuro. Estima-se que esse problema clínico afete 20.000 americanos, incluindo crianças e adultos. As ressecções intestinais podem ser divididas em três categorias com base no tamanho residual do intestino delgado. As ressecções podem ser curtas (intestino delgado residual entre 100-150cm), grande (intestino delgado residual entre 40-100cm) e maciça (intestino delgado residual <40cm). No passado, a síndrome do intestino curto na infância foi definida como tendo menos de 75 centímetros do intestino delgado residual após a ressecção do intestino. Pelo fato do intestino delgado do RN ter aproximadamente 200 a 300 cm de extensão, isso se correlaciona com mais de 50% de ressecção. Atualmente, a definição é uma definição funcional, isto é, a presença da má absorção seguida por uma ressecção significante do intestino delgado. A SIC é caracterizada clinicamente por má-absorção, diarréia, perda de eletrólitos, mobilização dos depósitos de gordura e proteínas musculares, podendo desencadear desequilíbrios metabólicos e hidreletrolíticos graves, além de desnutrição. O fator etiológico comum em todos os casos de SIC é a perda funcional ou anatômica de grandes segmentos do intestino curto de forma que a capacidade absorvida é drasticamente reduzida. Algumas das condições clínicas que podem resultar nesta síndrome incluem isquemia mesentérica, trauma, doença inflamatória intestinal, câncer, enterite causada por radioterapia, intestino curto congênito, entre outras. Contudo, nem todos os pacientes que sofrem perda significativa do intestino desenvolvem a síndrome. Os fatores que determinam a possibilidade de ocorrência da SIC incluem o comprimento original do intestino do paciente, a extensão e o local do segmento ressecado, a idade do paciente à época do ocorrido e a presença ou ausência da junção ileocecal. Neste capítulo são discutidos aspectos relacionados a etiologia, alterações metabólicas, evolução clínica, perspectivas terapêuticas e o prognóstico de recém nascidos acometidos com SIC. ETIOLOGIA A maioria dos pacientes pediátricos desenvolve a SIC durante o período neonatal. A causa mais comum é a enterocolite necrosante. Estima-se que aproximadamente 50% dos pacientes com enterocolite necrosante e submetidos à ressecção cirúrgica desenvolvem a SIC. Outros casos de SIC incluem gastrosquise, onfalocele, atresia jejunal ou ileal, deformidades da artéria mesentérica superior e doenças secundárias do intestino curto (Tabela 1). Tabela 1. Etiologia da síndrome do intestino curto. Pré-natal Neonatal Pós-natal - Atresia (única ou múltipla) - Volvo do intestino - Volvo do intestino intermediário (intestino intermediário (ausência de intermediário ou rotação, fita ou tumor) segmentário) - Síndrome de Apple peel - Enterocolite necrosante - Intussuscepção complicada - Volvo do intestino - Trombose arterial - Trombose arterial intermediário (ausência de rotação) - Volvo segmentário (com - Trombose venosa - Doença inflamatória duto umbigo-mesentério ou intestinal fita intra-abdominal) - Defeitos da parede - Resseção pós-trauma abdominal - Gastrosquise/onfalocele - Angioma extensivo - Doença de Hirschsprung Fonte: Duro D, Kamin D. Overview of short bowel syndrome and intestinal transplantation. Colomb Med 38 Supl1: 71, 2007. METABOLISMO DO PACIENTE COM SIC Depois de significativa ressecção intestinal, o intestino remanescente tem a habilidade para adaptar-se anatômica e funcionalmente a fim de aumentar as funções absortivas e digestivas. Ocorre hiperplasia epitelial e hipertrofia muscular e de criptas, sendo a resposta adaptativa maior no íleo do que no jejuno. A absorção e digestão protéica permanecem eficientes em pacientes com SIC. Porém os carboidratos normalmente não são bem absorvidos, necessitando, constantemente, de ajustes na composição da terapia nutricional, dando atenção à lactose, uma vez que logo após a cirurgia são observados níveis reduzidos de lactase nos enterócitos. Entre os lipídios, os triglicerídios de cadeia média são os preferidos porque teoricamente eles não requerem ácidos biliares e formação de micelas para a sua completa absorção, embora o uso contínuo esteja associado à manifestação de deficiências de ácidos graxos essenciais. QUADRO CLÍNICO Dorina Barbieri, Ana Abad-Sinden e Dürks citam 3 fases, de limites e características pouco precisas: 1ª fase: do pós-operatório imediato até 1 a 3 meses. Características: ocorre diarréia mesmo em jejum, tendência a desidratação e lesões perineais. 2ª fase: dura 3 a 6 meses ou mesmo 2 anos. Características: volume fecal discretamente diminuído; estabilização do estado nutricional; permite tentativas de suprir via oral e/ou enteral. 3ª fase: esta fase é alcançada, evidentemente, pelos sobreviventes da fase anterior. Características: os pacientes continuam com diarréia, mas já toleram maior quantidades de nutrientes por via oral, dispensam nutrição parenteral. O RN tolera mal as ressecções intestinais na primeira e segunda fase, mas ultrapassadas estas, poderá com o crescimento, atingir área absortiva adequada para as suas necessidades nutritivas. COMPLICAÇÕES As complicações mais significativas em recém nascidos com SIC estão relacionadas à morbidade e mortalidade. O desenvolvimento de colestase é frequente em pacientes pediátricos com SIC que recebem nutrição parenteral, quando associada à sepse, levam ao óbito. A causa é multifatorial, estando relacionada à presença de endotoxinas bacterianas, hepatotoxidade e hepatomegalia. A colestase normalmente cessa com início da nutrição enteral e término da nutrição parenteral. As deficiências nutricionais ocorrem com freqüência em pacientes pediátricos com SIC. Destacam-se os pacientes com esteatorréia que devem ter monitorados os níveis de zinco, magnésio e cálcio, e as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) que se encontram em quantidades insuficientes em pacientes com significativa ressecção do íleo e que apresentam má absorção de lipídios. Outra complicação observada em pacientes pediátricos com SIC está relacionada a desconjugação de ácidos biliares e inflamação da mucosa com perda da área absorvida, resultando na invasão bacteriana. Alguns sintomas podem estar relacionados às complicações relatadas como dificuldade de adaptação enteral, má absorção de nutrientes, perda de peso ou distensão abdominal. TRATAMENTO Pacientes com SIC necessitam de terapia nutricional adequadas ao seu estágio clínico, envolvendo as vias parenteral, enteral e oral. A atenção inicial no pós-operatório de pacientes com SIC deve estar voltada para a manutenção de fluidos e eletrólitos, principalmente nos pacientes com ostomias (a perda de eletrólitos e fluidos é maior). - Nutrição Parenteral (NP) A NP trata-se de uma solução estéril de nutrientes que é infundida por via intravenosa por meio de um acesso venoso periférico ou central, de forma que o trato digestivo é completamente excluído no processo. No período pós-operatório, recomendase administrar no paciente esse tipo de nutrição, com o objetivo de mantê-lo hidratado e sem perdas eletrolíticas. A duração do tempo de permanência da NP dependerá do comprimento do intestino na primeira cirurgia, da porcentagem da dieta enteral tolerada após 3 meses do início da adaptação, do sobrecrescimento bacteriano e da inflamação intestinal. O comprimento do intestino delgado residual e a porcentagem de calorias diárias recebidas via enteral na 12º semana após a ressecção podem ser preditivos da capacidade de descontinuação da NP. Crianças com menos de 30cm de intestino delgado têm cerca de 40% menos chance de independência da NP; 90% das crianças que não conseguem independência da NP morrem. A observação clínica sugere que a maioria dos pacientes que se tornam NP-independentes alcança esta adaptação em torno de 3-4 anos de idade. Tannuri concluiu em seu estudo que o uso da NP domiciliar é uma boa opção terapêutica para crianças portadoras de síndrome do intestino curto com perspectiva de longo tempo de terapia endovenosa. Visto que a possibilidade de tratamento domiciliar e a alta hospitalar trazem benefícios à criança e aos familiares, conseguindo-se em alguns casos, a adaptação funcional do intestino remanescente. Cabe ressaltar que a prescrição da nutrição parenteral deve atender às necessidades e recomendações estimadas para cada paciente e ser balanceada, contendo quantidades de fluidos, macronutrientes (aminoácidos, glicose e emulsões lipídicas) e micronutrientes (eletrólitos, vitaminas e elementos-traço) dentro das recomendações para cada faixa etária5. Silva10 faz as seguintes recomendações para pacientes neonatos: Oferta calórica - recém-nascido prematuros: 120 – 140 kcal/kg/dia - < 6 meses: 90 – 120 kcal/kg/dia Distribuição das calorias totais - 40 – 50% de carboidratos - 30 – 40% de lipídios - 8 – 20% de proteínas Recomendação de fluidos - < 1.500g: 130 – 150 ml/kg - 1.500 – 2.000g: 110 – 130 ml/kg - 2,5 – 10kg: 100 ml/kg A maior preocupação durante o período de terapia nutricional parenteral é a colestase. Para evitá-la, deve-se iniciar a Terapia Nutricional Enteral (TNE) e evoluí-la logo após a fase do íleo paralítico, no pós-operatório, para promover a adaptação intestinal. Em caso de colestase, recomenda-se diminuir em 25% os oligoelementos (manganês e cobre são excretados na bile e podem acumular-se no soro). - Nutrição Enteral (NE) Entende-se como NE o conjunto de procedimentos terapêuticos empregados com o objetivo de manter ou recuperar o estado nutricional mediante a oferta de nutrientes por sondas de alimentação (nasogástricas ou orogástricas) ou via oral. Ela é recomendada para promover a adaptação intestinal e diminuir as complicações associadas à NP, permitindo ao paciente viver o tempo requerido para a adaptação intestinal se completar. Geralmente é oferecida em pequenos volumes, por via gástrica e de modo contínuo, juntamente com pequenos volumes oferecidos por via oral, estimulando assim o aporte oral. O início da alimentação oral será após no mínimo, 3 semanas nas ressecções médias e 3 meses nas grandes. Constará inicialmente de solução a 3% de frutose ou glicose (no máximo de 10mg/kg/refeição de 3/3s). O leite humano, em razão de suas propriedades protetoras deve ser oferecido inicialmente, em pequenas quantidades. Os hidrolisados protéicos representam outra opção para a alimentação destes pacientes (Alfaré®, Progestimil®, Neocate® e o Pregomin®). Devem ser oferecidos de forma diluída e aumentados lentamente de acordo com a aceitação e tolerância digestiva, combinados com triglicerídeos de cadeia média e longa. Theyskens C utilizou em seu estudo uma solução com 3,5g de cloreto de sódio, 2,5g de bicarbonato de sódio e 20g de glicose, que era oferecida ao paciente em pequenos volumes durante o dia. Associada ao Neocate® e ao Imodium®, um fármaco a base de loperamida, opiáceo que em adultos é utilizado para diminuir a motilidade intestinal e aumentar a absorção de água e eletrólitos. E obteve ganho de peso significativo, sendo possível alta hospitalar sem NP e com bom equilíbrio eletrolítico. O pesquisador sugere que esta solução enteral deve ser considerada em casos especiais de neonatos com SIC, quando a terapia convencional fracassa na tentativa de suspender a NP e evitar o desequilíbrio eletrolítico. PERSPECTIVAS FARMACOTERAPÊUTICAS NA SÍNDROME DO INTESTINO CURTO Muitas pesquisas têm sido conduzidas no intuito de se descobrir tratamentos coadjuvantes, além dos cirúrgicos e farmacológicos tradicionalmente utilizados, que possam agir de maneira mais eficiente que os tradicionais, principalmente na correção da permeabilidade intestinal alterada em pacientes com doença inflamatória intestinal, resposta imunológica e melhora da qualidade e tempo de sobrevida dos pacientes recém nascidos, observando-se menores efeitos colaterais. Nas últimas décadas, os pacientes submetidos às ressecções extensas do intestino delgado têm apresentado melhor prognóstico devido aos progressos nas técnicas cirúrgicas, anestésicas e nos procedimentos pós-operatórios. Aliada a estes avanços, a manutenção nutricional através da terapia nutricional enteral e parenteral trouxe novas perspectivas na qualidade de vida aos pacientes portadores de SIC. Entretanto, o uso crônico de soluções de nutrição parenteral está associado ao desenvolvimento de deficiências nutricionais, complicações sépticas, falência de órgãos vitais e ao alto custo terapêutico. Sob esta perspectiva, estudos estão sendo desenvolvidos com intuito de encontrar possibilidades terapêuticas de restabelecimento da autonomia enteral, incluindo alterações morfológicas no intestino remanescente que possibilitem o aumento da área de superfície de absorção e produção colônica de ácidos graxos de cadeia curta. A adaptação intestinal é influenciada pela presença de nutrientes intraluminais e peptídeos tróficos e hormônios. Glucagon, semelhante ao peptídeo 2, é um peptídeo proglucagon, secretado primariamente no íleo e cólon após ingestão de alimentos. Estudos clínicos têm demonstrado a estimulação do crescimento da mucosa intestinal, diminuição da mobilidade e secreções do intestino curto, aumento da absorção intestinal e peso corpóreo, sendo que o seu uso apresentou-se promissor na síndrome do intestino curto em adultos. Dietas contendo Lactobacilos também propiciaram a estimulação da função absortiva intestinal. Estudos experimentais têm demonstrado os efeitos benéficos da suplementação nutricional com glutamina na recuperação da permeabilidade normal, na manutenção da integridade intestinal, na diminuição da ocorrência de sepse e da mortalidade, porém os estudos clínicos têm apresentado resultados menos convincentes em crianças. Resultados benéficos em RN de peso ao nascer entre 500 e 1250g, idade gestacional entre 24 e 32 semanas, foram obtidos administrando-se glutamina por via enteral (a glutamina foi administrada à fórmula para pré-termo, iniciando com 0,08g/Kg/dia, chegando a 0,31g/Kg/dia no 13º dia). Os autores atribuíram a este aminoácido a diminuição de sepse (a sepse ocorreu 3,8 vezes mais nos controles) e o aumento da imunidade em prétermos. Considerando o intestino como órgão de entrada para infecções, estes efeitos benéficos provavelmente refletem uma maturação aumentada do intestino, com melhoria na função de barreira, indicando que a glutamina enteral pode agir no trato gastrintestinal sem exercer efeitos sistêmicos diretos. A utilização de glutamina suplementada na nutrição parenteral tem demonstrado bons resultados em paciente portadores de alterações funcionais no intestino. Pacientes muito debilitados são mais susceptíveis a desenvolver sepse de origem intestinal, susceptibilidade esta pode ser diminuída se forem adotados tratamentos adequados que possam apoiar o funcionamento e o metabolismo intestinal, melhorando a função de barreira. Os dados na literatura são limitados quanto aos possíveis mecanismos de ação da glutamina e podem estar relacionados à alteração na fisiologia celular, regulação metabólica ou regulação na expressão gênica. Outros autores sugerem que os efeitos estão associados com o aumento da proliferação e decréscimo da apoptose nas células epiteliais. A produção local de IGF-1 apresenta importante função na adaptação do intestino curto. PROGNÓSTICO O prognóstico a médio e longo prazo depende da presença ou não da válvula ileocecal, da área do cólon residual e das eventuais complicações da NP. Além da idade gestacional na época da cirurgia e da integridade funcional do intestino curto remanescente. - delgado residual < 15 cm: caso inviável - 40 cm de delgado sem válvula ileocecal: 100% de mortalidade - 40 cm de delgado com válvula ileocecal: 95% de sobrevida. Quanto ao quociente de desenvolvimento (QD) em um grupo de pacientes com SIC, foi encontrado um QD de 59 em 10 casos na idade média de 6 meses e nova avaliação em 6 casos na idade média de 3 meses, um QD médio de 87 (62-105), com 3 normais, 2 limítrofes e um retardado com hemiparesia. Estes resultados justificam o uso de todos os meios para o tratamento destes pacientes, mesmo com alto custo operacional. Cada nova tentativa terapêutica serve de base para futuras técnicas de suporte nutricional a estes pacientes. O trato gastrintestinal é um dos órgãos mais envolvidos na imunologia do ser humano, pois apresenta uma grande extensão de tecido linfóide (os linfócitos são responsáveis pela rejeição). Além disto, a flora bacteriana do intestino delgado e grosso representa um reservatório potencial de patologias, aumentando muito o risco de infecção após o transplante e acarretando significativas taxas de morbi-mortalidades. Indicações absolutas: intestino ultracurto (<10cm); perda de 80% de área funcional. Acompanhamento evolutivo: até 40cm com válvula ileocecal: 10 a 30cm para válvula ileocecal; insuficiência hepática; perda de 50% de acessos vasculares; sepse de repetição33. A sobrevida ao transplante intestinal de 1 ano chega a 70%, caindo para 55% aos 3 anos de evolução. A taxa de sobrevida geral dos pacientes com SIC é de 80 a 94%. Interessante que nos pacientes com NP por mais de 25 anos, a sobrevida é de 94%. Assim, a sobrevida após o transplante intestinal é significativamente, menor do que a da NP. CONSIDERAÇÕES FINAIS A SIC caracteriza-se por situações clínicas que cursam com distúrbios nos processos de digestão e absorção, acarretando importantes prejuízos na homeostase orgânica, e ocasionando grande impacto no estado nutricional do indivíduo. O paciente pediátrico que sofre dessa síndrome enfrenta um grande desafio nutricional, devido as suas limitadas reservas adiposa e muscular, além do requerimento energético extra para o crescimento. Sendo assim, o principal objetivo do tratamento deve ser a garantia do desenvolvimento da criança, por meio da promoção de um estado nutricional adequado. Cabe ressaltar, que estudos demonstram sucesso na correção da permeabilidade intestinal com tratamentos coadjuvantes, além dos cirúrgicos e farmacológicos tradicionalmente utilizados, como o uso terapêutico do glucagon semelhante ao peptídeo 2, dos lactobacilos e da glutamina. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS 1. Weale AR, Edwards AG, Bailey M, Lear PA. Intestinal adaptation after massive intestinal resection. Postgrad Med 81:178, 2005. 2. Shils ME, Olson JÁ, Shike M, Ross AC. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. 9ed. São Paulo: Manole, 2003. 3. Ballesteros PMD, Vidal CA. 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