Síndrome do Intestino Irritável No entanto, pelo menos a metade dessas pessoas nunca procura ajuda médica para seus sintomas. Não existem anormalidades estruturais como infecção ou úlceras, por isso é chamada de funcional, e não evolui para qualquer tipo de doença orgânica ao longo da vida.Ainda não se sabe quais as causas do problema, porém estudos apontam alterações no movimento intestinal, hipersensibilidade visceral e participação de alguns neurotransmissores, principalmente a serotonina, na gênese dos sintomas. Segundo estudos, esses sintomas se agravam após as refeições ou em períodos de turbulência emocional. A síndrome do intestino irritável é um problema relativamente comum, que causa dor abdominal, geralmente em cólicas, alterações do hábito intestinal como constipação e diarréia, inchaço na barriga, excesso de gases, sem que haja uma patologia orgânica demonstrável, como processos inflamatórios dos intestinos ou o câncer de cólon. Algumas pessoas têm sintomas que vêm e vão, duram pouco tempo e são pouco incômodos. Porém outras têm diariamente sérios problemas do intestino, afetando seu desempenho no trabalho, o sono e a própria vida. Uma pessoa pode ter sintomas sérios durante várias semanas e depois pode sentir-se bem por meses ou até mesmo por anos. A síndrome geralmente afeta duas a três vezes mais as mulheres que os homens. Diante dos episódios de irritação do intestino, nada de automedicação. Usar laxantes ou medicamentos para prender o intestino só piora a situação. Como sempre, o melhor é consultar um médico. O especialista realiza um estudo dos sintomas e sinais da doença no paciente. Existem alguns exames complementares que podem ser solicitados para afastar a presença de outras doenças que possuem sintomas semelhantes. O médico vai ajudar a identificar e evitar alimentos que possam estar associados ao aparecimento do problema. A ingestão de fibras deve ser feita gradualmente, para que o organismo se acostume e não aumente os gases intestinais. Somente quem tem problemas de prisão de ventre pode se alimentar com fibras. Mas, no caso da diarréia, o aumento de fibra pode piorá-la. Prefira alimentos com pouca gordura, evite os alimentos formadores de gases como repolho, brócolis, feijão e batata doce entre outros, diminua a ingestão de álcool e cafeína, faça exercícios físicos diariamente e não fume. Esses hábitos previnem o aparecimento das crises. Como cada pessoa reage de determinada maneira à síndrome, o tratamento vai ser indicado de acordo com a natureza e a gravidade dos sintomas. Existem medicamentos específicos, mas só eles não bastam: é preciso mudar pra valer os hábitos alimentares e o estilo de vida. Afinal, como a doença não é curável, o jeito é prevenir. João Gomes Netinho Doutor em cirurgia pela Unicamp, professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto, especialista em doenças do aparelho digestivo, colon, reto e ânus.