ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ PAULO MARCELO MARTINS RODRIGUES, DA SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERONTOLOGIA MARY ELIZABETH MARTINS CARNEIRO DELBONI FISIOTERAPIA AMBULATORIAL A percepção de idosos com doenças crônico-degenerativas atendidos no Posto de Saúde Rigoberto Romero, em Fortaleza-CE FORTALEZA 2007 1 MARY ELIZABETH MARTINS CARNEIRO DELBONI FISIOTERAPIA AMBULATORIAL A percepção de idosos com doenças crônico-degenerativas atendidos no Posto de Saúde Rigoberto Romero, em Fortaleza-CE Monografia apresentada à Escola de Saúde Pública como requisito para a conclusão do Curso de Especialização em Gerontologia. Orientadora Ms. Lucila Bomfim Lopes Pinto FORTALEZA 2007 2 MARY ELIZABETH MARTINS CARNEIRO DELBONI FISIOTERAPIA AMBULATORIAL A percepção de idosos com doenças crônico-degenerativas atendidos no Posto de Saúde Rigoberto Romero, em Fortaleza-CE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERONTOLOGIA Aprovada em ______/______/______ Banca Examinadora: ___________________________________________________________________________ Lucila Bomfim Lopes Pinto Mestre ___________________________________________________________________________ Túlia Fernanda Meira Garcia Mestre ___________________________________________________________________________ Francisca Maria de Oliveira Morel Especialista 3 AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus, que me ajudou e iluminou na árdua jornada pelos caminhos do conhecimento. Sem Ele, não teria tido forças para continuar nessa caminhada. Às colegas de curso, em especial Neila Lima, aos funcionários da Escola de Saúde Pública, aos professores que, com sabedoria e experiência na área da Gerontologia, nos guiaram no estudo do idoso, compartilhando conosco bons momentos de aprendizado. Meu especial agradecimento à Coordenadora do Curso de Gerontologia, Maria Gomes de Queiroz, pois, muito mais do que uma profissional experiente e qualificada, se mostrou excelente amiga; à orientadora Lucila Bomfim Lopes Pinto-MS, por aceitar a orientação deste estudo e pelo incentivo à sua conclusão. Vocês foram minhas referências e possibilitaram a concretização de um sonho. Aos pacientes da Fisioterapia Ambulatorial que, solidários e compreensivos, aceitaram e se dispuseram a contribuir para a realização deste estudo. Sem vocês, este trabalho não teria sido possível. Obrigada. Aos meus colegas do Ministério da Saúde de Brasília, de Fortaleza, e aos do SUS - Posto de Saúde Rigoberto Romero - Cidade 2000, Prefeitura Municipal de Fortaleza/Ceará que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste estudo, meus agradecimentos. 4 DEDICATÓRIA Aos meus pais, in memoriam, com carinho, Gerardo Souza Carneiro e Eulália Martins Carneiro, ao meu marido, Osmar Delboni Júnior, a minha amada filha, Izabelle Martins Delboni, que souberam, com paciência, compreender os momentos em que precisei ausentar do convívio familiar. Todo o meu esforço será recompensado pelo orgulho de lhe servir como exemplo a ser seguido na busca do conhecimento e na dedicação à conquista de um objetivo. 5 RESUMO O presente estudo, de natureza qualitativa, analisou a percepção de idosos com doenças crônico-degenerativas em relação aos resultados obtidos com o tratamento na Fisioterapia Ambulatorial do Posto de Saúde Rigoberto Romero-Fortaleza/Ceará.Como objetivos específicos, traçou-se o perfil socioeconômico dos idosos atendidos na Fisioterapia Ambulatorial; indagou-se a opinião dos idosos a respeito dos sintomas e conseqüências da doença diagnosticada para o comprometimento funcional. Analisaram-se, também, os resultados do tratamento fisioterápico sob a perspectiva dos próprios idosos. Para a coleta de dados, foram empregadas a entrevista estruturada e a avaliação fisioterápica. Para tanto, foi utilizado como base o referencial teórico que afirma a importância do tratamento fisioterápico ambulatorial na prevenção, reabilitação, readaptação funcional e contribuição para a autonomia e qualidade de vida do paciente idoso com estas doenças. Para análise dos indicadores utilizou-se a técnica da análise de conteúdo, de Bardin, para definir as categoriaschaves resultantes das falas dos idosos. Concluiu-se que, com os resultados do tratamento fisioterápico, sob a perspectiva dos próprios idosos, houve melhoras significativas na qualidade de vida desses pacientes. Palavras-chave: Fisioterapia, idoso, doença crônico-degenerativa. 6 ABSTRACT This study was to analyze the perceptions of older people with chronically degenerative deseases in relation to the results obtained with treatments regarding ambulatory physiotherapy at the Rigoberto Romero municipal clinic- Fortaleza / Ceará. General objective throughout this qualitative study, and with these specific objectives to track the socioeconomic profiles of older people seen and treated with ambulatory physiotherapy, to hear the older people’s opinions in respect to their symptoms and the consequences of the deseases that were diagnosed, to promise more functional life. For this treatment, as a base, the theoretical reference that was used affirms the importance of this ambulatory physiotherapy treatment in prevention, rehabilitation, functional readaptation and contributing to the autonomy and good quality of life for the older person with these diseases. Analyze and of Bardin to it was concluded that analyze the results of these physiotherapeutic treatments regarding increasing the good perspectives of the senior citizens themselves. Key-Words: Physiotherapy, chronically degenerative diseases of older people. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 08 2 O ENVELHECIMENTO................................................................................................... 12 2.1 As conseqüências do envelhecimento para as modificações fisiológicas..................... 16 3 DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS NA VELHICE........................................ 19 3.1 Hipertensão arterial sistêmica (HAS)............................................................................ 22 3.2 Osteoartrite....................................................................................................................... 24 3 .3 Do e n ç a de Parkinson....................................................................................................... 26 3.4 Doença de Alzheimer....................................................................................................... 28 3.5 Diabetes............................................................................................................................. 31 3.6 Acidente vascular cerebral ............................................................................................. 32 4 FISIOTERAPIA E GERONTOLOGIA........................................................................... 35 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................................... 44 5.1 Tipo de pesquisa............................................................................................................... 44 5.2 Cenário.............................................................................................................................. 44 5.3 Sujeitos do estudo............................................................................................................. 45 5.3.1 Critérios de inclusão..................................................................................................... 45 5.3.2 Critérios de exclusão..................................................................................................... 46 5.4 Coleta de dados................................................................................................................. 46 5.5 Categorias de análise....................................................................................................... 46 5.6 Ética em pesquisa............................................................................................................. 47 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................................ 48 6.1 Quadro temático............................................................................................................... 49 6.2 Categoria 1 - Dificuldade nas AVD’s AIVD’s (Dependência)...................................... 49 6.3 Categoria 2 - Mudanças após o Tratamento (Autonomia)........................................... 52 6.4 Categoria 3 - Resultados obtidos com o Tratamento (Qualidade de Vida)................ 54 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 59 REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 62 APÊNDICES........................................................................................................................... 67 8 1 INTRODUÇÃO A necessidade de rever conceitos e posições profissionais dogmáticas ante a crescente demanda apresentada diariamente no Ambulatório de Fisioterapia do Posto Municipal de Saúde Rigoberto Romero, ligado ao Sistema Único de Saúde-SUS, especificamente quanto ao tratamento do idoso, instigou a curiosidade para estudar a percepção do paciente atendido nessa instituição de saúde, com a finalidade de buscar, como profissional, melhor capacitação teórica e prática, a fim de interferir-se de maneira adequada e preventiva em tratamentos específicos e necessários para elevar a qualidade de vida dessa população. Assim resultou a escolha pela especialização em Gerontologia que, coincidentemente num momento oportuno e visualizando a carência de profissionais nesta área, a Escola de Saúde Pública do Ceará - Paulo Marcelo Martins Rodrigues lançou sua primeira Especialização em Gerontologia em 2005, vindo oferecer tecnicamente as prioridades básicas aos profissionais interessados. Segundo Zimerman (2000), em termos de projeções estatísticas, o Brasil ocupará em 2025 a sexta posição mundial em população idosa, representando 32 milhões de pessoas maiores de 60 anos, cerca de 15% da população geral. Essa proporção corresponde à encontrada atualmente nos países europeus, os quais, apesar de seus processos de transição demográfica terem sido instalados de maneira mais gradual e possuírem índices de desenvolvimento social mais satisfatórios, ainda assim, enfrentam dificuldades em equacionar o impacto que o envelhecimento da população representa em seus sistemas de saúde. 9 Ante o imperativo demográfico vivido pelo País e suas previsíveis conseqüências no campo da saúde pública, enfatizou-se a importância de definir uma linha de ação prioritária, visando a desenvolver estruturas e estratégias políticas e sociais no campo de atuação, não somente nas áreas da atenção secundária e terciária, mas principalmente na atenção de atendimento primário para a saúde do idoso. Embora muito longe do ideal, verifica-se o interesse da população, bem como dos profissionais e autoridades políticas, em viabilizar meios que facilitem esse processo, proporcionando um envelhecimento mais saudável, com melhor qualidade de vida, desde já, e não somente quando a velhice chegar. Percebe-se um interesse maior por parte das pessoas em conhecer melhor o envelhecimento, dedicando-se a estudos seja nas áreas da saúde, educação, nutrição, política, social, dentre outras, para que, diante dessa realidade cada vez mais presente, possam estar preparadas para enfrentar a própria velhice, bem como contribuir com maior segurança e qualidade junto a essa população. Enfim, as pessoas sentem a necessidade de envelhecer bem. Conscientes de que o País está envelhecendo, indivíduos na terceira idade lutam para conquistar seus direitos, contra os “preconceitos”, contra a ignorância das pessoas mais jovens e até mesmo a falta de respeito para com eles, e seguem à procura de informações e meios favoráveis para uma melhor qualidade de vida. A exemplo, assiste-se à participação destes nas ruas e praças, fazendo caminhadas, freqüentando academias, exigindo seus direitos frente nas filas de bancos, supermercados, entre outros. O objetivo geral do estudo foi analisar a percepção de idosos com doenças crônico-degenerativas em relação aos resultados do tratamento realizado na Fisioterapia Ambulatorial do Posto de Saúde Rigoberto Romero. Como objetivos específicos, traçou-se o 10 perfil socioeconômico dos idosos atendidos na Fisioterapia Ambulatorial; indagou-se a opinião deles a respeito dos sintomas e conseqüências da doença diagnosticada para o comprometimento funcional, analisando-se os resultados do tratamento fisioterápico sob a perspectiva dos próprios gerontos. Para alcançar os objetivos específicos deste estudo, foram realizados avaliação, anamnese, diagnóstico e registros das opiniões dos pacientes quanto aos sintomas e conseqüências das enfermidades no comprometimento funcional nas atividades da vida diária (AVDs), antes e após o tratamento fisioterápico, sob a perspectiva deles. No Capítulo 2 - logo após a presente Introdução (Cap. 1) - abordou-se o rápido envelhecimento da população brasileira, pois este é destacado nos diversos debates travados não só por suas implicações sociais, mas também pela necessidade de estruturação de um modelo assistencial que contemple o segmento idoso de forma integral, superando os desafios diante das novas demandas sociais e de saúde expressas. No capítulo 3, restaram destacadas as mais freqüentes doenças crônicodegenerativas que acometem os indivíduos que atingem a terceira idade. Entre essas, foram mencionadas hipertensão arterial, osteoartrose, a doença de Parkinson, a doença de Alzheimer, o diabetes e o acidente vascular cerebral. O Capítulo 4, aborda a contribuição da interdisciplinaridade Fisioterapia e Gerontologia, na complexa rede de problemas advindos com o processo de envelhecimento humano. No Capítulo 5, relatou-se os procedimentos metodológicos da pesquisa, explicitando a coleta de dados e as categorias de análise. 11 O Capítulo 6 refere-se a análise e discussão dos resultados, onde descrevo todo o quadro temático e categorias surgidas das falas dos sujeitos fazendo correlação com a teoria coletados em diversos autores. Finalizou-se com as considerações finais em que conclui-se o presente trabalho monográfico com as descobertas da pesquisa. 12 2 O ENVELHECIMENTO Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de colher; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de saltar de alegria. (ECLESIASTES 3:1). Segundo Zimerman (2000), o desgaste do organismo com o passar dos anos é inevitável. Apesar de velhice não ser uma doença, é uma fase na qual o ser humano fica mais suscetível a elas. Mazo et al (1998) expressam que o Brasil passa por um processo de envelhecimento populacional rápido e as estimativas apontam que, a partir do século XXI, o País terá a sexta maior população de idosos do Planeta, acrescido do fato de que o maior problema da velhice é que os idosos são discriminados, tidos como improdutivos e, assim, muitas vezes, relegados ao esquecimento pela sociedade. Esse envelhecimento populacional, segundo Néri (2001), reflete a combinação dos fenômenos - redução da natalidade e da mortalidade - aumentando, assim, a expectativa de vida na velhice. Ela refere ainda que a reflexão sobre o envelhecimento não pode nem deve se resumir a uma mera análise demográfica, mas, sobretudo, incluir os aspectos socioeconômicos e culturais de um povo, a fim de que se possa perceber de maneira mais nítida as conseqüências, mudanças, desafios e perspectivas que esse processo traz consigo e quais as medidas e as políticas sociais que devem ser adotadas diante desse novo fenômeno que se apresenta à sociedade brasileira. Consoante Papaléo Netto (2002), o envelhecimento é conceituado como um fenômeno dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo 13 ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte. Pascale (2002), por sua vez, distingue três conceitos que, para ele, definem a natureza da velhice. O primeiro diz respeito à velhice cronológica, assim chamada para toda e qualquer pessoa que atinge a idade de 65 anos, e cujo impacto pode variar de acordo com a trajetória de sua vida e o ambiente em que vive. Esse autor continua afirmando que, segundo este conceito, a velhice funcional acontece quando o indivíduo perde capacidades e adquire limitações em função de deficiências reais. Quando isto acontece, a pessoa passa a enfrentar dificuldades que barram sua capacidade de ir e vir e suas condições de viver independentemente dos cuidados de outros. Estas definições podem ser completadas com outro conceito, este predominantemente funcional, segundo o qual o envelhecimento se caracteriza por uma redução da capacidade homeostática, perante situações de sobrecarga funcional do organismo; isto é, a capacidade homeostática, condição necessária à sobrevivência, é interferida por aspectos emocionais, físicos, biológicos e psicológicos que durante o envelhecimento estão associados a várias crises, acarretando esgotamento e ruptura desta condição. Consoante Walter Cannon (1871-1945), fisiologista americano, homeostasia é o processo de regulação pelo qual um organismo mantém constante o seu equilíbrio. É o estado de equilíbrio das diversas funções e composições químicas do corpo, por exemplo, temperatura, pulso, pressão arterial, taxa de açúcar no sangue, etc. (HOUAISS e VILLAR, 2001). Dessa forma, tem-se que o envelhecimento é um processo de mudança universal pautada geneticamente para cada espécie e para cada indivíduo, traduzido principalmente 14 como um conjunto de alterações que ocorrem mais visivelmente a partir da segunda metade da vida, no entanto, nem sempre, implicam redução da vitalidade do indivíduo. Tanto é assim que a literatura pertinente ao assunto admite duas formas distintas de envelhecimento: o usual ou comum e o bem-sucedido ou saudável. De acordo com Papaléo Netto (2002), na forma de envelhecimento comum, os fatores extrínsecos, tais como tipo de dieta, sedentarismo e causas psicossociais, intensificam os efeitos adversos com o passar dos anos, enquanto na forma de envelhecimento saudável estes não se encontram presentes, ou, quando existentes, são de pequena importância. Isso porque existe a possibilidade de um envelhecimento bem-sucedido, que, segundo Freire (2001), é visto como uma competência adaptativa do indivíduo, ou seja, a capacidade generalizada para responder com flexibilidade aos desafios resultantes do corpo, da mente e do ambiente. Fisiologicamente, parece que, à medida que envelhecem, os indivíduos se tornam menos semelhantes entre si, pois os cuidados e as oportunidades que cada um deles terá em seu envelhecimento fará a diferença no seu estilo de vida e nos efeitos da idade em seus corpos e em sua auto-estima. Assim, se a vida é o corpo em movimento, mesmo lento, o corpo do idoso não deixa de ser repassado por desejos, sonhos, fantasias e possibilidades de viver bem. A idade constitui um dado, mas não determina a condição da pessoa, o que conta é a qualidade do tempo vivido, os acontecimentos e as condições ambientais que a rodeiam. Pode-se observar que a falta de estímulo, na maioria das vezes, conduz a uma diminuição na capacidade adaptativa do idoso ao meio, porém, quando este possui a capacidade de fazer escolhas, ter o sentimento de responsabilidade pessoal, a sensação de autodeterminação intensifica-se com efeitos positivos sobre seu ajustamento biopsicossocial. 15 Quanto aos aspectos biológicos Zimerman (2000) informa que estes compreendem progressivas e complexas alterações na composição celular, na estrutura dos tecidos, no comprometimento dos vasos e artérias, no endurecimento do sistema neuromuscular, na redução da capacidade orgânica, dentre outras. Conforme explica Papaléo Netto (2002), o funcionamento biológico, desde o nível celular até o de todo o organismo, tem lógica interna de ritmo e duração. Essa lógica tende a mudar com o envelhecimento, alteração indicadora de reduçaão da funcionalidade e da probabilidade de sobrevida. O idoso necessita manter a saúde em equilíbrio por intermédio de medidas preventivas e nutricionais adequadas para um melhor envelhecer. Velhice não é sinônimo de doença nem de decrepitude, como muitos querem acreditar. Os grandes sábios trazem histórias nas suas profundas rugas, que o tempo faz questão de registrar. Pensando nas transformações corporais como algo que quantifica as experiências e sabedorias, desmistificar-se-á o preconceito de idoso inútil, doente e incapaz. Pode-se perceber que vários fenômenos físicos ocorrem no envelhecimento, podendo muitas vezes ser precipitado por fatores agravantes, como o álcool, cigarro etc. O controle da saúde, o conhecimento desse processo e as atividades terapêuticas significativas farão com que as pessoas vivam de maneira diferente essa nova etapa da vida, pois não é suficiente viver mais, o importante é viver melhor; não interessa à humanidade apenas acrescentar anos à vida, mas, principalmente, vida aos anos. Com efeito, observa-se ser com o avançar da idade que o indivíduo depara uma série de perdas significativas, dentre as quais se destacam o surgimento das doenças crônicas, a viuvez, a morte de amigos e parentes próximos, a ausência de papéis sociais valorizados, o isolamento crescente, as dificuldades financeiras decorrentes da aposentadoria. Tudo isso poderá culminar em uma crise que será sentida de forma própria pelo indivíduo, cada qual de per se. 16 2.1 As Conseqüências do Envelhecimento para as Modificações Fisiológicas Corroborando o explicitado anteriormente, Groisman (2002) relata que, do ponto de vista biológico, o envelhecimento é descrito como um estádio de degeneração do organismo que se inicia após o período reprodutivo. Essa deterioração implica uma diminuição da capacidade do organismo para sobreviver, associada à passagem do tempo. O problema começa, entretanto, quando se tenta marcar o início desse processo, ou medir o grau desse envelhecimento ou degeneração. O autor ainda informa que, por mais incrível que possa parecer, o critério mais comumente utilizado para a definição do envelhecimento é o cronológico, pela idade. Este é apontado, porém, como falho e arbitrário, porque o envelhecimento é vivenciado de forma heterogênea pelos indivíduos. Pessoas da mesma idade cronológica podem estar em estádios completamente distintos de envelhecimento. Além disso, o próprio organismo de um indivíduo envelhece de maneira diferente entre os seus tecidos, ossos, órgãos, nervos e células. Sobre as conseqüências propriamente ditas do envelhecimento, no entanto, Nóbrega (1999) explica que o envelhecimento é um continuum durante o qual ocorre declínio progressivo de todos os processos fisiológicos. Mantendo-se um estilo de vida ativo e saudável, é possível retardar as alterações morfofuncionais que ocorrentes com a idade. Segundo Almeida (2004), toda atitude do homem é uma atitude corporal. O corpo é o centro de tudo o que acontece e tem significado. É com suporte no corpo que se conhece a verdade e a forma de se envelhecer. Ele diz que o corpo é objeto de estudo e o meio pelo qual atua a Fisioterapia, que vem ao encontro da possibilidade de instigar o paciente a sentir a idade individual de 17 envelhecimento. Essa ciência prática atua com o intuito de que, quando aparecerem os primeiros sinais, esses não se tornem uma surpresa trágica e desagradável para esse indivíduo. Dessa maneira, o envelhecimento deve ter um significado na vida das pessoas e a intenção do profissional fisioterapeuta é ajudar os indivíduos no estabelecimento de um caminho mais positivo para o envelhecer. Conforme relatam Mazo et al (2005) as mudanças decorrentes do envelhecimento fazem da terceira idade um período de grande necessidade de ajustamento emocional. A forma como cada indivíduo se adapta às modificações físicas, intelectuais e sociais determinará um envelhecimento saudável ou repleto de dificuldades. A diminuição da visão, audição, força e flexibilidade, no aspecto físico; no aspecto mental, tem-se a alteração da memória, da criatividade, da atenção e iniciativa, além das modificações na sexualidade e sociabilidade, que fazem com que a idéia de perda seja relacionada ao idoso. Diante disso, Siqueira et al (2002) informam que tanto Beauvoir (1976) quanto Bosi (1983) concluíram em suas obras que, em relação à velhice, a sociedade formula uma série de clichês baseados no fato de que, quando se considera o homem idoso um objeto da ciência, da história e da sociedade, procede-se a sua descrição em exterioridade, isto é, o idoso é descrito pelo outro e não por ele próprio. Safons, Pereira e Rodrigues (2006) referem que, além das perdas sociais e cognitivas, ao processo de envelhecimento está associada também uma série de outras perdas nos níveis antropométricos, neuromotores e metabólicos, capazes de comprometer seriamente a qualidade de vida do indivíduo idoso, entre as quais se encontram as doenças crônicodegenerativas. Dessa forma, entende-se que [...] envelhecer satisfatoriamente depende do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo e, nas pesquisas atuais, busca-se determinar que os mecanismos compensatórios e adaptativos permitem envelhecer com qualidade de 18 vida e bem-estar, do ponto de vista biopsicossocial e aumentar o conhecimento sobre as reservas inexploradas dos idosos e seu potencial para mudança, de maneira a identificar condutas que levem a um envelhecimento bem-sucedido. (FREIRE, 2001, p. 27). 19 3 DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS NA VELHICE As profundas transformações na estrutura populacional no mundo, decorrentes de quedas bruscas nas taxas de mortalidade e fecundidade, deslocaram-se gradativamente dos grupos jovens aos mais idosos, modificando a incidência e a prevalência de doenças, bem como as principais causas de morte. Desse modo, doenças que acometiam mais a população infantil, como as infecciosas e parasitárias, vão perdendo importância em prol de outras, como as crônicodegenerativas mais incidentes na população ativa e idosa. Oliveira et al (2002) ressaltam que essas doenças, em geral, de longa duração se acumulam nos indivíduos, considerando o aumento relativo da proporção de idosos e a tendência crescente da expectativa de vida. As doenças crônicas são caracterizadas pelo longo tempo de tratamento e pela limitação no estilo de vida, não só do portador, como também de outros membros da família. Li et al (2001) apud Safons e Pereira (2004) garantem que 38% dos idosos apresentam, no mínimo, um tipo de limitação funcional e, aproximadamente, 88% deles têm pelo menos uma doença crônica. Essas duas condições, somadas ao sedentarismo, comprometem em muito a capacidade física para o desempenho satisfatório das atividades da vida diária, aumentando assim o risco de quedas e diminuindo consideravelmente a qualidade de vida dessas pessoas. De acordo com Warren (1993) apud Safons e Pereira (2004), o idoso com pouca autonomia, principalmente o seqüelado por doenças e quedas, situa-se nos mais diversos níveis de dependência física, psicológica e econômica com relação à família e à sociedade. 20 Corroborando com essa afirmativa, Perracini et al (2002) explicam que o aumento das condições crônicas decorrentes do crescimento contínuo da população idosa e do aumento da expectativa de vida impõe um desafio para o Sistema de Saúde em todos os países do mundo especialmente para os países do Terceiro Mundo que ainda convivem com problemas não resolvidos na área da saúde infantil e no campo das doenças infecciosas. Papaléo Netto (1996) diz que há com o envelhecimento uma diminuição progressiva da capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático que em condições basais não é suficiente para produzir distúrbio funcional. Quando, porém este declínio é suficientemente grande ocorre redução importante da reserva funcional colocando o idoso em situação crítica. Diante disso tem-se que: O idoso frágil pertence a um grupo geralmente mais velho -entre 70 e 85 anos apresenta várias doenças crônicas e tem algumas limitações quanto ao exercício de atividades da vida diária. Clinicamente apresenta várias alterações que se traduzem em maior vulnerabilidade biológica. São exemplos dessas alterações de vida diária prática e de vida diária: a acentuação do processo de sarcopenia, a perda de peso e a diminuição da capacidade imunológica; as conseqüências de doenças crônicas tais como o diabetes mellitus, o enfisema pulmonar e a insuficiência cardíaca, as limitações vasculares e sensoriais, dentre outras (PERRACINI et. al.2002, p. 814). Ramos (2002) enfatiza que a capacidade funcional surge como um novo paradigma de saúde particularmente relevante para o idoso. Isso porque o novo conceito de saúde abrange vários aspectos, entre eles, a saúde física e a saúde mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência financeira. O comprometimento de qualquer um desses aspectos pode atuar afetando a capacidade funcional do idoso. Assim é que o bem-estar na velhice é o resultado do equilíbrio entre todos esses fatores. 21 Com as mudanças advindas no estilo de vida das populações, o estresse cotidiano e em razão de fatores sócio-ambientais, as doenças passam a ser crônicas e múltiplas. Veras, (2001) explica que o aumento dos idosos na população implica, em termos de utilização dos serviços de saúde, um maior número de problemas de longa duração, que freqüentemente exigem intervenções custosas, envolvendo tecnologia complexa para um cuidado adequado. Segundo o autor em menos de 40 anos o Brasil passou de um perfil de mortalidade típico de uma população jovem para um quadro caracterizado por enfermidades complexas e onerosas, próprias das faixas etárias mais avançadas. Veras (2000) informa que esse fato acarretou um crescimento das despesas com tratamentos médicos e hospitalares, ao mesmo tempo em que apresenta um desafio para as autoridades sanitárias, especialmente no que tange à implantação de novos modelos e métodos de planejamento, gerência e prestação de cuidados. Ele acrescenta que a baixa resolubilidade do modelo atual de saúde, a precariedade dos serviços ambulatoriais, a escassez dos serviços domiciliares, a falta de instâncias intermediárias, como os hospitais-dia e centros de convivência, fazem com que o primeiro atendimento ocorra em estádio avançado, dentro do hospital, o que não só aumenta os custos como diminui as chances de um prognóstico favorável. Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perdurando por vários anos, e exigem não somente acompanhamento médico constante e medicação contínua, mas também a intervenção inter e multidisciplinar de algumas áreas profissionais. A abordagem médica tradicional focada em uma queixa principal e o hábito médico de reunir as queixas e os sinais em único diagnóstico podem ser adequados ao adulto jovem, mas não ao idoso, que requer atenção diferenciada quanto ao seu quadro de saúde. 22 Por isso mesmo, a respeito das doenças crônico-degenerativas que mais acometem os indivíduos que atingem a terceira idade, mencionam-se aquelas diagnosticadas com maior freqüência entre os pacientes atendidos no Posto de Saúde Rigoberto Romero. Entre elas, menciona-se a hipertensão arterial, a osteoartrose ou artrite, a doença de Parkinson, a doença de Alzheimer, o diabetes e o acidente vascular cerebral. 3.1 Hipertensão arterial sistêmica (HAS) Oliveira et al (2002) explicam que, entre as doenças crônicas que mais afetam os idosos, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das mais presentes. Esta é uma patologia de alta prevalência no Brasil atingindo cerca de 20% da população adulta jovem e 50% do contingente idoso. Dos casos de hipertensão, aproximadamente 90% são do tipo primário, cuja etiologia é desconhecida. Se não detectada precocemente, a hipertensão poderá ocasionar uma série de distúrbios levando a lesões de órgãos vitais, como coração, cérebro e rins. Esses autores ainda relatam que um dos grandes desafios para o portador da hipertensão é aceitar a convivência com o caráter crônico da enfermidade. A aceitação está, muitas vezes, associada a sentimentos de tristeza, raiva, agressividade e hostilidade, cuja superação só se faz mediante a conscientização do problema, com adesão ao tratamento proposto, tornando possível melhor adaptação à sua condição de saúde. Essa adaptação requer do indivíduo conhecimento relativo à doença, manifestações, sinais e sintomas, além de muita vontade de cooperar ativamente no tratamento. Nem sempre é possível conhecer com exatidão a causa da hipertensão arterial, porém, diversos fatores podem contribuir para o seu surgimento, como idade avançada e etnia - pois a enfermidade é mais freqüentemente diagnosticada em pessoas negras - uso de drogas, 23 em especial tabaco e álcool, estresse emocional, consumo exagerado de sal na alimentação, obesidade e sedentarismo. Para entender o que ocorre no organismo humano com um quadro de hipertensão, é preciso compreender que o coração funciona como uma bomba a impulsionar o sangue, levando oxigênio e nutrientes para todo o corpo por meio das artérias. Denomina-se pressão arterial a força exercida pelo coração para bombear o sangue. Ela pode ser determinada pela relação entre o volume de sangue que sai do coração e a resistência ou tensão que o sangue encontra nos vasos para a sua circulação. A hipertensão arterial ou pressão alta, como é mais conhecida, é verificada quando a pressão arterial ocorre acima dos valores considerados normais, ou seja, 140 X 90 mm Hg para pessoas de mais de 18 anos. Sua aferição deve ser realizada com a pessoa em repouso e confirmada três vezes seguidas, de quinze em quinze minutos, em várias consultas. A pressão arterial é [...] o resultado do produto do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Enquanto no jovem o débito cardíaco encontra-se elevado com pouca alteração na resistência vascular periférica, no idoso observa-se exatamente o contrário: aumento nítido da resistência vascular periférica com redução do débito cardíaco. (BRANDÃO et al, 2002, p. 250). Em relação as co-morbidades, os autores explicam que a hipertensão arterial no paciente idoso se apresenta associada a outras enfermidades como a doença pulmonar obstrutiva crônica ou asma brônquica, a depressão, a obesidade, Diabetes Mellitus, dislipidemia, doença vascular encefálica, cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, hipertrofia do ventrículo esquerdo, nefropatias, doença vascular arterial periférica e outras afecções. 24 Por ser uma patologia crônica e silenciosa, a hipertensão arterial pode evoluir de forma assintomática por vários anos. Assim, em grande parte dos casos, seu diagnóstico é feito tardiamente, de modo que muitos hipertensos só descobrem a enfermidade depois de apresentar complicações em vários órgãos e sistemas. 3.2 Osteoartrite A denominação mais aceita internacionalmente da doença conhecida como artrose ou osteoartrose é osteoartrite. Esta se caracteriza por ser uma doença articular degenerativa e reumática, sendo mais prevalente entre indivíduos de mais de 65 anos de idade. Sobre essa doença Marques e Kondo (1998) explicam tratar-se de doença reumática degenerativa que atinge as articulações sinoviais e caracteriza-se por apresentar alterações na cartilagem articular, dando origem a zonas de fibrilação e fissuração. Também são observados microfraturas, cistos e esclerose no osso subcondral e formação de osteófitos nas bordas articulares. Os autores relatam que a artrose é uma doença associada a dor e rigidez articular, a deformidade e progressiva perda da função, afetando o indivíduo em múltiplas dimensões, do nível orgânico até o social. Sua incidência é muito elevada, sendo essa patologia responsável pela incapacidade laborativa de cerca de 15% da população adulta do mundo. Em se tratando de Brasil, os autores dizem que esta doença ocupa o terceiro lugar na lista dos segurados da previdência social que recebem auxílio-doença, ou seja, 65% das causas de incapacidade, estando atrás somente das doenças cardiovasculares e mentais. Essa enfermidade acomete principalmente indivíduos do sexo feminino durante a idade adulta entre a quarta e quinta décadas, mais precisamente no período da menopausa. 25 Eles explicitam, porém, que a etiologia da artrose ainda não é bem conhecida mas estudos comprovam ser uma doença relacionada com cargas excessivas e microtraumas repetitivos associados a tarefas ocupacionais, além de fatores hereditários, metabólicos e endócrinos que sugerem a participação do estrógeno nessa desordem. O tratamento atual detém-se basicamente em combater a sintomatologia. Por isso mesmo, eles enfatizam que a Fisioterapia tem papel importante no que diz respeito à melhora dos sintomas e restauração das funções comprometidas. No caso do Brasil, por exemplo, não existem ainda indicadores precisos sobre esta prevalência. Os conhecimentos adquiridos recentemente no conhecimento da fisiopatogenia levaram a uma alteração no conceito utilizado pelos profissionais de saúde. Isto por que antes muitos estudiosos acreditavam se tratar de uma doença progressiva, de evolução arrastada, sem perspectivas de tratamento, encarada por muitos como natural do envelhecimento. Hoje, no entanto, esta é entendida como uma enfermidade da qual é possível modificar o curso evolutivo, tanto em relação ao tratamento sintomático imediato, quanto ao seu prognóstico. Como já enfatizado, estudos revelam que a artrose é uma das causas mais freqüentes de dor do sistema musculoesquelético e de incapacidade para o trabalho no Brasil e no mundo. Trata-se de uma afecção dolorosa das articulações que ocorre por insuficiência da cartilagem, ocasionada por um desequilíbrio entre a formação e a destruição dos seus principais elementos, associada a uma variedade de condições, como sobrecarga mecânica, alterações bioquímicas da cartilagem e membrana sinovial e fatores genéticos. Por se tratar de uma patologia crônica, multifatorial, que leva a uma incapacidade funcional progressiva, o tratamento deve ser inter e multidisciplinar, buscando as melhoras funcionais, mecânicas e clínicas do paciente. 26 Nesses casos, o fisioterapeuta atua no sentido de esclarecer sobre a doença, salientando que esta não é necessariamente sinônimo de envelhecimento, explicando que a doença está relacionada à capacidade funcional, sendo que a intervenção terapêutica trará considerável melhora de qualidade de vida. Juntamente com esses procedimentos, o profissional dessa área deve motivar e envolver o paciente no seu tratamento, pois este é um agente ativo no seu programa de reabilitação. A prática de atividades esportivas deve ser estimulada, porém, sob orientação de um profissional habilitado. Deverá também orientar para cuidados com relação ao uso de rampas e escadas e com relação à ergonomia doméstica e/ou profissional. 3 .3 Do e n ç a de Parkinson Coelho, Patrizzi, e Oliveira (2006) explicam que, entre as moléstias que afetam o sistema nervoso central, a doença de Parkinson se inclui como uma das mais freqüentes enfermidades neurológicas. Essa se caracteriza como uma doença progressiva e crônica do sistema nervoso central, envolvendo os núcleos da base e resultando em perturbações no tônus, posturas anormais e movimentos involuntários. Atualmente, nos Estados Unidos, estima-se que existam 800.000 pessoas com doença de Parkinson, sendo que a incidência é de 4,5 a 20,5 e a prevalência é de 31 a 347 por cada 100.0002. Miguel Jr. (2007) define o mal de Parkinson como doença crônica progressiva do sistema nervoso, caracterizada pelos sinais cardinais de rigidez, acinesia, bradicinesia, tremor e instabilidade postural. A bradicinesia é a característica mais comum da doença de Parkinson, pois 27 [...] traduz-se pela lentidão ou dificuldade de iniciar o movimento voluntário ou automático. Dependendo da parte do corpo acometida, teremos uma série de sinais e sintomas parkinsonianos: fácies inexpressiva, fala hipofônica,micrografia, marcha festivante, não balançar do membro superior ao caminhar acúmulo de saliva na cavidade bucal, aumentando o tempo para consumir as refeições, dificuldade de realizar as atividades da vida diária (AVD). (PINHEIRO, 2002, p. 197). Além disso, essa patologia pode causar uma variedade de comprometimentos indiretos e complicações, alguns dos quais produzidos por diferentes combinações dos sinais cardinais, incluindo distúrbios do movimento e da marcha, expressão facial, distúrbios cognitivos e perceptivos, disfunção de comunicação, deglutição e disfunção autonômica. Dessa forma, constata-se que o surgimento dessa doença é insidioso e a sua progressão é lenta. De acordo com Miguel Jr. (2007), os estudos do cérebro dos doentes com a doença de Parkinson revelam diminuição no conteúdo de melanina das células da substância negra, uma diminuição seletiva da dopamina, qual seja, um neurotransmissor inibidor no núcleo caudado e no putâmen, onde sua concentração é maior. Continua Miguel Jr. (2007), explicando que os parkinsonianos têm um mau desempenho em condições de perturbação do equilíbrio. As quedas freqüentes e as lesões decorrentes destas são resultados da perda progressiva das reações de equilíbrio com cerca de um terço dos pacientes experimentando quedas e um décimo destes caindo mais de uma vez por semana. O treinamento para reeducar o equilíbrio e o exercício em várias posições é muito freqüentemente utilizado pelo fisioterapeuta. O papel desse profissional é muito importante, pois o treino para os parkinsonianos deve começar com transferências de peso nas posições sentada e em pé, ajudando assim o paciente a conhecer os seus limites de estabilidade. O 28 fisioterapeuta ajuda esse paciente com os comandos verbais sobre postura e segurança, bem como utilizando comandos táteis com toques leves para facilitar as respostas desejadas. Miguel Jr. (2007) também relata a respeito do número de pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas, informando que este número está em constante crescimento, tanto no Brasil como no Exterior. Por isso, novas técnicas e terapias mais eficazes são cada vez mais necessárias, tanto para uma otimização do tratamento como para recuperação efetiva, em especial, para os pacientes portadores de Parkinson. 3.4 Doença de Alzheimer Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), dentro de 25 anos, 34 milhões de pessoas terão demência e mais da metade das pessoas com essa patologia padecerão do mal de Alzheimer. Esta se define como uma doença neurodegenerativa, progressiva e irreversível, para a qual ainda não existe prevenção e poucas são as opções de tratamento. (OLIVEIRA e WIBELINGER, 2007). Sobre o Alzheimer, Oliveira e Wibelinger (2007) explicam que se trata de uma patologia neuropsiquiátrica progressiva do envelhecimento, sendo diagnosticada principalmente em adultos de meia-idade e, particularmente, em indivíduos mais velhos, afetando seriamente a substância cerebral. Segundo os autores ora citados, trata-se de uma doença caracterizada pela perda inexorável da função cognitiva, bem como de distúrbios afetivos e comportamentais. É a principal causa de demência em adultos de mais de 60 anos. 29 O mal de Alzheimer, como é mais conhecido, é responsável por alterações de comportamento, memória e pensamento. Entre as doenças que afetam o cérebro, o Alzheimer é uma das mais cruéis. Instala-se lentamente e compromete definitivamente a capacidade do indivíduo de se relacionar com o mundo exterior e consigo mesmo. Por se tratar de uma doença degenerativa do córtex cerebral, apresenta-se como anomalia, geralmente manifesta clinicamente sob a forma de comprometimento das funções intelectuais mais elevadas e, também, por distúrbios do afeto. Oliveira e Wibelinger (2007) acrescentam ainda que essa doença se caracteriza pela morte gradual dos neurônios, que são as células nervosas do cérebro. As causas desse desastre ainda são pouco conhecidas. Sabe-se que esse mal está relacionado a um acúmulo da proteína beta-amilóide. Portanto, a doença de Alzheimer caracteriza-se pela atrofia do córtex cerebral. O processo geralmente é difuso, mas pode ser mais grave nos lobos frontal, parietal e temporal. O grau de atrofia varia muito. Oliveira e Wibelinger (2007) ainda informam, porém, que o envelhecimento normal do cérebro também se acompanha de atrofia, mas há uma superposição no grau de atrofia do cérebro de pacientes idosos com Alzheimer e de pessoas da mesma idade afetadas pela doença. Ao exame microscópio, constata-se que há perda tanto de neurônio como de neurópilo no córtex e, ocasionalmente, se observa uma desmielinização secundária na substância branca subcortical. Com o uso da morfometria quantitativa, a maior perda é a de grandes neurônios corticais. Os autores complementam, dizendo que os achados mais característicos são placas senis e emaranhadas neurofibrilares argentofílicos. A placa senil é encontrada em todo o 30 córtex e hipocampo e o número de placas por campo microscópio correlaciona-se com o grau de perda intelectual. E mais, a degeneração e a perda neuronal são gerais, embora especialmente acentuadas nas células piramidais do hipocampo e células piramidais grandes no córtex associativo. A degeneração aparece cedo no núcleo basal de Meynert e, mais tarde, nos locus coeruleos. A patologia inclui também a presença de desarranjos neurofibrilares, placas neuríticas e degeneração granulovacuolar. Os desarranjos são massas intraneurofibrilares de filamentos citoplásticos. Como a doença de Alzheimer causa uma série de efeitos, tanto no plano do pensamento quanto no contexto, é muito importante que o paciente seja acompanhado por um fisioterapeuta para que esse profissional possa trabalhar o sistema motor, pois este, ao ser estimulado, mostra como resultado uma melhora na qualidade de vida. È necessário, porém, realizar primeiramente uma avaliação do paciente, colhendo todos os dados a respeito da doença e de seus sintomas, para que depois possa ser feito um plano de tratamento para este paciente. O tratamento da Fisioterapia deve ser constante e continuar por tempo indefinido. Existem melhoras, mas o paciente jamais recupera suas funções totalmente, já que é uma demência e há comprometimento de áreas importantes do cérebro. A conduta fisioterapêutica é realizada de acordo com as alterações apresentadas pelo paciente, porém, essas alterações dependem do estádio da lesão cerebral. Dessa forma, se o paciente apresenta alterações de postura, o fisioterapeuta trabalhará com ele exercícios de alongamentos de grupos musculares encurtados. Já se for detectada alteração no equilíbrio, serão trabalhados com ele exercícios que recuperem esta condição. 31 Portanto, o fisioterapeuta deve orientar também o cuidador quanto à importância de cuidar da pele do paciente, evitando que esta fique ressecada ou que haja a formação de úlceras de decúbito. É essencial que o profissional observe o trofismo e o tônus muscular para que se possa ter conhecimento do grau de incapacidade surgido com a doença. O paciente com hipotonia deve ser tratado com estímulos elétricos, crioestimulação e solicitação verbal de contração muscular. O tônus espástico pode ser trabalhado no sentido de alongamento da musculatura atingida e por meio da facilitação neuromuscular proprioceptiva. Finalmente, o fisioterapeuta deve avaliar o grau de sensibilidade do paciente. Se estiver diminuído, pode-se trabalhar com diversos estímulos sobre a pele, como com diferentes texturas, agentes térmicos e estímulos dolorosos. Quanto às atividades da vida diária, deverá se avaliar se o paciente é capaz de realizá-las sozinho ou se é dependente, procurando, então, diminuir as dificuldades dele em realizá-las. 3.5 Diabetes Coelia et al (2002) explicam que o aumento da prevalência do diabetes em países em desenvolvimento é muito observado nas últimas décadas. Isto decorre em grande parte da acelerada transição demográfica e epidemiológica em curso nesses países. Segundo os autores, o diagnóstico dessa doença é de fundamental importância para a população idosa em virtude da elevada freqüência de ocorrência e pelo fato de acarretar complicações macrovasculares, tais como doença cardiovascular, cerebrovascular e de vasos periféricos e microvasculares, como retinopatia, nefropatia e neuropatia. 32 Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Diabetes Mellitus, caracteriza-se como síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica, com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas. A longo prazo, acompanha-se da disfunção e falência de vários órgãos, por lesão especialmente em nervos e vasos sangüíneos. O diabetes está associado freqüentemente a lesões específicas da microcirculação, alterações neuropáticas e aterosclerose. O quadro clínico do Diabetes Mellitus é bastante variado, dependendo da abrangência e da gravidade das complicações clínicas. Segundo a Associação Nacional de Assistência ao Diabético-ANAD, a fisioterapia influencia intensivamente a assistência ao paciente com diabetes, investindo continuamente na familiarização destes pacientes mediante procedimentos desta área por meio da diversidade de recursos aplicáveis diante da referida disfunção metabólica. O Departamento de Fisioterapia da ANAD trabalha com avaliações individuais com a constante participação dos pacientes voltados ao alongamento e fortalecimento muscular, reeducação da propriocepção, ajuste dos equilíbrios estáticos e dinâmicos e readaptação da marcha com ou sem prótese, bem como orientação no uso de calçados. 3.6 Acidente vascular cerebral O acidente vascular cerebral (AVC) pode ser compreendido como uma dificuldade, em maior ou menor grau, de fornecimento de sangue e seus constituintes a uma determinada área do cérebro, determinando o sofrimento ou morte desta área. Isso implica, 33 conseqüentemente, perda ou diminuição das respectivas funções do cérebro. As doenças cerebrovasculares designam: [...] anormalidades no encéfalo,decorrente de alterações vasculares. Essencialmente, essas alterações podem ocorrer por obstrução de um vaso, impedindo a perfusão sanguínea em determinada região,levando à isquemia e, eventualmente, ao enfarto cerebral, conhecido como acidente vascular encefálico isquêmico (AVE isquêmico). Ou pode ocorrer a ruptura do vaso causando hemorragia intracraniana (AVE hemorrágico). (PY, 2002, p. 176). Existem basicamente dois tipos de acidente vascular cerebral - o isquêmico, que acontece quando não há passagem de sangue para determinada área, por uma obstrução no vaso ou redução no fluxo sangüíneo do corpo, e o hemorrágico, quando o vaso sangüíneo se rompe, extravasando sangue. Conforme Miguel Jr.(2007), estima-se que no Brasil a taxa de mortalidade provocada pelos derrames cerebrais seja da ordem de 50 pessoas para cada grupo de 100 mil habitantes. Calcula-se, ainda, que o acidente vascular cerebral (AVC) seja responsável por algo em torno de 8% das internações e por cerca de 19% dos custos dos hospitais públicos brasileiros. O acidente vascular cerebral é a principal causa de incapacidade funcional em idosos no mundo. A persistência do pessimismo, embora sem evidência científica, de uma grande parte dos médicos, com relação ao tratamento na fase aguda, dos pacientes que sofrem AVC, tem retardado uma política mais agressiva neste sentido. Conforme a explicação de Py (2002), se as doenças cerebrovasculares são a maior causa de incapacidade na maioria dos países, os cuidados devem ser redobrados, devendo ser redirecionados à reabilitação dos pacientes, pois estes apresentam dificuldades de todas as 34 ordens tais como comprometimento da marcha, dos movimentos dos membros, espasticidade, controle do esfíncter, incapacidade para a realização das atividades da vida diária-AVD’s, para os cuidados pessoais, na linguagem, alimentação, função cognitiva, atividade sexual, depressão e outras complicações no quadro de saúde. Evidências sugerem, no entanto, que o treino motor intensivo e diário em pacientes com seqüelas de doenças cerebrovasculares é favorável à recuperação funcional. Revisões sistemáticas dos estudos clínicos demonstram correlação positiva entre o tempo e freqüência da estimulação e a melhora funcional. A maioria dos programas de reabilitação, no entanto, é limitada por tempo, custo e infra-estrutura, além de depender do estado emocional do paciente e de outros problemas de saúde por ele apresentados. 35 4 FISIOTERAPIA E GERONTOLOGIA O papel da Fisioterapia é promover atitudes e atos de uma forma global e, conforme Lima et al (2007), atuando também para obter como resultado um excelente estado de saúde, tanto no aspecto funcional como na melhoria da qualidade de vida. Como explicam os autores, trata-se de uma filosofia holística que tem por objetivo estabelecer o equilíbrio entre o corpo, o individuo, o ambiente e a cultura. O fisioterapeuta contribui no sentido de ajudar o paciente a também manter hábitos de vida sadios, promovendo uma filosofia da promoção de saúde. Em se tratando de pessoas idosas, Barros (2001), apud, Lima et al (2007), relata que com as dificuldades posturais e de locomoção decorrentes de doenças ou do próprio envelhecimento, o profissional da Fisioterapia deve ajudar o paciente a realizar movimentos de forma sistemática, porém, com as condutas psicomotoras que sucederão movimentos especificamente humanos, com o intuito de realizá-los de forma consciente, intencional e sensível. Os autores concluem, asseverando que a atividade psicomotora é absorvida pela maioria das pessoas, em gradientes progressivos da mais simples para a mais complexa atividade. Tais atividades estimularão o raciocínio e possibilitarão recursos ilimitados de ações. A Fisioterapia preventiva, como parte de um tratamento clínico mais amplo, é importante, pois pode ser realizada nos três níveis de atuação da saúde, desde a atenção primária, secundária e terciária. Assim, 36 A fisioterapia é uma das profissões da área de saúde imprescindíveis para a atenção ampla ao idoso no sistema de saúde. O Fisioterapeuta é um profissional de nível superior e ocupa um papel relevante na equipe multidisciplinar que atua junto aos idosos. Tem como metas preservar a função motora, promovendo o adiamento da instalação de incapacidades decorrentes do processo de envelhecimento; tratar as alterações e os sintomas provenientes de doenças e problemas associados; e reabilitar funcionalmente o idoso dentro das suas potencialidades e especialidades. (PEREIRA, et al.,2002, p. 846). Leme (1996), referindo-se ao papel do fisioterapeuta, expressa que, no primeiro momento, o objetivo deste é fazer uma avaliação da capacidade da performance motora, ou seja, um levantamento dos deficits e limitações funcionais que estejam impedindo a execução de atividades do dia-a-dia e que, ao longo do tempo, possam produzir incapacidade funcional e dependência. A prática de exercícios físicos é essencial em todas as fases da vida e será ainda mais importante na terceira idade, quando há uma perda de aptidão física e, conseqüentemente, da saúde. A atividade física age positivamente nos sistemas cardiorespiratório e demais órgãos. Uma boa manutenção da massa muscular e óssea na terceira idade será imprescindível para uma autonomia de vida e para que o idoso continue produzindo e realizando as tarefas diárias. Para Otto (1987), se se pretende saúde deve-se desenvolver uma filosofia de vida voltada para as atividades físicas que devem fazer parte do dia- a- dia, de cada um.. Singh (2002) apud Safons, Pereira e Rodrigues (2006), relata que, com o avançar da idade, há o favorecimento da sarcopenia e a redução na força, e por isso a atividade física pode contribuir diretamente para a manutenção e para o incremento das funções do aparelho 37 locomotor, amenizando os efeitos do sedentarismo, do desuso, da imobilidade, da má adaptação e das doenças crônicas. O autor acrescenta que a melhora no condicionamento físico e a redução das quedas em idosos é relatada como resultado da prática de exercícios físicos, como caminhada, dança, musculação, ginástica, alongamento, ioga, Tai Chi-Chuan, dentre outras. Corroborando essa informação, Pegado (2000) ensina que o treinamento físico pode imediatamente produzir uma profunda melhora nas funções essenciais para aptidão física do idoso, colaborando para que haja menor destruição de células e fadiga. O segredo de uma vida longa e sadia é, na verdade, uma fórmula simples, que combina a relação apropriada dos ancestrais, boa sorte e, em grande parte, adoção de um estilo de vida sadio. Pode-se observar, contudo, um círculo vicioso pelo qual o envelhecimento está associado a uma redução na atividade física. Com a inatividade ocorrem as seguintes modificações funcionais: - aptidão física reduzida; - perda dos reflexos posturais; - metabolismo lipídico alterado; - balanço nitrogenado negativo; - perda da massa óssea; - extração de cálcio (osteopenia). O papel do fisioterapeuta é essencial na prevenção e tratamento das doenças crônico-degenerativas, pois, de acordo com Leme (1996), ao final da avaliação, este deve fornecer um quadro das possibilidades do indivíduo de se cuidar e de continuar a 38 desempenhar as tarefas do dia-a-dia, vivendo na comunidade de forma segura e exercendo papéis sociais orientados para os seus projetos de vida e necessidades pessoais. Muitas são as atividades físicas que podem ser indicadas para a terceira idade, principalmente a hidroginástica, por ser uma atividade que causa baixo impacto nas articulações e ajudará tanto no plano cardiorrespiratório como para uma tonificação muscular. Segundo Bonachela (1994), a hidroginástica é um programa ideal de condicionamento, levando a uma boa forma física, tendo como objetivos a melhora da saúde e do bem estar físico-mental. Assim, como já enfatizado, a Fisioterapia tem papel fundamental na promoção da qualidade de vida do indivíduo idoso, atuando na prevenção, tratamento, reabilitação e adaptação da funcionalidade, contribuindo para a autonomia e auto-estima do paciente. O fisioterapeuta é um profissional da área de saúde com formação acadêmica superior, habilitado na elaboração do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais, na prescrição das condutas fisioterapêuticas ambulatoriais, na ordenação e indução no paciente, bem como no acompanhamento da evolução do quadro funcional e a sua alta do serviço. Este profissional presta serviços nas áreas da saúde, educação, esporte, empresarial, atuando ainda no campo da pesquisa e do ensino. Já o exercício profissional do fisioterapeuta ambulatorial compreende a avaliação físico - funcional do paciente, a prescrição do tratamento, a indução do processo terapêutico, a alta no serviço de Fisioterapia e a reavaliação sucessiva do paciente para constatação da existência de alterações que justifiquem a necessidade de continuidade das práticas terapêuticas. Entre tantos outros motivos, a presença do fisioterapeuta na equipe interdisciplinar no cuidado do idoso é essencialmente importante. Conforme explicam Safons, 39 Pereira e Rodrigues (2006), entre os estudiosos do envelhecimento humano, há consenso quanto ao fato de que a força muscular diminui com o avançar da idade e, também, quanto ao fato de que esta redução da força está diretamente relacionada ao processo de sarcopenia, caracterizado por perda progressiva de massa muscular, observada tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. Os autores acrescentam que este fenômeno, além de fazer com que o idoso chegue aos 90 anos com metade da massa muscular da juventude, está ligado também a maior incidência de doenças crônicas, como o diabetes e a osteoporose, aos distúrbios do equilíbrio e da marcha e, também, a um aumento de quedas. Isso porque, segundo eles informam, nos idosos, a fraqueza muscular pode diminuir a capacidade para realizar as atividades da vida diária, levando-os à perda de autonomia e à conseqüente dependência. Quando a perda de força nos membros inferiores se torna importante, principalmente na musculatura do quadríceps, aumenta em até 6 vezes o risco de lesões em razão das quedas, que são a sexta principal causa de morte entre indivíduos acima de 65 anos. Importante é, então, para o profissional fisioterapeuta compreender que as doenças crônicas mencionadas anteriormente nos idosos agravam em muito o quadro das perdas musculares. Safons, Pereira e Rodrigues (2006) relatam que as perdas, tanto de força quanto de massa muscular, ocorrem naturalmente com o passar da idade. A força muscular diminui a uma taxa de 15% por década entre os 60 e 80 anos e 30% por década a partir dos 80 anos, enquanto a massa muscular aos 90 anos chega a diminuir até 50% em relação aos valores do indivíduo jovem. 40 Referidos autores também referem que a fraqueza muscular pode diminuir a capacidade para realizar as atividades da vida diária, levando o idoso à dependência, comprometendo ainda mais o quadro das doenças crônicas. Além disso, quando se perde força nos membros inferiores, aumenta o risco de traumas em conseqüência das quedas. Por outro lado, a prática regular de exercício físico é citada como importante fator para a redução de quedas. Segundo Oliveira e Wibelinger (2007), o profissional da Fisioterapia atua no sentido de habilitar o indivíduo comprometido funcionalmente. Essa atuação visa a fazer com que o paciente consiga novamente desempenhar suas atividades da vida diária da melhor maneira e pelo menor tempo possível e com maior autonomia. Diante disso, os principais aspectos da assistência são os preventivos elaborados para manter o indivíduo mais ativo e independente possível. No maior grau que for possível, a atividade deve ser encorajada para manter a força e o estado de alerta. Promover a ajuda a esse paciente é absolutamente necessário, pois este deve continuar a realizar sozinho o máximo de AVD’s possível. O fisioterapeuta também atua informando à família que o processo de reabilitação também inclui a realização de modificações ambientais necessárias para segurança do paciente, de modo que esse possa viver em um ambiente o mais aberto possível. O quadro das doenças crônico-degenerativas, como já mencionado, pode se agravar muito com as quedas. Estas podem e devem ser evitadas, pois acontecem muitas vezes em decorrência de riscos ambientais, como iluminação inadequada, pisos escorregadios, tapetes soltos etc. Tais riscos devem ser evitados. Os ambientes também devem manter uma apresentação familiar no sentido de não mudar a disposição da mobília desnecessariamente e 41 barras devem ser presas na parede bem como corrimãos devem ser instalados nos locais necessários. Nesse caso, as técnicas usadas pela Fisioterapia são as mesmas utilizadas nas pessoas de terceira idade que não apresentam nenhum tipo de comprometimento funcional causado por doenças. A maneira de abordá-las, porém, exige habilidade especial. O paciente pode não parecer interessado em saber como a falta de flexibilidade articular, a fraqueza muscular ou o edema poderão afetá-lo. São comuns as alterações de sensibilidade, por isso, evitar a tração, a eletroterapia e os equipamentos que exigem colaboração de participação subjetiva também devem ser evitados. O calor somente deve ser usado naqueles capazes de reconhecer e dizer o quanto é demasiado quente. Como exemplo, são citados os diabéticos que tenham a diminuição de sensibilidade. Para o fisioterapeuta, o estabelecimento de metas realizáveis no tocante à mobilidade é muito útil. Mesmo as realizações mais modestas merecem ser recompensadas por estímulos e pelo interesse que o profissional demonstra pelo paciente. Portanto, a meta de reabilitação precisa ser redefinida para assegurar que o paciente permaneça seguro e independente, capaz de realizar atividades da vida diária e exercícios instrumentais da vida diária pelo máximo de tempo que for razoável. A reabilitação pode começar enquanto o trabalho do diagnóstico está ainda sendo feito. Isso pode tornar a forma de treinamento básico em atividades da vida diária. Esse procedimento inclui o treinamento de atendentes para a assistência de paciente e a reabilitação de modificações ambientais necessárias para a segurança da pessoa confusa, de modo que essa possa viver em um ambiente o mais aberto possível. 42 Uma vez o diagnóstico estabelecido, pode ser feito o planejamento cuidadoso para a assistência. Nos estádios iniciais e médios da doença, a intervenção fisioterápica geralmente pode prolongar a habilidade de movimentar-se com facilidade. É importante observar que inicialmente a intervenção fisioterápica pode ser potencialmente envolvida com a facilitação do planejamento motor e planejamento para compensação de perdas nas atividades de vida diária. A habilidade para andar é perdida mais tarde, e outros estudos relatam níveis comparáveis de comprometimento. A contribuição da Gerontologia, instituída como um conhecimento essencialmente inter e multidisciplinar, está em considerar estratégias de atendimento que atendam às reais necessidades e especificidades do indivíduo idoso. Gerontologia, segundo Ferreira (1986, p.848), é a: “[De geront(o)- + -logia.],S. f. Med. 1] Ciência que estuda os problemas do velho sob todos os seus aspectos: biológico, clínico, histórico, econômico e social”; muito mais do que a soma de saberes, implica a integração e o aprimoramento de conhecimentos por meio da interdisciplinaridade, uma maneira de encarar o envelhecimento humano mais positiva compreendendo o homem de forma holística. Interdisciplinaridade implica a possibilidade de manifestar e correlacionar diversos tipos de conhecimentos fragmentados, onde existe a necessidade de caracterizar a própria natureza das disciplinas, para, então, sugerir uma ligação coerente dos conhecimentos que elas produzem. Dessa forma, a noção mais conhecida de interdisciplinaridade é a interação de duas ou mais disciplinas para superar a fragmentação do conhecimento, implicando uma troca entre especialistas de vários campos de conhecimento, na discussão de um assunto, na resolução de um problema, com vistas a melhor compreensão da realidade. 43 Essa ciência prática não se propõe tratar tão-somente da doença, mas atentar para o fato de que o idoso, muitas vezes, mais do que medicamento ou qualquer outro tipo de intervenção, necessita ser ouvido, ser respeitado em suas idiossincrasias. A formação gerontológica deve ser agregada à profissão de origem para possibilitar novos procedimentos e técnicas profissionais que atendam às reais demandas do idoso. O fisioterapeuta apropria-se dessas técnicas para melhor diagnosticar os problemas do paciente e planejar como será sua atuação, tanto na prevenção quanto no tratamento curativo. Portanto, qualquer que seja a área profissional que pretenda trabalhar com o público idoso, há que considerar a complexidade do ser humano e, por isso mesmo, compreendê-lo de forma global. 44 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 5.1 Tipo de pesquisa Este estudo se propôs ser do tipo exploratório, pois objetivou-se tornar o problema o mais familiar possível, com vistas a torná-lo mais explícito, buscando o aprimoramento das idéias e a descoberta das percepções dos idosos. Utilizou-se a abordagem qualitativa, pois esta possibilitou analisar a fala dos idosos para saber qual a sua percepção como pacientes com doenças crônico-degenerativas em relação aos resultados do tratamento realizado mediante a fisioterapia ambulatorial e os efeitos desse em suas vidas. De acordo com Minayo (2006, p. 268), “nas abordagens qualitativas o foco é posto na compreensão da intensidade vivencial dos fatos e das relações humanas”. Foi aplicada entrevista estruturada para que inicialmente fosse possível traçar o perfil socioeconômico e funcional dos idosos que foram atendidos na Fisioterapia Ambulatorial. A opinião dos idosos a respeito dos sintomas e conseqüências da doença diagnosticada para o comprometimento funcional da sua vida foi necessária tendo-se analisado os resultados do tratamento fisioterápico. 5.2 Cenário O cenário de estudo foi o Posto de Saúde Rigoberto Romero, situado à av. das Graviolas, 195, no bairro Cidade 2000, em Fortaleza/CE. Este pertence à Secretaria RegionalSER II da Prefeitura Municipal de Fortaleza. No referido Posto, trabalham 9 auxiliares de enfermagem, 11 agentes administrativos, 5 fisioterapeutas, 7 dentistas, 1 farmacêutico, 1 assistente social, 1 veterinário, 2 auxiliares de serviços, 10 enfermeiros, 4 auxiliares de 45 serviços gerais, 5 atendentes comunitários dentais, 2 agentes comunitários e 14 médicos. É atendida mensalmente uma população de 3.334 pacientes idosos em todas as especialidades médicas, sendo 21% ( 700 p.i.) atendidos pela Fisioterapia Ambulatorial, resultando a média de oito (8) pacientes idosos por fisioterapeuta por mês e, entre eles, seis (6) com doenças crônico-degenerativas. A Fisioterapia Ambulatorial é realizada no período da manhã de 7 às 11 horas e no período da tarde de 13 às 17 horas, das segundas às sextas-feiras. A Fisioterapia Ambulatorial atende nas áreas de: RPG (reeducação postural global), respiratória, ortopedia e traumatologia, neurologia e gerontologia, possuindo os equipamentos: bicicleta fixa, polia, forno de Bieer, tens, ondas curtas, ultra-som, infravermelho, 2 mesas, pesos, exercitador de tornozelo, megatoscópio, estetoscópio, escada de dedos, barra de Ling, espelho, 2 rodas de ombro, Respiron (respirador de incentivo), geladeira etc. 5.3 Sujeitos do estudo Foram entrevistados sete idosos, obedecendo-se os critérios de inclusão e exclusão na faixa etária compreendida entre 60 e 80 anos, com doenças crônicodegenerativas, atendidos no referido Posto de Saúde, no período entre maio e junho de 2007. 5.3.1 Critérios de inclusão •Foram incluídos pacientes com doenças crônico-degenerativas atendidos no Posto de Saúde Rigoberto Romero que aceitaram participar da pesquisa; •faixa etária entre 60 a 80 anos; e •indivíduos que concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 46 5.3.2 Critérios de exclusão •foram excluídos pacientes com transtornos cognitivos. 5.4 Coleta de dados Os dados desse estudo foram obtidos por intermédio das respostas selecionadas nas falas gravadas no momento da entrevista estruturada. Após a transcrição das falas e das exaustivas leituras, buscou-se identificar categorias-chaves que possibilitassem analisar a opinião dos idosos em relação aos resultados alcançados no tratamento fisioterápico. Para complementar os dados, foi traçado o perfil socioeconômico dos idosos e obtida a opinião deles a respeito dos sintomas e as conseqüências da doença diagnosticada para o comprometimento funcional das suas vidas. Minayo (2006, p. 58) relata que nesse tipo de metodologia, “a técnica da entrevista estruturada difere apenas em grau da não estruturada, porque na verdade nenhuma interação, para a finalidade de pesquisa, se coloca de forma totalmente aberta ou totalmente fechada”. Este tipo de entrevista estruturada pode ser considerado uma conversa com finalidade e se caracteriza pela sua forma de organização, apresentando-se por meio de um roteiro. 5.5 Categorias de análise Selecionaram-se palavras-chaves, frases e expressões (Vede apêndice II) que mais se repetiram nas falas dos idosos. Estas foram distribuídas em categorias que foram analisadas mediante técnica da análise de conteúdo que, segundo Bardin (1979, p. 42), se definem como “um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos 47 ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens”. A amostra se definiu pela saturação das falas, da repetição exaustiva das palavraschaves, frases e expressões identificadas nas repetidas leituras das entrevistas semiestruturadas após a transcrição das fitas. 5.6 Ética em pesquisa O Conselho Nacional de Saúde, em sua Resolução n° 196/96, normatizou e regulamentou todos os projetos de pesquisas que envolvem seres humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Saúde Pública. Foi redigido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE (Apêndice III), incluindo autorização para se gravar a entrevista e impresso em duas vias, assinadas pelos entrevistados e pelo pesquisador. Ambas as partes receberam uma via desse documento. Foi garantido total segredo quanto à identidade dos pacientes entrevistados e das informações prestadas. Foram utilizados nomes fictícios para identificá-los e o material utilizado das gravações foi guardado; a pesquisadora responsabilizou-se pelo seu destino final. As informações dadas foram utilizadas para o estudo e poderão ser aplicadas em meios científicos. 48 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Foram entrevistados sete (7) idosos, dos quais seis (6) do sexo feminino e um do sexo masculino, portanto, prevalecendo um número maior de mulheres, na faixa etária entre 60 e 80 anos, alfabetizados, com renda familiar entre 1 e 2 Salários Mínimos, sendo três donas de casa, dois agentes administrativos e uma costureira. Constatou-se que todos os entrevistados sofrem de algum tipo de doença crônicodegenerativa apresentando dificuldades na execução das atividades da vida diária, principalmente nos trabalhos domésticos - AVD´s. Esses pacientes foram submetidos à crioterapia, calor, à correção de postura, técnicas de alongamentos e exercícios necessários de acordo com a necessidade exigida para cada patologia. Na tabela 1 encontra-se o resultado do exposto acima. 1 Tabela de Dados, Análises Nome Idoso(a) Idade L. D. S. (f) 1 76 M. A. S. (f) 2 65 M. M. A. P. (f) 3 62 R. S. C. (f) 4 80 A. F. (f) 5 61 J. P. V. (m) 6 75 E. M. B. (f) 7 75 Fonte: entrevista estruturada. Rendada Família Entre 1 e 2 s. m. Acima de 2 s. m. 1 s.m. Acima de 2 s. m. Entre 1 e 2 s. m. Acima de 2 s. m. Menor que 1 s. m.o Profissão Costureira Nível deescolaridade Ens.médio incompleto Agente Ens. médio administrativo completo Desenhista Ens. médio completo Dona de casa Fund. incompleto Dona de casa Ens. médio completo Agente Ens. médio administrativo completo Dona de casa Fund. incompleto Dificuldadep/andar ourealizarAVDs sim sim sim sim sim sim sim 49 Os dados relativos à entrevista estruturada dos quais foram retiradas as categorias de análise para a construção do quadro temático, de acordo com Bardin (1979), encontram-se em Apêndice I. A seguir visualizamos três categorias surgidas da fala dos sujeitos. 6.1 Quadro Temático CATEGORIAS Categoria 1 - Dificuldade nas AVD´s e AIVD´s Categoria 2 – Mudanças após o tratamento Categoria 3 – Resultados obtidos com o tratamento SIGNIFICADOS Dependência Autonomia Qualidade de vida 6.2 Categoria 1 - Dificuldade nas AVD´s e AIVD´s (Dependência) Para pacientes idosos com doenças crônico-degenerativas, osteoartrose, hipertensão arterial, diabetes, Parkinson, AVC e Alzheimer, a oportunidade de recuperação por tratamento fisioterápico prestado no ambulatório do Posto de Saúde Rigoberto Romero implica não somente uma esperança de tratamento, mas também nova condição de vida. Essa constatação pode ser confirmada pela resposta da senhora L. D. S., 76 anos, costureira aposentada, que relata a existência das muitas dificuldades enfrentadas pelo idoso acometido por essas doenças: “Sentia dificuldade para andar, subir calçadas, subir escadas, dificuldades para realizar atividades domésticas como limpeza de casa, lavar banheiro, cozinhar....” Com o envelhecimento populacional e a presença cada vez mais freqüente de idosos no meio social, faz-se necessária, uma visão diferenciada da Fisioterapia para esse 50 grupo populacional, visão esta que não se restrinja somente às ações curativas, as quais, embora com grande significado individual, têm ainda limitado impacto social, mas busquem nas instituições de saúde desenvolver estratégias de prevenção para problemas que podem ser prevenidos. A Fisioterapia na área de Gerontologia desenvolveu suas atividades voltadas para a reabilitação, sendo seu principal enfoque as doenças crônicas não transmissíveis e suas seqüelas, muitas vezes incapacitantes, comumente encontradas entre os idosos. Essas incapacidades comprometem, não somente a realização de AVDs e AIVD´s, mas também a própria auto-estima do indivíduo que não consegue mais realizar nenhuma ação sem a ajuda de outras pessoas, como bem relata essa idosa de 62 anos, a respeito das dificuldades que enfrenta no seu dia a dia: “[...] pra qualquer atividade, caminhar, trocar de roupa, pra qualquer coisa, não tem como...Não pode fazer serviços caseiros, varrer, nem trocar de roupa se pode... Tenho muitos problemas de saúde como cansaço, sou hipertensa, tenho uma dilatação na aorta e uma artrose lombar ” (M. M. A. P., desenhista aposentada, 62 anos). Rosenberg e Moore (1998) explicam que, à medida que aumenta a idade cronológica, as pessoas tornam-se menos ativas e a sua capacidade funcional diminui. Após os 75 anos, há grande incidência de doenças crônicas, o que contribui para o processo degenerativo, e, assim, a aptidão dos idosos para a vida independente é reduzida. Dessa forma, a Fisioterapia em Gerontologia passou a ter papel mais amplo, no sentido de contribuir para a permanência e participação ativa, pelo maior tempo possível, dos idosos em seu meio social. 51 Segundo Caldas (2003), o termo dependência liga-se a um conceito fundamental na prática geriátrica: a fragilidade. Esta é definida como vulnerabilidade que o indivíduo apresenta aos desafios do próprio ambiente. Essa condição é observada em pessoas de mais de 85 anos ou naqueles mais jovens que apresentam uma combinação de doenças ou limitações funcionais que reduzam sua capacidade de adaptar-se ao estresse causado por doenças agudas, hospitalização ou situações de risco outras. A autora informa que, ao definir o objeto "envelhecimento com dependência", destaca-se a prevalência de patologias crônicas nesse grupo etário e que essa cronicidade observada na maioria dos idosos necessita de uma abordagem abrangente para ser bem avaliada, já que as doenças crônicas podem ser incapacitantes ou não. Portanto, faz-se necessário classificar a incapacidade em graus de dependência: leve, parcial ou total. É exatamente o grau de dependência que determina os tipos de cuidados que serão necessários. Indagada a respeito dos problemas enfrentados depois do início da sua doença, a senhora E. M. B. 75 anos, dona de casa, diz: “Sinto dores fortes na coluna quando faço serviços domésticos, sinto cansaço e dificuldades para caminhar”. Essa condição pode acometer indivíduos sexagenários, mas é observada, principalmente, em indivíduos de mais de 85 anos ou naqueles que, mais jovens, apresentam uma combinação de doenças ou limitações funcionais que reduzam sua capacidade de adaptar-se ao estresse causado por doenças agudas, hospitalização ou situações de risco outras. Portanto, ao se definir envelhecimento com dependência, destaca-se a prevalência de patologias crônicas no grupo etário mais longevo. Essas dificuldades observadas na 52 maioria dos idosos necessitam de uma abordagem abrangente para uma boa avaliação já que as doenças crônicas podem ser incapacitantes ou não. Faz-se necessário classificar a incapacidade em graus de dependência-leve, parcial ou total. É exatamente o grau de dependência que determina os tipos de cuidados que serão necessários. Dessa forma, os profissionais estão sempre buscando acompanhar as mudanças nos hábitos e valores em relação à saúde, ao corpo e à convivência entre as gerações que ocorrem na sociedade. 6.3 Categoria 2 - Mudanças após o Tratamento (Autonomia) A literatura a respeito do tema autonomia do idoso aponta os benefícios da reabilitação por meio da Fisioterapia para a melhora da qualidade de vida de idosos e de indivíduos com seqüelas resultantes de doenças, principalmente as crônico -degenerativas. A Fisioterapia tem importante papel na melhora do controle da dor e no aumento ou manutenção das habilidades funcionais do paciente em casa ou no trabalho, assim como na redução de outros sintomas que lhe causam sofrimento. Por isso mesmo, o tratamento atual está voltado, principalmente, para a redução dos sintomas e para a promoção da autonomia do paciente idoso. É o que revela a fala dessa entrevistada sobre as dificuldades enfrentadas desde o início da doença: “Sentia dores fortes na coluna, dificuldade de realizar algumas atividades de casa”(R. S. C., dona de casa, 80 anos). “Sinto dores fortes na coluna quando faço serviços domésticos, sinto cansaço e também dificuldades para caminhar” (E. M. B., dona de casa, 75 anos). 53 A avaliação das atividades de vida diária (AVD’s) reflete a capacidade ou não para o autocuidado básico; ou seja, com base nesses dados, pode-se estabelecer o grau de autonomia e independência dos idosos para a execução de atividades básicas fundamentais no suprimento de necessidades individuais. Entre as principais características da perda progressiva da autonomia funcional, estão os problemas de mobilidade, de mover-se de um lugar a outro, principalmente entre lugares distantes. Outra limitação importante está no ato de preparar seus alimentos e, finalmente, em conseguir as coisas de que necessitam. Moragas (1997) assebera que a perda da autonomia representa para os idosos uma das maiores preocupações. Para esta população, saúde está relacionada diretamente com independência, capacidade para fazer as coisas, trabalhar, poder ir e vir, mesmo portando algumas doenças crônicas. Mantendo-se os idosos independentes e autônomos, as dificuldades serão menores, tanto para si quanto para a família e para a sociedade. O autor ainda ressalta que a dependência e a incapacidade que se observam em pessoas acima de 80 anos não são conseqüência apenas do envelhecimento, mas resultam, isso sim, de enfermidades, perda de atividade física e fatores sociais. Por isso, a autonomia relativa às atividades da vida diária é posta como algo fundamental para a manutenção da saúde do idoso em diversos trabalhos analisados. Moragas (1997) descreve um rol de atividades da vida diária que o idoso desempenha para satisfação de suas necessidades, tendo como referência um estudo desenvolvido pela Sociedade Espanhola de Geriatria. Conforme sua natureza, são elas: atividades de vida diária; físicas e manuais; sensoriais; psíquicas; recreativas; esportivas, educacionais e culturais; ecológicas; ideológico-políticas; voluntariado; econômicas; espirituais e religiosas. 54 Por esse motivo, a Fisioterapia não deve ser somente um meio de alívio da dor, mas também de restauração da função e de estilos de vida funcionais, promovendo bem-estar, autonomia e a conseqüente qualidade de vida desses pacientes. É importante, portanto, que o paciente seja também um elemento ativo em seu tratamento, e que metas recíprocas sejam estabelecidas entre o fisioterapeuta e o paciente logo no início do tratamento, para que sejam alcançadas melhoras que proporcionem a ele conseguir a autonomia. 6.4 Categoria 3 - Resultados obtidos com o Tratamento (Qualidade De Vida) A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu de maneira abrangente o conceito de saúde. Até então, este era entendido simplesmente como a inexistência de doenças. Atualmente esse conceito ampliou-se, incluindo também o conceito qualidade de vida. Quanto aos idosos, mais do que outros grupos etários, sabe-se que estes recebem a influência de múltiplos fatores físicos, psicológicos, sociais e culturais. Assim, avaliar e promover a saúde do idoso significa considerar variáveis de campos distintos do saber numa atuação interdisciplinar e multidimensional. Santos et al (2002) explicam que a qualidade de vida é preocupação constante do ser humano desde o início de sua existência e, atualmente, constitui um compromisso pessoal a busca contínua de uma vida saudável, desenvolvida à luz de um bem-estar indissociável das condições do modo de viver, como saúde, moradia, educação, lazer, transporte, liberdade, trabalho, auto-estima, entre outras. 55 Os autores referem que a extensão qualidade de vida recebe uma variedade de definições ao longo dos anos. Essa qualidade pode se basear em três princípios fundamentais: capacidade funcional, nível socioeconômico e satisfação. A qualidade de vida também pode estar relacionada com os seguintes componentes: capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica e auto proteção de saúde. Na realidade, o conceito de qualidade de vida varia de acordo com a visão de cada indivíduo. Para alguns, ela é considerada como unidimensional, enquanto, para outros, é havida como multidimensional. Santos et al (2002) também comentam que é difícil conceituar qualidade de vida, assim como a sua medida também o é, já que ela pode ser influenciada por valores culturais, éticos e religiosos, bem como por valores e percepções pessoais. Esse caráter de subjetividade de que se reveste o conceito de qualidade de vida baseia-se na realidade individual que converge no subjetivismo, constituindo, assim, um conceito muito complexo e de avaliação difícil. Portanto, a subjetividade relacionada à qualidade de vida diz respeito à percepção pessoal sobre a vida, enquanto a bipolaridade se refere aos elementos positivos e negativos vinculados a essa percepção. A respeito da percepção pessoal sobre a felicidade diz o senhor J. P. V., agente administrativo aposentado de 75 anos, sobre as mudanças verificadas em sua saúde, depois do tratamento fisioterápico: “ Melhorei bastante, tenho gosto na vida, estou andando. A fisioterapia é muito jóia... melhorei até os movimentos do lado direito...” 56 Acrescenta-se ainda que a mutabilidade se apresenta como a quarta característica dessa percepção pessoal, visto que a qualidade de vida que proporciona a felicidade pode se modificar para um mesmo indivíduo ao longo do tempo. A atuação da Fisioterapia no ambulatório do Posto de Saúde Rigoberto Romero atua de acordo com a demanda de pacientes encaminhados para a instituição que apresentam os mais diversos tipos de patologias que comprometem a condição de vida pela incapacidade de mobilidade. Acompanhando esse processo, a perspectiva da Fisioterapia, antes voltada apenas para as queixas que os idosos traziam, bem como para a presença de incapacidades em um corpo envelhecido para o qual se acreditava pouco poder ser feito em termos de recuperação, a não ser resignar-se a conviver com essas limitações para o resto da vida, passou a se transformar em um agente proativo em busca de melhor qualidade de vida aos anos acrescidos ao ciclo vital dos indivíduos. Segundo relato dessas entrevistadas foi o que aconteceu após o início do tratamento no ambulatório do posto de saúde: “Grandes melhoras, já não sinto dores na coluna e ando com mais facilidade, só sinto dores quando faço grandes caminhadas e serviços domésticos...” (E. M. B.,dona de casa, 75 anos). “Acho que já ando com mais facilidade, já troco minha roupa sozinha, já faço alguma coisa em casa...”(L. D. S., costureira, 76 anos). O objetivo da Fisioterapia no Posto com arrimo nesses pressupostos é demonstrar que as exceções observadas em idosos de 80 e mais anos, vigorosos e interessados pela vida, poderiam se tornar cada vez mais rotineiras no local. 57 Portanto as metas do programa de Fisioterapia no ambulatório também se voltam para prevenir as incapacidades, minimizar ou retardar a dependência funcional, potencializar as capacidades remanescentes e valorizar a auto-imagem. A percepção do estado de saúde pelo próprio idoso é considerada um bom marcador de risco de mortalidade, independentemente da carga objetiva de morbidade. A possibilidade de maior sobrevida é possível, assim como uma qualidade de vida maior, mediante a busca do envelhecimento com autonomia e independência, com boa saúde física e mental, enfim, com um envelhecimento bem-sucedido. A esse respeito, Néri (1993) comentou que existe um pressuposto de que boa qualidade de vida é possível, também, na vida madura e na velhice, e que a probabilidade de envelhecer bem aumenta em razão da adequada atuação de fatores individuais e socioculturais. A autora também salientou que identificar as virtudes da idade madura é um desafio intelectual com o qual se envolveram vários pensadores ao longo dos tempos. Vivê-la de maneira positiva é questão existencial que se propõe a um número crescente de pessoas em todo o mundo. Buscou-se informar também aos pacientes sobre o fato de que as limitações físicas causadas pelas perdas funcionais podem ser mais presentes durante o envelhecimento, e em seguida foi explicado como este poderá conviver com essas limitações a partir do redescobrimento de uma nova maneira de olhar para seu corpo, que deve ser mais explorado e conhecido, fazendo com que esses pacientes se tornem mais autoconfiantes. Exemplificou-se essa afirmação pela resposta da senhora A. F., de 61 anos, dona de casa, a respeito das mudanças em sua vida depois do início do tratamento: “100% na postura, agora eu danço, eu brinco, faço malhação, namoro...” 58 No ambulatório do Posto de Saúde Rigoberto Romero, no primeiro momento, os profissionais buscam desenvolver um trabalho de fortalecimento individual com base no autoconhecimento, melhoria da auto-estima por meio de exercícios que possibilitem promover a independência desse paciente. Essa afirmação pode ser confirmada na fala de uma senhora a respeito da percepção da melhora de sua saúde depois de iniciado o tratamento na Fisioterapia: “100% melhor, me sinto outra, agora consigo fazer as atividades de casa. Meus seios são grandes e cai pra frente, agora minha postura está 100% melhor, sentia fortes dores nas costas, hoje em dia já não sinto mais. Agora me sinto outra, sou mais feliz” (A. F., dona de casa, 61 anos). Uma das estratégias utilizadas pelos profissionais para alcançar melhores resultados no tratamento consiste na explicação ao idoso de como seu corpo funciona, anatômica e fisiologicamente, explicando a eles como as estruturas corporais funcionam quando da realização das atividades cotidianas mais simples, como por exemplo, as articulações e os músculos envolvidos na realização do funcionamento do corpo humano, quando este levanta peso ou se mantém em uma postura incorreta. Essa explicação é importante, pois, à medida que esses pacientes passam a conhecer mais o próprio corpo e suas potencialidades, obtidas nos exercícios relacionados, adquirem maior confiança, equilíbrio, força, flexibilidade e, conseqüentemente, melhoram sua auto-estima e independência. Após a leitura e análise das falas, foi possível observar que os sujeitos desta pesquisa apresentaram melhoras significativas na qualidade de vida depois de submetidos ao tratamento da Fisioterapia no Posto de Saúde Rigoberto Romero. 59 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo foi realizado em uma instituição de saúde municipal de atenção à saúde primária, com sete (7) pacientes idosos, em atendimento pela Fisioterapia Ambulatorial. Foi nítida a heterogeneidade dos pacientes atendidos, pois, além de serem de variados estratos socioeconômicos, verificou-se que 100% dos idosos entrevistados encontravam-se no nível socioeconômico mais desfavorecido. Como foi demonstrado no Capítulo 3, entende-se que, em razão da falta de planejamentos e recursos financeiros que fazem com que o idoso em seu primeiro atendimento neste posto de saúde apresente uma enfermidade já em estádio degenerativo, muitas vezes bastante avançado, constatado neste estudo 100 % dos casos. Foi observado que, após o início do tratamento fisioterápico ambulatorial, o idoso apresenta melhora considerável. Percebeu-se que essa melhora vai além da matéria significante em toda a função vital e, consequentemente, na relação sociofamiliar. Isso deixa o profissional gratificado pela oportunidade de servir e poder realizar a profissão com muito orgulho, tanto na abrangente área da Gerontologia como na da Fisioterapia, voltada para o público idoso. Estatisticamente, admite-se que a amostra indica a representatividade dos demais pacientes (população) deste específico posto municipal de saúde, sendo este o segmento com registro das maiores demandas para os serviços de saúde. Conforme os resultados do estudo, verificou-se a necessidade de sugerir ao gestor da instituição que proporcione a esta comunidade uma atenção especial, principalmente ao grupo de idosos, uma política planejada ao atendimento domiciliar, visando a diminuir e retardar as conseqüências das patologias mais freqüentes no processo do envelhecimento. 60 Evidenciou-se com isso a necessidade de planejar, criar e desenvolver um serviço mais abrangente nesta etapa primária de atendimento ao pacientes da terceira idade, buscando oferecer um serviço com atenção específica; também qualificar os profissionais com cursos, seminários e incentivar as especializações; fornecer aos pacientes transportes nos casos especiais; desenvolver programas de atendimentos domiciliares; disponibilizar recursos para equipamentos e aparelhos específicos às várias enfermidades que acometem os pacientes nessa faixa etária; e constituir equipes multidisciplinares de atuação, estabelecendo metas e incentivos, a fim de estabelecer uma relação com vínculos sociais com esta comunidade atendida pelo posto municipal de saúde. Percebeu-se que um dos principais motivos nos aumentos dos custos financeiros ao sistema da saúde municipal é a não-existência de um serviço voltado para a prevenção das conseqüências das patologias crônico-degenerativas. Esses recursos já são escassos e, além do mais, o idoso terá diminuído suas chances a um prognóstico favorável. Tenciona-se mostrar que, com investimento e planejamento nesta área, é possível diminuir estes custos financeiros primários (postos de saúde) e muitos mais seriam as reduções de custos no plano secundário (hospitais). Conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida a estas pessoas seria dada, não se somando anos à vida e sim vida aos anos. O objetivo deste estudo foi mostrar que a intervenção fisioterápica ao assistir o paciente idoso deve não só envolver a facilitação dos movimentos e planejamento motor mas também se voltar para o desenvolvimento ou refinamento de pistas ambientais para ajudar a realizar tarefas complexas e devolver esse paciente mais capacitado para a vida e para o relacionamento com a família e a sociedade. Apesar de não ser possível generalizar os resultados, estudos comprovam que os idosos consomem mais os serviços de saúde e suas taxas de internações são bem mais 61 elevadas (dispendiosas ao Município) e o tempo médio de ocupação do leito é muito maior, quando comparado a qualquer outro grupo etário. Isso leva a pensar que o sistema de saúde brasileiro não está suficientemente estruturado para atender à demanda crescente do segmento etário acima dos 60 anos. Em outras palavras, consomem-se mais recursos do que o necessário, elevandoos, sem que se obtenham os resultados esperados em termos de recuperação da saúde e melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Dessa forma, no atendimento ambulatorial, assim como no cuidado domiciliar, as instâncias intermediárias de apoio e a estrutura hospitalar são fundamentais para se restabelecer a saúde. A compreensão de que se devem priorizar ações de saúde voltadas para o idoso saudável, aliadas a programas qualificados para os já doentes, é uma concepção de cuidado aceita por muitos gestores da saúde, mas ainda pouco implementada. Observou-se que a mudança no paradigma de atenção à saúde da população idosa é imprescindível, pois os modelos tradicionais centrados na assistência somente hospitalar já demonstraram sua ineficiência, bem como é apontado por este estudo, o fato de que a persistência na manutenção do atual modelo de saúde, longe de solucionar a questão, termina por agravá-la ainda mais. A percepção do estado de saúde pelo próprio idoso é considerada um bom marcador de risco de mortalidade, independentemente da carga objetiva de morbidade. A possibilidade de maior sobrevida é possível, assim como uma qualidade de vida maior, mediante da busca do envelhecimento com autonomia e independência, com boa saúde física e mental, enfim, com um envelhecimento bem-sucedido. O objetivo da Fisioterapia no Posto de Saúde Municipal Rigoberto RomeroCidade 2000 – Fortaleza/Ceará, com base nesses pressupostos, é demonstrar que as exceções 62 observadas em idosos de 80 e mais anos, vigorosos e interessados pela vida, poderiam se tornar cada vez mais rotineiras em neste meio. Portanto, as metas do programa de Fisioterapia no ambulatório também se voltam para prevenir as incapacidades, minimizar ou retardar a dependência funcional, potencializar as capacidades remanescentes e valorizar a auto-imagem. Este estudo não pretende dar por encerradas as pesquisas e as buscas científicas que a visam melhorar a saúde dos idosos, mas ser uma das partes deste fim. 63 REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. T. Modificações da percepção corporal e do processo de envelhecimento no indivíduo idoso pertencente ao grupo Reviver. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, p. 86-98, jan./jun, 2004. Disponível em: http://highwire.stanford.edu/help/pdf-faq.dtl. Acesso em: 21 mai. 2007. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979. BARROS, D. R. A Gerontologia de Intervenção. Revista Eletrônica Informativo GRD, ano II, Ed. 3, jan/jun de 2001. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.geocities.com/grdclube. Acesso em: 15 jun. 2007. BE AUVOIR S. A ve lh ic e : r ea lida de in côm oda . 2 ed., Sã o P a u lo: Difel, 1976, 339 pp. BONACHELA, V. Manual Básico de Hidroginástica. Rio de Janeiro: Sprint, 1994. BOSI, E . Me m ó rias e s o c ie dade : lem br a n ça s de velh os. 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Nível de escolaridade: a) Fundamental incompleto ( ) b) Fundamental completo ( ) c) Ensino médio incompleto ( ) d) Ensino médio completo ( ) 7. O (a) senhor (a) sente muita dificuldade para andar ou realizar suas atividades diárias antes da fisioterapia? ( ) sim ( ) não 8. Há quanto tempo iniciou o tratamento na Fisioterapia? ____ dias, ____ mês, ____ ano. 9. O (a) senhor (a) sentia dores musculares ou nas articulações antes do tratamento na fisioterapia? ( ) sim ( ) não 10. Que tipo de dificuldades em sua vida o (a) Senhor (a) tem enfrentado desde que adoeceu? __________________________________________________________________ 11. Que mudanças poderia apontar em sua vida após o início do tratamento fisioterápico? __________________________________________________________________ 13. O que o (a) Senhor (a) acha dos resultados obtidos com a Fisioterapia no ambulatório do Posto para a melhora da sua doença? 69 APÊNDICE II I I – Tabela de Dados, Análises e Percepções Idoso O (a) senhor (a) sentia dores musculares ou nas articulações antes do tratamento na Fisioterapia? Que mudanças poderia apontar em sua vida após o início do tratamento fisioterápico? O que o (a) senhor (a) acha dos resultados obtidos com aFisioterapia no ambulatório do Posto para a melhora da sua doença? [...] Sentia dificuldade para andar, subir calçadas, subir escadas, para realizar atividades domésticas [...] Acho que já ando com mais facilidade, já troco minha roupa sozinha, já faço alguma coisa em casa... [...] Acho que melhorei bastante das dores, porém quando me ausento algum tempo eu volto a sentir as dores. Sim [...] Sentia dificuldade para pegar coisas, subir escadas, caminhar... [...] Grandes mudanças nas atividades, porém tenho preguiça... [...] Destravou as juntas, mais disposição, ás vezes me ausento um mês por causa do diabetes e da hipertensão. Sim pra qualquer atividade, caminhar, trocar de roupa,...Não pode fazer serviços caseiros, varrer, nem trocar de roupa se pode... Tenho muitos problemas de saúde como cansaço, sou hipertensa, [...] Sentia dores fortes na coluna. Dificuldade de realizar algumas atividades de casa. [...] Muitas mudanças. Já Melhorei, já posso caminhar direito, já posso fazer alguma atividade em casa, levantando sem muita dificuldade... estou bem melhor... [...] Fundamentalmente correspondeu as expectativas . A gente fica muito bem, graças a Deus, bem melhor... vou continuar a fazer a té ficar boa... [...] Melhorei da coluna e faço algumas atividades de casa. [...] Melhorei, caminho bem, faço atividades de casa, limpar casa, só que a coluna que à s vezes dói. Aliás, faço um pouco de tudo. Sim [...] Lavar roupa, varrer casa,passar pano molhado, pegar balde pesado, sentia fortes dores na s costas. [...] 100% na postura, agora eu danço, eu brinco, faço malhação, namoro. [...] 100% me sinto melhor, sou outra, consigo fazer as atividades de casa, agora minha postura está 100% melhor. Sou mais feliz... Sim [...] Não posso sair só, tenho dificuldade pra vestir a roupa, sou esquecido. [...] Melhorei bastante, estou andando. A fisioterapia é muito jóia... melhorei os movimentos do lado direito... [...] Melhorei bastante pois não podia fazer quase nada e agora posso fazer... A fisioterapia é muito boa... Sim [...] Sinto dores fortes na [...] Estou melhor, cheguei [...] Grandes melhoras, já não Sim Que tipo de dificuldades em sua vida o (a) Senhor (a) tem enfrentado desde que adoeceu? 1 2 3 Sim 4 5 6 70 7 coluna quando faço serviços domésticos. Sinto cansaço e dificuldades para caminhar. aqui me arrastando e já caminho com mais facilidade. sinto dores na coluna, ando com mais facilidade, só sinto dores quando faço grandes caminhadas e serviços domésticos. Não pego peso. APÊNDICE III ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA PAULO MARCELO MARTINS ROGRIGUES DA SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERONTOLOGIA TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) Meu nome é Mary Elizabeth Martins Carneiro Delboni, sou fisioterapeuta e aluna do Curso de Especialização em Gerontologia da Escola de Saúde Pública do Ceará. Estou realizando uma pesquisa sobre a “Fisioterapia Ambulatorial: a percepção de idosos com doenças crônico-degenerativas atendidos no Posto de Saúde Rigoberto Romero em Fortaleza-Ceará” para saber a sua opinião sobre a Fisioterapia realizada no ambulatório para o tratamento de idosos com problemas de artrite, artrose, osteoporose, dores lombares, dores nas articulações dos joelhos, problemas de coluna, dores no pescoço e dores nos ossos. Gostaria que o (a) senhor (a) participasse dessa pesquisa. Solicito sua permissão para gravar as entrevistas. Garanto total segredo quanto à sua identidade e às informações prestadas no questionário e na entrevista. Não divulgarei seu nome, nem qualquer informação que possa identificá-lo (a). Garanto que não haverá qualquer prejuízo para a continuação do seu atendimento no Posto de Saúde por causa das informações que responder. Asseguro sigilo para todas as informações dadas e me responsabilizo totalmente com o sigilo do questionário, da entrevista e de suas respostas. Todas as informações dadas serão utilizadas apenas para efeito de estudo e para posterior publicação em revista científica e seu nome jamais será revelado. Durante o andamento da pesquisa, se por qualquer motivo resolver desistir, tem toda liberdade para retirar seu consentimento. Em caso de dúvidas poderá ligar me ligar Mary Elizabeth Martins Carneiro Delboni para o telefone (85) 3248 0428. Eu ______________________________________________ (nome do (a) senhor (a)) após ter sido devidamente informado (a) e esclarecido (a) pela pesquisadora sobre o objetivo da pesquisa e entendido tudo o que me foi explicado, concordo em participar desse estudo. Fortaleza-CE,______ de _________________ de 2007. ________________________________________________ Assinatura do (a) pesquisado (a) _________________________________________________ Assinatura do (a) pesquisador (a) ___________________________________________________ Assinatura da testemunha 71 72 APÊNDICE IV ORIENTAÇÕES AOS IDOSOS Estas orientações posturais, as recomendações de alongamentos e os exercícios que se seguem serão escolhidos pelo profissional fisioterapeuta, conforme a enfermidade do idoso, respeitando as contra-indicações e visando a melhorar suas funções articulares. Deve realizá-los no mínimo em dias alternados e, por questão de hábito, é aconselhável que você os faça sempre no mesmo horário, faça uma alimentação saudável e tenha um bom repouso. Também será conveniente, quanto indicado, para relaxar a musculatura, tomar um banho quente antes do inicio dos exercícios. 1 POSTURAS Ande o mais ereto possível, (imagine-se caminhando equilibrando um livro na cabeça) endireite seu corpo, olhe acima do horizonte ao andar. Evite dobrar o corpo quando, estando em pé, realizar um serviço sobre uma mesa, balcão, bancada, levante o que está fazendo. 73 Quando estiver sentado, não cruzar as pernas, manter as costas retas, usar todo o assento e encosto. Dormir sempre de lado, com as pernas encolhidas, travesseiro à altura do ombro, não muito macio, que mantenha a distância do colchão; usar colchões com densidade adequada ao seu peso e altura. (D 23, 28, 33, etc) Para casais, existem colchões com densidades diferentes em cada lado (D 28 com D 25, D 33 com D 28 etc); cama com estrado firme, e que não deforme com o seu peso. 74 Evitar levantar pesos do chão, acima de 20 % do seu peso corporal, abaixe-se como um halterofilista. Não colocar pesos acima dos ombros e cabeça em prateleiras altas; use um banco. Não carregue bolsas pesadas inutilmente, durante o dia todo. Não carregue bolsas de um mesmo lado, divida o peso, carregando com os dois braços. 75 Evitar torções do pescoço ou do tronco; evite assistir à TV e ler na cama. Evitar uso prolongado de sapatos altos, pois eles além de provocar dores nas costas por interferir no centro de equilíbrio do corpo (fig. 9)e conseqüente esforço muscular para equilibrar (fig.9.a) também sobrecarregam a parte anterior no pé, provocando (especialmente se forem do tipo "bico fino") ou piorando os joanetes, provocando dores por sobrecarga nas cabeças dos metatarsianos (ossos da parte anterior do pé) e também tendinites. 76 Evitar atender ao telefone ao mesmo tempo em que realiza outras tarefas, provocando torções excessivas e desnecessárias no tronco. 77 ORIENTAÇÕES AOS IDOSOS 2 ALONGAMENTOS Deitada, com os pés apoiados no chão e a coluna lombar encostada no apoio. Entrelaçar os dedos e levar os braços esticados em direção oposta ao corpo. Mantenha o alongamento por 10 segundos e relaxe. Em pé, mantendo os pés ligeiramente afastados e joelhos soltos, solte o corpo para frente sem tensões. Sinta o alongamento dos músculos posteriores da perna e coluna. Mantenha o alongamento por 15 segundos e volte à posição inicial, endireitando o corpo de baixo para cima, sendo a cabeça a última parte a se endireitar. 78 Em pé, quadril encaixado, joelhos soltos, leve os braços estendidos para cima. Mantenha o alongamento por 10 segundos e relaxe. A partir da posição inicial do exercício anterior, incline o corpo para um lado. Mantenha o alongamento por 10 segundos e relaxe. Faça o mesmo para o outro lado. 79 Deitada, com as pernas flexionadas e com os pés apoiados no chão. Certifique-se de que a coluna lombar esteja totalmente encostada no apoio. Com o auxílio de uma toalha em volta de um pé, estique uma das pernas de forma que a coxa fique em ângulo reto com o quadril. Os músculos do pescoço e ombros devem permanecer relaxados. Sinta o alongamento dos músculos posteriores da coxa e da “barriga” da perna. Mantenha o alongamento por 15 segundos e relaxe. Repita o exercício com a outra perna. Incline o corpo e apóie os braços sobre uma mesa, mantendo o quadril fletido, joelhos soltos e a região lombar reta. Estenda os joelhos suavemente. Certifique-se de que sua coluna esteja reta, pois este exercício mal feito poderá afetar a sua coluna. Mantenha o alongamento por 20 segundos e relaxe, levantando o corpo lentamente, de forma que a cabeça seja a última a se endireitar. 80 ORIENTAÇÕES AOS IDOSOS 3 EXERCÍCIOS Apoiando-se sobre uma cadeira, fique nas pontas de seus pés e volte à posição inicial. Inicie com uma série de 10 vezes e vá gradativamente aumentando até ser capaz de exercitá-lo 50 vezes. Sentado numa cadeira (ou mesmo na posição deitado), execute o movimento de flexão e extensão dos pés. Procure exercitar um de cada vez. Faça no mínimo 20 vezes em cada direção. 81 Na posição deitada, mantenha uma perna em extensão e flexione a outra, puxando o joelho Permaneça nesta posição por 15 segundos. Não deixe a perna extendida flexionar. Repita o exercício 10 vezes para cada perna 82 ORIENTAÇÕES AOS IDOSOS COMPLEMENTARES Aquecimento e Relaxamento Exemplos de exercícios para aquecimento. Em todos os exercícios, a posição deve ser mantida sem insistências, nem movimentos rápidos (balísticos). A posição extrema deve ser atingida sem dor (não forçamos tanto como quando treinamos a flexibilidade). Cada posição mantém-se por cerca de 30 a 40 segundos. Os exercícios dinâmicos também devem ser executados a uma velocidade reduzida. Na maioria dos exercícios, a posição é mantida à custa da contração dos grupos musculares antagonistas (em relação aos que pretendemos estirar). 83 1. Flexão do tronco à frente 2. Hiper extensão do tronco 3. Elevação do joelho ao peito, fixando-o com os braços 4. Flexão da perna atrás 5. Flexão lateral do tronco 6. Rotação do tronco, mantendo a posição em cada extremo 7. Flexão dorsal do pé, estirando os gêmeos 8. Flexão do tronco à frente, a cada perna 9. Extensão dos flexores e extensores das coxas 10. Hiper extensão dos ombros (e bicípedes) 11. Extensão dos tricípedes (e não só...) 12. Rotação dos ombros 13. Extensão da musculatura dos antebraços 14. Cinco a 10' de corrida lenta.