INSTITUTO MATERNO INFANTIL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA - IMIP MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO BACTERIANA INVASIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA E NEUTROPENIA FEBRIL, INTERNADOS NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DO IMIP NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2002 A JUNHO DE 2006. KALINE MARIA MACIEL DE OLIVEIRA Recife -2007 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. KALINE MARIA MACIEL DE OLIVEIRA FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO BACTERIANA INVASIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA E NEUTROPENIA FEBRIL, INTERNADOS NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DO IMIP NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2002 A JULHO DE 2006. Linha da pesquisa: Saúde da criança Dissertação apresentado ao Colegiado do Mestrado em Saúde Materno Infantil do IMIP como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Saúde Materno-Infantil. Orientadores: Jailson de Barros Correia Maria Julia Gonçalves de Mello Recife - 2007 DEDICATÓRIAS Aos meus pais, Severino Ribeiro e Maria das Dores e aos meus irmãos Gustavo Henrique e Dulceana, por representarem meu alicerce, sobre a rocha do mais verdadeiro amor e construírem juntos comigo, o que sou hoje! Ao meu esposo Adercio, Pelo amor, cumplicidade, apoio e incentivo contínuos que serviram como trampolim nas horas de indecisão. Aos meus filhos Vinicius e Letícia Pelo amor inocente que emana dos seus olhos e pelo sorriso aliviante nas horas mais difíceis da minha vida A Francisco Pedrosa, Que através de seu exemplo me ensinou muito mais que Oncologia Pediátrica, me ensinou a prática da “verdadeira medicina”. A todas as crianças atendidas no Serviço de Oncologia, que através dos seus sofrimentos e esperanças, nos ensinam os valores mais puros do ser humano. AGRADECIMENTOS A minha família, exemplo de união e verdadeiros amigos, em especial a minha mãe, sempre disponível para me substituir, com amor, nas minhas tarefas de mãe. Ao CEHOPE, por todas as oportunidades oferecidas no meu enriquecimento profissional. Em especial ao Professor Francisco Pedrosa: cuja maior lição poderia ser resumida em: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”! As companheiras da Oncologia que na luta diária contra o câncer infantil oferecem o melhor de si no verdadeiro sacerdócio da medicina e que assumiram minhas tarefas na rotina diária, me dando oportunidade de cursar o mestrado. Aos meus orientadores Jailson Correia e Julia Mello que apesar do fardo pesado de responsabilidades que desempenham, ainda me dedicaram atenção, orientação e me mostraram a verdadeira importância do mestrado. Aos professores do mestrado, por todo aprendizado, em especial ao professor José Natal Figueiroa pela paciência de um monge e pela arte de um artesão ao me ensinar como lidar com as estatísticas desse trabalho. Aos jovens médicos e pesquisadores Lucas e Marta que demonstraram maturidade e responsabilidade na ajuda da coleta e digitação dos dados. A Hélio Monteiro, amigo imprescindível na ajuda da construção da dissertação. As secretárias da CEHOPE: Vanessa, Kátia e Marta, pela ajuda eficiente na busca dos prontuários. Ao serviço social do CEHOPE pela ajuda na coleta dos dados sociais. Ao Laboratório geral do IMIP, em especial a Rosário e Agenor na liberação de dados fundamentais para construção dessa dissertação. Aos colegas da turma 11 pela convivência e amizades geradas e a Odimeres pela eficiência e profissionalismo. A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a elaboração deste trabalho. O meu sincero obrigado! LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AIDPI: Atenção Integrada as Doenças Prevalentes na Infância. CEHOPE: Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica IMIP: Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira. IC: Intervalo de confiança INCA: Instituto Nacional do Câncer LCR: Líquido cefalorraquidiano. LLA: Leucemia linfóide aguda MS: Ministério da Saúde NCHS: National Center of Heaalth Statistics PCR: Proteína C reativa OMS: Organização Mundial de Saúde OR: Odds ratio QT: Quimioterapia RMR: Região Metropolitana do Recife. RXT: Radioterapia SEER: Surveillance, Epidemiology and End Results SJRCH: Saint Jude Children’s Research Hospital. SJCRH SBI: Infecção Bacteriana Significativa SICs: Complicações infecciosas severas SLE: Sobrevida livre de eventos SM: Salário mínimo SNC: Sistema nervoso central. LISTA DE TABELAS Página Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Características das 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), diagnosticados em 2002 e 2003, no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e variáveis clínicas por ocasião dos 391 episódios de Neutropenia Febril que ocorreram em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internadas no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis laboratoriais iniciais dos 391 episódios de Neutropenia Febril em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis relacionadas à Leucemia Linfóide Aguda (LLA) nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes com LLA, internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis sócio-demográficas nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006 Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a presença de cateter venoso central ao início dos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) em 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e o tempo de hospitalização observado nos 391 episódios de Neutropenia Febril das crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. 40 42 43 44 45 46 47 47 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções em 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Positividade e freqüência das principais bactérias isoladas em hemoculturas periféricas e transcatéter colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças portadores de LLA, internadas no período de janeiro de 2002 a julho de 2006, no Serviço de Oncologia do IMIP. Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias isoladas em hemoculturas colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com LLA internados no Serviço de Oncologia do IMIP, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. 48 49 50 RESUMO INTRODUÇÃO. Crianças com câncer e neutropenia febril constituem um grupo heterogêneo quanto ao risco de infecção bacteriana invasiva (IBI). A identificação de critérios de risco para IBI possibilitaria selecionar crianças com baixo risco para uso de antibióticos orais e ou menor duração da antibioticoterapia, alta precoce e acompanhamento ambulatorial. OBJETIVOS: Determinar fatores associados à infecção bacteriana invasiva em crianças e adolescentes com leucemia linfóide aguda (LLA) e neutropenia febril, internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), no período de janeiro de 2002 a julho/2006. MÉTODOS: Realizou-se estudo tipo coorte retrospectivo de todas as crianças e adolescentes (n = 85), com diagnóstico de leucemia linfóide aguda e neutropenia febril, internados no IMIP (Recife-Brasil), no período de janeiro/2002 a julho/2006. Foram estudados 391 episódios de neutropenia febril apresentados ao longo do tratamento quimioterápico e determinados fatores associados à IBI. RESULTADOS: A mediana da idade das crianças foi de 4,6 anos, 61,2% (52/85) eram do sexo masculino, 61,2% (52/85) eram procedentes do interior ou de outros estados, 12,9% (11/85) tinham desnutrição moderada a grave e 51,8% (44/85) apresentavam alto risco para fracasso no tratamento da LLA. A maioria das mães (62,4%, 53/85) tinha mais de quatro anos de estudos completos e 67,2% (41/61) das famílias com renda conhecida tinham renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo. Onze (12,9%) das crianças faleceram durante o tratamento, todas com diagnóstico de IBI. Na análise bivariada verificou-se associação com IBI nas crianças que no início do episódio de neutropenia febril apresentavam-se com temperatura maior ou igual a 39oC, hipotensão, hemoglobina menor que 7g/dl, leucócitos menor que 1.000/mm3, plaquetas menor que 50.000/mm3, monócitos menor que 100/mm3, infiltração da medula óssea pela LLA, fase de indução do protocolo quimioterápico e portadoras de cateter venoso central. Após análise multivariada, permaneceram como fatores de risco para IBI: idade menor que 5 anos (OR ajustado 2,7; IC 95% 1,5 a 5,0), infiltração medular (OR ajustado 2,7; IC 95% 1,2 a 5,9), uso de cateter venoso central (OR ajustado 4,6; IC 95% 2,3 a 9,4), leucócitos menor que 1.000/mm3 (OR ajustado 6,3; IC 95% 3,2 a 12,4), plaquetas menor que 50.000/mm3 (OR ajustado 3,3; IC 95% 1,8 a 6,1) e hipotensão (OR ajustado 33,1; IC 95% 8,1 a 135,0). Foram isoladas 73 cepas bacterianas, com predominância dos Gram positivos, sobretudo Staphylococcus coagulase negativa oxacilina resistentes e o S. aureus. Entre as bactérias Gram negativas, destacou-se a Klebsiella sp com boa sensibilidade aos aminoglicosídeos, ciprofloxacina e a meropenema e a Pseudomonas sp com boa sensibilidade à amicacina, ceftazidima, cefepime, piperacilina-tazobactama e ao meropenema. CONCLUSÕES: As crianças desta região com diagnóstico de LLA e neutropenia febril, formam um grupo heterogêneo quanto aos riscos de IBI. As características apresentadas no início do episódio de neutropenia febril como: idade menor que 5 anos , infiltração medular pela LLA, uso de cateter venoso central, leucócitos menor que 1.000/mm3, plaquetas menor que 50.000/mm3 se mantiveram associadas à IBI após a regressão logística. Palavras-chave: câncer/epidemiologia, leucemia/criança, leucemia/adolescente, infecção, neutropenia febril, fatores de risco. ABSTRACT INTRODUCTION. Children with cancer, fever and neutropenia represent a heterogeneous group with regard to the risk of invasive bacterial infection (IBI). The identification of risk criteria for IBI allows the selection of children with low risk for oral antibiotics intake and shorter antibiotic therapy duration, early hospital discharge and outpatient follow up.OBJECTIVES. To determine factors associated with IBI in children and adolescents with acute lymphoid leukemia (ALL), fever and neutropenia in pediatric oncology inpatients at the Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), from January 2002 to July 2006. METHODS. A retrospective cohort study of all children and adolescents (n = 85) with ALL, fever and neutropenia who were admitted to IMIP (Recife – Brazil) from January 2002 to July 2006, was performed. Three hundred and ninety one episodes of febrile neutropenia presented throughout the chemotherapeutical treatment and associated factors to IBI were studied. RESULTS. The mean age of the children was 4.6 years old, 61.2% (52/85) were male; 61.2% (52/85) were from the countryside or from other states; 12.9% (11/85) presented with moderate to severe undernutrition and 51.8% (44/85) presented high risk ALL. The majority of the mothers, 62.4% (53/85), had over four years of study and 67.2% (41/61) of the families of known income had a household per capita income inferior to half a minimum salary. Eleven children (12.9%) died during treatment, all of them diagnosed with IBI. In the bivariate analysis it was observed the association with IBI in the children who, at the beginning of the febrile neutropenia episode, presented temperature higher or equal to 39°C, hypotension, hemoglobin less than 7g/dl, leukocytes less than 1.000/mm³, platelets less than 50.000/mm³, monocytes less than 100/mm³, bone marrow infiltration through ALL, induction phase of chemotherapeutical protocol and central venous catheter. After the multivariate analysis, the following IBI risk factors remained: age less than 5 years (adjusted OR 2,7, IC 95% 1,5 a 5,0), bone marrow infiltration (adjusted OR 2,7, IC 95% 1,2 a 5,9), central venous catheter (adjusted OR 4,6, IC 95% 2,3 a 9,4), leukocyte count less than 1.000/mm³ (adjusted OR 6,3, IC 95% 3,2 a 12,4), platelet count less than 50.000/mm³ (adjusted OR 3,3, IC 95% 1,8 a 6,1) and hypotension (adjusted OR 33,0, IC 95% 8,1 a 135,0). Seventy three bacterial strains were isolated, with Gram positive predominance, especially oxacillin resistant coagulase negative Staphylococcus and S. aureus. Among the Gram negative bacteria, the following bacteria were especially noticed: Klebsiella sp with moderate to high sensitivity to aminoglycosides, ciprofloxacin and meropenem and Pseudomonas sp with good sensitivity to amicacin, ceftazidime, cefepime, piperacillin-tazobactam and to meropenem. CONCLUSIONS. The children from this region with ALL and febrile neutropenia form a heterogeneous group as far as the IBI risks go. The characteristics presented in the beginning of the febrile neutropenia episode, like: bone marrow infiltration through ALL, central venous catheter, leukocyte count less than 1.000/mm³, platelet count less than 50.000/mm³ and age less than five years old; remained associated to IBI after the logistical regression. KEYWORDS. Cancer/epidemiology, leukemia/child, leukemia/adolescents, infection, febrile neutropenia, risk factors. SUMÁRIO DEDICATÓRIA.................................................................................................... i AGRADECIMENTOS ......................................................................................... ii LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................. iii LISTA DE TABELAS........................................................................................... iv RESUMO............................................................................................................... v ABSTRACT........................................................................................................... vi I. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 01 II. JUSTIFICATIVA............................................................................................ 18 III. OBJETIVOS................................................................................................... 19 3.1. Objetivo Geral................................................................................................. 19 3.2. Objetivos Específicos....................................................................................... 19 IV. MÉTODOS..................................................................................................... 21 4.1 Local do estudo................................................................................................ 21 4.2. Desenho do Estudo.......................................................................................... 22 4.3. População do Estudo:...................................................................................... 22 4.4 . Amostra:........................................................................................................ 22 4.5. Período do estudo........................................................................................... 22 4.6. Critérios e procedimentos para seleção dos sujeitos...................................... 23 4.6.1. Critérios de Inclusão..................................................................................... 23 4.6.2. Critérios de Exclusão.................................................................................... 23 4.6.3. Procedimentos para seleção dos sujeitos...................................................... 23 4.7. Variáveis de análise.......................................................................................... 24 4.7.1. Variáveis independentes............................................................................... 24 4.7.2. Variável dependente...................................................................................... 25 4.8. Definições de termos e variáveis...................................................................... 25 4.8.1. Termos......................................................................................................... 25 4.8.2 Variáveis....................................................................................................... 27 4.9 Procedimentos para coleta de dados................................................................. 34 4.9.1. Período da coleta de dados............................................................................ 34 4.9.2. Instrumento de Coleta de Dados................................................................... 34 4.9.3. Procedimentos para Coleta de Dados........................................................... 34 V. LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS ......................................................... 35 VI. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................... 36 6.1. Processamento dos Dados................................................................................ 36 6.2. Análise dos Dados........................................................................................... 36 VII. ASPÉCTOS ÉTICOS................................................................................... 37 VIII. RESULTADOS ............................................................................................ 38 8.1 Caracterização da população estudada........................................................... 38 8.2 Associação entre as variáveis clínicas relacionadas ao início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)................................... 41 8.3 Associação entre as variáveis laboratoriais relacionadas ao início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)................ 42 8.4 Associação entre as variáveis relacionadas à Leucemia Linfóide Aguda (LLA) no início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)..................................................................................................... 43 8.5 Associação entre as variáveis sócio-demográficas relacionadas no início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI).............. 45 8.6 Associação entre a presença de catéter venoso central no início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI).............................. 46 8.7 Associação entre a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a duração da hospitalização...................................................................................................... 47 8.8 Frequência dos diagnósticos topográficos das infecções............................... 47 8.9 Freqüência dos agentes microbianos isolados nas Hemoculturas............... 48 8.10 Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias isoladas nas hemoculturas........................................................................................................ 50 IX. DISCUSSÃO................................................................................................ 51 X. CONCLUSÕES............................................................................................... 61 XI. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS............................................................ 63 APÊNDICES......................................................................................................... 73 ANEXOS............................................................................................................... 77 I INTRODUÇÃO A sobrevida das crianças com câncer, em especial com leucemia linfóide aguda, tem aumentado em paralelo com os avanços do tratamento, incluindo quimioterapia intensiva. Os maiores efeitos colaterais agudos do tratamento são a neutropenia e a infecção. Durante as duas últimas décadas, o tratamento de rotina para pacientes com câncer e neutropenia febril incluía internamento hospitalar para antibioticoterapia empírica endovenosa, resultando em importante diminuição da mortalidade por infecção.1 Porém, as evidências acumuladas nos últimos anos mostram que as crianças com câncer e neutropenia febril constituem um grupo heterogêneo para o risco de infecção bacteriana invasiva.2 A busca por critérios de risco possibilita a seleção mais acurada das crianças com baixo risco para infecção bacteriana invasiva, proporcionando benefícios como menor duração da antibioticoterapia, alta precoce, uso de antibióticos orais e acompanhamento ambulatorial.3 A cada ano, mais de onze milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas com câncer, que é responsável por sete milhões de mortes por ano, representando 12,5% das causas de óbito, sendo apenas menos freqüente que os óbitos por doenças do aparelho cardiovascular e por doenças infecto-contagiosas.4 Nos Estados Unidos, são diagnosticados cerca de 12.400 casos novos por ano de câncer entre crianças e adolescentes, com cerca de 2.300 óbitos. É a primeira causa de morte entre a população da faixa etária compreendida entre um e 21 anos, excetuando-se as causas externas, sendo responsável por significativa perda de anos potenciais de vida.5 A situação do câncer pediátrico no Brasil tende a se aproximar daquela vivenciada nos países desenvolvidos, visto que com o controle das doenças imunopreveníveis e o evidente declínio da mortalidade por doenças diarréicas e infecções respiratórias agudas,6 as neoplasias já representam a terceira causa de morte por doença em crianças abaixo de 15 anos de idade. Na região Sudeste, no estado e município de São Paulo, o câncer é a primeira causa de morte entre crianças na faixa etária de 5 a 14 anos, excluindo-se as causas externas.7 Em Pernambuco, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde referentes ao ano de 2003, o câncer infantil aparece como a segunda causa de óbito em crianças na faixa etária de 5 a 14 anos, perdendo apenas para as causas externas.8 No entanto, o progresso observado no tratamento do câncer na infância foi notável nas últimas quatro décadas. Atualmente cerca de 70% das crianças acometidas de câncer podem ser curadas, se diagnosticadas precocemente e tratadas em centros especializados.9 Leucemias agudas na infância A leucemia aguda é a neoplasia mais freqüente na faixa etária pediátrica, correspondendo a 30% de todas as neoplasias diagnosticadas na infância, com uma incidência de cerca de 40 casos para cada milhão de crianças menores de 15 anos de idade. Caracteriza-se pela proliferação de células imaturas na medula óssea, com liberação posterior para o sangue periférico e outros órgãos.10 As causas determinantes da leucemia aguda são ainda desconhecidas. Alguns fatores estão relacionados ao maior risco para o desenvolvimento de leucemias na infância, como o uso de drogas, principalmente os agentes antineoplásicos e os imunossupressores, exposições a radiações ionizantes, anormalidades cromossômicas como as encontradas na síndrome de Down, as imunodeficiências congênitas e as infecções por retrovírus. O mecanismo pelo qual estas condições induzem ao aparecimento de leucemias ainda não está totalmente esclarecido, porém algumas estão associadas a fragilidades cromossômicas e lesões do DNA.11 De acordo com a origem do clone leucêmico, a leucemia aguda pode ser diferenciada em linfóide ou mielóide. A leucemia linfóide aguda (LLA) é a doença maligna mais comum na criança, corresponde a um quarto de todas as neoplasias diagnosticadas na infância e por 75% das leucemias na faixa etária pediátrica. Aproximadamente 2.500 a 3.000 crianças são diagnosticadas com LLA a cada ano nos EUA, o que representa três a quatro casos por 100.000 crianças. A faixa etária de maior incidência de LLA ocorre entre os três e os cinco anos de idade, sendo um pouco mais freqüente nos meninos e nas crianças de raça branca. 12 Entre as características laboratoriais da LLA, o elevado número de leucócitos (maior que 10.000/mm3) ocorre em aproximadamente metade dos pacientes. Em cerca de 20% dos casos a contagem é maior que 50.000/mm3. Neutropenia menor que 500 granulócitos/mm3 é um achado comum e está associado ao maior risco de infecções graves.13 A identificação de determinadas características permite caracterizar as leucemias como de melhor ou pior prognóstico. Vários são os fatores prognósticos utilizados. Entretanto, a idade do paciente e o número de leucócitos no momento do diagnóstico, somados à resposta terapêutica inicial, são considerados os mais importantes. Os fatores associados a um pior prognóstico incluem: idade menor que um ano ou maior que 10 anos, hiperleucocitose, envolvimento do sistema nervoso central, má resposta ao tratamento inicial, linhagem T e determinadas alterações citogenéticas.14,15 A experiência terapêutica da LLA transformou num período de 50 anos uma doença fatal em uma doença com taxa de cura em torno de 80%.16 Um dos fundamentos terapêuticos mais importantes foi o reconhecimento de que a LLA é uma doença heterogênea com muitos subtipos que necessitam tratamentos específicos, o que deu origem aos modernos protocolos terapêuticos direcionados aos grupos de risco. A análise cuidadosa dos fatores de risco permite classificar a LLA em baixo ou alto risco de fracasso da terapia, direcionando o tratamento em menos agressivo para o primeiro grupo e mais agressivo para o grupo de alto risco.17 Os modernos regimes protocolos, como o Total Therapy XIII-B Saint Jude Children’s Research Hospital (SJCRH), dividem a terapia em quatro fases: indução da remissão, consolidação, intensificação (reindução) e manutenção. A indução é feita nos primeiros 30 dias de tratamento; nessa fase, o objetivo principal é induzir uma remissão completa da população leucêmica, sendo empregados vários quimioterápicos. A consolidação é feita imediatamente após a fase de indução, durante duas semanas com altas doses de metotrexato; enquanto a intensificação é feita três a quatro meses após a indução, utilizando o mesmo esquema terapêutico da indução. A manutenção, fase final do tratamento, inicia-se após a consolidação e é feita, geralmente, por um período de 120 semanas. 18 O manejo adequado das crianças portadoras de LLA requer uma atenção apropriada dos cuidados de suporte, incluindo o uso de hemoderivados, uma agressiva detecção e tratamento das complicações infecciosas e metabólicas, atenção às necessidades nutricionais, além do suporte psicológico para o paciente e sua família. 17 Infecção em crianças com câncer A febre associada à neutropenia é o evento mais comum em crianças com câncer pós-quimioterapia.19 Apesar do considerado progresso existente atualmente no manejo dos episódios de neutropenia febril nos pacientes com câncer, a infecção bacteriana continua sendo a principal causa de morbi-mortalidade.20 Além das consequências socioeconômicas dos episódios de neutropenia febril, há o retardo no tratamento do câncer, comprometendo sua eficácia, o que exige a prevenção e tratamento de excelência desses episódios com alta prioridade. 21 Uma série de fatores aumenta a susceptibilidade da criança portadora de LLA às infecções. Entre eles, a própria infiltração medular compromete a produção e função dos neutrófilos e linfócitos, afetando a imunidade celular e humoral. A neutropenia é o fator isolado mais importante para o risco de infecção. O risco é maior quando o número de neutrófilos cai abaixo de 500 células/mm3, e com menos de 100 células/ mm3 existe um risco eminente de bacteremia e sepse.13,22 Em relação à duração da neutropenia, menos de 30% dos pacientes com menos de uma semana de neutropenia tem febre ou evidência de infecção, comparados com quase 100% dos pacientes que recebem quimioterapia e têm neutropenia por mais de uma semana.23 Além das alterações quantitativas, alterações qualitativas nas funções dos neutrófilos incluem: defeitos na quimiotaxia, geração de superóxidos, fagocitose e ação bactericida.24 As drogas quimioterápicas deprimem a produção medular. Além disso, esses medicamentos lesam a integridade do epitélio respiratório e gastrintestinal, facilitando a penetração de microrganismos no hospedeiro. Somam-se a esses fatores o uso de procedimentos invasivos, como sondas, cateteres e punções, comprometendo ainda mais a integridade das barreiras mecânicas do organismo.25 Em pessoas saudáveis, a pele e mucosas são colonizadas por microbiota bacteriana dita normal ou inócua, consistindo predominantemente por aeróbios Grampositivos e anaeróbios.26 Em apenas 24 horas de hospitalização, pacientes seriamente doentes, como os portadores de câncer, sofrem mudanças na microflora endógena para organismos aeróbios Gram-negativos27. A própria doença e a exposição aos antibióticos podem promover alterações na aderência e na colonização bacteriana.28 Alterações nutricionais são comuns em crianças portadoras de LLA, contribuindo para a perda da integridade da pele e mucosas e diminuindo a fagocitose, a mobilização dos macrófagos e a função dos linfócitos.29,30,31 Para a compreensão das possíveis inter-relações entre os diversos fatores preditivos para infecção em crianças com câncer, adaptamos o modelo causal proposto por Pizzo et al, 2006 (Figura 1)17. Câncer Desnutrição Infiltração medular Tempo de hospitalização Alteração da flora bacteriana INFECÇÕES *QT/RXT – Quimioterapia - Radioterapia Neutropenia Antibióticos Procedimentos invasivos Cateter Tratamento QT/RXT* Lesão de pele e mucosas Figura 1 – Modelo causal para fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) Adaptado de Pizzo PA; Poplack DG. Principles and Practice of Pediatric Oncology, 5a Ed. Philadelphia: J.B. Lippincott Company, 2006. p 1270. A abordagem inicial do paciente com neutropenia febril não sofreu mudanças significativas nas últimas três décadas. Uma história cuidadosa e um meticuloso exame físico são extremamente importantes. Os pacientes neutropênicos têm menor capacidade de manifestar resposta inflamatória, por isso, os mínimos sinais e sintomas devem ser considerados significantes. Em pacientes recebendo terapia citotóxica, atenção deve ser dada a locais como a orofaringe, trato respiratório, área perianal, sítio de cateter venoso central e ou qualquer sítio de procedimento invasivo.17 Visando isolar o agente etiológico, hemoculturas pareadas devem ser colhidas: sangue periférico e de cada um dos lumens dos cateteres venosos centrais. Outras culturas devem ser obtidas, baseadas nas suspeitas clínicas de infecção (urina, fezes, ferimentos ou líquido cefalorraquidiano).32 As funções renal e hepática devem ser investigadas, como cuidado de suporte para administração segura dos antimicrobianos e outras drogas. Aproximadamente 10 a 30% de todos os pacientes portadores de câncer e neutropenia febril têm bacteremia na apresentação.17,33 O espectro de patógenos envolvidos nas infecções microbiologicamente documentadas tem sofrido alterações através dos anos. Na década de 1970, os organismos aeróbios Gram-negativos, especialmente Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, eram os patógenos mais freqüentemente isolados. Nos anos 80 predominaram as bactérias Gram positivas, como os Staphylococcus coagulase negativa, principalmente o Staphylococcus epidermidis e o Streptococcus alfa-hemoliticus. Outros patógenos Gram positivos emergentes são Bacillus sp, Corynebacterium e Clostridium sp.34 Na década de 1990, ressurgem os bacilos Gram-negativos como Enterobacter sp e Gram positivos como enterococos resistentes a glicopeptídeos, além do aumento da prevalência das infecções por fungos.35 Esta mudança no padrão das infecções é atribuída ao uso de cateteres venosos centrais de longa permanência, profilaxia com quinolonas e as altas doses de quimioterapias que induzem danos de mucosas, permitindo a translocação, principalmente dos enterococos e cândidas, na corrente sanguínea.36. Entre 85% e 90% dos patógenos documentados associados à febre em pacientes neutropênicos são bactérias e o rápido início da antibioticoterapia empírica em pacientes portadores de câncer que apresentam neutropenia febril tem sido o mais importante avanço no manejo desses pacientes nas últimas décadas.37 Antes dessa rotina ser instituída, a mortalidade das infecções por Gram negativos (especialmente Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae) alcançava 80%.38 Com o amplo uso de antibióticos empíricos efetivos, a mortalidade geral tem caído para 10% a 40% nas infecções causadas por bactérias Gram negativas.39 Bactérias Gram positivas ou Gram negativas ou ambas podem ser responsáveis por essas infecções e qualquer tratamento empírico deve cobrir um amplo espectro, ter alto nível sérico bactericida, menos toxicidade e ser simples na administração. Vários esquemas terapêuticos geralmente têm associado uma cefalosporina, um aminoglicosídeo e uma penicilina de amplo espectro.37 Na prática, várias opções são disponíveis para o tratamento empírico dos pacientes neutropênicos febris. A última escolha dependerá dos organismos predominantes, do padrão de sensibilidade aos antibióticos, custos e a experiência do centro especializado no qual o paciente está sendo tratado.17 Tradicionalmente, o tratamento empírico para pacientes oncológicos com neutropenia febril envolve internamento hospitalar e administração de antibióticos endovenosos de largo espectro.32 Mais recentemente tem se tornado evidente que nem todos os pacientes com neutropenia febril tem risco igual de morbidade ou mortalidade devido à infecção. A identificação de um subgrupo de pacientes com baixo risco tem permitido modificações no tratamento desse grupo, com o objetivo de menor toxicidade relacionada ao tratamento e melhora da qualidade de vida, além da diminuição dos custos e da indução de resistência bacteriana.40, 41 Em 1988 foi publicado um dos primeiros estudos retrospectivos realizados para avaliação dos fatores de risco para complicações graves e morte durante episódios de neutropenia febril, envolvendo pacientes oncológicos adultos. Foi considerado de alto risco o grupo de pacientes que estavam internados no momento que apresentaram neutropenia febril ou pacientes ambulatoriais que tinham comorbidades ou câncer em progressão. O grupo de baixo risco, por exclusão, foram os pacientes ambulatoriais que não apresentavam comorbidades ou câncer em atividade. A evolução médica entre os dois grupos de pacientes foi significantemente diferente. O percentual de infecções graves foi de 31% a 55% no grupo de alto risco, comparado com 2% no grupo de baixo risco. A letalidade variou entre 14% a 23% no grupo dito de alto risco e nenhum paciente morreu no grupo de baixo risco.40 Neutropenia prolongada associa-se a evoluções graves em pacientes com neutropenia febril. Para avaliar as tendências à mortalidade por infecção, foram colhidos dados em uma enfermaria oncológica entre 1986 a 1995, onde se observou que os pacientes com neutropenia com duração superior a cinco dias tinham uma maior incidência de febre prolongada, necessidade de modificações dos antibióticos e morte por infecção.42 Em outro estudo com 104 crianças em tratamento quimioterápico que desenvolveram 188 episódios de neutropenia febril foram classificados como sendo de baixo risco para neutropenia febril aqueles que estivessem em acompanhamento ambulatorial e tivessem menos de sete dias de duração da neutropenia quando do início da febre; o restante dos pacientes que não preenchessem esses dois critérios foram considerados de alto risco para neutropenia febril. Foi evidenciado persistência da neutropenia acima de sete dias em 59% dos pacientes classificados como de alto risco e em apenas 14% no grupo de baixo risco.43 A presença de sinais de gravidade como fator adverso tem sido demonstrada em vários estudos. Os sinais de gravidade observados no momento do diagnóstico da neutropenia febril incluem: hipotensão, taquipnéia, hipóxia, alterações radiográficas e complicações da terapia antineoplásica, tais como mucosites requerendo narcóticos endovenosos.40,19 Outros fatores também foram encontrados como preditores da evolução de pacientes com neutropenia febril. Foi realizado um estudo prospectivo sobre fatores preditivos para bacteremia, entre abril de 1994 a janeiro de 1995, no Hospital Infantil Universitário de Indiana (USA). Foram analisados 115 episódios consecutivos de febre e neutropenia em 72 crianças portadoras de câncer. Existiram 24 episódios de bacteremia (21% de todos os episódios de neutropenia febril) que foram agrupados baseados na contagem absoluta de monócitos e temperatura na admissão. Dezessete por cento dos episódios foram classificados como de baixo risco para bacteremia (monócitos > ou = 100/mm3), 65% como grupo intermediário (monócitos < 100 /mm3 e temperatura < 39o C) e 18% como de alto risco (monócitos < 100 /mm3 e temperatura > ou = 39o C). Nenhum episódio classificado como de baixo risco apresentou bacteremia, 19% do grupo de risco intermediário e 48% do grupo de alto risco foram associados à bacteremia. A classificação de risco foi validada usando dados de 57 diferentes episódios de neutropenia febril estudados retrospectivamente por um ano, antes do início do estudo prospectivo, no mesmo hospital.44. Lucas et al, retrospectivamente, estudaram os episódios de febre e neutropenia em crianças oncológicas e encontraram que aqueles pacientes que não apresentavam sinais de sepse durante o internamento, que ficaram afebris e que tinham contagem absoluta de neutrófilos maior que 100/mm3 com 48 horas de hospitalização, foram consideradas como baixo risco de complicações graves e poderiam receber alta hospitalar precoce.19 Em 1997, um estudo realizado no Children’s Hospital of Eastern Ontario no Canadá, envolvendo pacientes pediátricos oncológicos, analisou a relação dos fatores preditivos para infecção bacteriana significativa (SBI), definida por qualquer cultura de sangue ou urina positiva para bactéria, radiografia de tórax com consolidação lobar ou intersticial ou morte inesperada por infecção documentada em 43 de 227 episódios de neutropenia febril. Os pacientes que apresentavam o número de monócitos maior que 100 células/mm3 e ausência de comorbidades ou alterações na radiografia de tórax, foram considerados de baixo risco para infecção bacteriana significante. Nesses pacientes a possibilidade de apresentar SBI foi excluída com 84% de sensibilidade (IC 95%, 61% a 100%), 42% de especificidade (IC = 95%, 38% a 46%) e valor preditivo negativo de 92% (IC 95%, 76% a 100%) 45. Um estudo prospectivo multicêntrico em cinco hospitais de Santiago, Chile, foi realizado para avaliar fatores de risco para Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) definida pela presença de bacteremia; cultura positiva para bactéria em líquido geralmente estéril: LCR, urina; síndrome séptica ou envolvimento de órgão com instabilidade hemodinâmica. No período de 17 meses, um total de 447 episódios de neutropenia febril ocorreram em 257 crianças portadoras de câncer. Cinco variáveis foram estatisticamente independentes como fatores de risco para IBI: proteína C reativa igual ou superior a 90 mg/L, presença de hipotensão, recaída da leucemia, número de plaquetas inferior ou igual a 50.000/mm3 e quimioterapia recente (igual ou inferior a sete dias).2,46 Os mesmos autores validaram as cinco variáveis do estudo anterior analisando 263 episódios de neutropenia febril, 140 foram IBI positivas. A sensibilidade, especificidade, e o valor preditivo positivo e negativo foram de 92%, 76%, 82% e 90%, respectivamente.47 Com o objetivo de comparar os resultados e custos do tratamento hospitalar “versus” ambulatorial de crianças com neutropenia febril de baixo risco para IBI (utilizando os mesmos critérios descritos acima), os mesmos autores estudaram em seis hospitais de Santiago, Chile, 390 episódios de neutropenia febril de junho de 2000 a fevereiro de 2003. Desses, 161 (41%) foram classificados como de baixo risco para IBI, dos quais 149, após 24 a 36 horas de hospitalização, foram randomizados para receber tratamento ambulatorial (n = 78) ou internados (n = 71). Os resultados foram favoráveis em 74 (95%) das 78 crianças tratadas ambulatorialmente e em 67 (94%) das 71 tratadas hospitalizadas. A média de custo para cada episódio foi de US $638 e US $903 para o grupo ambulatorial e hospitalar, respectivamente. 48 Baseados nas estratificações de risco, existem evidências que no subgrupo de pacientes com neutropenia febril classificados como de baixo risco o tratamento com antibiótico oral é seguro e efetivo. Em um ensaio clínico randomizado, comparando o tratamento hospitalar com ceftazidima endovenosa e ciprofloxacino associado à amoxacilina/sulbactama oral em crianças portadoras de câncer e neutropenia de baixo risco, mostrou que o tratamento oral era seguro e eficiente.49 Outros estudos realizados com pacientes de baixo risco para IBI, através do tratamento ambulatorial com antibióticos endovenosos ou orais, têm evidenciado respostas clínicas semelhantes e eficazes, além de menor custo ao sistema de saúde.50, 51, 52 No Brasil, apesar da escassez de publicações sobre este tema, estudos realizados em São Paulo, na década de 1980, foram baseados na estratificação de risco para complicações infecciosas graves em crianças portadoras de câncer e neutropenia febril. 53, 54 O estudo inicial incluiu todos os pacientes com câncer menores de 15 anos com neutropenia grave (neutrófilos menor que 500/mm3), internados no Serviço de Oncologia do Hospital A.C. Camargo, São Paulo, durante o período de agosto de 1983 a dezembro de 1986. Os pacientes incluídos foram divididos em dois grupos prospectivos: o primeiro grupo foi tratado inicialmente de forma empírica com cefotaxima, amicacina e carbenicilina (CAC) e o segundo grupo foi tratado com ceftriaxoma e amicacina (CEA). Após 72 horas do início dos antibióticos, os pacientes foram distribuídos em três grupos: grupo um: Infecção clinicamente documentada; grupo dois: Infecção microbiologicamente documentada e grupo três: febre de origem indeterminada (FOI). Estes pacientes foram estratificados em grupos de risco, segundo o número de neutrófilos no sétimo dia de tratamento empírico, se persistia com neutrófilos menor que 500/mm3 ou alcançara número superior (alto ou baixo risco, respectivamente). O esquema empírico foi suspenso ao sétimo dia nos pacientes com FOI de baixo risco, desde que afebris por no mínimo 48 h; caso contrário continuou-se o esquema antibiótico inicial até que o número de neutrófilos estivesse maior que 1.000/mm3. Para os pacientes com FOI de alto risco a conduta variou de acordo com a ausência ou presença de febre ao sétimo dia. No primeiro caso, se continuou com o tratamento até completar duas semanas, no segundo caso a terapia inicial foi modificada, sendo adicionada anfotericina B. Durante o período de estudo, foram tratadas 120 crianças (que apresentaram 148 episódios de neutropenia febril) com esquema antibiótico CAC e 106 crianças (que apresentaram 151 episódios de neutropenia febril) com esquema CEA. A análise estatística mostrou que a probabilidade de um paciente com o câncer em atividade evoluir para óbito foi 9 vezes maior que quando o câncer estava em remissão. Nenhum dos pacientes de baixo risco morreu, enquanto que 30% dos pacientes de alto risco do grupo CAC e 4,4% dos pacientes do grupo CEA faleceram. Controlando a variável tipo de neoplasia, verificouse que um paciente do grupo CAC tinha probabilidade 1,8 vezes maior de fracasso terapêutico que um paciente do grupo CEA.53 O segundo trabalho realizado no hospital A C. Camargo (São Paulo), incluiu todos os pacientes com câncer menores de 15 anos, registrados no período de outubro de 1988 a novembro de 1989. Foram selecionados dois diferentes regimes empíricos: ceftriaxona (1 vez ao dia) para o grupo de pacientes de baixo risco (BR): tumores sólidos e linfomas estádios I e II, e imipenem para o grupo de alto risco (AR): leucemias e linfomas estádios III e IV. Foram estudados 121 episódios de neutropenia febril em pacientes de BR e 119 em pacientes de AR. A frequência de hemoculturas positivas foi 21% para o grupo AR e 8,3% para o grupo BR. O tempo médio de neutropenia foi 11,5 dias no grupo AR e 6,7 dias no grupo BR. As modificações do esquema antibiótico inicial (associação de anfotericina B, vancomicina e amicacina) ocorreram em 45,4% (AR) e 14,5% (BR). Os índices de sucesso terapêutico foram de 97,6% (BR) e 94,2% (AR). O estudo reforçou a possibilidade de se utilizarem esquemas antibióticos distintos de acordo com o risco de infecção grave, o que permite oferecer vantagens em termos de eficácia, diminuição da indução de resistência às drogas, custo do tratamento e conforto para os pacientes.54 O mesmo autor realizou um estudo na Escola Paulista de Medicina, envolvendo 70 crianças entre 3 a 20 anos, portadoras de tumores sólidos ou linfoma não-Hodgkin estádios I/II, admitidas com neutropenia febril de novembro de 1993 a dezembro de 1995. Foram estudados 138 episódios de neutropenia febril e, em cada um desses, os pacientes foram randomizados para receber ciprofloxacina oral ou ceftriaxona endovenosa. A terapia foi considerada de sucesso (sem modificação do esquema antibiótico inicial) em 83% e 75% dos episódios, respectivamente. Nenhum efeito colateral foi observado nos ossos ou articulações e todos os pacientes sobreviveram, evidenciando que terapia ambulatorial com ciprofloxacina em pacientes portadores de tumores sólidos ou linfomas estádios I/II é efetiva e segura.55 Apesar de todo o sucesso no tratamento da LLA, os países em desenvolvimento, onde vivem cerca de 80% das crianças do mundo, vivenciam uma realidade à parte daquela encontrada nos países desenvolvidos. No Instituto Materno Infantil Fernando Figueira (Recife-Brasil), apesar da melhora nos cuidados de suporte e sobrevida livre de eventos na última década, a sobrevida livre de doença em cinco anos para pacientes com LLA é de 63% comparados a 81% no hospital St Jude (Memphis-EUA), com o mesmo regime quimioterápico (Total XIIIB). As causas de fracasso do tratamento da LLA em países de recursos limitados incluem: recaída, abandono do tratamento e morte por toxicidade.56 Grande parte das mortes por toxicidade em pacientes de Recife se deve às infecções, sendo essas responsáveis por longos períodos de hospitalização que retardam a terapia direcionada ao câncer e conseqüentemente comprometem a sobrevida geral. O presente estudo torna-se particularmente importante pela necessidade de conhecermos o perfil epidemiológico, clínico e laboratorial das crianças com leucemia linfóide aguda e neutropenia febril, além da descrição dos fatores associados à infecção bacteriana invasiva e sua letalidade em crianças com LLA, de uma região com recursos limitados. O presente estudo pretende servir também como estímulo para estudos prospectivos com proposta da separação de dois diferentes grupos de pacientes para antibioticoterapia mais direcionada ao risco, proporcionando boa efetividade, diminuição da indução de resistência bacteriana, menor toxicidade e melhor qualidade de vida as estas crianças, além da diminuição dos custos ao sistema de saúde. II. JUSTIFICATIVA As infecções bacterianas continuam sendo as complicações mais freqüentes, figurando entre as causas de óbito na LLA infantil, embora os pacientes com câncer e neutropenia febril representem um grupo heterogêneo. Vários fatores de risco para infecção bacteriana invasiva (IBI) em crianças com câncer têm sido apontados na literatura mundial, contribuindo para o uso mais criterioso da antibioticoterapia empírica e seleção de pacientes para tratamento ambulatorial ou hospitalar. Entretanto, poucos estudos enfocam o grupo específico de crianças com LLA. Por outro lado, há escassez de estudos que incluam crianças de regiões com recursos limitados, onde a morbimortalidade por infecção é potencialmente maior. Este é o primeiro estudo a enfocar os fatores associados à IBI na criança com LLA e neutropenia febril no Brasil. III. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral: Determinar fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva em crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e neutropenia febril, internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. 3.2. Objetivos Específicos: Em crianças e adolescentes com diagnóstico de leucemia linfóide aguda e neutropenia febril: 1. Descrever as características biológicas (idade, sexo, estado nutricional, estadiamento da LLA) e sócio-demográficas (procedência, escolaridade materna, renda familiar per capita) 2. Determinar a associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as características relacionadas ao início do episódio de neutropenia febril como: - Características clínicas (estado nutricional, temperatura, hipotensão, episódio prévio de neutropenia febril e episódio prévio de infecção bacteriana invasiva). - Características laboratoriais (duração da neutropenia, níveis de hemoglobina e contagem de leucócitos, neutrófilos, monócitos e plaquetas). - Características relacionadas à LLA (infiltração leucêmica da medula óssea, estadiamento, fase do tratamento, dias desde a última QT e origemacompanhamento prévio do paciente) - Características sócio-demográficas (idade, sexo, procedência, escolaridade da mãe e renda familiar per capita). - Presença de cateter venoso central - Tempo de hospitalização 3. Determinar a freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções (febre de origem obscura, mucosite, lesões de pele infectadas, infecção respiratória alta e/ou baixa, infecção gastrintestinal, infecção urinária, meningite, sepse e outras). 4. Descrever a freqüência dos agentes microbianos isolados nas hemoculturas e a susceptibilidade desses aos antimicrobianos. IV. MÉTODOS 4.1 Local do estudo: O estudo foi realizado na unidade de oncologia pediátrica do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira (IMIP). IMIP O IMIP é uma entidade não-governamental, sem fins lucrativos e de utilidade pública, que desenvolve ações em assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária, totalizando 500.000 atendimentos por ano em todos os departamentos. Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP O serviço de oncologia pediátrica do IMIP foi fundado em 1994 e atende crianças e adolescentes com suspeita ou diagnóstico de câncer. A equipe é formada por pediatras onco-hematologistas, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais com especialização e treinamento no atendimento de doenças oncológicas. O serviço de oncologia pediátrica admite cerca de 180 novos casos de câncer por ano. Destes, cerca de 30% tem diagnóstico de leucemia aguda. O Serviço possui 35 leitos de enfermaria e 6 leitos na unidade de terapia intensiva. O atendimento ambulatorial e de hospital-dia é realizado no Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica (CEHOPE), cuja equipe é constituída pelos mesmos profissionais do serviço de oncologia pediátrica do IMIP, e realiza cerca de 1.100 atendimentos por mês. 4.2. Desenho do Estudo Foi realizado um estudo do tipo coorte com coleta de dados retrospectiva. 4.3. População do Estudo Foram incluídos todos os pacientes admitidos no serviço de oncologia pediátrica do IMIP em 2002 e 2003, com diagnóstico de Leucemia Linfóide Aguda (LLA). Esses foram acompanhados durante todo tratamento quimioterápico, correspondendo a cerca de 2 anos e 6 meses. Foram incluídos todos os internamentos por neutropenia febril apresentadoS por esses pacientes de janeiro de 2002 a julho de 2006. 4.5. Amostra Pacientes com idade entre um mês e 19 anos incompletos, admitidos no serviço de oncologia pediátrica do IMIP, diagnosticados com Leucemia Linfóide Aguda no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2003. Foram registrados todos os internamentos por neutropenia febril apresentados por esses pacientes, de janeiro de 2002 a dezembro de 2006, correspondendo a todo período do protocolo quimioterápico Total XIII-B (SJCRH). 4.5. Período do estudo: O estudo compreendeu o período entre janeiro de 2002 a julho de 2006. 4.6. Critérios e procedimentos para seleção dos sujeitos 4.6.1. Critérios de Inclusão • Diagnóstico confirmado de Leucemia Linfóide Aguda admitido inicialmente no serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2003; • Idade entre um mês e 19 anos incompletos. • Internamentos por neutropenia febril durante o período de tratamento com o protocolo Total XIII-B (SJCRH). Neste estudo, neutropenia febril foi definida como presença de febre acompanhada da contagem de neutrófilos inferior a 500/mm3 ou número total de leucócitos menor que 1.000/ mm3. 4.6.2. Critérios de Exclusão • Leucemias congênitas (diagnosticadas nas primeiras quatro semanas de vida). • Internamento por febre, sem neutropenia acompanhada. 4.6.3. Procedimentos para seleção dos sujeitos A seleção foi realizada a partir de um banco de dados existente no serviço de oncologia pediátrica, identificando-se os registros dos pacientes com leucemias linfóides agudas atendidos no serviço no período do estudo. Com os números de registro, foram selecionados os prontuários, que foram então revisados pela pesquisadora, e cada internamento por neutropenia febril foi registrado. Esses prontuários fazem parte do arquivo específico do serviço de Oncologia Pediátrica. 4.7. Variáveis de análise 4.7.1. Variáveis independentes a) Características biológicas • Idade • Sexo • Estado nutricional b) Características sócio-demográficas • Procedência • Escolaridade materna • Renda familiar per capita c) Características da LLA • Infiltração leucêmica da medula óssea • Fase de tratamento – Protocolo Total XIII-B (SJCRH) • Estadiamento. d) Características do episódio de neutropenia febril • Acompanhamento prévio hospitalar ou ambulatorial • Dias desde a última quimioterapia • Uso de cateter venoso central • Temperatura máxima • Hipotensão • Concentração de hemoglobina • Grau e duração da neutropenia • Contagem de leucócitos, neutrófilos, monócitos e plaquetas. • Diagnósticos topográficos das infecções. • Tempo de hospitalização • Episódio de neutropenia febril prévio. • Episódio de infecção bacteriana invasiva prévia. 4.7.2. Variável dependente • Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) 4.8. Definições de termos e variáveis 4.8.1. Termos • Leucemia Linfóide aguda:17 Caracterizadas pela proliferação de precursores imaturos (blastos) de origem linfóide em percentual maior ou igual a 25% da celularidade da medula óssea, detectado através do mielograma. • Leucopenia:17 Contagem absoluta de leucócitos menor ou igual a 1000/mm3 • Neutropenia:17 Contagem absoluta de neutrófilos menor ou igual a 500/mm3 • Febre:17 Temperatura axilar igual ou maior que 38o C em uma aferição, ou igual ou maior que 37,8oC em duas aferições consecutivas em um intervalo mínimo de uma hora. • Infecção Bacteriana Invasiva (IBI):2 a) IBI – Demonstrada: Se um ou ambos dos seguintes critérios abaixo foram encontrados: 1- Bacteremia: definida por uma ou mais hemoculturas positivas para bactéria. 2- Cultura positiva para bactéria obtida de um sítio geralmente estéril (urina, líquido cefalorraquidiano). b) IBI – Provável: Na ausência de cultura positiva, um ou ambos dos seguintes critérios foram encontrados: 1- Achados clínicos e laboratoriais de síndrome séptica. 2- Disfunção de órgão em uma criança com instabilidade hemodinâmica. • Instabilidade hemodinâmica:57 Considerada como hipotensão definida por pressão sanguínea sistólica abaixo do percentil cinco para idade: < 60 mmHg em recém-nascidos (0 a 28 dias) < 70 mmHg em crianças (um mês a 12 meses) < 70 mmHg + (2 x idade em anos) em crianças de um a 10 anos < 90 mmHg em crianças > 10 anos de idade • SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica): 57 Presença de no mínimo dois dos seguintes critérios (sendo que um deles deve ser alteração da temperatura ou da contagem de leucócitos). 1- Temperatura axilar > 38o C ou < 36o C. 2- Taquicardia: freqüência cardíaca acima de dois desvios-padrões do normal para idade. 3- Taquipnéia: freqüência respiratória acima de dois desvios-padrões do normal para idade. 4- Leucocitose (> 12.000) ou leucopenia (<4.000) ou presença de mais de 10% de neutrófilos imaturos. • Síndrome séptica:57 Sepse (SIRS na presença infecção suspeitada ou comprovada) + um dos seguintes critérios: Disfunção cardiovascular ou síndrome do desconforto respiratório ou duas ou + disfunções de órgão (Organ dysfuction criteria – consenso 2005 – Anexo 4) 4.8.2 Variáveis • Idade – idade da criança em anos completos no início de cada episódio de neutropenia febril. Variável quantitativa, contínua, recodificada para análise em menor que 2 anos e maior ou igual a 2 anos. • Sexo – variável categórica, dicotômica: masculino ou feminino. • Estado nutricional – estado nutricional da criança, avaliado no início de cada episódio de neutropenia febril, através dos seguintes indicadores de escore z de: peso/idade, altura/idade e peso/altura, utilizando como padrão à curva do National Center of Health Statistics (NCHS). Para análise, o estado nutricional foi codificado em duas categorias: desnutrição moderada ou grave (< -2 escore z) e eutrófico ou desnutrição leve (> -1 escore z). • Procedência – estado e município de residência da família no momento do diagnóstico da LLA. Variável categórica policotômica incluindo as diversas cidades de Pernambuco e outros estados. Esta variável foi recategorizada para análise como Recife e Região Metropolitana do Recife (RMR) e outras localidades. • Escolaridade materna – corresponde a anos concluídos e aprovados de estudo no momento do diagnóstico da leucemia, conforme informação do responsável pela criança. Variável quantitativa, discreta, categorizada para análise em período de estudo menor ou igual a quatro anos e maior que quatro anos. • Renda familiar per capita – corresponde à renda total da família dividida pelo número de pessoas vivendo no mesmo domicílio, conforme informação dos pais (registrada em prontuário), no momento do diagnóstico da LLA. Variável quantitativa, contínua, expressa em reais, categorizada para análise em menor que ½ salário mínimo per capita e maior ou igual a ½ salário mínimo per capita. • Protocolo terapêutico Total XIIIB SJCRH: (Anexo 2) Protocolo do Saint Jude Children’s Research Hospital (SJCRH) para tratamento do paciente portador de LLA. - Fases do protocolo: 1- Indução: Período inicial do tratamento, composto por várias drogas quimioterápicas e corticóides, com duração de 60 dias. 2- Manutenção: Período do tratamento, iniciando após a consolidação, com quimioterapias semanais e duração de 120 semanas. 3- Reindução ou Intensificação: Período do tratamento, semelhante à fase de Indução, iniciando na semana 16 da fase de manutenção, com duração de seis semanas. • Infiltração leucêmica da medula óssea17: Avaliada através do último mielograma realizado antes do episódio de neutropenia febril e definida pela presença de mais de 5% de blastos infiltrando a medula óssea. Variável categórica dicotômica (sim ou não). • Estadiamento: (Anexo 2) Variável categórica dicotômica, definida ao diagnóstico da LLA como: 1- Alto Risco: Presença de qualquer um ou mais dos critérios abaixo: - Idade menor que um ano e maior que 10 anos. - Presença de infiltração leucêmica no sistema nervoso central (SNC) - Presença da translocação (9;22): através da Biologia molecular. - Número de leucócitos total maior que 25.000/mm3 2- Baixo Risco: Todos os outros pacientes, exceto os que tiverem qualquer um dos critérios de alto risco (acima). • Acompanhamento prévio hospitalar ou ambulatorial (origem): Variável categórica dicotômica definida por: 1- Acompanhamento hospitalar: o paciente já estava internado quando iniciou o episódio de neutropenia febril ou até 72 horas após alta hospitalar. 2- Acompanhamento ambulatorial: o paciente estava sendo acompanhado a nível ambulatorial quando iniciou o episódio de neutropenia febril. • Dias desde a última quimioterapia: Variável quantitativa, contínua, em dias. Compreendida entre o intervalo transcorrido desde a última administração de quimioterapia e o início do episódio de neutropenia febril. Categorizada para análise em menor ou igual a sete dias e maior que 7 dias. • Uso cateter venoso central: Variável categórica, dicotômica (sim ou não). Definida pelo uso de cateter venoso central quando iniciou o episódio de neutropenia febril. • Temperatura máxima: Definida como a mais alta temperatura axilar aferida em casa ou na admissão hospitalar. Variável quantitativa contínua, em graus Celsius, categorizada em menor que 39oC e maior ou igual a 39oC. • Hipotensão:57 Considerada como hipotensão definida como pressão sanguínea abaixo do percentil 5 para idade, aferida na admissão hospitalar. Variável categórica dicotômica (sim e não). • Concentração de hemoglobina: Variável quantitativa contínua em g/dl, categorizada para análise em menor que 7 g/dl e maior ou igual a 7 g/dl, na admissão hospitalar. • Contagem de leucócitos: Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em menor que 1.000/mm3 e maior ou igual a 1.000/mm3. • Contagem absoluta neutrófilos: Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em menor que 100/mm3 e maior ou igual a 100/mm3. • Contagem absoluta monócitos: Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em menor que 100/mm3 e maior ou igual a 100/mm3. • Contagem de plaquetas: Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em menor que 50.000/mm3 e maior ou igual a 50.000/mm3. • Dias de neutropenia: Intervalo de tempo compreendido entre o dia quando foi realizado o hemograma e detectada a neutropenia até o dia do início do episódio de neutropenia febril. Variável quantitativa contínua em dias, categorizada para análise em menor ou igual a sete dias e maior que sete dias. • Diagnósticos topográficos das infecções: Febre sem localização: Definida pela presença de febre sem comprovação de processo infeccioso. Infecção da cavidade oral (boca, língua ou gengiva): Definida pela presença de cultura positiva de secreção purulenta de tecido da cavidade oral ou evidência de abscesso ou outra infecção ao exame direto ou histopatológico. Lesão infectada de pele ou tecido mole: Definida pela presença de drenagem purulenta, pústula ou vesícula ou bolha, ou 2 dos seguintes critérios clínicos: dor, calor, rubor ou edema local mais 1 dos seguintes critérios laboratoriais: hemocultura positiva e/ou cultura positiva de secreção. Infecção respiratória: - Sinusite: Definida por exame de imagem positivo mais a presença de um dos seguintes critérios clínicos: febre, dor nas cavidades para-nasais, cefaléia, obstrução nasal e/ou drenagem purulenta do seio. - Otite: Definida pela presença de cultura positiva de secreção do canal auditivo ou 2 dos seguintes sinais/sintomas: febre, otalgia, rubor ou opacificação da membrana timpânica. - Pneumonia: Definida pela presença na radiografia de tórax de infiltrado, consolidação, cavitação ou pneumatocele mais três dos seguintes critérios clínicos ou laboratoriais: febre, leucopenia (< 4.000 leucócitos/mm3); tosse, dispnéia, apnéia ou taquipnéia; aparecimento de escarro purulento ou mudanças nas características do escarro ou aumento das secreções respiratórias; roncos ou estertores brônquicos; aumento da necessidade de O2 ou dos parâmetros de ventilação do respirador. 5 Gastroenterite: Definida pela presença de diarréia aguda com fezes líquidas por mais de 12 horas com ou sem vômitos e sem provável causa não-infecciosa. 6 Infecção urinária: Definida pela presença de urocultura com 100.000 ou mais colônias/dl. 7 Meningite: Definida pela presença de cultura de líquido cefalorraquidiano (LCR) positiva ou 1 dos seguintes critérios clínicos: febre, cefaléia, rigidez de nuca e sinal meningeo, mais 1 dos seguintes critérios laboratoriais: microrganismos na coloração de Gram no LCR, perfil citoquímico (aumento da proteína e/ou diminuição da glicose e celularidade do LCR compatível com infecção) e hemocultura positiva. Sepse: Definida pela presença de SIRS na presença de infecção comprovada ou suspeita. • Tempo de hospitalização: Variável quantitativa, contínua, em dias. Compreendida entre o intervalo transcorrido desde o primeiro dia do internamento por neutropenia febril até o último dia desse internamento. • Episódio prévio de neutropenia febril: Existência de episódio prévio de neutropenia febril antecedendo o episódio atual. Variável categórica (sim e não). • Episódio prévio de Infecção bacteriana invasiva: Existência de episódio prévio de infecção bacteriana invasiva antecedendo o episódio atual. Variável categórica (sim e não). 4.9 Procedimentos para coleta de dados 4.9.1. Período da coleta de dados: A coleta de dados foi realizada no período de outubro de 2005 a julho de 2006. 4.9.2. Instrumento de Coleta de Dados: Os dados foram coletados utilizando-se formulários pré-codificados para entrada dos dados em computador (Apêndices 1 e 2). O banco de dados utilizado foi o prontuário médico do paciente, o qual é informatizado, contendo as informações da história, exame físico e laboratoriais do paciente, tanto na admissão na Oncologia (após a confirmação diagnóstica da leucemia), como também em cada internamento por neutropenia febril, durante a evolução de todo protocolo quimioterápico (Total XIII-B). Também foram coletadas informações sociais dos pacientes, através de consulta das fichas preenchidas pelo serviço social do setor (Anexo 3), assim como os resultados de culturas, através dos livros de registros do laboratório de microbiologia do IMIP. 4.9.3. Procedimentos para Coleta de Dados: A coleta de dados foi realizada pela mestranda, que consultou os prontuários e fichas sociais dos pacientes e anotou as informações disponíveis nos formulários da pesquisa. Todos os prontuários foram identificados com etiquetas autocolantes coloridas com o nome da pesquisa, facilitando o acesso às informações em qualquer momento. Após o preenchimento dos formulários, esses foram cuidadosamente revisados pela mestranda e arquivados em pasta específica da pesquisa, dentro do serviço de Oncologia Pediátrica. V. LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS Em se tratando de um estudo retrospectivo, os dados foram extraídos de prontuários, não sendo possível o resgate de algumas informações. Por exemplo, o leucograma através de leitura automática, com o aparelho utilizado, não realizava a contagem diferencial quando o número de leucócitos era igual ou menor que 1000/ mm3. No entanto, a contagem total de neutrófilos poderia ser feita através da leitura manual por pessoa treinada. Outros dados laboratoriais analisados por outros pesquisadores, como a proteína C reativa, não fazia parte da rotina do serviço. Sendo um estudo retrospectivo, não foi possível identificar o momento em que ocorreu a infecção bacteriana invasiva (IBI) com relação à admissão por neutropenia febril; não permitindo, portanto, saber se o tempo de hospitalização neste episódio foi determinante de maior risco para IBI. Esta associação deve ser estudada em estudo prospectivo com especial cuidado em determinar o momento de surgimento dos sinais e sintomas de IBI. Ainda outras associações podem ser verificadas com infecções graves, entre elas a dosagem da proteína C reativa (PCR) e da interleucina 8 e a contagem absoluta dos neutrófilos e monócitos. Como todo estudo de base hospitalar apresenta limitações relacionadas à influência externa pelas características inerentes à população e a forma de atendimento próprias do Serviço. VI. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS 6.1. Processamento dos Dados A digitação foi realizada em dupla entrada, em planilha “microsoft” excel 2003, na medida em que foram sendo preenchidos os formulários. Uma vez terminada a digitação de todos os formulários nos dois bancos de dados, esses foram comparados, obtendo-se uma versão definitiva após correção das diferenças encontradas. A seguir, obteve-se a listagem de todas as variáveis e foram realizados testes de consistência, checando-se e corrigindo eventuais erros e incongruências. Em seguida, o banco de dados revisado foi utilizado para análise estatística. 6.2. Análise dos Dados Os dados numéricos foram resumidos através de medidas de tendência central e de dispersão. Os dados categóricos foram resumidos através de freqüências absolutas e relativas. O teste qui-quadrado foi utilizado para testar a associação entre cada variável preditora e Infecção Bacteriana Invasiva (IBI). A intensidade da associação foi avaliada através do “odds-ratio”. Em seguida realizou-se uma análise multivariada para avaliar o efeito independente das variáveis explanatórias. Para isso foi usado o método da regressão logística. No modelo inicial foram envolvidas aquelas variáveis explanatórias que na análise bivariada apresentaram valor p menor ou igual a 0,20. Através do método “stepwise” foram retiradas as variáveis que não apresentavam associação significante com a IBI. No modelo final ficaram as variáveis explanatórias significantes ao nível de 0,05 ou que apresentaram efeito de confundimento com as variáveis significantes. Foi adotado o nível de significância de 5% para os testes de hipóteses realizados ao longo da análise. A análise dos dados foi realizada com “software” Stata 9.2. VII. ASPÉCTOS ÉTICOS O presente estudo obedeceu aos postulados da Declaração de Helsinque emendada em Hong-Kong (1989), bem como às normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP. Em se tratando de um estudo observacional, não houve interferência às condutas adotadas pela Instituição, não se verificando danos ou agravos à saúde dos participantes. Solicitou-se a dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido, em virtude de se tratar de pesquisa retrospectiva em prontuários, que não envolveu o contato com os pacientes. Em todas as etapas foi mantida a confidencialidade das fontes de dados, sem identificação dos pacientes. VIII RESULTADOS 8.1 - Caracterização da população estudada: Foram identificadas 91 crianças registradas no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP nos anos de 2002 e 2003, com diagnóstico confirmado de LLA. Dessas, 85 crianças preencheram os critérios de elegibilidade. Seis crianças não foram incluídas porque três delas foram a óbito no primeiro mês de tratamento por outras causas, tais como: hemorragias, fenômenos de leucostase ou síndrome de lise tumoral, antes mesmo de apresentarem episódio de neutropenia febril. As outras três crianças tiveram excelente tolerância ao tratamento quimioterápico e não apresentaram nenhum episódio de neutropenia febril. (Fig. 2) Onze (12,9%) dos 85 pacientes que participaram do estudo foram a óbito durante o tratamento quimioterápico. Todos morreram durante episódio de neutropenia febril e tiveram diagnóstico de IBI. Registro de diagnósticos da LLA Listagem de 91 crianças com diagnóstico de LLA (janeiro 2002 a dezembro 2003) Prontuários localizados e revisados durante toda quimioterapia Não preencheram os critérios de inclusão = 6 crianças Preencheram os critérios de inclusão = 85 crianças Participantes da pesquisa = 85 crianças (391 episódios de neutropenia febril) Fig. 2 – Fluxograma de relação dos sujeitos de pesquisa. Os 85 pacientes do estudo apresentaram 391 episódios de neutropenia febril durante o curso da quimioterapia, variando entre um a 17 episódios por paciente, com mediana de 4,6. Entre as 85 crianças acompanhadas, 33 não apresentaram infecção bacteriana invasiva (IBI) e as 52 crianças restantes apresentaram 90 episódios IBI, sendo 31 (34%) episódios de IBI provável e 59 (66%) episódios de IBI demonstrada. A idade das crianças ao diagnóstico variou de 10 meses a 15 anos, com média de 5,5 + 3,2 anos e mediana de 4,6 anos. A maior parte delas (54,1%) era menor de cinco anos. Observou-se predominância (61,2%) do sexo masculino. (Tabela 1). O estado nutricional foi avaliado através dos três índices: peso/altura, peso/idade e altura/idade; considerando-se como desnutridos os pacientes com escore Z <-2 em qualquer um dos três índices, 11 pacientes eram desnutridos, o que correspondeu a 12,9% da população do estudo. De acordo com o estadiamento da LLA, 41 (48,2%) crianças foram consideradas de baixo risco, sendo 44 (51,8%) de alto risco. Trinta e três pacientes (38,8%) eram procedentes do Recife e região metropolitana e 52 (61,8%) pacientes eram do interior ou de outros estados. Observou-se que 32 (37,7%) mães tinham até 4 anos de estudo, 13 (15,3%) eram analfabetas e apenas 3 (3,53%) apresentavam curso superior. A renda familiar per capita não pôde ser avaliada em 24 pacientes, cujas famílias tinham apenas renda eventual. Em relação aos 61 pacientes restantes, cujas famílias tinham renda regular, verificou-se que 41 (67,2%) tinham renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo. Tabela 1 - Características das 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), diagnosticados em 2002 e 2003, no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife. Variável Idade < 5 anos ≥ 5 anos n % 46 39 54,1 45,9 Sexo Masculino Feminino 52 33 61,2 38,8 Desnutrição moderada a grave Sim Não 11 74 12,9 87,1 Estadiamento da LLA Baixo risco Alto risco 41 44 48,2 51,8 Procedência Recife/RMR Outras localidades 33 52 38,8 61,2 Escolaridade da mãe ≤ 4 anos > 4 anos 32 53 37,7 62,4 41 20 67,2 32,8 Renda familiar per capita (pc) < ½ SM*/ pc ≥ 1/2 SM*/ pc SM = Salário mínimo 8.2 - Associação entre as variáveis clínicas relacionadas ao início do episódio de neutropenia febril e à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI). Em relação às características clínicas dos episódios de neutropenia febril dos pacientes estudados, não houve associação estatisticamente significante entre o estado nutricional (conceituando desnutridos aqueles com escore Z < -2) com IBI (Tabela 2). Foi encontrado um risco 70% maior de IBI nos episódios em que as crianças apresentavam temperatura maior ou igual a 39º C, tendo sido também verificada uma forte associação da hipotensão no início do episódio de neutropenia febril com a presença de IBI. A IBI estava presente em 80% dos 16 episódios com hipotensão e em apenas 20% daqueles com pressão arterial normal (p < 0,001) (Tabela 2). Não foi verificada associação estatisticamente significativa em relação à ocorrência de infecção bacteriana invasiva (IBI) quando havia antecedente de pelo menos um episódio de neutropenia febril ou de IBI prévia em relação ao episódio estudado. Tabela 2 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e variáveis clínicas por ocasião dos 391 episódios de Neutropenia Febril que ocorreram em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internadas no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. IBI Variáveis Total OR Sim IC 95% p Não Desnutrição moderada a grave Sim 14 (28,0%) Não 76 (22,3%) 36 (72,0%) 265 (77,7%) 50 341 1,4 1,0 0,7 a 2,8 Temperatura > 39º C < 39º C 37 (29,4%) 53 (20,0%) 89 (70,6%) 212 (80,0%) 126 265 1,7 1,0 1,0 a 2,7 Hipotensão Sim Não 16 (80,0%) 74 (20,0%) 4 (20,0%) 297 (80,0%) 20 371 16,0 1,0 5,2 a 49,4 Episódio prévio de NF* Sim Não 69 (22,5%) 21 (24,7%) 237 (77,5%) 64 (75,3%) 306 85 0,9 1,0 0,49 a 1,62 Episódio prévio de IBI** Sim Não 39 (24,4%) 51 (22,1%) 121 (75,6%) 180 (77,9%) 160 231 1,1 1,0 0,69 a 1,88 0,37 0,041 < 0,001 0,676 0,596 * Neutropenia Febril, **Infecção Bacteriana Invasiva. 8.3 - Associação entre as variáveis laboratoriais relacionadas ao início do episódio de neutropenia febril e à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI). Quando foram analisadas as características laboratoriais no início dos episódios de neutropenia febril e IBI, encontrou-se associação estatisticamente significante em relação à hemoglobina e monócitos, sendo essa associação mais forte quanto ao número de leucócitos (<1.000/mm3) e plaquetas (<50.000/mm3) com p < 0,001, demonstrada na Tabela 3. Tabela 3 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis laboratoriais iniciais dos 391 episódios de Neutropenia Febril em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. IBI Variáveis Laboratoriais Sim Total OR IC 95% p Não Hemoglobina < 7 g/dl > 7 g/dl 12 (38,7%) 78 (21,7%) 19 (61,3%) 282 (78,3%) 31 360 2,3 1,0 1,1 a 4,9 Leucócitos < 1000/dl > 1000/dl 62 (35,8%) 28 (12,8%) 111 (64,2%) 190 (87,2%) 173 218 3,8 1,0 2,3 a 6,3 Neutrófilos* < 100/mm3 >100/mm3 10 (15,4%) 17 (12,0%) 55 (84,6%) 125 (88,0%) 65 142 1,5 1,0 0,6 a 3,6 Duração da neutropenia < 7 dias > 7 dias 46 (20%) 44 (27,3%) 184 (80%) 117 (72,7%) 230 161 1,5 0,9 a 2,4 1,0 0,032 < 0,001 0,499 0,091 Monócitos* < 100/mm3 >100/mm3 14 (17,7%) 7 (7,6%) 65 (82,3%) 85 (92,4%) 79 92 1,3 1,0 0,9 a 5,9 Plaquetas < 50,000/mm3 > 50,000/mm3 55 (36,9%) 35 (14,5%) 94 (63,1%) 207 (85,5%) 149 242 3,5 1,0 2,1 a 5,6 0,045 < 0,001 *A contagem de neutrófilos e monócitos estava disponível em 207 e 171 episódios, respectivamente. 8.4 - Associação entre as variáveis relacionadas à Leucemia Linfóide Aguda (LLA) no início do episódio de neutropenia febril e à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI). Na tabela 4, analisaram-se as associações das características da LLA em relação à IBI. Observou-se presença de IBI em 35,5% dos episódios de neutropenia febril em pacientes com medula óssea infiltrada e em apenas 20% dos episódios em que os pacientes não tinham essa infiltração. Também foi encontrada uma associação significante quanto à fase do tratamento, sendo o maior risco de IBI na fase de indução e reindução (p = 0,017). As crianças que estavam em acompanhamento hospitalar apresentaram IBI com maior freqüência em relação às que estavam em acompanhamento ambulatorial, porém esta diferença não foi estatisticamente significativa. O estadiamento da LLA, o intervalo de dias entre a última QT e o início do episódio de neutropenia febril não apresentaram uma associação estatística significante com a presença de IBI. Tabela 4 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis relacionadas à LLA nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Variáveis relacionadas à LLA IBI Total OR IC 95% Sim Não Infiltração da medula Sim Não 27 (35,5%) 63 (20,0%) 49 (64,5%) 252 (80,0%) 76 315 2,2 1,0 1,3 a 1,8 Estadiamento da LLA Alto risco Baixo risco 51 (26,4%) 39 (19,7%) 142 (73,6%) 159 (80,3%) 193 198 1,5 1,0 0,9 a 2,3 Fase do tratamento Indução/Reindução Manutenção 43 (29,7%) 47 (19,1%) 102 (70,3%) 199 (80,9%) 145 246 1,8 1,0 1,1 a 2,9 Dias desde a última QT < 7 dias > 7 dias 75 (22,3%) 15 (27,9%) 262 (77,7%) 39 (72,1%) 337 54 1,3 1,0 0,7 a 2,6 Origem Hospital Ambulatório 21 (30,9%) 69 (21,4%) 47 (69,1%) 254 (78,6%) 68 323 1,6 1,0 0,9 a 2,9 p 0,004 0,120 0,017 0,371 0,090 8.5 - Associação entre as variáveis sócio-demográficas relacionadas no início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI). Quando se analisaram as características sócio-demográficas apresentadas pelas crianças durante os episódios de neutropenia febril, como idade, sexo, procedência, escolaridade materna e renda familiar per capita, não foram encontradas associações estatisticamente significantes com a IBI (tabela 5). Tabela 5 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis sóciodemográficas nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Variáveis Sócio-demográficas IBI Total OR IC 95% Sim Não Idade < 5 anos ≥ 5 anos 38 (28,0%) 52 (20,4%) 98 (72,0%) 203 (79,6%) 136 255 1,5 1,0 0,9 a 2,4 Sexo Masculino Feminino 49 (20,8%) 41 (26,4%) 187 (79,2%) 114 (73,6%) 236 155 1,3 1,0 0,8 a 2,2 Procedência Recife e RMR* Outras localidades 35 (21,6%) 55 (24,0%) 127 (78,4%) 174 (76%) 162 229 1,0 1,1 Escolaridade da mãe ≤ 4 anos > 4 anos 37 (25%) 53 (21,8%) 111 (75%) 190 (78,2%) 148 243 1,2 1,0 0,7 a 1,9 Renda familiar per capita < 1/2 SM**/ pc ≥ 1/2 SM** /pc 46 (22,8%) 17 (23,6%) 156 (77,2%) 55 (76,4%) 202 72 0,9 1,0 0,5 a 1,8 P 0,091 0,191 0,7 a 1,8 0,577 0,467 0,885 *RMR = Região metropolitana do Recife **SM = Salário mínimo 8.6 - Associação entre a presença de cateter venoso central no início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI). Outra análise realizada neste estudo foi a associação da presença de cateter venoso central no início do episódio da neutropenia febril e a IBI. Encontrou-se IBI em 35,5% das 27 crianças portadoras de cateter e em apenas 20% das que não tinham cateter (tabela 6). Tabela 6 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a presença de cateter venoso central ao início dos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. IBI Variável Cateter venoso central Sim Não Sim Não 27 (35,5%) 63 (20,0%) 49 (64,5%) 252 (80,0%) Total OR 76 315 2,1 1,0 IC 95% P 1,3 a 3,4 0,004 Após a realização da análise multivariada, as variáveis que apresentaram efeito independente estatisticamente significante foram: idade menor que cinco anos, infiltração da medula óssea pela LLA, uso de cateter venoso central, leucócitos abaixo de 1.000/mm3, plaquetas abaixo de 50.000/mm3 e hipotensão. Além destas, foram acrescentadas à interação de catéter e leucócitos, por apresentar associação significante. (Tabela 7). Tabela 7 - Fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) em 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Variável a OR IC 95% b OR IC 95% P Infiltração medular Cateter Leucócitos < 1.000/mm3 Plaquetas <50.000/mm3 Hipotensão Idade < 5 anos Cateter*leucócitos 2,2 2,1 3,8 3,5 16,0 1,5 1,3 a 1,8 1,3 a 3,4 2,3 a 6,3 2,1 a 5,6 5,2 a 49,4 0,9 a 2,4 2,7 4,6 6,3 3,3 33,1 2,7 2,5 1,2 a 5,9 2,3 a 9,4 3,2 a 12,4 1,8 a 6,1 8,1 a 135,0 1,5 a 5,0 1,3 a 4,8 0,012 <0,001 <0,001 0,001 <0,001 0,002 0,005 Ho: OR ajustado= 1; aOR = Odds ratio bruto; bOR = Odds ratio ajustado 8.7 Associação entre a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a duração da hospitalização. Observou-se que em 84,4% dos 76 episódios com diagnóstico de IBI as crianças permaneceram mais de sete dias de internadas (OR = 13,4). Tabela 8 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e o tempo de hospitalização observado nos 391 episódios de Neutropenia Febril das crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Variável IBI Sim Não Tempo de hospitalização > 7 dias < 7 dias 76 (84,4%) 87 (28,9%) 14 (15,6%) 214 (71,1%) Total OR IC 95% 90 301 13,4 1,0 7,2 a 24,9 P <0,001 8.8 - Freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções. A tabela 9 sumariza a freqüência dos principais diagnósticos topográficos das infecções apresentadas pelas 85 crianças nos 391 episódios de neutropenia febril, durante todo o curso da quimioterapia. Destacaram-se como os mais freqüentes: febre sem localização de infecção, pneumonia, infecção de pele ou tecido mole e gastrenterites e sepse. Tabela 9 - Freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções em 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Diagnóstico Febre sem localização de infecção Pneumonia Infecção de pele ou tecido mole Gastroenterite Sepse Infecção respiratória alta Infecção da cavidade oral Infecção trato urinário Outros* n 190 61 55 48 34 28 20 1 31 %1 48,6 15,6 14,0 12,3 8,7 7,2 5,1 0,26 7,93 * Infecções virais (inclusive varicela zoster) ou infecções fúngicas. 8.9 - Freqüência dos agentes microbianos isolados nas hemoculturas Dos 391 episódios de neutropenia febril foram colhidas 387 hemoculturas em veia periférica com positividade em torno de 14%. Entre as 55 cepas bacterianas isoladas, 40% eram Gram-negativas predominando a Klebsiella sp. e 60% Grampositivas, com predomínio de estafilococos coagulase negativa. (Tabela 11). Em 200 episódios de neutropenia febril os pacientes não tinham cateter venoso central e em três pacientes a hemocultura transcateter não foi colhida por dificuldade técnica. No total foram colhidas 184 hemoculturas transcateter com positividade em torno de 18,5%. Entre as 34 cepas bacterianas isoladas, 47,1% eram Gram-negativas predominando a Klebsiella sp. e Pseudomonas sp. e 52,9% Gram-positivas, com predomínio de estafilococos coagulase negativa. Considerando os resultados positivos das 184 hemoculturas pareadas (periférica e transcateter) houve concordância no isolamento da mesma bactéria em 14 desses resultados. No total foram isoladas 73 cepas bacterianas nas hemoculturas colhidas nos 391 episódios de neutropenia febril. Em 8 episódios de neutropenia febril o estafilococos coagulase negativa foi isolado em amostra única de sangue periférico em pacientes sem cateter venoso central, não sendo possível determinar se era o agente etiológico responsável pela infecção, já que classicamente seria necessário o isolamento em duas hemoculturas em momentos diferentes. Tabela 10 - Positividade e freqüência das principais bactérias isoladas em hemoculturas periféricas e transcateter colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças portadores de LLA, internadas no período de janeiro de 2002 a julho de 2006, no Serviço de Oncologia do IMIP. Hemocultura Periférica Transcateter Periférica + transcateter N % n % N % Negativa Positiva 332 55 85,8 14,2% 150 34 81,5 18,5 482 73* 84,4 15,6** Bactérias Gram-negativas 22 0 1 1 4 11 5 33 0 1 7 20 3 1 1 387 40,0 16 2 0 0 2 6 6 18 1 1 1 14 1 0 0 184 47,1 30 2 1 1 5 13 8 43 1 2 7 27 4 1 1 571 41,1 2,7 1,4 1,4 6,8 17,8 11,0 58,9 1,4 2,7 9,6 37,0 5,5 1,4 1,4 BGN não fermentador Acinetobacter baumanni Acinetobacter ewoffii Escherichia coli Klebsiella sp Pseudomonas aeruginosa Bactérias Gram-positivas Gaffyka tetragena micrococcus sp Staphylococcus aureus Staphylococcus coag. neg. Streptococcus alfa hemolitico Streptococcus do grupo B S. pneumoniae 60,0 Total * 89 bactérias isoladas, porém 14 hemoculturas pareadas isolaram a mesma bactéria, 2 hemoculturas positivas com crescimento de 2 bactérias **Corresponde soma da positividade das hemoculturas periféricas + transcateter. 52,9 8.10 - Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias isoladas nas hemoculturas. Em relação ao antibiograma pelo método de difusão em disco dos principais agentes microbianos isolados, observamos que cerca de 65% dos estafilococos coagulase negativa foram resistentes à oxacilina. A Klebsiella sp apresentou resistência às cefalosporinas de terceira geração, porém com sensibilidade acima de 80% aos aminoglicosídeos e à ciprofloxacina e de 100% ao meropenem. Embora com apenas 6 isolados, a Pseudomonas sp não demonstrou ser multi-resistente com perfil de sensibilidades, chegando a 100% em relação à amicacina, ceftazidima, cefepima, piperacilina/tazobactama e meropenemo. Tabela 11 - Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias isoladas em hemoculturas colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com LLA internados no Serviço de Oncologia do IMIP, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. CEFOTAXIMA CEFEPIMA CIPROFLOXACINO CLINDAMICINA GENTAMICINA MEROPENEMA SULFATRIM VANCOMICINA 61,5 (13) 16,6 (12) 15,4 (13) 15,4 (13) 92,3 (13) --- 61,5 (13) 100 (10) ---- 30 (10) ----- 23,1 (13) --- Pseudomonas sp. 100 (6) --- 100 (5) --- 100 (5) 83,3 (6) --- 66,7 (6) 100 (6) --- 100 (4) ----- ----- ---- --- ---- ----- ----- 85,7 (14) 90,1 (11) 69,2 (13) ----- 21,4 (14) 42,8 (14) 100 (14) PENICILINA CEFTAZIDIMA 84,6 (13) PIPERACILINA TAZOBACTAN CEFOXITINA Klebsiella sp. BACTÉRIAS OXACILINA AMICACINA + ANTIMICROBIANOS Gramnegativas Grampositivas Staphylococcus coagulase negativa 78,5 (14) SULFATRIM = SULFAMETOXAZOL + TRIMETROPIM Os números apresentados na tabela são em percentuais ( ) Número de amostras testadas 35,7 (14) ---- IX. DISCUSSÃO A neutropenia febril é uma complicação freqüente e grave durante o tratamento quimioterápico em pacientes com câncer. Tradicionalmente, a terapia antimicrobiana empírica tem implicado em internamento hospitalar de urgência e administração de antibióticos de largo espectro por via intravenosa.32 Entretanto, assim como neste estudo, os mais recentes artigos têm evidenciado que os pacientes com neutropenia febril não formam um grupo homogêneo em relação aos riscos para complicações infecciosas graves e óbito.2, 37, 46- 48, 58 A primeira fase do presente estudo teve como objetivo descrever características clínicas e sócio-demográficas dos pacientes com LLA. Observou-se que a faixa etária mais acometida foi abaixo dos 5 anos de idade, havendo predominância do sexo masculino, concordando com os conhecimentos prévios da literatura.12 Evidenciou-se um percentual de crianças desnutridas (12,9%), já relatado em estudos anteriores sobre esta região, como também em outros países com recursos limitados.31, 59 Reflexo também, da pobre condição socioeconômica encontrada em 67,2% de nossos pacientes, com renda familiar per capita abaixo de meio salário mínimo, ou seja, abaixo da linha da pobreza. 61. Cerca de 60% das crianças procediam do interior de Pernambuco e até de outros estados, o que pode ser entendido como reflexo de ser o IMIP um centro de referência para o tratamento do câncer infantil. Para estudar fatores associados à infecção bacteriana invasiva (IBI), foi realizado um seguimento desde o diagnóstico inicial da LLA, até um mês após a conclusão do protocolo quimioterápico, que compreendeu um período de cerca de dois anos e seis meses a três anos de acompanhamento para cada criança. Entre as variáveis clínicas estudadas, verificou-se uma forte associação da ocorrência da IBI quando se identificou hipotensão no início do episódio de neutropenia febril, assim como, temperatura maior ou igual a 39ºC. A importância dessas variáveis clínicas como fatores preditores para o diagnóstico de IBI foram anteriormente referidas em estudos multicêntricos prospectivos.2, 46,62 No entanto, a forte associação com hipotensão pode ser atribuída a um sinal associado ao diagnóstico de IBI, principalmente nas crianças com choque séptico descompensado, implicando em urgência terapêutica57. A desnutrição em crianças com câncer tem sido associada ao maior risco de morbi-mortalidade durante o tratamento quimioterápico.29-31,60 Neste estudo, a desnutrição moderada e grave não esteve associada ao maior risco de infecção bacteriana grave em crianças com câncer. Vale ressaltar que a partir do momento em que se faz o diagnóstico de LLA, o serviço social da oncologia, através do NACC (Núcleo de Assistência à Criança com Câncer), se ocupa com as condições de moradia do paciente tentando melhorá-las, principalmente em relação às condições de higiene pessoal e alimentar, como também fornecendo cestas alimentares básicas. É certamente uma das razões para esse achado. Quando analisamos a presença de ao menos um episódio prévio de neutropenia febril ou de IBI em relação ao episódio estudado, não encontramos associação quanto a maior risco para IBI. Estudos prospectivos devem ser realizados na tentativa de uma melhor análise e caracterização dessa associação. Quanto às características laboratoriais encontradas no início do episódio de neutropenia febril, observou-se que os pacientes com leucopenia grave (<1.000 leucócitos/mm3) e plaquetopenia abaixo de 50.000/mm3 foram mais susceptíveis à IBI. A associação com leucopenia grave foi estabelecida desde os primeiros estudos realizados sobre fatores de risco em pacientes com câncer e confirmada nos mais recentes trabalhos.2,13, 46, 65 Outras variáveis foram associadas à IBI, como o nível de hemoglobina abaixo de 7 g/dl e o número de monócitos abaixo de 100/mm3, confirmando achados anteriores2,45,46, podendo significar um maior acometimento da medula óssea pela doença de base (LLA) ou ser secundária à maior toxicidade do tratamento quimioterápico, influenciando em uma deficiente resposta orgânica às infecções. Nos últimos anos, confirmaram-se as evidências sobre o grau e a duração da neutropenia como fatores principais no desenvolvimento de infecção em pacientes com câncer. Sabe-se que o risco de infecção é grande quando o número de neutrófilos cai abaixo de 500/mm3, e com menos de 100/mm3 existe um risco alto e iminente de bacteremia e sepse.20,59,66 No entanto, no presente estudo essa associação não foi significante (p = 0,499), provavelmente porque em 184 episódios de neutropenia febril não foi determinado o número exato de neutrófilos, devido à limitação técnica do aparelho contador de células automático, que não conseguiu realizar a contagem diferencial dos leucócitos, quando esta era inferior a 1000/mm3. Compreende-se que nos episódios em que os leucócitos estavam abaixo de 1000/mm3 eram também aqueles em que o número de neutrófilos deveria estar inferior a 500/mm3. Não se pode deixar de relatar que, em se tratando de um estudo retrospectivo, os dados foram extraídos de prontuários, não sendo possível o resgate dessas informações através da leitura manual dos leucócitos por pessoa treinada. Uma das características laboratoriais associada ao risco de IBI, encontrada em nosso estudo, foi a duração da neutropenia acima de sete dias, embora essa associação não tenha sido estatisticamente significativa. Implicando em uma maior duração da susceptibilidade dos pacientes aos agentes patógenos, como as bactérias e fungos. Conforme evidenciado em estudo prévio, onde após classificação dos pacientes com neutropenia febril em alto e baixo risco de infecções graves, observou-se a persistência da neutropenia acima de sete dias em 59% dos pacientes classificados como de alto risco e em apenas 14% no grupo de baixo risco. 43 Em nosso estudo, evidenciou-se alta associação da infiltração medular por células leucêmicas e o maior risco de IBI, característica esta encontrada naqueles pacientes que ainda não tinham atingido a remissão da LLA. Sabemos que a infiltração medular por blastos pode refletir um maior comprometimento da medula óssea, o que dificulta a formação das células normais do sangue, como as hemácias, plaquetas e os leucócitos, levando a um estado de imunossupressão, facilitando o surgimento de infecções graves12. Ocorreram mais IBI nos pacientes com episódios de neutropenia febril durante as fases de indução da remissão e reindução, o que se pode explicar devido a maior intensidade dos quimioterápicos utilizados nessas fases24. Em estudo recente, envolvendo 610 episódios de infecção em pacientes com LLA, observou-se que a maioria das infecções ocorreu na fase de manutenção (57%)67. Este difere do nosso estudo, onde o objetivo foi analisar a fase do tratamento mais associada ao risco para infecções graves como a IBI e não apenas a maior freqüência de infecções de modo geral. O acompanhamento hospitalar ou ambulatorial do paciente, não mostrou associação significativa com risco para IBI, em comparação com estudo anterior onde os pacientes que estavam internados no momento que apresentavam neutropenia febril foram classificados como de alto risco, apresentando alto percentual (de 31% a 55%) de infecções graves em relação a apenas 2% do grupo de baixo risco, acompanhados ambulatorialmente.40 Nossos resultados podem ser explicados devido à rotina empregada no serviço de oncologia pediátrica do IMIP, na qual os pacientes com neutropenia são acompanhados diariamente a nível ambulatorial, sendo semelhante a um sistema de hospital dia com coleta de sangue, punções de cateteres, administração de medicações e hemotransfusões. Não se observou associação significante em relação ao estadiamento da LLA (baixo ou alto risco de fracasso do tratamento da LLA), como também em relação ao intervalo menor de sete dias da última QT até o início da neutropenia febril. Essa observação difere da literatura, que relata um maior risco de IBI em pacientes submetidos à QT com intervalo menor que sete dias. O presente estudo reforça o conhecimento prévio que a maioria das drogas antineoplásicas tem seu maior efeito imunossupressor após sete dias, o que corrobora com o maior risco para infecções. 46 A idade foi estratificada em abaixo e acima de cinco anos, tendo como base a mediana das idades de 4,6 anos e a comparação a estudos prévios quando se verificou a associação da idade com a presença infecções graves e óbitos.63,67 Em nosso estudo, não se encontrou associação estatisticamente significativa dessa variável com IBI na análise bivariada. No entanto, após o modelo final de regressão logística, a força da associação de IBI com idade menor que cincos anos foi demonstrada, coincidindo com achados recentes da literatura, onde foram observados fatores de risco para complicações infecciosas severas (SICs), definidas como septicemia ou choque séptico, bacteremia ou funguemia, sendo encontrado um risco 2,2 vezes maior para SICs em crianças abaixo de 5 anos de idade.67 Apesar de haver maior incidência de meninos com LLA, não houve diferença estatisticamente significante para o risco de IBI quando se analisou o sexo, conforme relatos anteriores. 46, 64 Nesse estudo não se encontrou associação entre IBI e baixa escolaridade materna, apesar de ter sido encontrado um percentual alto (37,7%) de mães com menos de quatro anos de estudos completos. Achados prévios, descritos por Santolaya et al, encontraram na análise bivariada uma diferença estatisticamente significativa, que não foi, porém, confirmada na análise multivariada.46 Confirmando as nossas observações, cerca de 60% dos nossos pacientes eram procedentes do interior e de outros estados e a grande maioria (67,2%) tinha renda familiar per capita abaixo de meio salário mínimo e, no entanto, essas variáveis não influenciaram o risco maior de IBI. Para explicar isso, ressaltamos o importante trabalho informativo, realizado pela equipe da oncologia (médicos, enfermeiras, psicólogos e o serviço social) já na ocasião do diagnóstico da LLA, levando a conscientização sobre a doença de base, quanto aos riscos da neutropenia e às complicações do tratamento. Além disso, temos a participação ativa do NACC, que oferece suporte aos pacientes e seus acompanhantes procedentes de interior, disponibilizando estadia, alimentação e transporte, facilitando assim o encaminhamento imediato ao hospital quando do surgimento da neutropenia febril. Vale salientar que os pacientes com neutropenia pósQT não são liberados, pela equipe médica, para viajar a interiores com distância superior a cem quilômetros do Recife, ficando a maioria desses pacientes hospedados no NACC. O uso de cateter venoso central de demora tem sido de grande importância para o melhor tratamento de pacientes com leucemia, tendo em vista os mais agressivos regimes quimioterápicos vigentes. No entanto, infecções severas são as complicações mais freqüentemente associadas à presença dos cateteres venosos centrais em portadores de câncer, pois a sua presença implica em quebra da barreira da pele e maior susceptibilidade à penetração de microrganismos potencialmente patógenos para estas crianças.69,70 Alguns estudos demonstraram uma baixa incidência de infecção em cateteres venosos semi ou totalmente implantados.68 Rotineiramente, no nosso serviço, são usados os cateteres totalmente implantados, porém nesse estudo a presença desses cateteres teve associação significativa com IBI, inclusive confirmada como fator independente na análise multivariada. Observamos a ocorrência de IBI em 35,5% dos pacientes portadores de cateter e em apenas 20% dos que não o possuíam, o que se assemelha a dados já relatados em outros estudos prévios.69,70 Esses resultados devem implicar em uma análise e certamente modificação de algumas condutas, como evitar os implantes destes cateteres em pacientes com neutropenia, ter maiores cuidados com a anti-sepsia, assim como o uso de antibioticoterapia profilática. Após a análise multivariada, as variáveis que permaneceram com associação estatisticamente significante com maior risco de IBI foram: idade menor que cinco anos, infiltração medular pela LLA, presença de cateter venoso central, leucócitos abaixo de 1.000/mm3, plaquetas abaixo de 50.000/ mm3 e a presença de hipotensão. Em estudo realizado em Toronto, Canadá, foi constatado que a neutropenia febril é a principal causa de internamento hospitalar em pacientes oncológicos pediátricos, perdendo apenas para as admissões por quimioterapias. Esse fato reflete não só no aumento dos custos hospitalares, mas principalmente na qualidade de vida dessas crianças.45. No presente estudo, verificou-se que 84,4% dos pacientes com IBI tiveram tempo de hospitalização acima de sete dias e apenas 28,9% dos pacientes sem IBI. Esta associação foi bem relatada em um estudo realizado de 1995 a 2002, envolvendo 12.446 pacientes menores que 21 anos portadores de câncer, quando se determinou como fator de risco para período de hospitalização prolongada, as complicações infecciosas como: bacteremia, pneumonia e infecções fúngicas.63 Em nosso estudo encontrou-se um maior percentual de febre sem localização de infecção (48,6%), como o principal diagnóstico nos 391 episódios de neutropenia febril, seguido por infecções respiratórias altas (sinusite, amigdalite e otite), infecção de pele ou tecidos moles e pneumonia. Esses achados já foram descritos não só na literatura estrangeira47, 71, como também no nosso país.72,73 Observou-se que apesar da alta morbidade relacionada à neutropenia febril, a mesma teve baixa mortalidade, em torno de 2,8%, que aumenta para 12,2% na presença de IBI. Reflexo também das complicações oriundas das infecções como septicemia e hipotensão, já bem descritos como fatores de risco para o óbito em crianças com câncer.63 A busca pelo diagnóstico etiológico, através de culturas de sangue, urina e outras fontes, segue como rotina no atendimento das nossas crianças com câncer e neutropenia febril. Foram realizadas 387 hemoculturas periféricas e 184 hemoculturas transcateter, sendo encontrada positividade de 14,2% e 18,5%, respectivamente. Essa baixa positividade coincide com dados de trabalhos prévios,2,46,74,75 o que pode refletir a necessidade de maior investimento para o diagnóstico laboratorial, através de treinamento de pessoal para coleta de espécimes, manipulação das mesmas, meios de semeio específicos e aparelhagem de melhor tecnologia. Entre as bactérias Gram-positivas, a maior freqüência de isolados foi Staphylococcus coagulase negativa e o S. aureus, enquanto entre as Gram-negativas foi a Klebsiella sp., Pseudomonas e E. coli. Observou-se, conforme achados de outros autores, que a etiologia da bacteremia em pacientes com neutropenia febril tem mudado nas últimas décadas, levando a maior incidência de bactérias Gram-positivas. Entre as razões para tal mudança assinala-se o maior uso de cateteres venosos centrais de demora, uso de quimioterapias mais agressivas, levando a maior toxicidade para pele e mucosas e uso de antibióticos profiláticos.72, 74 Em paralelo às mudanças na freqüência das principais bactérias isoladas nos últimos anos, os padrões de resistência aos antimicrobianos também tem sido alterado. Pesquisas anteriores mostram prevalência dos Staphylococcus coagulase negativa meticilina-resistentes, que foi também confirmado por nosso estudo, onde essa resistência foi aproximadamente de 65%. No entanto, prevalece a sensibilidade das bactérias Gram-positivas à vancomicina, não tendo sido possível estabelecer os de sensibilidade intermediária. Já existe uma preocupação sobre os riscos no surgimento enterococos resistentes, sendo o uso de vancomicina como antibiótico de primeira linha, indicada apenas nos casos de pacientes com suspeita de infecção por bactérias Grampositivas76,77. Entre as bactérias Gram-negativas, a Klebsiella sp apresentou resistência às cefalosporinas de terceira geração, porém com sensibilidade acima de 80% aos aminoglicosídeos e à ciprofloxacina e de 100% ao meropenem, fato que corrobora com estudos mais recentes.74,75 Observou-se, assim, que o padrão epidemiológico das infecções bacterianas, corresponde não só a tendência mundial, mas principalmente a realidade local, que se considerada, levará a um melhor uso dos recursos terapêuticos vigentes, diminuindo o surgimento de resistências e consequentemente maior benefício global. Finalmente, esse estudo possibilitou a identificação de fatores independentes associados ao risco de IBI em crianças com LLA e neutropenia febril. Baseando-se nos conhecimentos adquiridos, sugere-se que estudos prospectivos sejam realizados em nossa região, na tentativa de uma melhor estratificação das crianças com câncer e neutropenia febril quanto ao risco de infecções graves; quando poderão ser incluídas como parâmetros de risco a dosagem da proteína C reativa (PCR) e da interleucina 8, já relatadas em estudos mais recentes.46,47,58 Desta forma, com a utilização da antibioticoterapia mais direcionada ao risco de IBI, as crianças selecionadas como de baixo risco seriam beneficiadas com menor duração da antibioticoterapia, alta precoce, uso de antibióticos orais e acompanhamento ambulatorial; proporcionando menor custo para o sistema de saúde, diminuição da indução de resistência bacteriana, além da melhora na qualidade de vida dessas crianças, já tão sofridas pela enfermidade de base. X. CONCLUSÕES Em crianças e adolescentes com diagnóstico de leucemia linfóide aguda e neutropenia febril internadas no serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP: 1- A idade variou de 10 meses a 15 anos, com mediana de 4,6 anos, sendo 12,9% desnutridas, 61,2% do sexo masculino e a maioria procedente do interior ou de outros estados. De acordo com o estadiamento da LLA, 51,8% eram de alto risco. Cerca de um terço das genitoras tinham menos de quatro anos de estudos completos e 67,2% das crianças tinham renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo. 2- Na análise bivariada não houve associação com a infecção bacteriana invasiva (IBI) quanto à idade, sexo, procedência da criança (Recife/RMR ou outros locais), escolaridade materna, renda familiar per capita, origem do acompanhamento do paciente (ambulatorial ou hospitalar), dias desde a última QT, estadiamento da LLA, episódios prévio de neutropenia febril ou de IBI, quanto ao número de neutrófilos ou à duração da neutropenia. 3- Verificou-se maior risco de infecção bacteriana invasiva (IBI) quando, no início do episódio de neutropenia febril, as crianças apresentavam infiltração da medula óssea pela LLA, estavam na fase de indução do protocolo quimioterápico, a temperatura era maior ou igual a 39oC, havia presença de hipotensão, o nível de hemoglobina era menor que 7g/dl, leucócitos menor que 1.000/mm3, monócitos menor que 100/mm3 e plaquetas abaixo de 50.000/mm3 e presença de cateter venoso central. 4- A análise multivariada demonstrou que idade menor a cinco anos, infiltração medular, uso de cateter venoso central, leucócitos menor que 1.000/mm3, plaquetas menor que 50.000/mm3 e presença de hipotensão foram fatores de risco independentes para a IBI. 5- Das 85 crianças acompanhadas, 33 não tiveram IBI e as 52 crianças restantes apresentaram 90 episódios de IBI, sendo 31 episódios de IBI provável e 59 episódios de IBI demonstrada. 6- A Letalidade dos episódios de neutropenia febril foi de 2,8% (11/391) e a letalidade dos episódios de IBI foi de 12,2% (11/90). 6- Observou-se que o tempo de hospitalização foi maior quando era diagnosticada a IBI. 7- Entre os diagnósticos topográficos das infecções, destacou-se por ordem de freqüência: febre sem localização de infecção, pneumonia, infecções de pele ou tecido mole, gastrenterites e sepses. 8- Foram isoladas 73 cepas bacterianas nos 391 episódios de neutropenia febril, com predominância dos Gram-positivos, entre eles o Staphylococcus coagulase negativa e o Staphylococcus aureus. Entre as bactérias Gram-negativas, destacou-se a Klebsiella e Pseudomonas sp. 9- Observou-se que mais de 65% dos Staphylococcus coagulase negativa são oxacilinaresistentes. A Klebsiella sp. apresentou resistência às cefalosporinas, porém com boa sensibilidade aos aminoglicosídeos, à ciprofloxacina e ao meropenem. As pseudomonas apresentaram boa sensibilidade à amicacina, ceftazidima, cefepime, piperacilina-tazobactama e ao meropenema. XI. REFERÊNCIAS 1 Pizzo PA, Rubin M, Freifeld A, Walsh TJ. The child with cancer and infection. Empiric therapy for fever and neutropenia, and preventive strategies. J Pediatr 1991; 119: 679-94. 2 Santolaya ME, Alvarez AM, Becker A, Cofre J, Enriquez N, O´Ryan M, et al. Prospective, multicenter of risk factors associated with invasive bacterial infection in children with cancer, neutropenia,and fever. J Clin Oncol 2001; 19: 3415-3421 3 Aquino VM, Tkaczewski I, Buchanan GR. 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Pesquisadora: Kaline Maciel Formulário-Geral Número: __ __ __ Data da coleta: _____________ Data da digitação: ___________________ Identificação: Nome do paciente: ______________________________________________ Registro CEHOPE: __________________ Data de nascimento: _________________ Data do diagnóstico (LLA): _________________ Características biológicas: Sexo: 1. masculino 2. feminino Estado nutricional: Peso __________ Kg Estatura: _________ cm Estadiamento da LLA: 1. Baixo risco 2. Alto risco Características sócio-demográficas: Procedência: 1. Recife 2. RMR 3. Interior 4. Outros estados (especificar: ______________________ Distância ___________km) Escolaridade materna (por série máxima estudada e aprovada): 1. analfabeta 2. alfabetizada 3. 1a a 4a série a a o o 4. 5 a 8 série 5. 1 ao 3 ano 6. nível superior Renda Familiar: R$ __________ /mês No habitantes no domicílio: ______ (-9 = renda eventual) Port cath – inclusão: __________ retirada: ___________ Número de episódios de NF: _____________ APÊNDICE 2 FORMULÁRIO ADICIONAL (Internamentos por neutropenia febril) PESQUISA: Fatores associados à infecção bacteriana invasiva em crianças portadoras de Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e neutropenia febril, admitidas no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP, no período de janeiro/2000 a janeiro/2003. Pesquisadora: Kaline Maciel Formulário-Adicional Número:_____ - ______ Data da coleta: _________________ Data da digitação: _______________ Identificação: Iniciais do paciente: __________________ Registro CEHOPE: _____________ Data do internamento atual: : ____________ Características biológicas: Estado nutricional: Peso _____________ Kg Estatura: _______ cm Características relacionadas a LLA: Sim 2. Não Infiltração leucêmica da medula óssea: 1. Dias desde a última quimioterapia: _______ dias Acompanhamento prévio (origem): 1. Hospitalar 2. Ambulatorial Fase do tratamento: 1. Indução 2. Manuteção (Semana _____) 3. Reindução Características clínico-laboratoriais: Temperatura: ________o Celsius Hipotensão: 1. Sim 2. Não Uso de cateter venoso central: 1. Sim 2. Não 3. Não informado Hemoglobina: _______ g% Leucócitos: ________________ / mm3 Neutrófilos: ______________ / mm3 Monócitos: _________ /mm3 Plaquetas: __________________ / mm3 Duração da neutropenia - admissão: _______ dias Durante internamento: ________ RX tórax : 1. Normal 2. Pneumonia Topografia da infecção: (na alta) 1Febre de origem obscura e/ou 2Infecção da cavidade oral e/ou 345678910- Lesões infectadas de pele ou tecido mole e/ou Infecção respiratória alta (sinusite/otite) e/ou Pneumonia e/ou Gastroenterite e/ou Infecção urinária e/ou Meningite e/ou Sepse e/ou outras (especificar: _____________________________) Infecção bacteriana Invasiva: 1. Se sim, 1. Sim 2. Demonstrada 2. Não Provável Desfecho: 1. Alta 2. Óbito Data: : ____________ Tempo de permanência hospitalar: ________ dias. Culturas resgatadas ___________ APÊNDICE 3 DISPENSA DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Ao Comitê de ética em Pesquisa Venho, através desta, solicitar dispensa do consentimento livre e esclarecido para a pesquisa “Fatores associados à infecção bacteriana invasiva em crianças portadoras de Leucemia Linfóide Aguda e neutropenia febril, admitidas no Serviço de Oncologia Pediátricas do IMIP, no período de janeiro/2000 a janeiro/2003, pelos seguintes motivos: 1- Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo com consultas em prontuários. 2- O estudo incluiu o período de jan/2002 a dez/2003, tento todos os pacientes finalizados o tratamento, só retornando ao Serviço periodicamente para consultas de revisão e outros foram a óbito. Desta forma, teremos grande dificuldade para localização destas famílias pelo fato de a maioria residir no interior e mesmos os pacientes que residem na cidade apresentarem grande mobilidade, o que dificulta a obtenção do termo. Recife, ____/ ____/ _____ ______________________________________ Responsável pela pesquisa ANEXO 1 CENTRO DE HEMATOLOGIA E ONCOLOGIA PEDIÁTRICA SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA - IMIP LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA - LLA Nome: Sexo: Cor: Idade: Procedencia: Data Diagnóstico: Tipo Citológico: Avaliacao Prognóstico: Apresentação Inicial da Doença: Mielograma= Leucocitos= Blastos = Hemoglobina= Plaquetas= Albumina: Citoquimica: Imunofenotipagem: Índice DNA: Biologia Molecular: Citogenética: LCR= Baço= Figado= Mediastino= Esqueleto= SNC= Linfonodos= DHL= Rx Torax= USG Abdominal= Registro: Data Nascimento: Estado: /mm3 % /g% /mm3 /cm do RCE /cm do RCD Varicela: Mielograma 14 dia= Mielograma final indução( Dia 43): Esquema Terapêutico= Data Inicio= Data Fim= Data RC: OBS: PESO: ALT: SC: ANEXO 2 CENTRO DE HEMATOLOGIA E ONCOLOGIA PEDIÁTRICA - CEHOPE SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA - IMIP ESTUDO XIIIB – SJCRH/IMIP - LLA As leucemias linfoides agudas (LLA), são classificadas em dois grandes subgrupos: RISCO STANDARD (RS) ALTO RISCO (AR) São considerados de RS todos os pacientes com as seguintes características: Idade: > 1 ano < 10 anos Leucocitos:< 25.000 /mm3 Linhagem B SNC: Ausência de paralisias, LCR normal tipo (1) São considerados de AR, todos os demais pacientes que apresentem uma ou mais das características acima citadas, e que não apresentem uma boa resposta terapêutica com mais de 5% de blastos na medula do dia 15. São considerado de maior Risco de desenvolverem neuroleucemia os pacientes com as seguintes características: Leucocitos > 50.000 /mm3 Cromossomo Ph+ Células T LCR: O exame do citocentrifugado classifica os pacientes de acordo com o número de células e blastos em: SNC (1) = Ausência de blastos SNC (2) = Presença de blastos e contagem de células < 5 SNC (3) = Presença de blastos e contagem de células > 5 Punções limpas (não traumáticas) são consideradas aquelas com < 10 hemacias. ESQUEMA TRATAMENTO INDUÇÃO/CONSOLIDAÇÃO = 8 SEMANAS MANUTENÇÃO = 120 SEMANAS RE-INDUÇÃO = NAS SEMANAS 16 à 21 TRATAMENTO: INDUÇAO RE-INDUÇÃO MANUT LLA-RS: SNC (1) LLAIND1 LLAREIN1 LLA-AR: LEUC<50.000 e SNC (1) LLAIND1 LLAREIN1 LLA-AR: LEUC>50.000, ou Cels T, ou SNC (2) LLAIND2 LLAREIN2 LLA-AR: SNC (3) LLAIND2 LLAREIN2 LLAMAN1 LLAMAN2 LLAMAN3 LLAMAN4 ESQUEMA TERAPÊTICO: LLAIND1 DROGAS Prednisona Oncovin Daunoblastina Asparaginase Vepeside Aracytin HDMTX Purinetol MADIT DOSAGENS/VIA 40 mg/m2/Dia em 3 doses 1.5 mg/m2/IV/Sem 25 mg/m2/IV/Sem 10000 U/m2/IM 300 mg/m2/IV em 1 hora 300 mg/m2/IV em 2 horas 2 G/m2/IV (Vide Administ) 75 mg/m2/Oral De acordo c/idade DOSES 29 4 2 9 3 3 2 14 4 ESQUEMA Dias 1 à 29 Dias 1-8-15-22 Dias 1-8 Dias 2-4-6-8-10-12 Dias 22-25-29 Dias 22-25-29 Dias 44-51 Diariamente Dias 1-22-43-51 LLAIND2 DROGAS Prednisona Oncovin Daunoblastina Asparaginase Vepeside Aracytin HDMTX Purinetol MADIT DOSAGENS/VIA 40 mg/m2/Dia em 3 doses 1.5 mg/m2/IV/Sem 25 mg/m2/IV/Sem 10000 U/m2/IM 300 mg/m2/IV em 1 hora 300 mg/m2/IV em 2 horas 2 G/m2/IV (Vide Administ) 75 mg/m2/Oral De acordo c/idade DOSES 29 4 2 9 3 3 2 14 6 ESQUEMA Dias 1 à 29 Dias 1-8-15-22 Dias 1-8 Dias 2-4-6-8-10-12 Dias 22-25-29 Dias 22-25-29 Dias 44-51 Diariamente Dias 1-8-15-22-43-51 LLAREIND1 Será feita entre as semanas 16-21, mesmo esquema da indução (1) exceto: VP-16 e Aracytin dias 25 e 29 (Doses 2 e 3). Fará MADIT dia 36 LLAREIND2 Igual ao LLAREIND1 com MADIT dia 1 e 36 MANUTENÇÃO: Duração 120 semanas LLAMAN1: HDMTX (8) MADIT (9) LLAMAN2: HDMTX (8) MADIT (11) LLAMAN3: HDMTX (8) MADIT (16) + RADIOTERAPIA 1800 cGY LLAMAN4: HDMTX (8) MADIT (16) + RADIOTERAPIA 2400 CGY Manutenção1 - MP+MTX, com pulsos a cada 4 semanas com DEXA+VCR. HDMTX 8 doses e 9 MADIT. Manutenção2 - Quatro pares de drogas alternados semanalmente: VP+CICLO, MP+MTX, MTX+ARAC, DEXA+VCR. HDMTX 8 doses e 11 MADIT Manutenção3 - Mesmos pares de drogas, mais 8 HDMTX, 16 MADIT e radioterapia do crânio com 1800 cGY na semana 56. Manutenção4 - Igual a manutenção3 porem a radioterapia é 2400 cGY. DROGAS: Prednisona Dosagens - Esquemas - Vias de Administração 40 mg/m2 /Oral em três tomadas Vincristine Daunoblastina Asparaginase Vepeside Aracytin HDMTX MADIT Ciclofosfamida MTX Purinetol Dexametasona 1.5 mg/m2 /IV - < 1 ano ou menos de 10 Kg fazer 0.05 mg/kg. Dose máxima 2 mg 25 mg/m2 /IV em 2 horas 10000 U/m2 /IM 300 mg/m2 /IV em 1 hora 300 mg/m2 /IV em 2 horas 2 G/m2 /IV em 2 horas (Ver esquema aplicação} De acordo com idade (Ver esquema) 300 mg/m2/ IV em 2 horas 40 mg/m2 /IM ou IV 75 mg/m2/Oral 8 mg/m2 /Oral em três tomadas Para pacientes menores de 1 ano o Vincristine será feito na dose de 0.05 mg/kg ANEXO 3 Ficha de Identificação Social I. FOTO 3x4 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Prontuário: _____________ IMIP:______________ Convênio ______________ A. Criança/Adolescente Nome ___________________________________________________________________ Data de Nascimento _____ / _____ / _____ CPF : ______________________ RG : ____________________ Nº da Certidão de Nascimento _________________ Livro nº ___________ Fls _________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Endereço _________________________________________________________________ Ponto de referência _________________________________________________________ Telefones de Contato: _______________________________________________________ Religião: _________________________________________________________________ Escolaridade: _____________________________________________________________ Estuda Sim ( ) Não ( ) Série _____________________________________ Colégio: __________________________ Telefone do colégio: ____________________ Repetência: ( ) Sim, série: _____________ ( ) Não B. Filiação Pai _____________________________________________________________________ CPF: _____________________ RG : ____________________ Estado civil atual: Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado/Divorciado ( ) Escolaridade (anos concluídos) : __________________ Idade: _____________________ Estuda Sim ( ) Não ( ) Série _______________________________ Lê e escreve Sim ( ) Não ( ) Endereço do trabalho ________________________________________________________ Profissão: __________________________ Atividade atual: _________________________ Vínculo previdenciário Sim ( ) Não ( ) Mãe _____________________________________________________________________ CPF: __________________ RG : ____________________ Estado civil atual: Solteira ( ) Casada ( ) Viúva ( ) Separada/Divorciada ( ) Escolaridade (anos concluídos) : __________________ Idade: _____________________ Estuda: Sim ( ) Não ( ) Série _____________________________________ Lê e escreve Sim ( ) Não ( ) Endereço do trabalho ________________________________________________________ Profissão: __________________________ Atividade atual: _________________________ Vínculo previdenciário Sim ( ) Não ( ) Programas do Governo: (colocar se está cadastrado em algum programa e o valor que recebe) Bolsa Escola: ______________________________________________________________ Bolsa Alimentação: _________________________________________________________ Vale Gás: _________________________________________________________________ Outros: ___________________________________________________________________ II. DADOS RELATIVOS À SAÚDE DA CRIANÇA / ADOLESCENTE Hospital: IMIP Diagnóstico _______________________________________________________________ CID: _________________ Início do Tratamento:_____/_____/_____ Abandonou o tratamento: Sim ( ) Não ( X ) Justificativa: -----------------------------------------------------------------------------------Data ---- /--- / ---Quantas pessoas estão disponíveis para acompanhar a criança / adolescente durante o tratamento? _____ Nome e grau de parentesco __________________________________________________ CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICO Nome Parentesco Idade Instrução Profissão Renda Renda familiar ( ) Sem renda ( ) Até 1 salário ( ) De 1 a 3 salários ( ) De 4 a 7 salários ( ) De 8 a 11 salários ( ) Renda Esporádica Responsável financeiro pela família: ___________________________________________ Possui parente(s) residente(s) no Recife? Sim ( ) Não ( ) Nome: ___________________________________________________________________ Parentesco: ______________________________________________________________ Endereço: _________________________________________________________________ Fone ____________________________________________________________________ IV. HABITAÇÃO A. Imóvel ( ) Próprio ( ) Alugada valor R$ ________ ( ) Cedida Por quem? _________ ( ) Invasão Estrutura: ( ) Alvenaria concluída ( ) Alvenaria em fase de acabamento ( ) Taipa ( ) Outros _____________________ Possui banheiro: ( ) Sim ( ) Não ( ) Interno ( ) Externo ( ) com vaso sanitário Número de cômodo(s): ( ) quarto ( ) sala ( ) cozinha ( ) outros Fácil acesso: ( ) Sim ( ) Não Infra-Estrutura básica: Instalação elétrica: ( ) Sim ( ) Não ( ) Clandestina ( ) Outros __________ Instalação sanitária: Dejetos ( ) Esgoto ( ) Limpeza pública ( ) Fossa ( ) Incinerado ( ) Saneamento ( ) Enterrado ( ) Outros Instalação hidráulica: ( ) Encanada ( ) Poço ( ) Outros: ___________________ Piso: ( ) Chão batido ( ) Cimento liso ( ) Cerâmica ( ) Outros _________ Teto: ( ) Telha comum ( ) Telha brasilit ( ) Laje ( ) Outros__________ Mobília: Sofá ( ) Sim ( ) Não Mesa de Jantar ( ) Sim ( ) Não Cadeiras ( ) Unidades Camas ( ) Unidades Guarda-roupas ( ) Unidades _____ Mobília Completa ( ) Sim Eletrodomésticos: Fogão ( ) Geladeira ( ) Liquidificador ( ) Ferro de passar ( ( ) Ventilador ) Ar condicionado ( ) Televisão ( ) ( ) Som ( ) Vídeo Cassete ( ) Rádio ( ) DVD ( ) Telefone Convencional Eletrodomésticos Completo ( ) Sim Roupagem de Cama e Banho: ( Travesseiro ( ) Mosquiteiros ( ) Fronhas Roupagem Completa ( ( ) Celular ) Sim ( ) Lençóis ( ) Toalhas ( ) ) Não B. Condições de salubridade e localização Água p/ beber: ( ) filtro ( ) mineral ___________ Vizinho próximo: ( ) Sim ( Próximo a terreno baldio: ( ) Sim ( Próximo a depósito de lixo: ( ) Sim ( Próximo a depósito de fábricas: ( ) Sim ( ____________________________ Terreno Alagado: ( ) Sim ( )Não ( ) compesa ( ) outros ) Não ) Não ) Não ) Não Programa fornecido pelo município de origem: TFD : ( ) Sim ( ) Não Meio de Transporte para Recife: ( ) Transporte da Prefeitura comercial ( ) Ônibus V. CARACTERIZAÇÃO PSICO-SOCIAL DA FAMÍLIA ( ( ) Uso de bebida Alcoólica ) Pais Falecidos ( ) Uso de drogas ( ) Uso de cigarro ( ) casos de doença crônica na família / Quais? __________________________________________________________________________________ Situação Conjugal dos Genitores: ( ) Casados _____ anos ( ) Convivem Maritalmente _____ anos ( ) Separados: Tempo de convivência ___________, tempo de separação __________ ( ) Bom relacionamento entre os membros da família OBS:__________________________________________________________________ ___________ OBS: As informações acima foram fornecidas pelo responsável do paciente à assistente social na ocasião de sua admissão na Oncologia Pediátrica do IMIP. Recife, _____/_____/_____ _____________________________ Assistente Social da Oncologia Pediátrica do IMIP CONDUTA DO SERVIÇO SOCIAL ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________ CADASTRO DE BENEFÍCIOS DO NACC: ( ) CESTA BÁSICA ( ) SUPLEMENTO ALIMENTAR ( ) VALE TRANSPORTE ( ) ALBERGUE ( ) AUXÍLIO TRANSPORTE ( ) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO ( ) FISIOTERAPIA ( ) FONOAUDIOLOGIA ( )CLASSE HOSPITALAR EVOLUÇÃO DO CASO ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________ ____ Certidão de Nascimento do Paciente ____/____ ____ Resumo Social ____/____ ____ Ficha Social NACC ____/____ ____ Encaminhamento TFD ____/____ ____ Encaminhamento para o Benefício de Prestação Continuada ____/____ ____ Encaminhamento ao HEMOPE ______/______ (_____) encaminhamentos Acompanhantes do Paciente ______________________________________________________________________ ____________ __________________________________________________________________________ Data da admissão multidisciplinar: ____/____/_____ Familiares presentes na admissão multidisciplinar : ________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________ ______________________________________________________________________ ____________ ANEXO 4 Tabela – Critérios de disfunção orgânica – Consenso 2005 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo