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SiTOC
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“cartilha” de
Conhecimentos
Básicos
Para Cuidadores e Portadores de:
 Síndrome de Tourette (ST)
 Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
Julho/2003
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Índice:
Síndrome de Tourette (ST) ........……………….. 02
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ...... 08
Datas das Reuniões Mensais do SiTOC........... 19
Tabela de Medicamentos para TOC.................. 21
O que é Síndrome de Tourette?
A Síndrome de Tourette (ST) é um distúrbio neurológico ou "neuro-químico"
que se caracteriza por tiques - movimentos abruptos, rápidos e involuntários - ou por
vocalizações que ocorrem repetidamente com o mesmo padrão.
Seus sintomas incluem:
1.Tiques motores múltiplos e pelo menos um tique vocálico precisam estar presentes
por algum tempo durante a doença porém não necessariamente de forma simultânea;
2.A periodicidade dos tiques é muitas vezes ao dia (geralmente em salvas), quase todo
dia ou intermitentemente ao longo de pelo menos um ano;
3.Há uma variação periódica no número, na freqüência, no tipo e localização dos
tiques; também a intensidade dos sintomas tem um caráter flutuante. Os sintomas
podem chegar até a desaparecer por semanas ou alguns meses; e
4.Início antes dos 18 anos de idade
O termo "involuntários", usado para descrever os tiques da ST, é fonte de alguma
controvérsia, pois que se sabe que a maioria dos portadores consegue um limitado
controle sobre seus sintomas. Porém se sabe que este limitado controle, que se
consegue exercer durante alguns segundos ou até horas, se faz às custas de um
adiamento que resulta por fim em uma salva muito intensa dos tiques que estavam
sendo inibidos. Os tiques são vivenciados como algo irresistível (como por exemplo a
necessidade de espirrar) e que precisa por fim se manifestar. As pessoas com ST
muitas vezes procuram um local escondido para dar vazão a seus tiques após tê-los
inibido a duras penas na escola ou no trabalho. É típico dos tiques serem exacerbados
(porém não causados) por estresse e diminuírem com o relaxamento ou com a
concentração em uma tarefa aprazível. Os indivíduos lutam não só contra a doença em
si mesma, mas também contra o estigma social de que são vítimas.
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Perguntas & Respostas
P: Como se classificam os tiques?
R: Há duas categorias de tiques na ST e eis alguns exemplos:
Simples:
Motores - Piscar os olhos, repuxar a cabeça, encolher os ombros, fazer caretas;
Vocais - Pigarrear, limpar a garganta, grunhir, estalidos com a língua, fungar e
outros ruídos.
Complexos:
Motores - Pular, tocar pessoas ou coisas, cheirar, retorcer-se e, embora muito
raramente, atos de auto-agressão, tais como machucar-se ou morder a si próprio;
Vocais - Pronunciar palavras ou frases comuns porém fora do contexto, ecolalia
(repetição de um som, palavra ou frase de há pouco escutados) e, em raros
casos, coprolalia (dizer palavras ou expressões socialmente inaceitáveis; podem
ser insultos, palavras de baixo calão ou obscenidades). A margem de expressão
de tiques ou sintomas assemelhados na ST é imensa. A complexidade de alguns
sintomas freqüentemente surpreende e confunde os familiares, amigos,
professores e empregadores que dificilmente acreditam que as manifestações
motoras ou vocais sejam "involuntárias".
P: As pessoas portadoras de ST apresentam outros distúrbios além dos tiques ?
R: A freqüência de distúrbios associados ainda é um ponto controverso entre os
especialistas porém alguns dos portadores de ST podem ter problemas adicionais tais
como:
Obsessões - representações, idéias ou pensamentos repetitivos, indesejados ou
incômodos.
Compulsões - comportamentos repetitivos, freqüentemente ritualizados em que o
indivíduo tem a sensação de que algo precisa ser executado de uma forma muito
específica e correta, e novamente. Exemplos incluem tocar um objeto com uma mão e
depois com a outra para que "as coisas permaneçam iguais", ou checar repetidas vezes
se a chama do fogão está apagada. As crianças costumam pedir aos pais que repitam
uma sentença muitas vezes até que "o som fique certo".
Transtorno de Déficit de Atenção (com ou sem Hiperatividade) ou Transtornos
Hipercinéticos - As crianças podem apresentar sinais de hiperatividade antes do
surgimento dos sintomas da ST. Indícios do transtorno de hiperatividade e déficit
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de atenção podem ser: dificuldade de se concentrar, não conseguir completar as
tarefas iniciadas, dar a impressão de que não escuta o que se lhe é dito, distrairse facilmente, agir de forma intempestiva, frustar-se ou desistir facilmente, pular
constantemente de uma atividade para outra, necessitar de muita supervisão
para levar a cabo uma tarefa ou uma inquietação generalizada. Os adultos
podem exibir sinais de TDAH tais como comportamento francamente impulsivo,
dificuldades de concentração e necessidade de mover-se constantemente.
Transtorno de déficit de atenção sem hiperatividade inclui todos os itens citados
anteriormente exceto pelo alto grau de atividade.
Transtornos Específicos do Aprendizado - em alguns casos podem estar
presentes, tais como dislexia, dificuldades à escrita ou leitura, ou problemas na
integração visual-motora.
Problemas reativos - resultantes das dificuldades diárias enfrentadas como
estigmatização (discriminação, preconceito, desprezo, isolamento), baixa autoestima proveniente dos sintomas, dificuldades de atenção acarretando baixo
rendimento acadêmico, são fatores que podem levar a estados depressivos
Distúrbios do sono - podem ocorrer como sonambulismo, dificuldade em
conciliar o sono ou despertares freqüentes.
Dificuldade em controlar os impulsos - que pode resultar em comportamentos
impróprios, explosivos ou excessivamente agressivos.
P: Quais são os primeiros sintomas?
R:A maioria das vezes o primeiro sintoma que aparece é um tique facial, como por
exemplo piscar muito rápido dos olhos ou torções da boca. Todavia, sonorizações
involuntárias, tais como pigarrear ou fungar, ou tiques afetando os membros podem
também ser os sintomas iniciais. Em alguns casos o distúrbio irrompe abruptamente
com múltiplos sintomas de movimentos anômalos e tiques vocais.
P: Qual a causa dos sintomas?
R: A causa não foi ainda definitivamente encontrada, mas as pesquisas atuais mostram
forte evidência de que o problema se origina de anomalias metabólicas de pelo menos
um neurotransmissor cerebral chamado dopamina.
Provavelmente outros neurotransmissores, tais como serotonina também estão
implicados em sua gênese
P: Como se diagnostica ou identifica a ST?
R: O diagnóstico se faz observando-se os sinais e sintomas e pelo histórico do
surgimento dos sintomas. Nenhum exame de sangue ou de imagem ou de qualquer
outro tipo estabelece o diagnóstico de ST. No entanto o médico pode solicitar alguma
investigação complementar (EEG, tomografia ou certas análises sangüíneas) para
descartar outras doenças raras que em um caso específico pudessem estar presentes e
expressar sintomas semelhantes aos da ST.
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P: É hereditária?
R: Há estudos genéticos mostrando que os distúrbios de tiques, incluindo ST, são
herdados como gen ou genes dominante(s) com a capacidade de produzir
sintomatologia variada nos diversos membros da família. O indivíduo portador de ST
tem uma chance de cerca de 50 por cento de transmitir seu gen ou genes sua prole. No
entanto este gen ou genes podem se expressar como ST, ou uma síndrome de tiques
bastante leve, ou como um transtorno obsessivo compulsivo sem expressão de tiques
de espécie alguma. Sabe-se que a incidência de tiques leves e manifestações obsessivo
compulsivas é mais elevada entre os familiares dos pacientes com ST. O sexo da
criança também influencia a expressão do gen ou genes. A chance de que o filho de
um portador de TS venha a ter o mesmo distúrbio é pelo menos três vezes maior para
os filhos do sexo masculino. Todavia somente uma minoria das crianças que herdam
este gen ou genes manifestarão sintomas cuja gravidade tornará imperiosa a
assistência médica. E há casos de ST em que não se identifica hereditariedade; são
casos designados como ST esporádica pois que não se pode estabelecer vinculação
genética.
P: Existe cura?
R: Ainda não.
P: É possível uma remissão dos sintomas?
R: Remissão pode ocorrer a qualquer instante. Os dados atualmente disponíveis
sugerem que os tiques tendem a estabilizar-se e a ficar menos intensos na idade adulta.
As pessoas diagnosticadas têm o mesmo tempo de vida que as pessoas sem a
síndrome.
P: Como se trata a ST?
R: A maioria das pessoas com ST não é prejudicada de forma significativa pelos
sintomas e por conseguinte não necessitam de tratamento medicamentoso.
No entanto, existem medicações eficazes que auxiliam no controle dos sintomas
quando estes prejudicam a vida do paciente. Exemplos de fármacos úteis são
haloperidol, pimozida, clonidina, clonazepam. Estudos recentes apontam a utilidade
de novas drogas como risperidona e paroxetina como eficazes no manejo do
componente impulsivo. Drogas como metilfenidato ou dextroanfetamina prescritos
para hiperatividade podem ser prescritos com cautela. Sintomas obsessivocompulsivos podem tratar-se com clomipramina , fluoxetina e outras medicações
semelhantes.
A dose necessária para se obter o melhor controle possível é individual e varia para
cada paciente e precisa, portanto ser meticulosamente monitorizada pelo médico. O
medicamento é administrado em pequenas doses com aumentos graduais até que se
atinja o máximo alívio de sintomas com o mínimo de efeitos colaterais. Algumas
reações adversas à medicação podem ocorrer eventualmente tais como fadiga,
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inquietação motora, ganho ponderal e retraimento social, sendo que a maioria destas
reações podem, por sua vez, serem controladas com outras medicações específicas.
Outros tipos de efeitos colaterais que por vezes aparecem como depressão ou prejuízo
cognitivo podem ser aliviados com redução ou substituição da medicação.
Outras modalidades de terapia também podem ser úteis. Por vezes psicoterapia pode
ajudar o indivíduo portador de ST e auxiliar sua família a lidar com os problemas
psicossociais que acompanham a ST. Algumas técnicas cognitivo-comportamentais
podem facilitar a substituição por um tique mais aceitável. O uso de técnicas de
relaxamento ou biofeedback podem ser úteis durante períodos prolongados de estresse
intenso.
P: Os alunos com ST têm diferentes necessidades educacionais?
R: Os estudantes com ST têm QI igual ao das outras crianças e a maioria deles tem
bom desempenho acadêmico numa classe normal para sua idade. Algumas crianças
poderão necessitar de um apoio educacional especial. Alguns alunos que possuem
certos transtornos de aprendizado que, combinados com o transtorno de déficit de
atenção e com as dificuldades inerentes de ter de lidar com tiques freqüentes podem
requisitar uma atenção pedagógica mais intensa.
Algumas crianças podem requerer supervisão individual em uma sala de estudos, por
exemplo. Ou ainda exames orais quando os sintomas da criança interferem em sua
capacidade de escrever. O uso nestes casos de gravadores, máquinas de escrever ou
computadores para os distúrbios da leitura e da escrita (nos raros casos em que estes
estiverem presentes no quadro clínico), provas e exames sem limite de tempo
(particularmente úteis quando as salvas de tiques atrapalham a adequação ao tempo
limite para responder às perguntas), provas em aposento à parte (quando os tiques
vocais estiverem intensos e atrapalhando o curso da prova) ou permissão para sair da
sala para aliviar-se da salva de tiques. Todas estas medidas pedagógicas são simples
de se executar e resolvem muitas dificuldades práticas. Todos os estudantes com
síndrome de Tourette precisam de um ambiente compreensivo e tolerante, que os
encoraje a trabalhar para atingirem todo seu potencial e que seja flexível o bastante
para atender suas necessidades específicas.
P: É importante tratar a Síndrome de Tourette precocemente?
R: Sim se os sintomas são perturbadores ou assustadores. Os sintomas retratados
podem provocar rejeição e ridículo por parte de colegas, vizinhos, professores e até
observadores ocasionais. Os pais podem se sentir arrasados pelo caráter inusitado do
comportamento de seu filho. A criança corre o risco de ser ameaçada, excluída das
atividades familiares e privada de se envolver nas atividades e relacionamentos
corriqueiros de sua faixa etária. Tais dificuldades tendem a aumentar na adolescência,
um período muito especial na vida dos jovens e mais ainda na de uma pessoa que luta
contra as dificuldades de uma doença neurológica. O diagnóstico e tratamento
precoces são recomendáveis para evitar ou minimizar danos psicológicos.
P: A ST chega a afetar a escolha da profissão do indivíduo?
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R: Algumas raras vezes a ST prejudica a escolha da profissão. Não podemos nos
esquecer de que a maioria dos pacientes são portadores de formas leves da ST.
Entrementes um número crescente de portadores de formas moderadas ou até mais
intensas da ST vêm obtendo sucesso profissional nas mais diversas áreas como
medicina, engenharia, direito, jornalismo, esportes e ciência da computação. Muitos
outros estão sendo treinados com sucesso em centros universitários em áreas técnicas
e de comércio.
P: Como surgiu o nome da Síndrome de Tourette?
R: Em 1825 o primeiro caso de ST foi relatado na literatura médica pelo Dr. Itard. Foi
a descrição do quadro clínico da Marquesa de Dampierre, cujos sintomas incluíam
tiques involuntários afetando muitas partes do corpo e vários tiques complexos
incluindo ecolalia e coprolalia. Ela viveu até a idade de 86 anos e foi novamente
descrita em 1883 pelo Dr. Gilles de la Tourette, neurologista francês a partir de quem
a síndrome foi nomeada. Várias pessoas de destaque na história da humanidade foram
portadores da síndrome como por exemplo André Maulraux, o famoso escritor francês
e Samuel Johnson, uma das mais brilhantes figuras da literatura inglesa do século
dezoito.
P: Quantas pessoas são afetadas pela Síndrome de Tourette?
R: Não há uma resposta definitiva pois existem muitas pessoas portadoras da ST que
não são identificadas. Estudos genéticos recentes sugerem que a cifra talvez seja uma
pessoa a cada duzentas se na contagem forem incluídos os distúrbios de tiques
crônicos e transitórios.
P: Quais são as linhas de pesquisa atuais?
R: Recentemente o interesse tem sido o estudo sobre os mecanismos pelos quais o
distúrbio se transmite de uma geração a outra e os pesquisadores estão tentando
localizar o marcador genético da ST. Um grupo cooperativo internacional de cientistas
formou uma rede única que compartilha e executa um trabalho de pesquisa conjunta
sobre a genética da ST. Informação científica adicional será obtida a partir de estudos
de grandes famílias com numerosos membros afetados pela ST. Ao mesmo tempo os
investigadores continuam a estudar grupos específicos de neurotransmissores para
entender melhor a síndrome e desenvolver tratamentos novos e aperfeiçoados. Outra
linha de investigação é a identificação de subgrupos dentro da ST.
P: Existem sociedades ou grupos de apoio aos portadores e familiares?
R: Durante o I Encontro Pró-Astoc, realizado nos dias 25 e 26 de maio de 1996, foi
criada a Associação de Pacientes com Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno
Obsessivo-Compulsivo, que contou com a presença da ex-presidente da Tourette
Syndrome Association, Sue-Levi Pearls, dos Estados Unidos da América. Esta
entidade tem o objetivo de divulgar e informar aos médicos e pacientes sobre a
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patologia, arrecadar doações para a formação de um fundo de pesquisa que atenda às
necessidades e interesses dos próprios pacientes como, por exemplo, na área
psicossocial. Uma outra área em que a ASTOC (veja endereços na página 13 desta
apostila) atua é no campo de orientar professores e educadores, além de proteger os
interesses dos alunos portadores destas síndromes. Os encontros promovidos pela
ASTOC permitem a troca de idéias e sentimentos sobre os problemas comuns aos
pacientes e familiares. Uma dificuldade enfrentada é identificar se um determinado
comportamento seria uma expressão da ST (ou o Transtorno Obsessivo-Compulsivo)
ou tão somente um comportamento manipulativo sem relação com os sintomas em si,
e como agir frente a isso. As crianças devem ser encorajadas a controlar os
comportamentos socialmente inaceitáveis sempre que possível e a tentar substituir as
condutas inaceitáveis por outras socialmente aceitáveis.
A matéria deste artigo será atualizada a cada avanço do conhecimento científico.
O presente artigo foi traduzido e adaptado pelo Dr. José Carlos Ramos Castillo a partir do texto presente na
homepage da Tourette Syndrome Foundation of Canada (www.tourette.ca).
ASTOC - Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo - Compulsivo
Copyright © 2003 Astoc. Todos os direitos reservados. www.astoc.org.br
TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO
CONSENSO DOS ESPECIALISTAS NAS
ORIENTAÇÕES PARA O TRATAMENTO DO
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO(TOC):
UM GUIA PARA PACIENTES E SUAS FAMÍLIASSe você ou uma pessoa de quem você gosta foi diagnosticada com Transtorno Obsessivo-Compulsivo
(TOC), talvez a sua impressão é de que você seja a única pessoa a enfrentar as dificuldades dessa doença.
Mas você não está sozinho. Nos Estados Unidos, um em cada 50 adultos é atualmente portador de TOC e
duas vezes esse número já sofreu da doença em algum momento de sua vida. Felizmente, existem agora
tratamentos para esse transtorno que são muito eficazes e ajudam a recuperar uma qualidade de vida mais
satisfatória. Eis aqui algumas das respostas às perguntas mais freqüentemente feitas sobre o Transtorno
Obsessivo-Compulsivo.
O QUE É O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO?
Preocupações, dúvidas, crenças supersticiosas -- tudo isso é comum no dia a dia. No entanto, quando se
tornam tão excessivas ou são totalmente destituídas de sentido, como por exemplo, ficar dando voltas e mais
voltas no quarteirão para ter certeza de que não aconteceu nenhum acidente, então é feito o diagnóstico de
TOC. No TOC, parece que o cérebro fica atolado num determinado pensamento ou necessidade e não
consegue mais se desvencilhar. As pessoas com TOC costumam dizer que os sintomas parecem um caso
de "soluço mental", que não passa. O TOC é um transtorno mental de natureza médica, que provoca
problemas no processamento da informação. Não é culpa do paciente, nem é o resultado de uma
personalidade "fraca" ou instável. Antes do advento dos medicamentos modernos e da terapia
comportamental cognitiva, o TOC em geral era considerado não tratável. A maioria das pessoas afetadas
pelo TOC continuava a sofrer, apesar de anos de psicoterapia ineficaz. Hoje, felizmente, o tratamento pode
ajudar a maioria dos pacientes com TOC. Embora somente seja totalmente curável em alguns indivíduos, a
maioria das pessoas atinge um alívio dos sintomas a longo prazo com um tratamento abrangente.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO?
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O TOC geralmente envolve tanto a obsessão como a compulsão, embora a pessoa possa ter apenas um ou
outro. Na Tabela 1 apresentamos algumas obsessões e compulsões mais comuns. Os sintomas do TOC
podem ocorrer em pessoas de qualquer idade. Nem todo comportamento obsessivo-compulsivo representa
uma doença. Alguns rituais (por exemplo, canções na hora de dormir, práticas religiosas) são uma parte
muito bem-vinda da vida diária. As preocupações normais, como medo de contágio ou contaminação, podem
aumentar em época de stress, como por exemplo quando na família há alguém que está doente ou
morrendo. Somente quando persistentes, destituídos de sentido, ou provocarem muita angústia e interferirem
com o funcionamento do indivíduo, devem os sintomas merecer atenção clínica.
Obsessões.
As obsessões são pensamentos, imagens, ou impulsos que ocorrem repetidamente e parecem estar fora de
controle. A pessoa não quer ter essas idéias, considera-as perturbadoras e intrusivas, e na verdade
reconhece que são destituídas de sentido. As pessoas com TOC podem se preocupar excessivamente com
sujeira e germes, e ficar obcecadas com a idéia de que estão contaminadas ou poderão contaminar os
outros. Ou então têm medo excessivo de inadvertidamente prejudicar alguém (talvez enquanto está dando
marcha-a-ré), embora saiba que isso não é realista. As obsessões vêm acompanhadas de sentimentos
desconfortáveis, como medo, nojo, dúvida ou a sensação de que as coisas devem ser feitas "só desse jeito".
Compulsões.
As pessoas com TOC em geral tentam afastar suas obsessões pondo em prática algumas compulsões. As
compulsões são atos que as pessoas realizam repetidamente, com freqüência seguindo certas "regras". As
pessoas com obsessões de contaminação lavam as mão constantemente, a ponto de torná-las
avermelhadas e inflamadas. Uma pessoa pode ficar verificando incessantemente se desligou o fogão ou o
ferro, devido a um temor excessivo de incendiar a casa. Ou conta certos objetos sem parar, por uma
obsessão de vir a perdê-los. À diferença do jogo ou da bebida compulsivos, as compulsões do TOC não
trazem nenhum prazer ao indivíduo. Pelo contrário, os rituais são realizados para obter alívio do desconforto
provocado pelas obsessões.
Outras características do transtorno obsessivo-compulsivo.



Os sintomas do TOC provocam angústia, consomem tempo (mais de uma hora por dia) ou interferem
de maneira significativa com o trabalho, a vida social ou o relacionamento das pessoas.
A maioria dos indivíduos com TOC reconhece em determinado momento que suas obsessões
provém de suas próprias mentes, que não são apenas excesso de preocupação sobre problemas
reais, e que as compulsões que realizam são excessivas e pouco razoáveis. Quando alguém com
TOC não consegue reconhecer que suas crenças e ações são pouco razoáveis, dá-se a isso o nome
de TOC com pouco insight.
Os sintomas de TOC tendem a esmaecer com o tempo. Alguns podem se tornar mero ruído de
fundo; outros podem provocar angústia extrema séria.
QUANDO COMEÇA O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO?
O TOC pode começar em qualquer momento, desde a idade pré-escolar até a adulta (normalmente por volta
dos 40 anos). De um terço à metade dos adultos com TOC relatam que o início se deu durante a infância.
Infelizmente, o TOC passa despercebido com muita freqüência. Em média, as pessoas com TOC consultam
3 a 4 médicos e passam 9 anos à procura de tratamento, antes de receberem o diagnóstico correto. Os
estudos comprovaram ainda que transcorrem em média 17 anos, desde o momento em que se instala o TOC
até que as pessoas consigam tratamento adequado. O TOC tende a ser sub-diagnosticado e sub-tratado por
diversos motivos. As pessoas com TOC podem manter segredo sobre seus sintomas ou carecer de insight
sobre sua doença. Nos serviços médicos, muitos não estão familiarizados com os sintomas e não estão
treinados para dar o tratamento adequado. Algumas pessoas não têm acesso aos recursos de tratamento.
Isso é uma pena, pois o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, inclusive a prescrição dos
medicamentos corretos, podem ajudar as pessoas a evitar o sofrimento associado ao TOC e diminuir o risco
de desenvolverem outros problemas, tais como a depressão ou problemas conjugais ou de trabalho.
O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO É HEREDITÁRIO?
Não foram ainda identificados genes específicos do TOC, porém a pesquisa sugere que os genes têm um
papel no desenvolvimento do transtorno em alguns casos. O surgimento do TOC na infância tende a ser uma
característica familiar (às vezes associada a algum transtorno de tiques). Quando um dos pais tem TOC,
existe um risco ligeiramente maior de que a criança desenvolva TOC, embora o risco ainda seja pequeno.
Quando há ocorrência de TOC na família, a natureza geral do TOC aparentemente é hereditária, mas não os
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sintomas específicos. Portanto, a criança poderá ter rituais de verificação, enquanto que a mãe se lava de
maneira compulsiva.
O QUE PROVOCA O TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO?
Não existe uma única causa comprovada para o TOC. As pesquisas sugerem que o TOC envolve problemas
de comunicação entre a parte frontal do cérebro (o córtex orbital) e as estruturas mais profundas (os gânglios
basais). Essas estruturas cerebrais utilizam a serotonina mensageira. Acredita-se que níveis insuficientes de
serotonina estejam envolvidos de maneira preponderante no TOC. As drogas que aumentam a concentração
de serotonina no cérebro, com freqüência ajudam a melhoria dos sintomas de TOC. Imagens do cérebro em
funcionamento também demonstram que os circuitos cerebrais envolvidos no TOC retornam ao normal nas
pessoas que melhoram após terem sido medicadas com serotonina, ou recebido terapia comportamental
cognitiva. Embora pareça claro que os níveis reduzidos de serotonina tenham um papel no TOC, não há
exames laboratoriais de TOC. Pelo contrário, o diagnóstico se baseia na avaliação dos sintomas da pessoa.
Quando o TOC começa repentinamente na infância, associada à faringite séptica, pode estar envolvido um
mecanismo auto-imune e o tratamento com antibióticos pode ser de utilidade.
QUE OUTROS PROBLEMAS SE CONFUNDEM ÀS VEZES COM TOC?
Alguns transtornos que se parecem muito ao TOC e podem responder a alguns dos mesmos tratamentos
empregados são: a tricotilomania (puxar compulsivamente os cabelos), o transtorno dismórfico do corpo
(feiúra imaginária) e transtornos de hábito, como roer as unhas ou beliscar a pele. Embora compartilhem
algumas similaridades superficiais, os problemas de controle de impulsos, como o uso abusivo de remédios,
o jogo patológico, e a atividade sexual compulsiva, provavelmente não têm qualquer relação significativa com
os TOC.
As condições que mais freqüentemente se assemelham ao TOC são os tiques (transtorno de Tourette e
transtorno de tiques motores ou verbais). Os tiques são comportamentos motores involuntários (como
caretas), ou comportamentos orais (bufidos) que ocorrem freqüentemente, como conseqüência de um
sentimento de desconforto. Tiques mais complexos, como tamborilar, tocar, podem se parecer mais às
compulsões. Os tiques e o TOC ocorrem muito mais freqüentemente em associação quando um ou outro
surgiu na infância.
A depressão e o TOC, em geral, ocorrem conjuntamente no adulto e, mais raramente, nas crianças e
adolescentes. No entanto, salvo se houver também um quadro de depressão, as pessoas com TOC em geral
não são tristes ou desprovidas de prazer e as pessoas que têm depressão, mas que não têm TOC,
raramente têm o tipo de pensamentos intrusivos característicos do TOC.
Embora o stress possa piorar o quadro de TOC, a maioria das pessoas com TOC relata que se movimentam
à vontade sozinhas. O TOC é fácil de diferenciar de uma condição denominada distúrbio de stress póstraumático, porque o TOC não foi provocado por nenhum evento terrível.
A esquizofrenia, os delírios e outras condições psicóticas geralmente são fáceis de distinguir do TOC porque,
à diferença do indivíduo psicótico, as pessoas com TOC continuam a ter uma noção muito clara do que é
real ou não.
Nas crianças e adolescentes, o TOC pode piorar ou provocar comportamentos perturbadores, acentuando
um transtorno de aprendizado pré-existente, provocar problemas de atenção e concentração, ou interferir
com o aprendizado na escola. Em muitas crianças com TOC, esses comportamentos perturbadores estão
relacionados com o TOC e desaparecem com o tratamento adequado.
Os indivíduos com TOC podem ter problemas com abuso de remédios, muitas vezes como resultado de
tentativas de auto-medicação. O tratamento específico para abuso de remédios em geral também se faz
necessário.
As crianças e adultos com transtornos de desenvolvimento pervasivo (autismo, transtorno de Asperger), são
extremamente rígidas e compulsivas, com comportamentos estereotipados, que muitas vezes se parecem ao
TOC grave. No entanto, pacientes com esses transtornos de desenvolvimento pervasivos têm problemas
extremamente sérios de relacionamento e comunicação com outras pessoas, o que não ocorre com o TOC.
Apenas um pequeno número de portadores de TOC tem o conjunto de traços de personalidade chamado de
transtorno obsessivo-compulsivo de personalidade (OCPD). Apesar de sua denominação semelhante, o
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OCPD não se refere a obsessões e compulsões, mas sim um a padrão de personalidade que envolve a
preocupação com regras, horários, listas, perfeccionismo, excesso de devoção ao trabalho, rigidez e
inflexibilidade. No entanto, quando uma pessoa tem OCPD e TOC, o tratamento bem sucedido do TOC em
geral provoca uma mudança favorável na personalidade do paciente.
COMO É TRATADO O TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO?
O primeiro passo no tratamento do TOC é instruir o paciente e sua família quanto ao TOC e seu tratamento
como doença médica. Nos últimos 20 anos, foram desenvolvidos dois tratamentos eficazes para o TOC: a
psicoterapia cognitivo-comportamental (CBT) e a medicação com um inibidor de reabsorção de serotonina
(SRI).
Estágios do Tratamento:
Fase aguda: o tratamento destina-se a dar um fim ao episódio atual do TOC.
Tratamento de manutenção: o tratamento destina-se a prevenir futuros episódios de TOC.
Componentes do Tratamento:
Educação: Este ponto é crucial para ajudar os pacientes e a família a aprenderem melhor
como lidar com o TOC e prevenir suas complicações.
Psicoterapia: A psicoterapia comportamental-cognitiva (CBT) é o elemento chave no
tratamento da maioria dos pacientes com TOC.
Medicação: A medicação com o inibidor de reabsorção de serotonina (SRI) é de grande
utilidade para muitos pacientes.
EDUCAÇÃO
Existe alguma coisa que eu possa fazer para melhorar meu transtorno?
Definitivamente, sim. Você precisa se tornar um perito em sua doença. Dado que o TOC pode desaparecer e
voltar muitas vezes durante sua vida, você e sua família, e as pessoas mais próximas, devem aprender tudo
sobre o TOC e seu tratamento. Isso irá ajudar a obter o melhor tratamento e manter a doença sob controle.
Leia livros, assista a palestras, converse com seu médico ou terapeuta, pense em fazer parte da Fundação
de Obsessão-Compulsão. No final deste folheto, damos uma lista de leituras recomendadas e fontes de
informação. Ser um paciente bem informado é o caminho mais certo para o sucesso.
Com que freqüência devo conversar com o médico clínico?
Ao iniciar o tratamento, a maioria das pessoas conversa com o clínico pelo menos uma vez por semana,
para desenvolver um plano de psicoterapia e para acompanhar os sintomas, as doses de medicação e os
efeitos colaterais. À medida que forem melhorando, irão consultar o médico com menos freqüência. E
quando estiverem bem, apenas uma vez por ano.
Independentemente das consultas ou exames de sangue já marcados, você deve ligar para seu médico
sempre que:





Houver recidiva séria dos sintomas de TOC, sem causa aparente.
Houver uma piora dos sintomas de TOC, que não reagem à estratégias aprendidas
na psicoterapia.
Houverem mudanças nos efeitos colaterais da medicação.
Aparecerem novos sintomas de outro transtorno (por exemplo, pânico ou
depressão).
Houver uma crise (mudança de emprego) que possa piorar o TOC.
Que fazer se achar que devo interromper o tratamento?
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É normal aparecerem dúvidas ou desconforto com o tratamento. Converse a respeito de suas preocupações
ou inquietações com o seu médico, terapeuta e com a família. Se achar que a medicação não está
funcionando ou está provocando efeitos colaterais desagradáveis, informe seu médico. Não interrompa nem
ajuste a medicação por conta própria. Juntamente com seu médico, vocês podem encontrar a melhor
medicação e a mais confortável para você. Também não se acanhe em pedir uma outra opinião médica,
especialmente a respeito da psicoterapia. As consultas com um especialista em medicação ou em
psicoterapia podem ser de grande ajuda. Lembre-se: é mais difícil controlar o TOC do que mantê-lo sob
controle. Por isso, não arrisque uma recidiva, interrompendo seu tratamento antes de falar com o médico.
O que podem fazer a família e os amigos para ajudar?
Muitas pessoas da família se sentem frustradas e confusas perante os sintomas do TOC. Não sabem como
ajudar. Se você tem alguém na família, ou um amigo com TOC, a sua tarefa primeira e mais importante é
aprender o máximo possível sobre o transtorno, suas causas, seu tratamento. Ao mesmo tempo, deve se
certificar que a pessoa com o TOC tem acesso às informações sobre a doença. Recomendamos
enfaticamente o folheto "Aprenda a conviver com o TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO", escrito por
Van Noppen e colegas. (No final deste folheto, encontram-se informações para obter essa e outras
publicações). Nele há bons conselhos e dicas práticas para ajudar os membros da família a lidar com o TOC.
Ajudar o doente a compreender que existem tratamentos úteis já é um grande passo em direção à sua
recuperação. Quando uma pessoa com TOC se recusa a receber tratamento, a família se vê em
dificuldades. Continue oferecendo material educativo. Em alguns casos, pode ser útil fazer uma reunião de
família e discutir o problema, como se faz quando existe um problema de alcoolismo e a pessoa não quer se
tratar.
Os problemas familiares não provocam TOC, mas a maneira das famílias reagirem aos sintomas poderá
afetar o curso da doença, assim como os sintomas podem provocar grandes perturbações e problemas na
família. Os rituais de TOC podem acorrentar sem piedade os membros da família, e às vezes é necessário
que todos acompanhem o paciente na psicoterapia. O terapeuta pode ajudar os membros da família a
aprenderem como se desvencilhar dos rituais, passo a passo e com o consentimento do paciente. Uma
interrupção abrupta da participação nos rituais do TOC, sem o consentimento do paciente, rara vez ajuda,
uma vez que nem o paciente nem a família sabem como lidar com a angústia decorrente do fato. A recusa
em participar dos rituais não ajuda os que apresentam sintomas ocultos e, o que é mais importante, não
ajuda o paciente a aprender uma estratégia de vida, para lidar com seus sintomas de TOC a longo prazo.
Comentários negativos, ou crítica dos familiares, em geral pioram o quadro do TOC, ao passo que uma
família calma, que demonstra apoio, pode ajudar no resultado final do tratamento. Se a pessoa considerar
suas opiniões como uma interferência, lembre-se que é a doença falando. Procure ser o mais gentil e
paciente possível, pois é a melhor maneira de ajudar a pessoa a se livrar dos sintomas de TOC. Dizer a uma
pessoa que deve parar como seu comportamento compulsivo não ajuda e só faz a pessoa se sentir pior,
porque não consegue. Ao invés disso, elogie qualquer tentativa de opor resistência ao TOC, focalizando sua
atenção nos possíveis elementos positivos da vida da pessoa. Evite expectativas muito altas ou muito
baixas. Não force. Lembre-se que ninguém detesta mais o TOC do que a pessoa que tem o transtorno. Trate
a pessoa normalmente, depois de recuperada, mas fique atento para os sinais de recaída. Se a doença
estiver voltando, você poderá perceber isso antes que o próprio doente. Assinale os sintomas de maneira
sutil e sugira uma conversa com o médico. Mas aprenda a diferenciar um dia ruim de um episódio de TOC. É
importante não atribuir ao TOC tudo o que acontece de errado.
Os familiares podem ajudar o clínico no tratamento do paciente. Quando o doente estiver em tratamento,
converse com o médico, se possível. Ofereça-se para visitar o médico junto com o paciente, para
compartilhar suas opiniões sobre o andamento do tratamento. Encoraje o paciente a se manter fiel à
medicação e/ou à psicoterapia. No entanto, se o paciente já estiver sob tratamento por um longo período
sem apresentar grandes melhoras nos sintomas, ou sente efeitos colaterais perturbadores, encoraje-o a
procurar o médico para obter outro tratamento, ou a procurar uma segunda opinião.
Quando crianças e adolescentes são portadores de TOC, é importante que os pais trabalhem juntamente na
escola com os professores, para ter certeza de que eles compreendem o transtorno. Como no caso de
qualquer criança com alguma doença, os pais devem estabelecer limites coerentes e fazer com que a
criança ou adolescente saiba exatamente o que se espera deles.
Tire proveito da ajuda disponível nos grupos de apoio (telefones e endereços no final deste folheto).
Compartilhar suas experiências e preocupações com outros que passaram pelas mesmas coisas que você
pode ser de grande ajuda. Os grupos de apoio ajudam a família a não se sentir sozinha, e a aprender novas
estratégias para lidar com o TOC e ajudar o paciente.
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Deixe tempo para cuidar de sua própria vida. Se você estiver com alguém portador de TOC sério em casa,
procure fazer rodízios, para que a atenção ao doente não recaia sobre os ombros de uma pessoa da família
ou de um só amigo. É importante continuar levando uma vida normal, e não se tornar prisioneiro dos rituais
do doente. Dessa forma, você estará em melhores condições para dar o seu apoio ao ser querido.
PSICOTERAPIA
A psicoterapia cognitivo-comportamental (CBT) é o tratamento psicoterapêutico de escolha para crianças,
adolescentes e adultos com TOC. Na CBT, existe um relacionamento logicamente coerente e compulsivo
entre o transtorno, o tratamento e o resultado desejado. A CBT auxilia o paciente a internalizar uma
estratégia para opor resistência ao TOC, o que representa um benefício para toda a vida.
O QUE É CBT?
A terapia comportamental (BT em inglês, behavioral therapy) ajuda as pessoas a aprenderem a modificar
seus pensamentos e sentimentos, mudando primeiro seu comportamento. A terapia comportamental para
TOC envolve exposição e prevenção da reação (E/PR).
A exposição baseia-se no fato de que a ansiedade geralmente decresce após um contato longo o suficiente
com alguma coisa temida. Assim, as pessoas com obsessão de germes são instruídas a manusearem
objetos "cheios de germes" (por exemplo, dinheiro) até que sua ansiedade desapareça. A ansiedade tende a
diminuir após repetidas exposições ao objeto, até que a pessoa termina por não temer mais o contato.
Para que a exposição possa ser o mais benéfica possível, deve ser combinada com uma prevenção da
resposta ou do ritual (PR). Nessa prevenção da resposta, bloqueiam-se os rituais ou comportamentos de
esquivamento. Por exemplo, as pessoas com preocupação excessiva com germes, não apenas devem
manusear "objetos cheios de germes" como devem evitar a lavagem ritual das mãos.
Em geral, a exposição é mais útil para diminuir a ansiedade e as obsessões, enquanto que a prevenção da
resposta ajuda a diminuir os comportamentos compulsivos. Apesar de lutarem durante anos contra os
sintomas do TOC, muitas pessoas encontram surpreendentemente muito pouca dificuldade em tolerar a
E/PR uma vez iniciada.
A terapia cognitiva (CT em inglês) é o outro componente da CBT. Em geral, acrescenta-se a terapia cognitiva
ao E/PR para ajudar a reduzir o pensamento catastrófico e o exagerado senso de responsabilidade
observado com freqüência em pessoas com TOC. Por exemplo, um adolescente com TOC pode acreditar
que por não ter lembrado sua mãe de usar o cinto de segurança, irá provocar a sua morte um dia em
acidente de automóvel. A CT pode ajudá-lo a desafiar os pressupostos falsos dessa obsessão. Armado com
essa prova, ele estará em melhores condições para se submeter à E/PR, por exemplo, não telefonando para
ela no trabalho para ter certeza de que chegou sã e salva.
Outras técnicas, como interrupção do pensamento e distração (suprimindo ou "desligando" os sintomas),
saciamento (ouvir demoradamente uma obsessão , utilizando uma gravação em circuito fechado), reversão
do hábito (substituindo um ritual do TOC por outro comportamento semelhante, mas não relacionado com o
TOC) e a administração contingencial (recompensas e penalidades, usados como incentivo para a
prevenção do ritual) podem muitas vezes ser de utilidade, porém são menos eficazes do que a CBT padrão.
As pessoas reagem de maneira diferente à psicoterapia, assim como à medicação. A CBT é relativamente
isenta de efeitos colaterais, porém todos os pacientes apresentarão alguma ansiedade durante o tratamento.
A CBT pode ser individual (o paciente e o médico), em grupo (com outras pessoas) ou em família. O médico
pode proporcionar tanto a CBT como a medicação, ou então uma psicóloga ou assistente social faz a CBT
enquanto que o médico administra a medicação. Independentemente de suas especialidades, as pessoas
que tratam o paciente devem ter conhecimento sobre os tratamentos para TOC e estar dispostas a colaborar
com os cuidados que você dispensar.
Como tirar o máximo proveito da psicoterapia.




Compareça às sessões.
Seja franco e sincero.
Faça em casa as tarefas que lhe foram atribuídas como parte de sua terapia.
Dê ao psicoterapeuta informações sobre a eficácia do tratamento.
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As perguntas mais freqüentemente feitas sobre a
Psicoterapia (CBT)
- Qual o nível de sucesso da CBT?
Enquanto 25% dos pacientes se recusam a fazer CBT, os que terminam a psicoterapia relatam reduções
entre 50 e 80% nos sintomas de TOC, depois de 12 a 20 sessões. Igualmente importante, as pessoas com
TOC que reagem bem à CBT normalmente continuam bem, com freqüência durante anos. Quando alguém
está sendo medicado, a CBT associada à medicação é útil para prevenir recaídas quando for suspensa a
medicação.
- Quanto tempo leva para que a CBT faça efeito?
Quando feita semanalmente, a terapia pode levar dois meses ou um pouco mais para manifestar seus efeitos
completamente. A CBT intensiva, com 2 a 3 horas diárias de E/PR assistida pelo terapeuta durante 3
semanas, é o tratamento de TOC mais rápido existente.
- Qual é o melhor ambiente para fazer CBT?
A maioria dos pacientes aceita bem a CBT gradual semanal, praticada no consultório do terapeuta uma vez
por semana e fazendo E/PR diariamente em casa. A atividade em casa é necessária, porque os objetos e/ou
situações que desencadeiam o TOC são exclusivas e únicas do ambiente do paciente e não podem ser
reproduzidas em consultório. Na CBT intensiva, o terapeuta pode ir até a casa do paciente ou ao seu local de
trabalho, para orientar as sessões de E/PR. Ocasionalmente, o terapeuta poderá também fazer isso na CBT
gradual. Em raros casos, no entanto, quando o TOC é particularmente grave, a CBT é melhor realizada em
ambiente hospitalar.
- Como encontrar o melhor terapeuta na minha região?
Dependendo de onde você mora, pode ser difícil encontrar um psicoterapeuta comportamental-cognitivo,
especialmente alguém treinado para trabalhar com crianças e adolescentes. Para localizar um terapeuta
especializado em CBT para TOC, pergunte ao seu médico ou a uma outra pessoa na área de saúde; ao
professor de psiquiatria ou ao departamento de psicologia; ao seu grupo local de apoio ao TOC; à Fundação
de Obsessão-Compulsão; às Associações ligadas aos transtornos psicológicos. Em alguns casos, um
psicoterapeuta com experiência em depressão ou outros transtornos da ansiedade não tem experiência com
TOC. Porém com a utilização de um dos excelentes manuais que hoje se encontram disponíveis, é
relativamente fácil traduzir as especializações da CBT para o tratamento de TOC. Portanto, se não houver
ninguém imediatamente disponível, procure um psicólogo ou psiquiatra experiente, que esteja disposto a
aprender. Lembre-se, porém, que se você não está recebendo a CBT verdadeira, que abrange exposição e
prevenção da reação, seguindo uma lista dos sintomas de TOC, classificados desde o mais difícil até o mais
fácil de resistir, provavelmente você não está recebendo a terapia que precisa. Não se acanhe em pedir uma
segunda opinião sempre que necessário. Em raros casos, uma viagem para um centro especializado, onde
haja CBT intensiva em base ambulatorial ou com internação hospitalar, pode ser a solução mais prática.
MEDICAÇÃO
Quais as medicações utilizadas no tratamento do transtorno obsessivocompulsivo?
As pesquisas indicam claramente que os inibidores de reabsorção de serotonina (SRI) são singularmente
eficazes no tratamento de TOC. Essa medicação aumenta a concentração de serotonina, um mensageiro
químico no cérebro. Atualmente existem cinco SRI disponíveis sob receita médica nos Estados Unidos:





Clomipramina (Anafranil, fabricado pela Ciba-Geigy)
Fluoxetina (Prozac, fabricado pela Lilly)
Fluvoxamina (Luvox, fabricado pela Solvay)
Paroxetina (Paxil, fabricado pela Smith-Kline Beecham)
Sertralina (Zoloft, fabricado pela Pfizer)
Obs.: Essas medicações eram as disponíveis até o ano de 2001. Atualmente já surgiram novos
medicamentos. Informe-se.
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A fluoxetina, a fluvoxamina, a paroxetina e a sertralina são chamados de inibidores seletivos de reabsorção
de serotonina (SSRI), porque afetam primariamente apenas a serotonina. A Clomipramina é um SRI não
seletivo, o que significa que afeta muitos outros neurotransmissores, além da serotonina. Isso significa que a
clomipramina tem um conjunto de efeitos colaterais mais complexo do que os SSRI. Por esse motivo, os
SSRI em geral são tentados em primeiro lugar, porque são mais toleráveis.
Até que ponto funciona a medicação?
Quando se pergunta aos pacientes se estão indo bem, comparando sua condição atual à existente antes do
início do tratamento, eles relatam uma melhoria, de moderada a marcante, após 8 a 10 semanas de
tratamento com SRI. Infelizmente, menos de 20% dos pacientes tratados apenas com medicação terminam
sem nenhum sintoma de TOC. É por isso que, em geral, a medicação é combinada com a CBT, para
conseguir resultados mais completos e duradouros. Cerca de 20% não apresentam muita melhoria depois do
tratamento com um SRI e devem tentar um outro SRI.
Que medicação devo escolher primeiro?
Os estudos demonstraram que todos os SRI são igualmente eficazes. No entanto, para reduzir as
possibilidades de efeitos colaterais, a maioria dos especialistas recomenda iniciar o tratamento com um dos
inibidores seletivos de reabsorção de serotonina. Se você, ou alguém na sua família, obteve um bom ou mau
resultado com essa medicação no passado, isto poderá influir na escolha. Se você tem problemas médicos
(irritação estomacal, problemas de sono), ou estiver tomando outros medicamentos, esses fatores poderão
levar seu médico a recomendar um ou outro dos remédios, para minimizar os efeitos colaterais e evitar
possíveis interações das drogas.
E se a primeira medicação não funcionar?
Em primeiro lugar, é importante lembrar que essas medicações não funcionam imediatamente. A maioria dos
pacientes observa melhorias depois de 3 a 4 semanas, enquanto que o pico máximo de benefícios ocorre
por volta das 10 ou 12 semanas de tratamento com uma dose adequada. Quando fica evidente que a
medicação não está produzindo os efeitos desejados, a maioria dos especialistas recomenda mudar para
outro SRI. Enquanto que a maioria dos pacientes se dá bem com um ou outro SRI, alguns terão melhores
resultados com um do que com outro, de modo que é importante continuar tentando, até que encontre a
medicação e a dosagem mais convenientes para você.
Quais são os efeitos colaterais desses medicamentos?
Em geral, os SRI são bem tolerados pela maioria dos pacientes de TOC. Os quatro SSRI (fluoxetina,
fluvoxamina, paroxetina e sertralina) têm efeitos colaterais semelhantes, que compreendem nervosismo,
insônia, inquietação, náusea e diarréia. Os efeitos colaterais mais comuns da clomipramina são secura da
boca, sedação, tontura e ganho de peso. Enquanto que as cinco drogas podem provocar problemas sexuais,
em média estes são mais comuns com a clomipramina. A clomipramina também tem maiores probabilidades
de provocar problemas de pressão arterial e ritmo cardíaco irregular, de maneira que crianças e
adolescentes e pacientes com doença cardíaca pré-existente, tratados com clomipramina, devem fazer um
eletrocardiograma antes do início do tratamento e em intervalos regulares durante o tratamento. Lembre-se
que todos os efeitos colaterais dependem da dose da medicação e da duração do tratamento. Se os efeitos
colaterais forem significativos, é importante começar com uma dose pequena e aumentá-la lentamente.
Efeitos colaterais mais sérios estão associados a doses maiores e a um aumento rápido da dose. A
tolerância dos efeitos colaterais mais provavelmente se desenvolve com os SSRI do que com a
clomipramina, de modo que os pacientes conseguem tolerar melhor os SSRI do que a clomipramina a longo
prazo. Todos os SRI, com exceção da fluoxetina, devem ser reduzidos gradativamente e suspensos
lentamente, devido à possibilidade de retorno dos sintomas e à reação de abstenção.
Informe imediatamente seu médico sobre quaisquer efeitos
colaterais.
Algumas pessoas apresentam efeitos colaterais diferentes das outras e o efeito colateral em um paciente
(insônia desagradável, por exemplo) pode na verdade ser diferente para pessoas que já sofrem de insônia.
Os efeitos colaterais provenientes da medicação dependem dos seguintes fatores:
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




Tipo e quantidade de medicamento ingerido
Química do corpo do paciente
Idade
Outros medicamentos associados
Outras condições médicas presentes
Se os efeitos colaterais constituírem um problema para você, o seu médico pode tentar diversas coisas para
ajudar:
- Reduzir a quantidade da medicação.
O médico poderá reduzir gradativamente a dose, para tentar chegar a uma dose baixa o suficiente para
reduzir os efeitos colaterais, porém não tão baixa que possa permitir recaídas.
- Associar uma outra medicação.
Isto pode ser útil para alguns efeitos colaterais, como os problemas de sono ou sexuais.
- Tentar uma medicação diferente, para verificar se os efeitos colaterais são menores ou menos
perturbadores.
Até mesmo quando a medicação claramente está ajudando, os efeitos colaterais às vezes são intoleráveis.
Nesse caso, tentar um outro SRI é uma estratégia razoável.
Lembre-se: mudar uma medicação é complicado, e uma decisão potencialmente arriscada.
Não interrompa sua medicação nem altere a dosagem por conta própria. Converse com
seu médico sobre quaisquer problemas que tiver com a medicação.
Será que ajuda combinar a Psicoterapia (CBT) ou outra medicação com o SRI?
Quando a medicação não produz nenhum efeito sensível, ou poucos benefícios depois de 6 semanas,
complementar com a CBT ou outra medicação pode ser de ajuda.
Muitos especialistas acreditam que a CBT é o tratamento mais útil a ser acrescentado, quando o paciente
com TOC não reage bem à medicação somente. Quando as pessoas continuam a evitar tudo o que as torna
ansiosas, ou continuam com seus rituais, isto bloqueia o efeito da medicação. Para que a medicação
funcione, portanto, a pessoa com TOC deve tentar opor resistência aos rituais. A complementação com a
CBT é útil, porque ensina as pessoas com TOC a se exporem aos desencadeadores da ansiedade,
aprendendo assim a resistir à realização dos rituais.
Também pode ser útil acrescentar um dos seguintes tipos de medicação como complemento do SRI:



Baixa dose de clomipramina associada ao SSRI
Medicação anti-ansiolítica, como clonazepam ou alprazola, para pacientes com alto grau de
ansiedade
Neuroléptico de alta potência, como haloperidol ou risperidona, quando os tiques ou transtornos do
pensamento são sintomas do quadro.
Essas estratégias complexas de medicação são mais adequadas aos pacientes que não obtiveram
resultados com a combinação de SRI e CBT.
E se nada parece funcionar?
Antes de decidir que o tratamento fracassou, o seu terapeuta precisa ter certeza de que o tratamento foi
administrado em dose suficientemente grande, por um período suficiente de tempo. Existe muito pouco
consenso entre os especialistas em TOC quanto ao que fazer a seguir, se um paciente não reagiu ao
tratamento com especialista em CBT, associado a tentativas seqüenciais bem administradas de SRI. Mudar
de um SSRI para a clomipramina poderá melhorar as possibilidades de que um paciente anteriormente sem
resposta apresente alguma reação boa. A maioria dos especialistas recomenda uma tentativa com
clomipramina, após 2 ou 3 tentativas fracassadas com um ISSR. Algumas vezes o médico poderá combinar
um SSRI com a clomipramina, seja para reduzir os efeitos colaterais, ou para potencializar os benefícios da
medicação. Em adultos com TOC extremamente grave e sem remissão, o tratamento neurocirúrgico, para
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interromper alguns circuitos específicos do cérebro que não estejam funcionando bem, pode ser muito útil.
Em pacientes com TOC grave e depressão, a terapia eletro-convulsiva (ECT) pode ser benéfica.
Respostas a outras perguntas sobre medicação
Se você acha que está grávida ou pretende engravidar, a maioria dos especialistas recomenda o tratamento
do TOC apenas com psicoterapia. Porém se for necessária a medicação, (e isto é possível, uma vez que o
TOC geralmente se agrava durante a gravidez), será melhor empregá-la parcimoniosamente e escolher um
SSRI e vez da clomipramina.
Os SSRI são preferíveis em pacientes com insuficiência renal ou doença cardíaca concomitante, que
precisam ser medicados.
Quando existe um quadro de transtorno psiquiátrico, o seu médico provavelmente irá misturar e combinar os
tratamentos para esse quadro, com o tratamento para TOC . Às vezes, a mesma medicação pode ser usada
no tratamento de ambos transtornos (por exemplo, um SRI para o TOC e o transtorno do pânico). Em outros
casos, como a mania concomitante ao TOC, mais de uma medicação será necessária (por exemplo, um
estabilizante emocional associado ao SRI).
Os exames de laboratório são necessários antes e durante o tratamento com a clomipramina, mas não com
os SSRI.
O SRI não induz ao hábito, porém é aconselhável suspendê-lo gradativamente.
A hospitalização é uma opção?
Quase sempre as pessoas com TOC podem ser tratadas em regime ambulatorial. Em raros casos, quando o
TOC envolver depressão grave ou impulsos agressivos, a hospitalização poderá ser necessária por motivos
de segurança. Quando uma pessoa tem TOC grave ou o quadro é complicado por doença neuropsiquiátrica
de origem médica, a hospitalização poderá ser útil para permitir a CBT intensiva.
Preciso escolher entre Psicoterapia (CBT) e medicação?
Não existe uma única abordagem que funciona bem para todo o mundo com TOC, embora a maioria das
pessoas possa se dar bem com a CBT apenas, ou a CBT combinada com um SRI. O tratamento de escolha
evidentemente depende da preferência do paciente. Algumas pessoas preferem começar com a medicação
para evitar o desgaste e o tempo que a CBT exigem. Outros preferem começar com a CBT para evitar os
efeitos colaterais da medicação. Muitos, se não a maioria, preferem o tratamento combinado.
A necessidade de medicação irá depender da gravidade do TOC e da idade da pessoa. No TOC moderado,
a CBT isoladamente é com freqüência a escolha inicial, porém pode ser necessária também a medicação,
caso a psicoterapia não demonstre ser suficientemente eficaz. Os indivíduos com TOC grave ou portadores
de complicações que possam interferir com a psicoterapia (transtorno do pânico, depressão), com freqüência
devem começar com a medicação, combinando a CBT depois que o remédio tenha trazido algum alívio. Em
pacientes mais jovens, os clínicos preferem utilizar apenas a psicoterapia. No entanto, existem poucos
terapeutas comportamentais-cognitivos. Portanto, se não houver psicoterapia disponível, a medicação pode
ser o tratamento de escolha. Como conseqüência, haverá muitas pessoas com TOC que recebem
medicação ao invés de CBT.
Antes de decidir qual será a abordagem do tratamento, você e seu médico clínico devem avaliar seus
sintomas de TOC, outros transtornos existentes, a disponibilidade da psicoterapia, sua vontade e seus
desejos sobre que tratamento prefere. Procure encontrar um clínico que fale com você sobre essas
possibilidades, para que você possa fazer sua melhor escolha entre as alternativas disponíveis.
E se eu tiver convênio médico?
Cada vez mais as pessoas estão recebendo tratamento médico através de convênio. Se você for portador de
TOC, é importante conversar sobre seu caso com o gerente ou responsável do convênio, para ver que tipo
de terapia disponível existe no de seu convênio. Muitos convênios estão instituindo programas de terapia em
grupo, para poder proporcionar tratamento adequado a um custo mais razoável.
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E se eu não puder pagar os remédios?
As empresas fabricantes dos cinco SRI relacionados acima tem todas um programa especial de distribuição
gratuita para pacientes carentes. Ou seu médico poderá informar quais os programas existentes para
pacientes carentes. Nos Estados Unidos, os telefones dos fabricantes são:

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
Ciba Geigy Patient Support Program: 800-257-3273
Lilly Cares Program: 800-545-6962
Pfizer Prescription Assistance: 800-646-4455
SmithKlein Paxil Access to Care Program:
800-546-0420 (consultas de pacientes)
215-751-5722 (consulta de médicos)
TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO
Uma vez que os sintomas do TOC forem eliminados ou bem reduzidos -- um objetivo prático que a maioria
das pessoas com TOC pode atingir então o objetivo seguinte é o tratamento de manutenção.
Como manter os ganhos do tratamento?
Depois do paciente ter completado um tratamento do TOC bem sucedido, em geral os especialistas
recomendam visitas de acompanhamento mensais, durante pelo menos 6 meses, e a continuação do
tratamento durante pelo menos um ano, antes de suspender a medicação ou interromper a psicoterapia.
A recaída é muito comum quando se suspende a medicação, particularmente se o paciente não se submeteu
à CBT. Portanto, os especialistas recomendam que esses pacientes continuem com a medicação.
Os indivíduos que apresentam episódios repetidos de TOC podem necessitar medicação profilática em
caráter permanente. Recomenda-se o tratamento profilático após 2 a 4 recidivas graves ou 3 a 4 recidivas
moderadas.
Interrupção do tratamento
Quando o paciente continua bem com o tratamento de manutenção e não precisa de medicação permanente
ou a longo prazo, a maioria dos especialistas recomenda a suspensão gradativa da medicação, e ao mesmo
tempo sessões de reforço da psicoterapia, para evitar a recaída. A suspensão gradativa da medicação em
geral significa diminuir em 25% a dosagem e esperar 2 meses antes de diminui-la novamente, dependendo
da reação do paciente.
Como o TOC é um quadro permanente de intensificação e esmaecimento, você deve estar sempre à
vontade para retornar ao clínico, quando e se os sintomas do TOC retornarem.
GRUPOS DE APOIO
Os grupos de apoio são uma parte valiosíssima do tratamento. Esses grupos oferecem um foro para a
aceitação mútua, a compreensão e a auto-descoberta. Os participantes desenvolvem um sentimento de
coleguismo entre si porque todos convivem com o TOC. As pessoas que apresentam os sintomas pela
primeira vez, podem conversar com outros que aprenderam estratégias bem sucedidas para lidar com a
doença.
A Fundação de Obsessivos-Compulsivos (OCF) constitui um foro para portadores de TOC e profissionais
interessados na doença. Distribui informações e auxilia a patrocinar pesquisas sobre a natureza e o
tratamento de TOC e quadros correlatos. A Fundação tem grupos de auto-ajuda em muitos lugares nos
Estados Unidos, e faz encaminhamento para terapeutas, clínicas e grupos de auto-ajuda. A OCF realiza uma
reunião anual, onde que são apresentados os mais recentes achados sobre TOC, e mais recentemente
começou a treinar institutos para que a psicoterapia (CBT) se torne mais amplamente acessível. Os
associados recebem um boletim e recebem descontos para assistir à reunião anual e receber o material da
OCF.
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Obsessive-Compulsive Foundation
P.O.Box 70
Milford, CT 6460-0700
Tel. (203) 878-5669
(203) 874-3843 (gravação com informações)
Você pode também nos visitar em nosso Website: http://pages.prodigy.com/alwillen/ocf.html , onde poderá
encontrar uma lista dos outros recursos para TOC e muita informação útil.
No Brasil, consulte
ASTOC - Associação Brasileira de Síndrome de Tourette,
Tiques e Transtorno Obsessivo – Compulsivo.
Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, s/nº sala 4025
(Hosp.Clínicas –USP)
Fone: (11) 3085-2978
www.astoc.org.br
EM SANTOS –SP, no SiTOC – rua Luis de Camões, 192 – fone 3221-3007
Calendário dos encontros no SiTOC:
ANO de 2005: 24/02; 24/03 e novas datas ocorrerão devido à mudança de sede para
Oswaldo Cochrane, nº 147 – INFORME-SE no fone 3273-2116
O Obsessive-Compulsive Information Center dispõe de bibliotecas médicas, com acesso à literatura
publicada sobre TOC. Publica guias muito úteis sobre TOC e outras doenças correlatas, como a
tricotilomania.
OC Information Center
2711 Allen Boulevard
Middleton, WI 53562
Tel (608) 836-8070
A Anxiety Disorders Association of America é um centro de intercâmbio para pacientes e profissionais
interessados no diagnóstico e tratamento de todas as doenças ansiolíticas, inclusive o TOC.
Anxiety Disorders Association of America
6000 Executive Boulevard, suite 513
Rockville, MD 20852
Tel. (301) 231-9350
A Associação da Síndrome de Tourette (TSA) é um centro de intercâmbio para pacientes e profissionais
interessados no diagnóstico e tratamento dos transtornos de tiques. Como estes em geral se superpõem ao
TOC, a TSA tem uma grande riqueza de informações sobre ambos quadros.
Tourette Syndrome Association
42-40 Bell Boulevard
New York, NY 11361-2874
Tel. (718) 224-2499
Associação para o Avanço da Terapia Comportamental
305 Seventh Avenue, 16th floor
New York, NY 10001-6008
Tel. (212) 647-1890
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PARA MAIORES INFORMAÇÕES
Recomendamos as seguintes publicações e vídeos sobre o TOC, a maioria disponíveis
através da OFC.
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
The Boy Who Couldn’t Stop Washing. Rapoport J. Penguin Books, 1991.
Brain Lock. Schwartz J.Harper Collins, 1996.
The Doubting Disease. Ciarrocchi J. Paulist Press, 1995.
Getting Control. Baer L. Little, Brown, and Company, 1991.
How I Ran OCD Off My Land: A Guide to Cognitive-Behavioral Psychotherapy for Children and
Adolescents with Obsessive-Compulsive Disease.
March J, Mulle K. Guilford Press, em impressão. Disponível em formato pré-edição, na OCF.
Learning to Live with Obsessive Compulsive Disorder, 4a. edição. Van Noppen B, Pato M,
Rasmussen S. Milford, 1997.
Obsessive-Compulsive Disorder in Children and Adolescents. Johnston HF. Obsessive-Compulsive
Information Center, 1994.
Over and Over Again: Understanding Obsessive-Compulsive Disorder, 2a. edição. Neziroglu F,
Yryura-Tobias JA. Lexington Books, 1995.
Stop Obsessing! Foa E, Wilson R. Bantam, 1991.
The Touching Tree: a Video About a Young Child with OCD. Callner J. Disponível através da OCF.
When Once is Not Enough: Help for Obsessive-Compulsives. Steketee G, White K. Harbinger
Publications, 1990.
EM SANTOS –SP, no SiTOC – rua Luis de Camões, 192 – agendar no telefone 3221-3007
Calendário dos encontros de 2004, no SiTOC:
ANO de 2005: 24/02; 24/03 e novas datas ocorrerão devido à mudança de sede para
Oswaldo Cochrane, nº 147 – INFORME-SE no fone 3273-2116
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Tabela - Principais medicamentos utilizados no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo
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Substância
(classificação)
Clomipramina
(antidepressivo
tricíclico)
Nomes Comerciais
(laboratório)
Anafranil ® Anafranil SR ®
Anafranil ® injetável (Novartis)
Fluoxetina
Daforin ® (Novaquímica)
(antidepressivo
Deprax ® (Ache)
inibidor seletivo da
Eufor® (Farmasa)
recaptação de
Fluxene ® (Eurofarma)
serotonina-ISRS)
Nortec® (Ativus)
Prozac ® (Eli Lilly)
Sertralina (ISRS)
Psiquial ® (Merck)
Verotina ® (Libbs)
Sercerin ® (Americano)
Tolrest ® (Biossintética)
Paroxetina (ISRS)
Zoloft ® (Pfizer)
Aropax ® (SmithKline Beecham)
Cebrilin ® (Libbs)
Pondera ® (Eurofarma)
Fluvoxamina (ISRS)
Luvox ® (Pharmacia & Upjohn)
Citalopram (ISRS)
Cipramil ® (Schering Plough)
Apresentação
Drágeas de 10 e 25 mg em caixas
com 20 unidades. Comprimidos de
liberação lenta (SR) com 75 mg em
caixas com 20 unidades. Ampolas de
25 mg/ 2ml em caixas com 10
unidades.
Cápsulas de 20 mg em caixas com 10
ou 20 unidades. Comprimidos de 20
mg em caixas com 20 unidades.
Líquido 20 mg/1ml (1 mg/gota) em
frascos conta-gotas com 20 ml.
Cápsulas de 20 mg em caixas com 14
ou 28 unidades.
Comprimidos de 20 mg em caixas com
14 ou 28 unidades.
Cápsulas de 20 mg em caixas com 14
ou 28 unidades.
Comprimidos com 10 ou 20 mg em
caixas com 14 ou 28 unidades
Cápsulas de 20 mg em caixas com 7,
14 ou 28 unidades. Comprimidos
solúveis de 20 mg em caixas com 14
ou 20 unidades. Líquido Líquido 20
mg/5 ml (uma medida) em frascos
com 70 ml.
Comprimidos de 20 mg em caixas
com 14 ou 28 unidades.
Comprimidos de 20 mg em caixas com
14 ou 28 unidades.
Comprimidos de 50 mg em caixas com
10 ou 20 unidades.
Comprimidos de 25 mg em caixas com
7 ou 14 unidades. Comprimidos de 50
e 100 mg em caixas com 20 unidades.
Comprimidos de 50 mg em caixas com
10, 20 ou 28 unidades.
Comprimidos de 20 mg em caixas com
com 10, 20 ou 30 unidades.
Comprimidos de 20 mg em caixas com
20 ou 30 unidades.
Comprimidos de 20 mg em caixas com
20 ou 30 unidades.
Comprimidos de 100 mg em caixas
com 15 ou 30 unidades.
Comprimidos de 20 mg em caixas com
14 e 28 unidades.
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