Pós -Graduação a Dist ância Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Professor Alexandre de Souza Aguiar www.posugf.com.br 1 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Carboidratos - Conceito e Funções 3 Funções3 SUMÁRIO Classificação 3 Estruturas Moleculares 3 Digestão e Absorção 4 Aplicação na Prática Clínica do Nutricionista 5 Índice Glicêmico 5 Carga Glicêmica 5 Fibras6 Glicose no Sangue 7 Glicólise na Célula 8 Ciclo de Krebs 9 Glicogênese11 Glicogenólise11 Metabolismo de Lipídios 11 Digestão dos Lipídios 12 Absorção dos Lipídios 12 Biossíntese de Ácidos Graxos - Lipogênese 13 Mobilização de Lipídios - Lipólise 14 Proteínas16 Histórico16 Definição 16 Funções16 Estrutura16 Aminoácidos17 Digestão de Proteínas 18 Destino dos Aminoácidos 19 Papel do Fígado 19 Desaminação Oxidativa 20 Transaminação21 Ciclo da Ureia 21 Descarboxilação de Aminoácidos 22 Transmetilação de Aminoácidos 22 Transulfunação de Aminoácidos 22 Gliconeogênese23 Referências24 www.posugf.com.br 2 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas crustáceos, também compõem parte das funções atribuídas a esses compostos. CARBOIDRATOS - CONCEITO E FUNÇÕES • As glicoproteínas e glicolípedes também se enquadram em algumas funções, fazendo papel de reconhecimento em exames laboratoriais, como é o caso das glico-hemoglobinas, e também de reconhecimento celular, caso dos glicocálices. O grupo dos carboidratos deve perfazer em média 55% a 60% da nossa dieta. Em casos mais específicos, como atletas de alto rendimento, podese superar essa média. Os carboidratos representam a nossa principal fonte de energia, por isso a importância de tê-los bem programados em um plano alimentar. Sabemos que várias dietas da moda tendem a reduzir a quantidade de carboidratos com a justificativa de que eles representam os principais vilões do ganho de peso. A nutrição científica valoriza a dieta balanceada, por isso devemos entender as rotas metabólicas a fim de alcançar sucesso no plano alimentar de nossos pacientes. Classificação Como foi citado, os carboidratos dividem-se em: 1)Monossacarídeos, que representam as unidades elementares para absorção em nosso intestino: glicose, galactose e frutose, assim como as pentoses, que possuem funções estruturais de nossas bases nucleicas: DNA e RNA. O grupo dos carboidratos é constituído por estruturas dotadas das funções aldeídos (aldoses) e cetonas. A denominação sacarídeo vem do grego sakcharon, que significa açúcar. A fórmula geral (CH2O)n denota a característica física que esses nutrientes têm de se conjugarem com moléculas de água, o que explica em parte algumas particularidades de seu processo de digestão e absorção. Os carboidratos são assim então subdivididos de acordo com a complexidade de suas ligações glicosídicas: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. 2) Polissacarídeos, que constituem a forma mais complexa e também mais encontrada nos alimentos, representada por amidos, fibras e glicogênio. Este último representa a forma armazenada de energia. 3) Oligossacarídeos: possuem tamanho mediano entre os monossacarídeos e polissacarídeos. Estruturas Moleculares Funções • A função energética é a principal atribuída aos carboidratos, pois, de fato, trata-se de uma atividade de suma importância para manter a homeostase corpórea. Os amidos, ao serem digeridos e absorvidos, passam pelo processo de fosforilação oxidativa, que garante o fornecimento de energia para todas as células de nosso organismo. • As fibras, compostos protetores da parede celular de alguns vegetais e dos exoesqueletos de www.posugf.com.br 3 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Digestão e Absorção basolateral, segunda barreira, com auxílio das gluts 2, que possuem afinidade por todas as espécies de sacarídeos, tornando a entrada desses compostos mais facilitada na corrente sanguínea. O processo de digestão dos carboidratos inicia-se pelo estímulo da mastigação com atuação da amilase salivar. Os amidos sofrem a lise por intermédio dessa enzima, alfa amilase, que transforma os polissacarídeos em estruturas menores. O processo tem sua continuidade no duodeno, pela ação da enzima amilase pancreática, facilitando o processo de absorção. A hidrólise é finalizada na superfície das células epiteliais do intestino delgado, enterócitos, onde enzimas como sacarase, lactase e maltase estão preparadas para exercer tal papel, fazendo com que a formação dos monossacarídeos absorvíveis ocorra com maior facilidade. No caso das fibras, não ocorre essa hidrólise, restando a elas a fermentação, que é realizada por bactérias probióticas que colonizam o nosso intestino. Temos como produto dessa fermentação os ácidos graxos de cadeia curta - acetato, propionato e butirato -, que serão usados como fração energética para os enterócitos, além de facilitarem a absorção de alguns minerais e eliminarem pela redução do pH as bactérias patógenas. Finalmente, teremos o processo de absorção iniciado, porém os carboidratos encontram certa dificuldade em atravessar as barreiras epiteliais dos enterócitos. Isso se explica porque eles são hidrossolúveis e não interagem com a barreira lipídica dessas células intestinais. Diante do exposto, faz-se necessário o auxílio das proteínas de transporte: gluts e SGLT-1. Nas vilosidades, encontramos duas proteínas que auxiliam no transporte dos monossacarídeos, as gluts 5, que auxiliam na absorção da frutose, e o SGLT-1, que auxilia no transporte de sódio, que por sua vez beneficia o transporte de água, glicose e frutose. Após a passagem pelas vilosidades, os monossacarídeos atravessam a membrana www.posugf.com.br 4 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas glicose assume valores baixos após seu consumo. Veja a tabela. Aplicação na Prática Clínica do Nutricionista Alguns fatores, como a presença de fibras solúveis, gordura e proteínas e a técnica do fracionamento são importantes para a redução do índice glicêmico. Diante do que foi comentado até agora, precisamos chamar atenção para algumas situações que são inerentes ao universo do atendimento nutricional. A primeira é reforçar a importância de uma boa mastigação para poder otimizar o estímulo da salivação e melhorar a funcionalidade no processo de digestão. Sabemos que a falta de tempo faz com que as pessoas disponibilizem momentos cada vez mais curtos para suas refeições, prejudicando o processo de digestão. Outro ponto importante é valorizar a hidratação, sempre conjugada com minerais. Daí a importância das frutas, que possuem em sua estrutura água, sódio e carboidratos, porque, como vimos, a glicose somente consegue entrar pela corrente sanguínea pelo transportador sódio-glicose-acoplado (SGLT-1), o que mostra a importância dessa combinação para uma boa hidratação. Lembre-se da campanha do soro caseiro, em que essa combinação -água, sal e açúcar - retirou milhares de crianças da situação de risco da desidratação e mortalidade infantil. Índice Glicêmico Uma forma de monitorar o metabolismo dos carboidratos no tocante à velocidade de absorção é entender a dinâmica do índice glicêmico e da carga glicêmica. Fonte: http://sol-meu-emagrecimento.blogspot.com.br Índice glicêmico representa um indicador que revela a habilidade do alimento em elevar os níveis de glicose sanguínea após seu consumo, comparado com os valores relacionados ao consumo de 50 g de carboidrato na forma de pão branco ou glicose. Sendo assim, um alimento de alto índice glicêmico é aquela cuja glicose assume valores altos após o seu consumo e um de baixo índice glicêmico é aquele cuja Carga Glicêmica Representa o efeito da quantidade e qualidade do carboidrato, expresso por porção de alimento ingerido. CG= (porção carboidrato x IG)/100 www.posugf.com.br 5 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Classificação CG do alimento que confere sua insolubilidade no meio aquoso, pois a água torna-se incapaz de penetrar no alimento diante das justaposições das interfaces. Essa fibra possui, então, uma menor viscosidade que a torna mais cinética no tubo entérico, permitindo assim uma aceleração do bolo fecal. Recomenda-se o consumo das fibras insolúveis aos pacientes que sofrem de prisão de ventre, geralmente mulheres, pessoas acamadas ou que fizeram uso de algum medicamento que resultou em constipação. CG da dieta Baixa Menor ou igual a 10 Menor ou igual a 80 Alta Maior ou igual a 20 Maior ou igual a 120 Fibras As fibras também são carboidratos, porém não digeríveis. Estima-se que a quantidade recomendada de fibras em uma dieta balanceada não é alcançada por grande parte da população brasileira. Isso ocorre em função da grande quantidade de produtos alimentícios refinados fabricados pela indústria que hoje compõem a mesa do brasileiro. As fibras diferenciam-se em solúveis e insolúveis, e essa diferenciação está relacionada com a forma da estrutura química das cadeias de sacarídeos, que podem ser lineares ou ramificadas. As fibras solúveis, representadas por pectinas, gomas, mucilagens beta glucanas, ligninas e polpas de frutas, possuem uma estrutura ramificada que confere pouca superfície de contato entre suas cadeias, permitindo maior absorção de água entre suas interfaces. Essa ocorrência permite que esse tipo de fibra crie uma espécie de “esponja”, aumentando seu volume no estômago e criando a sensação de saciedade devido à compressão gástrica promovida nas células parietais gástricas, estimulando a produção de hormônios sacietogênicos como a bombesina. Além disso, também se juntam às moléculas de colesterol, impedindo o excesso de absorção, e por fim promovem a produção dos ácidos graxos de cadeia curta ao serem fermentadas no intestino. Essa fermentação faz o controle de colonização das bactérias probióticas. Fonte:http://academiafw.blogspot.com.br/2011/08/importancia-dasfibras-para-quem-quer.html As fibras insolúveis, como as celuloses presentes na estrutura protetoras das cascas e folhas, possuem uma estrutura linear que confere alta superfície de contato entre suas moléculas. É justamente isso www.posugf.com.br 6 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Após a absorção, a glicose encontra-se no sangue e deve seguir para o meio intracelular por intermédio dos receptores gluts. e adiposas, necessitando de uma sinalização da insulina para ser mobilizada para a membrana. Esse processo ocorre por meio de um mecanismo de autofosforilação entre algumas enzimas, como tirosina quinase, IC3K e AKT. A principal glut do nosso corpo é a glut-4, que se encontra no meio intracelular de células musculares Produção de insulina nas células beta pancreáticas Glicose no Sangue Fonte: http://0physiologyonline.phy s i o l o g y. o r g . l i b r a r y. p c c . e d u / content/25/3/155/F2.expansion.html Mobilização de glut-4 pela insulina em células musculares e adipócitas www.posugf.com.br 7 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas verde-escuros, que são fontes desses minerais, para termos assim enzimas com alto nível de atividade. A inatividade dessas enzimas pela deficiência desses minerais pode promover a “fuga” da glicose do meio intracelular de volta para a corrente sanguínea, promovendo o quadro de hiperglicemia por deficiência de magnésio. Glicólise na Célula A glicose, ao entrar na célula, por meio do transportador glut-4, pode fazer o caminho inverso e retornar para corrente sanguínea. Isso porque ela já possui afinidade pelo receptor, o que confere a ela maior permeabilidade. Esse processo não é interessante, visto que o nosso objetivo é converter esse carboidrato em energia, portanto devemos mantê-lo no meio intracelular. É importante destacar que a adição de um átomo de fósforo à molécula de glicose exige a retirada de um outro átomo, hidrogênio, porém este sai na forma de íons H+, um radical livre acidófilo, o que coloca em risco todo o metabolismo celular. Diante dessa situação, tem-se que fazer a captura desse íon hidrogênio. O melhor receptor de hidrogênio é o oxigênio, pois juntos formam a molécula de água. Entretanto, nessa posição celular, não há hidrogênio, pois este se encontra dentro de organelas aeróbicas denominadas mitocôndrias, por isso a necessidade de mobilizar a rota metabólica para essa organela. Nessa etapa, surgem cofatores enzimáticos que funcionam como transportadores de hidrogênio para o meio mitocondrial. A niacina, vitamina B3, e a riboflavina, vitamina B2, são cofatores enzimáticos dos componentes NAD e FAD. Essas estruturas têm a função de carrear o hidrogênio para o meio mitocondrial, daí a mudança de NAD para NADH e FAD para FADH. E como a bioquímica resolve esse problema? Simples: basta alterarmos a fórmula química da glicose para que ela perca a afinidade pelos receptores gluts-4, ficando assim “presa” dentro da célula. É por isso que na bioquímica ouvimos falar em fosforilação dos carboidratos. Ao fornecer um átomo de fósforo para a glicose, esta se torna então uma nova molécula, incapaz de escapar do meio intracelular. Dessa forma, o mecanismo de fosforilação tornase um processo que permite obter energia por intermédio dos nutrientes, uma vez que otimiza sua metabolização intracelular. As quinases são enzimas responsáveis por realizar esse mecanismo. No caso da glicose, a glicose fosfatase encarrega-se de fazer essa primeira fosforilação. Há dois tipos de glicose fosfatase: a glicose 1 fosfatase, também chamda de glicoquinase, e a glicose 6 fosfatase, também chamada de hexoquinase. A primeira tem maior demanda no fígado, e sua função é fosforilar a glicose no carbono de posição número 1. Isso significa que essa molécula de glicose será usada como armazenamento na forma de glicogênio hepático. A segunda faz a fosforilação na posição número 6, indicando a rota de oxidação da glicose, na qual será usada como fonte de energia. Após a fosforilação, uma série de metabólicos de seis carbonos é produzida no citoplasma (veja figura da glicólise) até a conversão em frutose 1,6 difosfato. Porém a entrada na mitocôndria exige uma partição dessa molécula em um subproduto menor, para melhorar a permeabilidade na membrana mitocondrial. Diante dessa situação, teremos o início de uma reação denominada glicólise, na qual a molécula de seis carbonos se divide em duas moléculas de três carbonos, denominadas ácido pirúvico ou piruvato. As quinases são enzimas ativadas por cofatores dependentes de magnésio e/ou manganês, de onde se evidencia a importância de alimentos vegetais Após a formação do piruvato, tem-se a entrada na mitocôndria e em seguida a formação do acetil, um composto de dois carbonos que dará início a ciclo www.posugf.com.br 8 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas de Krebs. A formação do acetil a partir do piruvato é mediada pela enzima piruvato desidrogenase, que por sua vez é ativada pelo cofator tiamina, vitamina B1. Note como as vitaminas do complexo B participam dessa formação energética a partir dos carboidratos, reforçando a importância de alimentos integrais para esse processo. Ciclo de Krebs A formação do acetil já foi feita, porém é preciso sinalizar a sua mobilização para a via energética. Essa é uma outra etapa, que envolve mais uma enzima, a coenzima a-CoA. Ela também possui como cofator uma vitamina do complexo B, o ácido pantotênico, vitamina B5. Temos agora o composto acetil-CoA, que representa o primeiro metabólico da via energética. Os principais destinos do acetil irão depender da necessidade orgânica: ciclo de Krebs (lactato), ciclo de Cori (acetil-CoA), síntese de proteínas (alanina) e gliconeogênese (oxaloacetato). A partir desse momento, uma série de reações mediadas por desidrogenases ocorre na matriz mitocondrial, começando pela conjugação do acetilCoA com o oxalacetato, dando origem a um segundo metabólico, que se chama citrato. Varias reações subsequentes levarão à formação de subprodutos: alfa glutarato, succinato, fumarato e malato. Em todas essas reações, há a participação dos complexos NAD e FAD, mostrando a ocorrência das desidrogenações e a dependência das vitaminas B3 e B2. No final do ciclo de Krebs, temos um rendimento de ATP, 3NADH e 1FADH, porém lembrem-se de que o papel das vitaminas B2 e B3 era carrear hidrogênio para o oxigênio e que agora é chegada a hora de fazer essa entrega. Após a finalização do ciclo de Krebs, as moléculas de NADH e FADH migram para a membrana da mitocôndria, região chamada de cristas mitocondriais, onde será feita a doação de hidrogênio para a molécula de oxigênio com a consequente formação de água. Porém esse processo não é tão simples, pois o hidrogênio é lançado na forma de H+ para a região intermembranas, o que provoca uma mudança de polarização entre os meios. O retorno desses íons de hidrogênio energizados passando pela membrana interna da mitocôndria a fim de normalizar a carga da célula é mediado pela enzima ATP sintetase. Durante essa passagem, ocorre uma mudança na conformação dessa enzima, fazendo com que sítios de ligação de ADP se liguem a sítios de fósforo inorgânico, Pi, promovendo a www.posugf.com.br 9 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas formação de moléculas energéticas de ATP. Assim conseguimos formar as moléculas de ATP a partir dos carboidratos consumidos. P—P, uma quantidade de energia que é liberada para o nosso corpo na forma de energia térmica e mecânica, promovendo assim as nossas funções fisiológicas. Mas, enfim, o que é o ATP? A quebra dessas ligações entre os átomos de fósforo é mediada pela enzima ATPase, que também possui como cofator o mineral magnésio. ATP é uma molécula denominada adenosina trifosfato, que armazena entre as ligações de fósforo, www.posugf.com.br 10 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Hormônios como adrenalina, produzida durante a atividade física, e glucagon, produzido durante a queda de glicose sanguínea, promovem a degradação do glicogênio por estímulo da proteína G, que fica na superfície da célula e que ativará a proteína quinase, responsável por induzir as enzimas glicogênio fosforilase e desramificadora de glicogênio, que irão agir na despolimerização do glicogênio em moléculas de glicose. A glicose passará então através do transportador glut-2, que fica na membrana dos hepatócitos, para o meio extracelular, regressando à corrente sanguínea e fazendo a manutenção da glicemia. Glicogênese A síntese do glicogênio ocorre a partir da glicose, podendo ocorrer tanto no músculo quanto no fígado. O glicogênio é na verdade um polímero de glicose, um polissacarídeo. Após as refeições, quando a glicose se encontra alta no sangue, damos início à glicogênese a partir do excesso de glicose 6 fosfato, que é então convertida em glicose 1 fosfato. Esse processo é mediado pela enzima glicogênio sintetase. À medida que o polímero de glicogênio aumenta, ocorre o estímulo de outra enzima, denominada enzima ramificadora, que irá organizá-lo em estruturas radicalares. O fato de a cadeia de glicogênio conter radicais facilita a quebra dessa estrutura no momento de jejum, pois as estruturas ramificadas possuem menor superfície de contato entre suas interfaces, permitindo uma hidrólise mais facilitada. METABOLISMO DE LIPÍDIOS Os lipídios representam o grupo de maior energia da nossa dieta (9 kcal/g, contra 4 kcal/g dos carboidratos e proteínas). Devem perfazer em média de 25% a 30% da dieta. Devemos nos atentar para as diferentes classes desse nutriente, que variam entre lipídios saturados, insaturados e trans. Existem duas formas de glicogênio: o hepático, que é utilizado para manter a glicose sanguínea durante momentos de jejum, e o muscular, que é usado pelo próprio músculo para formação de ATP. As gorduras saturadas são encontradas, principalmente, nos alimentos de origem animal. Já as gorduras insaturadas, que se dividem em mono e poli-insaturadas, são encontradas, principalmente, nas fontes vegetais. É importante salientar que o excesso de carboidratos em nossa alimentação, em um primeiro momento, contribui para o acúmulo de glicogênio tanto hepático quanto muscular e que, para cada grama de glicogênio formado, acumulamos 3 g de água. Isso explica o fato de estarmos mais pesados após uma dieta com excesso de carboidratos. Monoinsaturada = ômega 9 » abacate, linhaça, gergelim, oliva. Poli-insaturada = ômega 3 » peixes, canola, gergelim, chia, linhaça, oliva. Glicogenólise Poli-insaturada = ômega6 » soja, milho, girassol. Denominamos glicogenólise o processo de degradação do glicogênio que ocorre nos momentos em que nos encontramos hipoglicêmicos, em função de atividade física ou jejum curto (três a quatro horas). As gorduras trans são formadas a partir do processo de hidrogenação das gorduras vegetais e conferem maior durabilidade aos alimentos. Por essa razão, são usadas com objetivo de aumentar o prazo de validade destes. www.posugf.com.br 11 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas A nossa legislação permite que os alimentos com até 0,2 g de gordura trans na porção podem anunciálo como isento dela. Não devemos nos esquecer de que o limite de gordura trans que uma dieta deve atingir é de 2 g/d. pâncreas e também na mucosa intestinal. As lípases pancreáticas possuem um alto potencial de ação lítica e iniciam o processo de hidrólise do TAG. Moléculas de ácidos graxos são retiradas, dando origem aos compostos diacilglicerol e monoacilglicerol e finalmente aos ácidos graxos livres e ao glicerol livre. As gorduras do tipo ômega 6, como o ácido araquidônico, são metabolizadas por enzimas ciclooxigenase de classe 2-COX-2, promovendo ação pró-inflamatória. Já os óleos do tipo ômega 3 como linolênico, EPA e DHA, são metabolizados por ciclooxigenase de classe 1- COX-1 e exercem papel antiinflamatório. Devemos nos atentar para a importância que o fígado e o pâncreas possuem nesse processo de digestão dos lipídios. Portanto, alterações patológicas nesses órgãos, bem como a ausência de bile, podem surtir problemas que evoluirão para diarreia gordurosas (esteatorreia) devido a dificuldade no processo de digestão. Devemos salientar que o EPA inibe a COX-2, o que reforça sua ação anti-inflamatória. Já o DHA possui ação nos receptores de memória, melhorando a nossa cognição. Digestão dos Lipídios Grande parte dos lipídios presentes em nossa alimentação está na forma de triacilglicerol - TAG. Essa molécula é composta pela combinação de três ácidos graxos e um glicerol. Diante disso, é necessário promover a hidrólise do TAG para que seus subprodutos consigam atravessar a barreira das vilosidades intestinais. Os lipídios são moléculas de baixa solubilidade, o que dificulta sua exposição enzimática. Diante disso, o fígado produz um líquido emulsificante denominado de bile. A bile tem como função tornar a gordura mais biodisponível, aumentando suas superfícies de contato com as enzimas lipolíticas. Trata-se de uma secreção produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar. Com a chegada do alimento no duodeno, um hormônio denominado colecistoquinina - CCK - estimula a contração da vesícula e a consequente liberação da bile. Fonte: http://www.mumbaicancer.com/bile_duct.asp Absorção dos Lipídios Agora que os lipídios estão organizados em moléculas menores, tem início o processo de absorção. A absorção dos lipídios ocorre na mucosa intestinal por dois processos: I) Flip-flop: processo mecânico em que os lipídios giram em seu próprio eixo passando pelas bicamadas. Após emulsificada, a gordura torna-se mais vulnerável à ação das enzimas lipolíticas (lípases lipoproteicas - LLP), que são produzidas pelo www.posugf.com.br 12 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas II)FATP- proteína transportadora de ácidos graxos. Essa proteína fixada na membrana das vilosidades facilita o transporte desses compostos para o interior do enterócito. Diante de uma dieta hipercalórica, o citrato é mobilizado de dentro da mitocôndria para o citoplasma. Após essa mobilização, a enzima citrato liase promove a lise desse composto em oxalacetato e acetil-CoA. Na verdade, esse mecanismo tem como objetivo a retirada do acetil-CoA de dentro da mitocôndria, paralisando assim o ciclo de Krebs, visto que a produção de ATP já está no seu limite. Os acetis-CoAs que agora estão fora da mitocôndria sofrem ação de uma enzima citoplasmática chamada acetil-CoA-carboxilase, que irá promover a união dos grupos de dois carbonos. Essa soma é feita de dois a dois em vários ciclos até dar origem a um metabólico graxo (gorduroso) denominado malonil, de 14 carbonos. É importante salientar que a acetilCoA-carboxilase é ativada pela insulina e inibida pela adrenalina e pelo glucagon. Após a absorção, ácidos graxos e glicerol encontram-se dentro do enterócito, sendo reesterificados novamente em TAG e ligando-se a uma lipoproteína transportadora denominada quilomícron. Este transporta esse complexo reesterificado para o sistema linfático e posteriormente para a corrente sanguínea, concluindo assim o processo de absorção. Um ponto importante na rota metabólica é a formação do malonil, que ainda não é a gordura que nós, seres humanos, armazenamos nos adipócitos. Sua presença promove algumas reações que favorecem o acúmulo de gordura, pois, quando o corpo se vê diante da produção de malonil, interpreta que estamos diante de uma dieta hipercalórica. Nesse momento, toda oxidação dos TAGs que estavam estocados nos adipócitos fica interrompida, o que faz sentido, pois somente oxidamos gordura diante de um quadro de hipocalorias ou sob atividade física. Biossíntese de Ácidos Graxos Lipogênese Outra ação do malonil é inibir a enzima carnitina palmitoil transferase I, que facilita a entrada da gordura dentro da mitocôndria para ser oxidada. Uma dieta hipercalórica promoverá dentro da célula o excesso de acetil-CoA, vindo dos carboidratos ou até mesmo das proteínas. Normalmente esse acetilCoA entraria no ciclo de Krebs e seria convertido em energia na forma de ATP. Entretanto, ATP é uma forma de energia que nós, seres humanos, não conseguimos armazenar, ou seja, gasta-se aquilo que se produz. Então, diante do excesso de acetil-CoA, nosso organismo teve que desenvolver habilidades que nos garantem a reserva de energia na forma de gordura. Conclusão: o excesso de carboidratos, pelo visto, contribui mais com um efeito poupador de gordura do que necessariamente produtor de gordura, até porque o próximo passo do malonil é receber mais dois carbonos e transformar-se em palmitato (16C), gordura que os seres humanos armazenam. Acontece que as enzimas que fazem essa conversão estão ausentes em nós. Assim, concluímos que o palmitato que nós acumulamos vem da dieta e não do excesso de carboidratos. www.posugf.com.br 13 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas graxos, também chamados de acil, são incorporados no meio intracelular e devem seguir para a matriz mitocondrial, dando início ao processo de oxidação. Porém esse processo exige a demanda de uma outra proteína que leva os ácidos graxos para a matriz mitocondrial, a carnitina. Mobilização de Lipídios - Lipólise Obter energia a partir dos triacilgliceróis armazenados requer esforço. É preciso ativar duas reações: lipólise e beta oxidação. A lipólise significa a quebra do TAG dentro do tecido adiposo. Essa reação é feita pela enzima lípase hormônio-sensível - LHS - sob o comando de alguns hormônios lipolíticos, como GH, glucagon e adrenalina. Esses hormônios ligam-se a receptores beta que ficam na membrana dos adipócitos e sinalizam a atividade da LHS no processo lipolítico. A carnitina é uma proteína cuja função é atravessar o acil pela membrana da mitocôndria no chamado complexo acil-carnitina, porém esse mecanismo depende de duas enzimas: CPTI - carnitina palmitoil transferase I ou CATI carnitina acil transferase I: essa enzima faz a ligação da carnitina ao acil fora da membrana da mitocôndria, favorecendo a entrada do complexo acil-carnitina. Após a hidrólise do TAG, temos então três ácidos graxos e um glicerol novamente. Os ácidos graxos dentro dos adipócitos ligam-se a proteínas transportadoras – FABP -, que os movem para fora da célula, ou seja, para a corrente sanguínea. CPTII - carnitina palmitoil transferase II ou CATII - carnitina acil transferase II: dentro da mitocôndria, essa enzima remove a carnitina do grupo acil, fazendo com que retorne para a membrana e que os ácidos graxos livres (acil) fiquem prontos para serem oxidados. No sangue, os ácidos graxos livres ligam-se às albuminas, que os transportam para outro tecido com a habilidade de oxidar gorduras - fígado ou músculo. Após alcançar esses tecidos, os ácidos www.posugf.com.br 14 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas A beta oxidação depende de um sinalizador, a coenzima A, que é dependente da vitamina B5 - ácido pantotênico. Tem-se então a formação do complexo acil-CoA, o qual será o protagonista da oxidação. Uma molécula de palmitato, que é o acil, possui 16 carbonos, mas lembrem que o ciclo de Krebs iniciase com um metabólico de dois carbonos chamado acetil. Logo, temos que fazer a divisão de um acil em oito acetis. Essa é a proposta da beta-oxidação, promover várias moléculas de acetil-CoA a partir de uma molécula de acil-CoA. Isso explica o fator energéticos dos ácidos graxos ser maior que o das proteínas e carboidratos. Podemos, assim, afirmar que o processo de eliminação de gordura deve passar por dois processos: lipólise e beta oxidação. www.posugf.com.br 15 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas PROTEÍNAS Funções As proteínas diferem dos carboidratos e dos lipídios pela presença do elemento azoto (nitrogênio). Em nossa dieta, deve alcançar a recomendação de 10% a 15%, ou seja, uma quantidade bem menor do que a que vimos para carboidrato e lipídios. Isso ocorre porque os aminoácidos que são precursores das proteínas não têm como função principal a formação de ATP, ficando com outras atribuições. Sabemos que a dieta do brasileiro é hiperproteica, o que pode gera algumas intercorrências indesejáveis. »» Hormônios e receptores. »» Enzimas. »» Neurotransmissores. »» Proteínas estruturais. »» Proteínas contráteis. »» Proteínas motoras. Histórico »» Proteínas transmembranas. »» Energia. 1840 - Von Liebig: principal fonte de energia. 1900 - atenção para gorduras e carboidratos. Estrutura 1977 - Astrand e Rodahl: fonte energética quando CH estão ausentes. As proteínas apresentam-se de quatro formas, conforme sua estrutura e função: primária, secundária, terciária e quaternária. 1989 - US Board Nutrition considerou o RDA suficiente, inclusive para esportistas. Estudos posteriores: concluíram que necessidades poderiam estar subestimadas. Colágeno e elastina são exemplo de proteínas secundárias, a insulina, de terciária, e a hemoglobina, de quaternária. as Definição São macromoléculas cujos monômeros, moléculas menores dos polímeros, são aminoácidos. »» Dipeptídeos dois aminoácidos. »» Tripeptídeos três aminoácidos. »» Tetrapeptídeos »» Polipeptídeos quatro aminoácidos. muitos aminoácidos. www.posugf.com.br 16 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Aminoácidos Os aminoácidos são as estruturas elementares de todas as proteínas. A estrutura de um aminoácido é composta por cinco partes, que incluem um carbono central (a), um hidrogênio (H), um grupamento carboxila (COOH), um grupo amino (NH2) e uma cadeia lateral (ou grupo R). O que diferencia um aminoácido do outro é a cadeia lateral que ele apresenta. A alanina, por exemplo, tem um grupamento CH3 no grupo R. www.posugf.com.br 17 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Há vários tipos de aminoácidos, que se diferenciam pelo grupo radicalar – R. Grupos R aromáticos Grupos R não-polares e alifáticos Grupos R carregados positivamente Grupos R não-carregados, mas polares Grupos R carregados negativamente Alguns aminoácidos são essenciais, devendo ser adquirido pela dieta. Outros são não essenciais, pois são produzidos em nosso organismo. Os aminoácidos unem-se por ligações peptídicas para formar as proteínas. Digestão de Proteínas A digestão das proteínas inicia-se no estômago, com quebra de 10-20% das proteínas, pela hidrólise de proteínas em polipeptídeos a partir da ativação do pepsinogênio em pepsina em meio ácido (pH 2 a 3). A maior parte da digestão ocorre no intestino delgado pela liberação da tripsina, que ativa outras enzimas Fonte: http://www.ajinomoto.com.br/enciclopedia/amino.html www.posugf.com.br 18 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas proteolíticas pancreáticas, carboxipeptidases e quimiotripsina, fazendo com que proteínas intactas e as préhidrolisadas no estômago sejam digeridas em aminoácidos, dipetídeos e polipeptídeos menores. Ainda no intestino delgado, as células da mucosa intestinal produzem peptidases, que finalmente terminam o processo de digestão das proteínas pela quebra dos polipeptídeos e dipeptídeos em aminoácidos e dipeptídeos. Ex: aminopeptidases, dipeptidases, dipeptil aminopeptidases, dipeptil carboxipeptidases. A absorção dos aminoácidos acontece no jejuno e no íleo por transporte passivo. Além dos aminoácidos, dipeptídeos e tripeptídeos também são absorvidos. »» Oxidação para formação de energia (fígado e músculo). »» Músculo: alanina, aspartato, leucina, isoleucina e valina. A maioria dos aminoácidos tem um mesmo transportador dependente de sódio. Os independentes de sódio são os aminoácidos neutros (Ser, Ter, Cis, Asp, Gln, Tir) e os básicos (Lis, Arg, His). Papel do Fígado O fígado facilita a absorção e a distribuição dos aminoácidos da dieta para o sangue e outros tecidos do corpo, inativa e modifica as substâncias tóxicas presentes no sangue e remove o excesso de aminoácidos, especialmente os essenciais, mas não metaboliza BCAAs. A concentração plasmática de aminoácidos é de 35 mg/dl a 65 mg/dl; valores mais elevados são encontrados após a refeição, e o excesso será absorvido pelo fígado, onde serão preferencialmente oxidados. Destino dos Aminoácidos »» glutamato, Faz a síntese das proteínas do próprio organismo e de outras substâncias de natureza proteica, realiza a conversão para glicose (aminoácidos glicogênicos) e para gorduras (aminoácidos cetogênicos). Síntese de peptídeos e proteínas. www.posugf.com.br 19 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Aspartato Desaminação Oxidativa Alanina Desaminação é o processo de remoção do nitrogênio dos aminoácidos com liberação do grupo amino na forma de amônia livre e formação de um alfa-cetoácido, que pode ser piruvato, acetil-Coa, acetoacetil-Coa, a-cetoglutarato, fumarato, succinilCoa ou oxaloacetato. Glutamato Oxalacetato Piruvato α -cetoglutarato O que vai determinar o tipo de cetoácido formado é o aminoácido que foi desaminado. Os cetoácidos entram no ciclo do ácido cítrico e dessa forma serão oxidados, formando CO2, H2O e ATP na cadeia de transporte de elétrons. A amônia livre (NH4+) liberada pela desaminação dos aminoácidos será utilizada para síntese de glutamato e posteriormente convertida em ureia. O glutamato será formado pela ligação entre a amônia e o a-cetoglutarato, por ação da enzima glutamato desidrogenase. www.posugf.com.br 20 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Transaminação O glutamato produzido será removido principalmente no fígado por transaminação com oxaloacetato e formação de aspartato; ou será desaminado, produzindo amônia (NH4+) e a-cetoglutarato. O aspartato e a amônia produzidos serão utilizados no ciclo da ureia. No músculo e em outros tecidos, o catabolismo dos aminoácidos ocorre por transaminação, que é a transferência do grupo amínico ao a-cetoglutarato, formando glutamato e o alfa-cetoácido correspondente, reação catalisada pelas enzimas transaminases ou aminotransferases. Ciclo da Ureia O aspartato e a amônia produzidos pela transaminação/desaminação do glutamato e outros aminoácidos no fígado serão utilizados para síntese de ureia. Nesse ciclo, primeiramente, a amônia livre (NH4+) é incorporada à ornitina, formando citrulina. O aspartato junta-se à citrulina, com formação do arginosuccinato, que perde uma molécula de fumarato, produzindo arginina. A arginina recebe uma molécula de água, formando a ureia (2 NH2), que será excretada pelos rins. www.posugf.com.br 21 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas Descarboxilação de Aminoácidos Consiste na retirada do grupo carboxílico e na formação do aminoácido correspondente. Essa reação é mediada pela vitamina B6. Histidina Triptofano Histamina + CO2 Serotonina + CO2 Ácido glutâmico GABA + CO2 Transmetilação de Aminoácidos Consiste na transferência do radical metil, sendo mediada por vitaminas do complexo B (9 e 12). Transulfunação de Aminoácidos Consiste na transferência do enxofre entre os aminoácidos, sendo mediada também pela B6. www.posugf.com.br 22 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas A síntese de glicose a partir dos aminoácidos é chamada de gliconeogênese e ocorre principalmente no citoplasma do hepatócito pela formação de fosfoenolpiruvato, que será metabolizado à glicose. A formação da glicose irá ocorrer a partir da síntese mitocondrial de malato, que será transportado ao citoplasma, onde será reoxidado a oxaloacetato pela malato desidrogenase. Gliconeogênese Além da produção de energia, os cetoácidos poderão ser utilizados para síntese de glicose (gliconeogênese) e/ ou ácidos graxos (cetogênese). O único aminoácido que não é convertido à glicose é a leucina, precursora somente de ácidos graxos. Os aminoácidos oxidados a acetil-CoA e acetoacetilCoA são os aminoácidos cetogênicos, que, além de glicose, formam ácidos graxos (Lis, Fen, Trp, Tir, Iso). O oxaloacetato será descarboxilado e fosforilado a fosfoenolpiruvato, reação catalisada pela enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK), que será convertido a glicose-6-fosfato, e esta, desfosforilada pela glicose-6- fosfatase à glicose. Os aminoácidos desaminados a piruvato, oxaloacetato, fumarato, a-cetoglutarato e succinilCoa são os glicogênicos e serão utilizados para síntese de glicose (Ala, Cis, Gli, Ser, Asp, Asg, Met, Tre, Val, Arg, Glu, Gln, His, Pro). www.posugf.com.br 23 Bioenergética, Metabolismo de Carboidratos, Lipídios e Proteínas MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. REFERÊNCIAS BUTTERFIELD, G. E. Whole body protein utilizations in humans. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 19, supl. 157, 1987. MURRAY, R. K.; GRANNER, D. K.; MAYES, P. A.; RODWELL, V. W. Harper: Bioquímica. São Paulo: Atheneu, 2006. BUTTERFIELD-HODGEN, G.; CALLOWAY, D. H. Protein utilization in men under two conditions of energy balance and work. Federation Proceedings, n. 39, 1997. p. 377. PÓVOA, H. Radicais livres em patologia humana. Rio de Janeiro: Imago, 1995. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. São Paulo: Manole, 2009. PELLET, P. L. Protein requirements in humans. American Journal of Clinical Nutrition. n.51, 1990. p. 723. DURNING, J. V. P. A. Protein requiriments and physical activity. In: PARIZKOVA, Jana; ROGOZKIN, V. A. (ed.) Nutrition, physical fitness and health. Baltimore: University Park Press, 1978. PINHEIRO, A. B. V. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 2ª ed. Rio de Janeiro: s.n, 1994. SHILS, M. E.; OLSON, J. A.; SHIKE, M.; ROSS, A. C. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. São Paaulo: Manole, 2003. HALLIWELL, B.; GUTTERIDGE, J. M. C. Free radicals in biology and medicine. New York: Oxford University Press, 2000. STRYER, Lubert. Bioquímica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. HENDLER, S.S. Enciclopédia de vitaminas e minerais. Rio de Janeiro: Campus, 1994. WALBERG, J. L. et al. Macronutrient content of a hipoenergy diet affects nitrogen retention and muscle function in weight lifters. International Journal of Sports Medicine. n. 9, 1998. p. 261. HICKSON, J. F. et al. Repeated days of body building exercise do not enhance urinary nitrogen excretions from untrained young males. Nutrition Research. n. 10, 1990. p. 723. KRAUSE, M. V.; MAHAN, L. K. Alimentos, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2010. LEHNINGER, A. L. Princípios de bioquímica. São Paulo: Sarvier, 2010. MARZZOCO, A.; TORRES, B. Bioquímica básica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. MAUGHAN, R.; GLEESON, M.; GREENHAFF, P. L. Bioquímica do exercício e do treinamento. São Paulo: Manole, 2000. www.posugf.com.br 24