HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL ( até 1801) Prof. Claudio Guimarães - HISTÓRIA - [email protected] .Essa história "é um dos capítulos mais recentes da história brasileira", pois quando no Nordeste já se cantavam missas polifônicas, este estado ainda era ocupado por um punhado de povoados e estâncias de gado portuguesas no centro-litoral...” INDÍGENAS Guaranis – maior grupo indígena - saem da Amazônia em direção ao sul e pelo litoral sul brasileiro. Pampeanos - charruas e minuanos Jês (caingangues) - os mais antigos, habitavam o planalto sul-rio-grandense. Séculos XVI e XVII – exploração sistemática do interior Entradas - expedições oficiais - organizadas pelo governo - respeita os tratados fronteiriços Bandeiras – particulares - organizadas por colonos que se estabeleceram nos povoados e acabaram penetrando em territórios espanhóis. . Bandeirismo apresador – aprisionar índios para a escravidão. . Bandeirismo prospector – buscar metais preciosos no interior. . Sertanismo de contrato - a prestação de serviços à classe dirigente colonial, mediante contrato, para combater índios ou negros. Ex. 1693 – Antônio R. Arzão - descoberta de ouro (MG) e 1698 – Antônio D. de Oliveira descoberta de ouro (Ouro Preto - MG) Séculos XVI e XVII - Aprisionamento de indígenas por paulistas no litoral de SC e do RS. .Populações indígenas no litoral são massacradas e fogem para o interior. .Indígenas são “protegidos” pelos jesuítas. COMPANHIA DE JESUS - Movimento de Contrarreforma - Indígenas “adestrados” pelos jesuítas são capturados pelos bandeirantes e vendidos para os senhores de engenho - Jesuítas se mudam para o lado ocidental do rio Uruguai - deixam o gado que se reproduzem livremente. SETE POVOS DAS MISSÕES (1687) - Século XVIII - desenvolvimento populacional e econômico (criação de diversos tipos de gado (couro), produção de erva-mate, algodão, gêneros alimentícios, metalurgia...) - a elite se apropria da leitura e da escrita (valores indígenas e ocidentais misturados) UNIÃO IBÉRICA (1580 a 1640) (Rei espanhol Felipe II assume o controle de Portugal) - Tratado de Tordesilhas (1494) “caducou” .1640 - Restauração portuguesa -1645 - Insurreição Pernambucana (expulsão dos holandeses do Nordeste) Fronteiras devem ser revistas e Portugal e França e Portugal e Espanha fazem conciliações diplomáticas. PORTUGAL X FRANÇA Tratado de Utrecht (1713) - fez a França reconhecer o Oiapoque como limite entre a sua Guiana Francesa e o Brasil. CONTEXTO PORTUGAL X ESPANHA 1680 – Portugal funda a Colônia de Sacramento - seguindo a expansão de gado, portugueses e paulistas fundam esta Colônia nas margens oriental da Bacia do Prata -região importante para o contrabando de prata 1687 – como resposta, a Espanha funda os Sete Povos das Missões e Montevidéu (1724) -Os confrontos entre portugueses e espanhóis intensificam-se. 1715 - Tratado de Utrecht - a Espanha reconhece a ocupação e o controle de Sacramento pelos portugueses. LEMBRAR - No século XVIII, há a uma intensificação da descoberta de ouro nas regiões de Minas Gerais. O Rio Grande do Sul, com o passar do tempo, liga-se comercialmente com a região sudeste para levar gado muar (transporte) e gado bovino (charque). Várias estradas e caminhos são abertos (Vacaria del Mar, Caminho dos Conventos...) 1737 – os portugueses fundam Rio Grande (Forte Jesus Maria José) 1747 – fundação da cidade de Viamão 1750 - Tratado de Madri - Acordo com base no uti possidetis .Portugal renuncia Sacramento e recebe a região dos 7 povos. Além disso Portugal recebe terras ao Norte (configuração +ou- como a atual). 1754-1756 - Guerra Guaranítica - Enfrentamentos entre guaranis X espanhóis e portugueses na região dos Sete Povos das Missões. Os guaranis receberam um ultimato para abandonarem suas terras e seguirem para o outro lado do rio Uruguai. Apoiado pelos jesuítas há resistências. Líder: Sepé Tiaraju Acontece um massacre de indígenas e as terras não foram desocupadas 1748-53 – chegaram em Santa Catarina os primeiros casais açorianos. 1754 – alguns casais de açorianos deveriam ocupar a região dos 7 povos. Como a área não tinha sido desocupada há a ocupação das cidades ou vilas de Porto Alegre, Rio Pardo, Rio Grande, Triunfo, Santo Amaro, Taquari, Conceição do Arroio... 1756 – fundação da cidade de Triunfo 1761 – Acordo do Prado (anulação do Tratado de Madri) - Portugal não ocupa a área dos Sete Povos. A Colônia de Sacramento ainda é ocupada pelos portugueses. 1763 - Investidas/ocupação de Buenos Aires (espanhóis) em Rio Grande (portugueses). Capital transferida para Viamão. Fundação da cidade de Santo. Antônio 1772 - Porto Alegre 1773 – Capital transferida para Porto Alegre 1776 – Rio Grande é recuperada pelos portugueses 1777 – Tratado de Santo Ildefonso - Sete Povos e Sacramento ficam para a Espanha. Acordo dos Campos Neutrais (banhados do Taim ao Arroio do Chuí) LEMBRAR - de 1750 a 1777, quem assume Portugal é Dom José I. Este nomeia como Primeiro Ministro, o nobre Marquês do Pombal, que insatisfeito com a atuação dos jesuítas e expulsa estes últimos de Portugal e das colônias. 1801 - Tratado de Badajós - Incorporação definitiva dos Sete Povos das Missões aos portugueses. .Reconfirmação do Tratado de Madrid (1750) Portugal incorpora 14 mil índios à população no Rio Grande do Sul que contava com outras 36 mil LEITURA COMPLEMENTAR Retirado do site: http://www.ernestomelo.com/2011/09/historia-do-rio-grande-do-sul.html A FORMAÇÃO DO GAÚCHO HISTÓRICO Por ser uma zona de fronteira na qual a guerra e a disputa pelo controle da região foram as suas principais marcas o Rio Grande do Sul se caracterizou por ser uma “terra-de-ninguém”. As freqüentes guerras entre Espanha e Portugal pelo controle da região possibilitaram o surgimento de um tipo social denominado de gaúcho ou gaudério. A origem do gaúcho ou gaudério esta relacionada ao estupro das índias charruas, minuanas e iarós, prática corriqueiras entre bandeirantes e soldados. Esses mestiços, marginalizados pela população local, herdaram dos índios a habilidade no trato com o gado e a capacidade para montar. A denominação de gaúcho ou gaudério já definia o lugar deste grupo na sociedade da época “Gauches, palavra Hespanhola uzada neste Paiz para expressar aos Vagabundos, ou ladroens do campo, quais vaqueiros, costumados a matar os Touros chimarroens, a sacar-lhes os couros, e a leva-los ocultamente as povoaçoens, para sua venda ou troca por outros gêneros” A presença deste grupo social foi largamente identificada por historiadores e viajantes “Historicamente o primeiro registro do tipo é em Santa Fé, em 1617, quando mozos perdidos, vestidos à semelhança dos charruas, com botas de garrão de potro, chiripá e poncho, assaltavam as estâncias. As cartas dos jesuítas registram que em 1686 surgiram os vagos ou vagabundos pilhando as estâncias missioneiras. Em 1700 aparecem com o nome de changadores na Vacaria do Mar, e como vagabundos e changadores pero de Montevidéu, 1705.” Durante todo o período colonial o gaúcho foi retratado de forma pejorativa e tratado como uma ameaça a vida social do período “sem chefes, sem leis, sem polícia, os gaúchos não têm da moral senão idéias vulgares” . Segue as descrições sobre esse tipo social “Além do dito povo, há naquela região [...] uma outra classe de gente, mui apropriadamente chamados de gaúchos ou gaudérios. [...] Sua nudez, suas barbas crescidas, seu cabelo sempre despenteado, sua sujeira e a brutalidade de sua aparência os tornam horríveis de ver. Por nenhum motivo ou interesse querem eles trabalhar para alguém, e além de serem ladrões, também raptam. A essas levam para os ambos e vivem com elas em choças, abatendo gado selvagem para seu sustento.” Esses nômades dos pampas parecem ter criado uma imagem de miserável entre os visitantes “Esses homens não deixam de espantar a quem não esteja habituados a vê-los. Estão sempre sujos; suas barbas sempre por fazer; andam descalços, e mesmo sem calças sob a completa cobertura do poncho. Por seus costumes, maneiras e roupas, conhecem-se os seus hábitos, sem sensibilidade e muitas fezes sem religião. Eles são chamados gaúchos, camiluchos ou gaudérios [...]. Trabalham apenas para adquirir o tabaco que fumam e a erva mate paraguaia que tomam em regra sem açúcar e tantas por dia quanto é possível.” Assim o gaúcho histórico foi, enquanto existiu, tratado como um marginal, um paria que não se ajustava a vida em sociedade, um miserável e desempregado que deveria ser excluído. A única utilidade deste gaúcho marginal era servir nas guerras. Este termo gaúcho que identificava o marginal era renegado pela população do Rio Grande do Sul, até o final do século XIX o natural do Rio Grande do Sul se auto denominava de continentino ou rio-grandense. Com a privatização e o cercamento das terras no sul e a apropriação do gado selvagens pelos latifundiários o gaúcho histórico deixou de existir passando a ser incorporado como peão nas estâncias. Nos anos 60 do século XX, jovens interioranos que estudavam em Porto Alegre recriaram miticamente esse que conhecemos hoje, o gaúcho de bombacha ou o gaúcho do CTG que historicamente nunca existiu.