A RELEVÂNICA DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES RUMO A PRÁTICA SOCIAL THE PLACE OF THE TECHNOLOGICAL EDUCATION IN THE FORMATION OF PROFESSORS: NOTES FOR SOCIAL PRACTICAL Clézio Santos1 Resumo O artigo tece relações entre a Educação Tecnológica e a Formação de Professores. O objetivo geral é analisar criticamente as relações entre a Educação tecnológica e a formação de professores. Os Estudos que procuram relacionar a Educação Tecnológica dentro dos cursos de formação de professores são escassos e nossa pesquisa procura colaborar nessa área. Com base nos referenciais estruturamos este texto em três momentos, uma breve abordagem histórica da Educação Tecnológica no Brasil, a conceituação do que entendemos como Educação Tecnológica e relevância da Educação Tecnológica para a formação de professores. Palavras-chave: Educação tecnológica, ensino superior, formação de professores, tecnologia. Summary The article weaves relations between the Technological Education and the Formation of Professors. The general objective is to critically analyze the relations between the technological Education and the formation of professors. The Studies that they look to inside relate the Technological Education of the courses of formation of professors are scarce and our research looks for to collaborate in this area. On the basis of the references we structuralize this text at three moments, one brief historical boarding of the Technological Education in Brasil, the conceptualization of what we understand as Technological Education and relevance of the Technological Education for the formation of professors. Keywords: Technological education, education, formation of professors, technology. 1 Prof. Dr. dos cursos de Geografia do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA) e Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES). Geógrafo e mestre em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Geociências e doutor em Ciências pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Pedagogo e especialista em Educação Tecnológica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ). Contato: [email protected] Introdução Apresentamos nesse texto as discussões acadêmicas sobre a temática Educação Tecnológica, bem como seu “lugar” na formação dos professores. Apresentamos as concepções entendidas nesta pesquisa acerca da educação e da tecnologia, dimensões fundamentais e básicas da Educação Tecnológica. Por meio delas, busca-se situar a Educação Tecnológica no processo de formação de professores. A pesquisa é fruto da monografia apresentada como um dos requisitos para conclusão do curso de pós-graduação latu sensu em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca do Rio de Janeiro (CEFET- RJ) no campus Angra dos Reis, cujo tema central foi a Educação Tecnológica na Formação de Professores da Baixada Santista, em cursos de licenciatura em Geografia. O artigo reflete as políticas públicas atuais de formação de professores, bem como os debates presentes na academia sobre o tema e sua articulação como a Educação Tecnológica. Com base nos referenciais teóricos da área de Educação Tecnológica estruturamos o texto em três momentos: uma breve abordagem histórica da Educação Tecnológica no Brasil, a conceituação do que entendemos como Educação Tecnológica e a relevância da Educação Tecnológica para a formação de professores. Breve história da Educação Tecnológica no Brasil Inicialmente, faz-se necessário precisar o que se entende por técnica e por tecnologia, pois são vocábulos diretamente ligados ao ensino profissional, e ambos são empregados com sentidos confusos em muitos casos. Na língua portuguesa, entendemos por técnica, uma habilidade humana de utilizar racionalmente instrumentos, para construir ou fabricar objetos. È tão antiga quanto a humanidade, admitindo-se a idéia de alguns antropólogos de que um fóssil só pode ser humano se a seu lado forem encontrados instrumentos, e deve ter tido origem com o surgimento da habilidade de utilizar com destreza ambas as mãos, em similaridade com a característica humana de utilizar símbolos, capazes de correlacionar objetos com o pensamento e o instinto (BAGOLINI, 1989). A “invenção” de um tacape feito de pedra na era paleolítica, provavelmente fruto do instituto do homem e do acaso (por exemplo, o do lascamento ocasional de uma pedra) e simbolicamente compreendido por ele, está entre as primeiras conquistas da engenharia. Ao longo da história, a técnica passou a ter um significado mais abrangente, compreendendo o conjunto de regras, operações e habilidades, principalmente as ligadas à construção de estradas, pontes, edifícios, engenhos de açúcar, à produção de instrumentos, máquinas e utensílios, à agricultura, à extração mineral e preparação de materiais para construção ou fabricação, ensinada pelos mestres e seus aprendizes. Os compêndios técnicos medievais e renascentistas, os tratados gregos de medicina, os livros romanos de arquitetura, ente outros, configuram um estágio avançado dessa técnica, uma vez que permitiam sua disseminação, assegurando a educação dos técnicos, fossem eles iniciantes ou não. No entanto, o conhecimento se baseava na tradição e em idéias preconcebidas. Em pleno século XVI, a quase totalidade dos professores universitários herdeiros e discípulos de Aristóteles na admitiam que a ciência que ensinavam poderia repousar na troca entre a razão e experiência. Acreditavam que ela se fundamentava única e exclusivamente, na descoberta, pela razão. Para eles, a ciência nada mais era que contemplação. (JAPIASSU, 1995). Esta postura demonstra uma visão puramente intelectual das realidades que se encontram além do mundo sensível. Para eles, a técnica era um estágio inferior à ciência, da mesma forma que os artesões (aqueles que realizavam obras “servis”), eram inferiores aos “homens livres” (aqueles que praticavam a ciência contemplativa). Este preconceito social pesou muito par a instauração de uma concepção ao mesmo tempo matemática e mecanicista da ciência, agindo sobre a natureza a fim de dominá-la e transformá-la. Somente após o renascimento, com o estabelecimento da Ciência Moderna, que exigia o repensar de toda a produção do conhecimento, bem como suas características, suas determinações e seus caminhos, principalmente pelo fato dessa cultura ser um saber que, apesar de teórico, deveria ser verificado pela experiência científica e fundamentado em fatos, numa ampla base de observação, é que foi possível verificar que tudo o que fora realizado pela tradição técnica poderia sê-lo também pela teoria e metodologia científicas, aproximando o saber teórico-científico ao fazer empírico da técnica. Pensamento este, experimental e matemático, anunciado por Bacon e efetivamente instaurado por Galileu e Descartes exigia eficácia e coerência e deveria, antes de tudo, submeter-se à verificação. A partir da junção da ciência como técnica é que podemos entender o significado do termo tecnologia. Caracterizado como o estudo ou a atividade da utilização de teorias, métodos e processos científicos para a solução dos problemas técnicos, quer se relacione com materiais, processos construtivos, produção de produtos, sistemas organizacionais do trabalho, cálculos ou projetos de engenharia. “[...] tecnologia é cultura, que se tem ou não, que só pode ser adquirida com o ingresso de todo o sistema sociocultural do país no assim chamado ‘mundo moderno’.” (VARGAS, 1994 apud PIRES, 2004, p.30). Com esse aprendizado científico, surgiu a competência de se resolver problemas técnicos e tomou-se possível a consecução de projetos tecnológicos. Leonardo da Vinci, artista prodigioso e criativo, com suas maquetes e esquema, através dos quais se esboçava a fisionomia do novo mundo industrial e técnico, dentro do empreendimento do cartesiano de tornar-nos mestres e possuidores da natureza, Nicolai Copérnico, Johannes Kepler e Galileu Galilei, com seus originais experimentos, que decretaram a extraordinária relevância das matemáticas para melhor entendermos a ciência da natureza, foram os precursores da engenharia de base científica. Foi somente com a fundação da Royal Society of Sciences de Londres em 1662 e a Academie Royale des Sciences em Paris em 1666, eu o avanço do saber e a institucionalização da pesquisa se vincularam ao poder político de tal forma que os monarcas da Inglaterra e da França, Charles II e Luiz XIV, respectivamente, patrocinaram tais academias, “porque estavam interessados em resolver problemas colocados pelo comércio, pela manufatura e pelos transportes marítimos“ (JAPIASSU, 1995). Os estatutos da Royal Society of Sciences, por exemplo, escrito por seu secretário geral Hooke (1663), estabeleceram seus objetivos: De acordo com Pires (2004) o objetivo desta Sociedade consiste em melhorar o conhecimento das coisas naturais e de todas as artes úteis, manufaturas, práticas mecânicas, engenhos e invenções por experimentação, sem se misturar com Teologia, Metafísica, Moral, Política, Gramática, Retórica ou Lógica. A Educação profissional no Brasil Só faz sentido falar de tecnologia no Brasil a partir do século XIX, quando a palavra entra na nossa língua e quando se criam os primeiros cursos de engenharia. Datam de algumas décadas, em meados daquele século, a criação do curso de Arquitetura do Rio de Janeiro, a dos cursos de Engenharia desvinculado dos cursos militares e, depois a implantação dos Liceus Industriais. É a partir de então que se pode falar de tecnologia: sistematização científica dos conhecimentos relacionados com as técnicas. Isso quer dizer que tecnologia não se confunde com técnica; a primeira delas seria uma metatécnica, pois tem a técnica como objeto de seus estudos, mas com ela não se confunde. Isso que dizer que um homem que está trabalhando num laboratório de pesquisa tecnológica não está, naquele momento, produzindo objetos de consumo imediato para o mercado. Ele está ligado à pesquisa genericamente, ao estabelecimento e À problemática da produção, incluindo a questão do custo. A aquisição da cultura científica moderna entre nós foi muito lenta, enquanto a Filosofia de origem escolástica dominava nossos seminários e escolares de Direito, insistindo numa formação humanística de nossas elites, em oposição a uma formação técnico-científica. O primeiro movimento filosófico moderno que chegou a influenciar as classes dirigentes brasileiras foi o Positivismo. Mas esse movimento, por razões filosóficas, supervaloriza a ciência a ponto de considerá-la perfeita e acaba, simplesmente pronta para se ensinada, mas não a ser pesquisada, pois já adquirira forma final. A primeira instituição a ensinar engenharia com base científica foi a Ecole Nationale de Ponts, instalada em Paris em 1747. Em 1818, fundou-se em Londres o Instituo de Engenheiros Civis. No Brasil, o marco inicial da história da engenharia aconteceu no dia 04 de dezembro de 1818, data de fundação da Academia Real Militar. Em 1874 começou a funcionar a Politécnica do Rio de Janeiro; Em 1876, começou a funcionar a Escola de Minas de Puro Preto e, finalmente em 1894, a Politécnica de São Paulo. E foi a partir daí, com os primeiros efeitos da Revolução Industrial atingindo o Brasil, que a engenharia passou a se desenvolver de forma integrada com a tecnologia. Até fins do século XIX, a engenharia se confundia mais com a técnica militar, de se construir artefatos de guerra e fortificação militares. Contrapondo-se a esse caráter belicista da engenharia, surgiu a atividade de engenhosos e criativos (TELES, 1984), profissionais dedicados à construção de pontes, edifícios, canis, portos e rodovias, caracterizando a atividade de engenheiros não militares (TELES, 1984), e por isso mesmo chamados de engenheiros civis, mesmo que construíssem estruturas, máquinas elétricas, mecânicas ou desenvolvendo atividades ligadas à mineração. O ensino técnico surge a partir do Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909, assinado pelo então Presidente da República, Dr. Nilo Peçanha, que cria 19 Escolas de Aprendizes Artífices, uma em cada capital brasileira. Essas escolas tinham com objeto a formação de mão-de-obra especializada para atender ao crescente desenvolvimento industrial do país. Eram escolas destinadas principalmente aos menores provenientes de classes proletárias. No Brasil durante as quatro primeiras décadas do século XX, adotaram-se políticas de substituição de importações, para impulsionar o processo industrial brasileiro, o que demandava um alimento de mão-de-obra ara ais atividades. No mesmo período surge o movimento operário que reinvidicava uma maior qualificação dessa mão-de-obra, até então escravista e assalariada agrícola, no sentido de transformá-la num trabalho assalariado. Até 1930, ano da criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, as Escolas de Aprendizes Artífices pertenciam ao Ministério da Agricultura, a partir desta data recebem a denominação de Liceus Industriais. Em 1942, a reforma Capanema, também conhecida como as Leis Orgânicas do Ensino, fez com que o ensino industrial deixasse de ser primário e passasse a ser de segundo grau, desta forma os Liceus Industriais passaram a ter a denominação de Escoas Técnicas. Frente à necessidade de formação profissional que acompanhasse a expansão industrial paulista, em 1963 acontecem as primeiras reuniões do Conselho Estadual de Educação do Estado de são Paulo para a criação de um Centro Estadual voltado para a Educação Tecnológica. Em outubro de 1969, o governador Abreu Sodré assinou o Decreto-Lei que criou a entidade autárquica destinada a articular, realizar e desenvolver a educação tecnológica denominada Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”, que iniciou suas atividades em 06 de outubro de 1969. Ali surgiram as primeiras Faculdades de Tecnologia (FATECs), onde os alunos receberiam instrução superior científica associada ao aprendizado técnico, que já havia sido tentado, sem resultados pelos cursos universitários de engenharia operacional. Em 20 de dezembro de 1996 é promulgada a Lei Federal nº 9394 – Lei de Diretrizes e Bases da educação – que determina novas orientações para a educação profissional e que são regulamentadas pela Resolução CNE/CEB nº 04/09. Essas diretrizes curriculares contemplam as novas exigências do mundo do trabalho, superando a formação específica e qualificações restritas às exigências de postos determinados e determina a emergência de um novo modelo de educação profissional centrado em competências por área. O novo modelo de educação profissional possibilitou tanto para s cursos técnicos de nível médio como para os cursos superiores de tecnologia a criação de novas áreas profissionais, como: agropecuária, artes, comércio, comunicação, construção civil, design, geomática, gestão, imagem pessoal, indústria, informática, laser e desenvolvimento social, meio ambiente, mineração, química, recursos pesqueiros, saúde, telecomunicações, transportes e turismo e hospitalidade. A Experiência dos Diversos Fazeres Pedagógicos Ao refletir o que esses períodos passados têm em comum quando o tema é educação é o fazer pedagógico. O fazer pedagógico pode e foi analisado pelo caminho histórico filosófico adotado em nosso livro texto. Podemos ver como a Educação e o fazer pedagógico foi trabalho em cada momento histórico-filosófico. O detalhamento das informações nos auxilia a entender de uma forma mais ampla a Educação no mundo contemporâneo. Percebemos que nas diferentes épocas: antiga, medieval e moderna, a Educação esta presa ao seu sentido humano e social e esta presente desde as origens da sociedade humana. Dessa forma retomando o conceito de Educação podemos ver que em diferentes momentos a Educação respondeu a seu tempo de uma forma especial e contribuiu para a efetivação do ato de educar. Portanto, olhar para os períodos passados e ver como os grupos sociais anteriores resolveram suas questões educacionais e como essas experiências podem nos auxiliar nos dias de hoje. Devemos aproveitar todo o nosso acúmulo de conhecimento na área educacional para usá-los no nosso fazer pedagógico dos dias de hoje. Não tem sentido esquecê-los, já que a Educação esta presa a seu sentido humano e social. Educação Tecnológica Autores como Reis (1995), Cardoso (1989), Grinspun (2001), Alves (2002), Bastos (2000), Bueno (1999), e Durães (2006), que têm discutido a Educação Tecnológica destacam a relevância de se estabelecer um diálogo entre os indivíduos e as tecnologias presentes em nossa sociedade No prefácio da obra organizada por Grinspun (1999), Milton Vargas destaca a definição dada por Grinspun como ampla e substancialmente, o que se deve entender por Educação Tecnológica: “De maneira alguma trata-se do ensino técnico-profissional; mas da educação visando a formação não só de tecnólogos, como de todos os que vivem nas sociedade tecnologizadas, no sentido de guiar ao desenvolvimento tecnológico, para que ele não ponha em choque a responsabilidade, a liberdade e a autonomia humanas” (VARGAS, 1999, 13) O entendimento de Grinspun (1999) comentadas por Vargas (1999) destaca que a Educação Tecnológica não pode e não deve tratar as tecnologias de forma comum. Onde estas são comumente percebidas como instrumentos ou como produtos lançados para a sociedade, no intuito de que estes tenham suas necessidades de consumo sanadas. Devemos repensar o conhecimento científicotecnológico, conhecimento este que não é apenas transposto, acumulado ou exclusividade de pesquisadores em suas instituições, mas construído por meio da relação do indivíduo com a cultura, com a ciência e com a tecnologia. Segundo Oliveira (2007, p.39) “A Educação Tecnológica se manifesta como seqüência de uma luta pela democratização do saber, aqui, em específico, do saber científico-tecnológico que vem direcionando a vida social, mas que se concentra nas mãos de poucos. Para Bastos (2000), a ET envolve uma busca na formação de sujeitos competentes e inventores de novos processos que reflitam atitudes inovadoras e criativas.” Ambos os autores Bastos (2000) e Oliveira (2007) destacam que os sujeitos competentes não são aqueles que apenas sabem aplicar técnicas, mas que adquirem, pelos contatos com os artefatos, a capacidade de entender o mundo e a sociedade tecnológica em que vivemos. Essa forma de pensar é a busca da superação de uma mentalidade centralizada na eficácia técnica para uma atitude reflexiva e crítica sobre o saber-fazer. De acordo com Reis (1995), o grande objetivo da Educação Tecnológica é promover um desenvolvimento da educação moral e intelectual, para que a tecnologia seja utilizada com fins pacíficos e sociais. A Educação Tecnológica procura contribuir para a formação científica e tecnológica enquanto cultura para todos, desde o ensino fundamental até o superior. Dessa forma, abarca o ensino da ciência e da tecnologia no ensino básico e no ensino superior. Onde Educação Tecnológica esta presente na escola e na universidade, pautado em um compromisso político e ético, a fim de que não se consolidem como mais um instrumento de dominação. Sasson (2003) argumenta a favor de uma renovação no ensino da ciência e da tecnologia nas instituições escolares, tendo os seguintes objetivos: “Os alunos se perguntam, atuam de forma racional e se comunicam. O que significa que constroem seu aprendizado como atores das atividades científicas que praticam. Observam um fenômeno do mundo real e próximo, e fazem perguntas. Realizam pesquisas por intermédio de experiências concretas, contempladas, eventualmente, pela busca de documentação; é importante que os alunos sigam esses dois procedimentos complementares. Durante essas atividades, eles intercambiam e argumentam, compartilham idéias, confrontam seus pontos de vistas e apresentam resultados, provisórios ou definitivos, oralmente ou por escrito. Deste modo, estão dispostos a ouvir e respeitar o outro, a levar em conta a sua opinião” (SASSON, 2003, p. 33 apud OLIVEIRA, 2007, p. 41). Com as idéias de Sasson (2003) e de Oliveira (2007) temos uma proposta de formação científico-tecnológica para todos e não para guetos específicos e sim como instrumento de luta contra mais um fator que contribui para a exclusão social, a separação brusca entre aqueles que pensam, criam e elaboram conhecimentos da área e aqueles que os executam. A ciência para os ricos, a técnica para os pobres. De acordo com Oliveira (2007, p. 41): “O nosso interesse em considerar a formação científico-tecnológica como integrante da Educação Tecnológica deve-se ao fato de acreditarmos que a qualidade dessa formação viabiliza o olhar global para as situações de aprendizagem, vivenciadas no cotidiano da sala de aula, no sentido de compreender seus processos de construção e reconstrução de significados. Conhecer como a ciência participa de nossas vidas é alcançar, irreversivelmente, a linha tênue entre ela e a tecnologia e seus reflexos nos contextos de vida. É elaborar seu conhecimento a partir de sentidos próprios, ou seja, interpretando as próprias representações.” Concordamos com a autora, pois o desafio de incorporar a formação científico-tecnológica na Educação Tecnológica deve ser uma preocupação de todos os cursos de formação de professores. As concepções elaboradas em torno da Educação Tecnológica estão atreladas com os sentidos atribuídos acerca de suas duas grandes bases conceituais, denominada também como dimensões básicas: educação e tecnologia. Retomamos a lógica desenvolvida por autores como Grinspun (2001), Bueno (1999), e Oliveira (2007) e apresentamos uma discussão sobre educação e tecnologia. Educação Atualmente, falar em desenvolvimento social implica considerar o nível educacional das pessoas que compõem a sociedade. A educação tornou-se parâmetro para a mensuração do nível de desenvolvimento da sociedade, fazendo emergir políticas públicas que visam à reformulação do sistema de ensino - conforme discutido no capítulo anterior - ou especificamente voltadas para as áreas de mais “carência intelectual”. Percebe-se nessas políticas um caráter mais “corretivo” do que “preventivo”, e talvez essa seja uma das razões pelas quais muitas fracassam, pois políticas de caráter corretivo almejam resultados em curto prazo, o que é impossível quando o assunto é educação. Não pretendemos adentrar no centro das discussões dessas reformas e as disputas de poder que revelam. O fato é que falar dos caminhos da educação está na pauta nacional e internacional e, por tal razão, vem sofrendo mudanças constantes manifestadas, principalmente, na legislação vigente. A origem etimológica da palavra educação é de dois vocábulos latinos - educare e educere. Este indica um desabrochar das potencialidades do indivíduo, num percurso de dentro pra fora. Aquele significa orientar, conduzir o indivíduo de um ponto onde ele se encontra a outro que almeja alcançar (GRINSPUN, 2001). Bueno (1999, p. 76) define educação como: “A construção do próprio ser humano do ambiente que este se insere; construção esta que se faz pelo surgimento das culturas, dos costumes, das leis, do próprio entendimento do ser humano enquanto ser racional de relações.” Segundo Grinspun (2001), a modernidade que nos direciona para uma cultura do novo, do progresso, da constatação, da mudança demanda novos paradigmas educacionais, analisados em torno dos seguintes eixos temáticos: “• Objetividade – a educação propiciará ao aluno condições para dominar o conhecimento da ciência, considerando dois pontos importantes: a interdisciplinaridade e generalidade. • Subjetividade – repensa a questão das atitudes, valores e sentimentos que envolvem o processo da educação e que geralmente são desconsiderados frente à valorização de aspectos cognitivos. • Totalidade – busca análise do aluno como um todo, fundamentado principalmente na noção de inteligências múltiplas de Howard Gardner.” (GRINSPUN, 2001, apud OLIVEIRA, 2007, p.40). Freire (1969) aponta o papel da educação como colaboradora para a organização reflexiva do pensamento do aluno, buscando a superação de uma captação ingênua da realidade, por uma captação dominantemente crítica. Segundo o autor, isso permitiria ao aluno assumir posturas identificadas com as exigências da democracia, combatendo a inexperiência democrática. Nesta pesquisa, o foco de discussão será em torno da educação escolar voltada para a formação inicial docente. Concordamos com Oliveira (1997), educação escolar é entendida como: “[...] um trabalho concreto de produção e reprodução da existência humana, nas esferas material e espiritual, pelo qual os atores da situação pedagógica, professores e alunos, em particular, se relacionam entre si e com o mundo natural e social. “ (OLIVEIRA, 1997, p.19). No momento atual as escolas devem pensar e refletir os seus espaços e tempos, de acordo com o contexto em que se inserem, a organizar seus currículos e práticas, considerando os alunos, os professores e as comunidades. Esse é o processo educativo onde as relações sociais cotidianas no ambiente escola são fundamentais na formação humana do indivíduo. A escola deve ser entendida como um conjunto de relações onde estão presentes as relações de ordem curricular, mas também outras relações que extrapolam o previsível e o planejado das práticas educativas e permanece a identidade dos indivíduos. A escola enquanto espaço de socialização, ocupa posição importante na trajetória de seus sujeitos. De acordo com Oliveira (2007) a educação escolar deve contextualizar o processo de ensinoaprendizagem em uma realidade dinâmica, ativa e repleta de tecnologia. Nessa realidade, os alunos constroem saberes antes mesmo de chegarem à escola, mas, por vezes, ignorados pela mesma. A escola deve buscar a participação ativa dos indivíduos que constituem nossa sociedade, desenvolvendo competências importantes nesta nova era, tais como: capacidade de pesquisar, questionar, argumentar, utilizar diversos códigos de linguagens, propor e ouvir idéias, negociar conflitos, antecipar e resolver problemas. Com base nesta abordagem de educação escolar, torna-se inevitável refletir sobre os contextos escolares onde os professores são formados. Entendemos como formação um processo de aquisição de saberes que orientam e fundamentam as atitudes do indivíduo, diante das situações vivenciadas ao longo de sua vida pessoal e profissional. Concordamos com Bastos (2000) no sentido de que “Ao abordar as questões que envolvem a educação tecnológica estamos sempre buscando a formação dos sujeitos, é claro, competentes, mas sobretudo inventores de novos processos a partir de posturas inovadoras e criativas. Os sujeitos competentes não são aqueles que apenas sabem aplicar técnicas, mas que adquirem pelos contatos com os artefatos a capacidade de entender o mundo e a sociedade tecnológica em que vivemos. (BASTOS, 2000, p. 38)”. No âmbito dos cursos de formação de professores de Geografia, defendemos uma educação que considere o repertório de conhecimentos dos professores em formação, diminua a distância entre o objeto de estudo e a realidade na qual está inserido, que valorize sua expressão escolar. Os novos direcionamentos atribuídos às concepções pedagógicas e às mudanças nas práticas de ensino devem se concretizar, primeiramente, nos ambientes que preparam os futuros educadores. Tecnologia Tecnologia (do grego τεχνη — "ofício" e λογια — "estudo") é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. Dependendo do contexto, a tecnologia pode ser: As ferramentas e as máquinas que ajudam a resolver problemas; As técnicas, conhecimentos, métodos, materiais, ferramentas, e processos usados para resolver problemas ou ao menos facilitar a solução dos mesmos; Um método ou processo de construção e trabalho (tal como a tecnologia de manufatura, a tecnologia de infra-estrutura ou a tecnologia espacial); A aplicação de recursos para a resolução de problemas; O termo tecnologia também pode ser usado para descrever o nível de conhecimento científico, matemático e técnico de uma determinada cultura; Na economia, a tecnologia é o estado atual de nosso conhecimento de como combinar recursos para produzir produtos desejados (e nosso conhecimento do que pode ser produzido). A tecnologia é, de uma forma geral, o encontro entre ciência e engenharia. Sendo um termo que inclui desde as ferramentas e processos simples, tais como uma colher de madeira e a fermentação da uva, até as ferramentas e processos mais complexos já criados pelo ser humano, tal como a Estação Espacial Internacional e a dessalinização da água do mar. Freqüentemente, a tecnologia entra em conflito com algumas preocupações naturais de nossa sociedade, como o desemprego, a poluição e outras muitas questões ecológicas, filosóficas e sociológicas. Para Reis (1995) o lugar da tecnologia na educação geral tem sido discutido pelos estudiosos que buscam superar a idéia de que seu campo é o ensino profissionalizante. A comunidade educacional critica a associação da tecnologia com os cursos técnicos, já que, no passado, isso foi razão de segregação entre os ditos mais capazes e os menos capazes, impedindo o ingresso de muitos na vida acadêmica. Na literatura acadêmica, há uma ampla reflexão sobre a importância de se compreender os processos tecnológicos manifestados na sociedade, já que tais processos são, muitas vezes, percebidos pela maioria da população somente como objetos, instrumentos facilitadores das tarefas do cotidiano. O determinismo e o reducionismo relacionado ao entendimento da tecnologia têm sido discutidos por diversos autores como Oliveira (2000), Bastos (2000), e Oliveira (2007). Na tentativa de superar tais interpretações, entende-se como tecnologia: “• produtos da ação humana, historicamente construídos, expressando relações sociais das quais dependem, mas que também são influenciadas por eles. Assim, os produtos e processos tecnológicos são considerados artefatos sociais e culturais, que carregam consigo relações de poder, intenções e interesses diversos; • artefatos mediadores da interação social e cognitiva do ser humano com as bases materiais da sociedade; • recursos que, se de um lado não possuem características do sagrado – de poder infinito e perene -, que demandaria celebração, de outro, também não são artefatos destituídos de cultura e criados apenas para serem consumidos e trocados como mercadoria. “(OLIVEIRA, Rita, 2000, p.42). Avançar o entendimento e superação do papel funcionalista atribuído à tecnologia é um compromisso desta pesquisa e de grande parte dos pesquisadores em Educação Tecnológica e em especial os pesquisadores no Brasil. Para Cardoso (2001), o desenvolvimento da técnica, da ciência e da tecnologia deve ser compreendido na sua relação com as determinações sociais, políticas, econômicas e culturais, construindo uma relação histórica do homem com a natureza. “Por meio de uma ampla pesquisa bibliográfica, Bertoldo (2004) demonstra as diversas interpretações acerca do surgimento da tecnologia. As interpretações mais correntes centram-se na explicação de que, durante o período que media a préhistória até a Revolução Científica, os conhecimentos técnicos não se apoiaram em uma base teórica, e sim em uma base empírica. A tecnologia surge da união entre a técnica e a ciência moderna, nos meados do século XVII” (OLIVEIRA, 2007, p.48). Porém essa interpretação de acordo com Bertoldo (2004) pode levar a uma visão estreita na perspectiva histórica da tecnologia, desvinculando sua natureza do conceito de técnica. A relação entre ciência e técnica deve ser entendida de maneira recíproca, pois, apesar de cada uma resguardar as definições próprias, é necessário um constante diálogo entre seus saberes específicos, que se manifestam concretamente pelo desenvolvimento tecnológico; de modo que já não se pode mais falar em tecnologia sem ciência, ou ciência sem tecnologia. Para Grinspun (2001, p.12), [...] a tecnologia não é mercadoria que se compra ou que se vende. Ela é um saber que se adquire pela educação teórica e prática e, principalmente, pela pesquisa tecnológica. Uma nação só adquirirá capacitação tecnológica se tiver um sistema de educação completo, incluindo ciências teóricas e aplicadas e quando dispuser de instituições de pesquisa e órgãos financiadores das mesmas. A busca de convergência entre ciência e tecnologia que se torna possível elaborar políticas públicas, projetos e iniciativas rumo a uma participação mais equilibrada de todos os setores sociais, frente ao desenvolvimento científico-tecnológico. Concordamos com Reis (1995), Grinspun (2001) e Oliveira (2007), que consideram que a Educação Tecnológica estende-se para além de fragmentos de ensino, aprendizagem e treinamento, para além de especialidade em determinado nível de grau escolar, pois todas as modalidades escolares devem ter em sua prática pedagógica a dimensão da Educação Tecnológica. Os reflexos dos avanços tecnológicos são manifestados na sociedade como um todo. A Formação de Professores e a Educação Tecnológica O contexto da sociedade contemporânea exige do educador atuante na escola básica e no ensino superior uma formação crítica, embasada no diálogo com a “sociedade tecnológica”, permitindo-lhe enfrentar com mais elementos e competência situações do cotidiano escolar tais como: a comunicação via novas tecnologias (computador, celular); o ensino de geografia por meio de abordagens fenomenológicas e tecnológicas; os saberes cobrados pelos alunos das vivências extra-escolares, etc. Não se trata de apenas ensiná-lo a manusear equipamentos computacionais ou softwares educativos, capacitando-o como executores da tecnologia educacional e sim possibilitar uma formação no âmbito da Educação Tecnológica que, segundo Grinspun (2001), fundamenta-se no: “saber-fazer, saber-pensar e criar que não se esgota na transmissão de conhecimentos, mas inicia-se na busca da construção de conhecimentos que possibilitem transformar e superar o conhecido e ensinado”. (GRINSPUN, 2001, p.65) Trata-se de permitir a interpretação crítica do mundo tecnológico, compreendendo sua história, as vantagens e conseqüências de seu avanço na vida das pessoas. Historicamente, o contato dos docentes com questões tecnológicas não era algo importante nos cursos de formação Segundo Alves (2002), a revolução digital trouxe novas implementações metodológicas nos cursos de formação docente a partir da introdução das disciplinas da área de Informática em cursos técnicos e acadêmicos, mas os resultados não foram tão satisfatórios quanto se esperava. Embora esperançosos de que esta história de defasagem tecnológica seja substituída por uma sólida formação do educador no campo da ciência e tecnologia, verificamos que, em se tratando da legislação educacional, alguns aspectos fundamentais ainda são tratados de forma “tímida” - ou sintética demais. As DCN para a formação de professores da educação básica em nível superior, curso de licenciatura, discutem a ausência de conteúdos relativos às tecnologias de informação e comunicação como um dos problemas do processo de formação dos professores (BRASIL, 2001). Sendo assim, contra-argumenta salientando a necessidade de o professor aprender a usar os diversos recursos tecnológicos no desenvolvimento dos conteúdos curriculares. Verificando a freqüência desse saber usar em outras passagens do documento, torna-se preocupante o fato desse acesso às tecnologias ser equacionado nos limites de um saber utilizar as tecnologias. Tal preocupação pode ser justificada pela passagem a seguir: É necessário também que os cursos de formação ofereçam condições para que os futuros professores aprendam a usar tecnologias de informação e comunicação, cujo domínio é importante para a docência e para as demais dimensões da vida moderna (BRASIL, 2001, p.45). De acordo com esse momento do texto, nos remete a pensar na necessidade da Educação Tecnológica estar presente em nosso curso de formação de professores. Retomamos nossa esperança ao lermos as orientações das DCN que expõem a necessidade de se promover mudanças no curso de formação a fim de, entre outras, “atualizar e aperfeiçoar os formatos de preparação e os currículos vivenciados, considerando as mudanças em curso na organização pedagógica e curricular na educação básica.” (BRASIL, 2001, p.5). Isso se faz necessário para que os professores não se sintam inseguros e despreparados para lidar com situações do cotidiano que exigem um pensar-agir frente aos conhecimentos técnico-científicos evidenciados nos programas de ensino e frente aos saberes tecnológicos presentes na escola ou trazidos pelos alunos. Nessa perspectiva, para que serve a Educação Tecnológica? Recorremos a Grinspun (2001) e Reis (1995) para responder tal questão: [...] para formar um indivíduo, na sua qualidade de pessoa humana, mais crítico e consciente para fazer a história de seu tempo com possibilidade de construir novas tecnologias, fazer uso da crítica e da reflexão sobre a sua utilização de forma mais precisa e humana, e ter as condições de, convivendo com o outro, participando da sociedade em que vive, transformar essa sociedade em termos mais justos e humanos. (GRINSPUN, 2001, p.29). De acordo com Reis (1995 apud OLIVEIRA, 2007, p. 41): “O grande objetivo da Educação Tecnológica é promover um desenvolvimento da educação moral e intelectual, para que a tecnologia seja utilizada com fins pacíficos e socialmente proveitosos.” A explanação sobre os objetivos e as dimensões da Educação Tecnológica - educação e tecnologia procuram elucidar pontos que compõem a construção de sentido em torno da Educação Tecnológica na formação de professores, a partir das obras lidas e das concepções educacionais referenciadas nesta pesquisa. “É importante reforçar o alerta, dado por Grinspun (2001), para o fato de que a Educação Tecnológica, no âmbito escolar, não é a preparação para o ensino técnico e profissional, não é o domínio das novas tecnologias – em especial o computador; nem aprender um receituário pedagógico de como proceder diante das tecnologias dentro e fora da escola; mas engloba a visão de homem comprometido e consciente do seu papel na sociedade, uma vez que sua formação permite o desenvolvimento de novas linguagens, novos códigos referenciais, novos símbolos e representações” (OLIVEIRA, 2007, p.42) Esses reducionismos explicam, na própria definição, os impactos que seus conceitos causam no contexto escolar, na medida em que são incorporados pelos educadores, reforçando o pensamento unicamente mercadológico acerca da tecnologia. Abaixo apresentamos as experiências em ambientes escolares vivenciadas e relatadas pela autora Oliveira (2007, p. 44). “• as tecnologias são percebidas somente como recursos facilitadores da ação pedagógica e, às vezes, até reduzidas aos novos recursos, esquecendo-se daqueles mais antigos (e presentes) do contexto escolar, a começar pelo giz; • ao não se sentirem capacitados para lidar com as novas tecnologias, os educadores não as incorporam em suas práticas. O resultado disso é a existência de salas de informáticas fechadas e inativas, ou utilizadas somente com a presença de um profissional especializado no assunto; • os educadores não percebem os processos tecnológicos presentes na organização curricular, no processo de alfabetização ou nas manifestações criativas dos alunos.” As concepções elaboradas acerca da tecnologia influenciam, consideravelmente, as práticas profissionais e as reações dos sujeitos frente à sociedade e no contexto escolar, a concepção da tecnologia enquanto processo de construção histórica ainda parece ser um saber hermético. A Educação Tecnológica deve acreditar que a qualidade dessa formação viabiliza o olhar global para as situações de aprendizagem, vivenciadas no cotidiano da sala de aula, no sentido de compreender seus processos de construção e reconstrução de significados. O pensar a tecnologia tem como principal propósito demonstrar como a tecnologia é parte da cultura ocidental e não um conjunto de aparelhos e nem mesmo tão somente um puro saber-fazer, baseado em conhecimento científicos. Considerações alguns pontos A Filosofia da tecnologia é fundamental para a Educação, pois no senso comum, a realidade estudada não recebe um aprofundamento maior e nem um questionamento sobre seu funcionamento. Pode haver várias interpretações do mesmo fenômeno, dependendo da história cultural e social de cada indivíduo. Dessa maneira o conhecer e o pensar o mundo é fundamental para formação dos indivíduos, mas para que isso ocorra é necessário que exista o ato de ensinar. No modo Filosófico do conhecer a razão é a base do estudo, onde questões de ordem abstrata é o centro do estudo de certa realidade. Indaga-se sobre idéias, fenômenos observáveis, conceitos e exige muita reflexão. Essa reflexão desse ser transmitida e transposta, nesse momento entre um dos papéis fundamentais da Educação. No conhecimento científico, o fenômeno estudado recebe várias indagações onde o pesquisador se aprofunda sobre o assunto, buscando estudos anteriores, levantando hipóteses e cumprindo um ciclo de pesquisa amplo e de extrema fundamentação teórica. Esse conhecimento produzido deve ser transposto de forma didática. Em se falando de conhecimento, não podemos deixar de lado o papel fundamental da linguagem e sua função na organização e representação de pensamentos. A linguagem é representada por signos, símbolos dão o significado às coisas, onde uma mesma palavra tem vários significados, ou vice e versa. Classifica-se a linguagem como simbólica, complexa e compósita. O processo educativo “facilita” e “instiga” essa linguagem para os sujeitos envolvidos. De acordo com Pires (2004) O conhecimento da história que norteou a criação dos cursos técnicos e tecnológicos apresentada poderá contribuir para a identificação e delimitação das referidas fronteiras das competências a serem adquiridas e das habilidades a serem desenvolvida, bem como auxiliar na definição de matérias pedagógicas essenciais para os cursos técnicos e de tecnologia, tornando mais claro o perfil do profissional correspondente e que terá com meta maior, a transformação da sociedade. As novas tecnologias engendram novos modos de produção, sendo ao mesmo tempo produtos desses, do mesmo modo que a formação de competências profissionais para as novas tecnologias não podem estar dissociadas das competências utilizadas nas tecnologias sobreviventes, uma vez que constituem o cerne do conhecimento tecnológico. Podemos observara que existe hoje um elevado número de modalidade de cursos técnicos e tecnológicos, dos clássicos aos mais modernos, existe entre eles uma grande interdisciplinaridade, de modo a requererem forte base científica, raciocínio abstrato, domínio de instrumentos metodológicos modernos como a modelagem computacional, bancos de dados, etc., de modo a ficarem cada vez mais difusas as fronteiras entre o que conhecemos por Ciência Pura, Ciência Aplicada, Engenharia e Tecnologia. A Educação Tecnológica colabora com o olhar global para as situações de aprendizagem, vivenciadas na escola e o papel do professor é fundamental para o processo de construção e reconstrução de significados sociais. A tecnologia faz parte de nossa cultura, não podemos negligenciá-la ela deve fazes parte de nossa prática social. Referências BAGOLINI, B. Os significados do estudo das tecnologias líticas pré-históricas. Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência. São Paulo: SBHC, 1989. 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