A Percepção da Doença de Chagas entre Professores : pela promoção da saúde Danielle Grynszpan Setor Alfabetismo Científico, LBI/Fiocruz [email protected] Se a tecnociência vem progredindo no mundo, por que não está melhorando a qualidade de vida? Por que a Doença de Chagas continua e se expande mesmo no mais desenvolvido estado de nosso país, o Brasil? Por que não se pode evitar determinadas situações, se a ciência já indicou os fatores determinantes dos problemas bem como também ofereceu possibilidades de solução, tratamento e cura? Embora a questão ainda seja polêmica, parece ainda existir um risco crescente de que a Doença de Chagas permaneça endêmica devido à migração de populações humanas infectadas em suas regiões de origem, ao desmatamento ou à colonização de maneira descontrolada, apesar da adaptação dos vetores selvagens que vivem em torno dos ambientes perid penas populaçõesomésticos. Mas, será que estas questões têm sido observadas pelas populações? Temos o compromisso com a definição de estratégias de estímulo a um trabalho educacional que se baseia na Promoção da Saúde – como advogava a Carta de Otawa em 1986, cujas linhas mestras foram incorporadas pelo Ministério da Saúde do Brasil. O Guia de Vigilância Epidemiológica ( 2006) mostra que um grande número de ações de baixo custo pode ser realizado. Este trabalho relata uma pesquisa desenvolvida com professors de escolas públicas de diferentes municipalidades brasileiras. Um levantamento sobre conhecimentos, opiniões e crenças é fundamental para uma compreensão da possibilidade destes importantes atores sociais identificarem problemas, analisarem fatos e sugerirem soluções para ações concretas. Em trabalho anteriores o papel da educação na diminuição da taxa de reinfecção foi evidenciado. Os dados indicam que os conhecimentos dos professores sobre saúde ainda permanence deficient no que tange à percepção da disseminação da doença. O desenvolvimento de pesquisa qualitativa, com base nas entrevistas, mostram a existência de um verdadeiro mosaico de concepções , mas a visão higienista é preponderante. Os professores acreditam que a saúde seja um estado que se pode alcançar se regras higiênicas forem seguidas. Uma visão fatalista persiste, considerando-se a saúde como “ parte da história natural do mundo”. Esta concepção é ligada à idéia de saúde como um problema incontrolável, que não depende do desenvolvimento científico, porque ele dependeria de fatos que estariam fora da competência humana. Mesmo que os professors conheçam o papel dos vetores, alguns ainda acreditam que a Doença de Chagas pode ser “ pega diretamente do ambiente”. Um grupo acredita, inclusive, no contágio decorrente de contato pessoal. Enfatizamos que um processo educacional pode ajudar a fazer a conexão entre fatos, a relacionar causas e consequências. É fundamental estimular um processo de construção compartilhada do conceito de saúde como algo que é dinâmco, com influências ambientais que envolvem a busca infinita por melhores condições de vida, baseada em participação comunitária. Parcerias entre diferentes instituições e atores podem enriquecer o estabelecimento de propostas de ação em termos de educação ambiental e mobilização social. Em nosso trabalho, estabelecemos parcerias que são base para a melhoria da formação básica oferecida aos professors públicos. As parcerias também nos fizeram colaborar para um esforço de comunicação realizado pela Fiocruz, através de seu Portal. Estamos, ainda, desenvolvendo protótipos de materiais educacionais que tem sido testados pelos professors públicos. O papel da educação é vital na promoção da saúde, permitindo ações coletivas que possam reforçar uma educação científica que esteja voltada para a formação do cidadão e inclusão social. Enfatizamos a necessidade de possibilitar trabalhos que integrem o desenvolvimento tecnológico ao social e a pesquisa biomedical à educacional, em um esforço mais efetivo a favor da melhoria da qualidade de vida das populaces.