CULTIVO DO SORGO Apresentação A cultura do sorgo, no Brasil, apresentou avanço significativo a partir da década de 70. Nesses poucos mais de 30 anos, a área cultivada tem mostrado flutuações, em decorrência da política econômica, tendo a comercialização como principal fator limitante. Atualmente, a cultura tem apresentado grande expansão (20% ao ano, a partir de 1995), principalmente, em plantios de sucessão a culturas de verão, com destaque para o Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e região do Triângulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granífero plantado no país. Existe a expectativa de plantio de 850.000 ha, para a atual safra, com base na estimativa de sementes comercializadas e em vias de comercialização. Essa área poderá ser responsável pela produção de 1.700.000 t de grãos. Projeções feitas sobre o potencial de expansão da cultura indicam aumento de até seis vezes da área plantada, ainda nesta década, sem risco de excesso de oferta. Para o Brasil, é estrategicamente importante ter uma área ocupada com sorgo, para a garantia do abastecimento de grãos. A produção brasileira de grãos depende quase que exclusivamente da precipitação pluviométrica. Em anos com a ocorrência de condições desfavoráveis, normalmente há déficit na produção de grãos e o sorgo, sendo uma cultura de vocação para cultivo em condições adversas de clima e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de grãos. O investimento na promoção da produção e utilização do sorgo no Brasil se justifica dentro da política estabelecida pelo governo, que seria o aumento da eficiência, qualidade e competitividade dos produtores, e pelo conceito mundialmente aceito de agricultura sustentada. O sorgo pode substituir parcialmente o milho nas rações para aves e suínos e totalmente, para ruminantes, com uma vantagem comparativa de menor custo de produção e valor de comercialização de 80% do preço do milho. Além disso, a cultura tem mostrado bom desempenho como alternativa para uso no sistema de integração lavoura/pecuária e para produção de massa, proporcionando maior proteção do solo contra a erosão, maior quantidade de matéria orgânica disponível e melhor capacidade de retenção de água no solo, além de propiciar condições para uso no plantio direto. As contribuições dos setores público e privado, no oferecimento de cultivares adaptadas às condições de plantio e de alto potencial de produção têm possibilitado incrementos significativos na produtividade média nacional, com reflexos no aumento da oferta de grãos, na competitividade e na geração de renda. Procurando atender à demanda por informações sobre essa cultura, elaborou-se este Sistema de Produção, que abrange os aspectos relevantes do seu manejo, de modo a propiciar ao usuário condições para familiarização com os seus fundamentos e para o planejamento e tomada de decisões no negócio do sorgo. Este Sistema de Produção renova-se periodicamente, tendo em vista a demanda dos produtores por informações atualizadas e o compromisso por um trabalho sistematicamente aliado à tecnologia. Época de plantio Embora a época de plantio tenha relativamente pouco efeito no custo de produção, seguramente afeta o rendimento e o lucro do agricultor. A tomada de decisão quanto à época de plantio deve-se embasar nos fatores de riscos e nos objetivos propostos pelo agricultor, que tendem a ser minimizados quanto mais eficiente for o planejamento das atividades relacionadas à produção. A produtividade do sorgo é função de vários fatores integrados (interceptação de radiação pelo dossel, eficiência metabólica, eficiência de translocação de fotossintatos para os grãos, capacidade de dreno, entre outros). As relações de fonte e dreno são funções de condições ambientais e genéticas, e as plantas procuram se adaptar a essas condições. As respostas diferenciadas dos genótipos à variabilidade ambiental, ou seja, à interação genótipo x ambiente, significa que os efeitos genotípicos e ambientais não são independentes. Daí a importância de conhecer a época de plantio analisando todo o ciclo da cultura, procurando prever as condições ambientais em todas as suas fases fenológicas. A grande dificuldade que se encontra é com respeito às variações ambientais não previsíveis. Essas variações imprevisíveis correspondem aos fatores ambientais altamente variáveis, não só espacialmente como de forma temporal (precipitação, temperatura do ar, vento, radiação, etc.). Sabe-se que a interação genótipo x ambiente está associada a fatores simples e complexos. Os simples são proporcionados pela diferença de variabilidade entre genótipos nos ambientes e o complexos pela falta de correlação entre os desempenhos do genótipo nos ambientes. Como pode-se observar é uma tarefa difícil estabelecer a época de plantio para uma dada região sem um conhecimento prévio das cultivares a serem plantadas e das condições ambientais onde se pretende desenvolvê-las, embora a cultura do sorgo tenha uma ampla adaptação. No que se refere a resposta do sorgo a condições ambientais deve-se preocupar com temperatura do ar, precipitação e água no solo. A maioria da redução de produtividade esta relacionada ao decréscimo do número de sementes resultante da redução do período de desenvolvimento da panícula. No que se refere a temperatura do ar, a literatura tem mostrado que existem diferentes temperaturas ótimas, ou seja, a temperatura ótima varia com a cultivar e que 5 o C acima do valor da temperatura ótima noturna pode reduzir até 33% a produtividade. Isso se deve ao aumento da taxa respiração noturna , chegando mesmo Eastin et al (1978) a concluir que para cada 1 o C de aumento a temperatura noturna há uma taxa de aumento de respiração em torno de 14%. Na literatura brasileira consultada a temperatura requerida para ótimo crescimento e desenvolvimento da cultura do sorgo não tem sido determinada para as diferentes cultivares de sorgo mas sabe-se que varia para cada cultivar. A literatura internacional tem mostrado que temperatura superior a 38 o C reduz a produtividade e que a maioria das cultivares não crescem bem em temperaturas inferiores a 16 o C. No que se refere a água, é vasta a literatura mostrando que diferentes genótipos apresentam diferente tolerância ao estresse hídrico. O sorgo tem habilidade de manter-se dormente durante o período de seca e retorna o crescimento tão logo o estresse desapareça, e possui relativamente boa resistencia à dessecação. O sorgo tem mostrado a capacidade de recuperar após prolongado período de murchamento. Bastam 5 dias de ritmo normal a abertura de estômato retorna às atividades fisiólogicas normais. As varias características xerofíticas da planta de sorgo é que o torna resistente a seca, porem a sua capacidade de recuperar após a seca é sua mais importante propriedade quando se pensa na predição de sua produtividade. Embora seja uma cultura resistente a estresse hídrico, ela também sofre efeito do déficit hídrico, chegando reduzir consideravelmente a produtividade Portanto, definir a época de semeadura, refere-se ao período em que a cultura tem maior probabilidade de desenvolver-se em condições edafoclimáticas favoráveis. No Brasil Central, mais especificamente na região dos Cerrados, embora o cultivo do sorgo seja feito em diversas condições climáticas por ser uma cultura de ampla adaptação, considerando a variabilidade temporal e espacial do clima, pode-se observar que durante todo o ciclo da cultura a temperatura é superior a 18 o C e raramente ocorrem geadas. A temperatura noturna em momento nenhum local ultrapassa valores superiores as 30 o C, inclusive, segundo a literatura apresenta valores abaixo da temperatura noturna otima. Pode, inclusive, ser em alguns locais onde a altitude é mais elevada, a temperatura noturna se baixa prejudicando o desempenho das plantas. De uma forma geral pode-se sugerir que, nessa região, a semeadura seja entre setembro e novembro, dependendo da época de início das chuvas da região considerada. A produtividade é, provavelmente, mais elevada quanto as condições do tempo permitem o plantio em outubro. Trabalhos de pesquisa no Brasil Central mostram que, o atraso do plantio a partir da época mais adequada (geralmente em outubro) pode não causar danos a cultura, como causaria a cultura do milho, considerando que a mesma suporta, sem muita perda de produtividade, a déficits hídricos prolongados. Excetuando-se as elevadas altitudes, onde quem determina a época de plantio é a temperatura, no Brasil Central quem define a época de plantio é a distribuição das chuvas. O uso consuntivo de água para o sorgo durante seu ciclo varia de 380 mm e 600mm dependendo das condições climáticas dominantes. A água é absorvida diferencialmente com o estádio de crescimento e desenvolvimento da cultura. Vale a pena ressaltar a importância da água, ou seja, o déficit hídrico tem influência direta na taxa fotossintética que está associada diretamente com a produção de grãos e, sua importância varia com o estádio fenológico em que se encontra a planta. Pesquisas mostram que até dias de estresse hídrico a cultura do sorgo recupera na sua quase totalidade de forma a reduzir muito pouco a produtividade. Em resumo, a época de semeadura é determinada em função das condições ambientais (temperatura, fotoperiodo e distribuição das chuvas e disponibilidade de água do solo) e da cultivar (ciclo, fases da cultura e necessidade térmicas das cultivares). Ainda com respeito ao clima deve-se levar em consideração a radiação solar e a intensidade e freqüência do veranico nas diferentes fases fenológicas da cultura. O sorgo safrinha que é plantado alem dos limites do Cerrado, não tem um período prefixado para seu plantio. É uma cultura desenvolvida de janeiro a abril, normalmente após a soja precoce e em alguns locais após milho de verão e feijão das águas. Por ser plantado no final da época recomendada, o sorgo safrinha era esperado ter sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitações de radiação solar e de temperatura do ar na fase final de seu ciclo. Além disso, como o sorgo safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data de semeadura depende da época do plantio dessa cultura antecessora e de seu ciclo. Assim, o planejamento do sorgo safrinha começa com a cultura de verão, visando liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor será o potencial e maior o risco de perdas por adversidades climáticas ( temperatura do ar, fotoperiodismo e/ou geadas). Isso a torna uma cultura de maior risco uma vez que a temperatura do ar é bastante heterogênea nessa época, ocorrendo uma variabilidade espacial e temporal muito grande e como conseqüência uma variabilidade de produção muito grande, alem disso a probabilidade de estresses hídricos muito prolongados é grande. Na safrinha além do potencial de produção ser reduzido, é uma cultura de alto risco de frustação de safras e o produtor não investe, consequentemente, tem baixa produtividade e baixo lucro. Considerando a inviabilidade de antever a interação genótipo x ambiente, a variabilidade temporal do clima com inclusive viabilidade de influência da temperatura e radiação alterando o ciclo da cultura para plantio após o mês de fevereiro e o manejo diferencial da cultura, as épocas limites recomendadas preferencialmente para a semeadura, de acordo com vários trabalhos de pesquisa encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Limite das épocas de semeadura para a cultura do milho safrinha, por estado e região produtora. Estado Mato Grosso Goiás e DF Época Limite Altitude(1) 15 de março 15 de fevereiro Baixa 28 de fevereiro Minas Gerais Alta Alta 28 de fevereiro Baixa Região (cidades referência) Centro-Norte (Sapezal, Lucas do Rio Verde) Sudeste (Bom Jesus, Santa Helena) Sudoeste (Rio Verde, Jataí e Montividiu) Vale do Rio Grande (Conceição das Alagoas) Mato Grosso do Sul 15 de março Baixa e Alta Centro-Norte (Campo Grande, São G. do Oeste, Chapadão do Sul) Baixa Centro-Sul (Dourados, Sidrolândia, Itaporã, Ponta Porã) São Paulo 28 de fevereiro 15 de março Paraná Alta Alto Paranapanema (Taquarituba, Itapeva, Capão Bonito) Baixa Norte (Guaíra, Orlândia, Ituverava) Baixa Noroeste (Votuporanga, Araçatuba) 30 de março Baixa Médio Vale do Paranapanema (Assis, Ourinhos) 30 de janeiro Alta 15 de março 30 de março Transição (Wenceslau Braz, Mauá da Serra, sul de Ivaiporã, Cascavel, sul de Toledo até Francisco Beltrão) Baixa Oeste e Vale do Iguaçu (Campo Mourão, sul de Palotina, Medianeira e Cruzeiro do Iguaçu) Baixa Norte (Cornélio Procópio, Londrina, Maringá, Apucarana) Baixa Noroeste (Paravaí, Umuarama) Fonte: Vários autores citados por Duarte (2001) 1) Alta = altitude igual ou superior a 600 m e Baixa = altitude inferior a 600 m . Solos O cultivo do sorgo, assim como qualquer outra cultura inserida num sistema de rotação e/ou sucessão, necessita de condições mínimas de solo para que a cultura se estabeleça e se desenvolva normalmente. Especialmente no caso da safrinha é importante manejar adequadamente o solo para proporcionar o rápido estabelecimento da segunda safra, uma vez que essa se desenvolverá em condições menos favoráveis especialmente quanto à umidade disponível no solo. Com este enfoque, o sistema de plantio direto (SPD) apresenta vantagens comparativas aos métodos tradicionais de preparo do solo, que envolvem aração e gradagens, devido ao ganho de tempo que se consegue na implantação da cultura em sucessão, com menor consumo de energia e, a maior infiltração da água associado a menor perda por evaporação que resulta em maior conservação de umidade. Adubação O desenvolvimento ou adaptação de cultivares mais tolerantes à acidez do solo via melhoramento genético, não elimina o uso do calcário na agricultura , pelos seus efeitos e sua importância nos diferentes níveis tecnológicos dos diversos sistemas de produção usados no Brasil. A recomendação de calagem não é um procedimento simples, por pressupor o conhecimento de um número razoável de informações adicionais que envolvem características da propriedade agrícola, conhecimento de tecnologia disponível e de nformações oriundas das condições do mercado principalmente àquelas relacionadas a preços de insumos e também disponibilidade de crédito, e que são indenpendentes das duas anteriores. A recomendação de fertilizantes irá depender do objetivo a que se pretende atingir e do nível de conhecimento existente. A adubação, na maioria dos casos, tem sido de caráter corretivo e/ou de manutenção de nutrientes, ou seja, as quantidades usadas visam a obtenção de níveis de produtividade próximos à máxima eficiência técnica relativa a cultura (MET). Nesta situação os níveis de produtividade são mantidos por meio de adubações de manutenção. Atualmente opta-se por sistemas que dêem retorno a curto prazo, podendo ser anual ou por cultivo, o que está recomendado na maioria das tabelas de recomendação e é relativo ao solo, denominado máxima eficiência técnica (MET). Neste caso o nível dos elementos no solo passam por exemplo de baixo a alto ou suficiente já no primeiro ano de cultivo. Neste tópico serão apresentados aspectos relacionados aos métodos para estimar a necessidade de aplicação e critérios para recomendação, para escolha do corretivo e do fertilizante adequados às exigências da cultura. Plantio Sorgo é uma espécie de origem tropical e se adapta, com relativa facilidade, a condições existentes entre 30º de latitude norte até 30º de latitude sul. Desta forma, cultivares desenvolvidos no Sul e Sudoeste dos Estados Unidos apresentaram boa adaptação no Brasil no período mais recente da reintrodução da cultura no país. No entanto, outras características agronômicas como resistência a doenças, insetos-pragas, resistência à seca, tolerância à acidez do solo, finalidade de uso, têm sido de grande importância para recomendação de cultivares destinadas aos diferentes sistemas de produção de sorgo no Brasil. Sorgo adapta-se igualmente a uma gama de tipos de solo. No Brasil a cultura é plantada desde os solos heteromórficos das regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, passando pelos latossolos das regiões do Cerrado, até os solos aluviais dos vales das regiões semiáridas do Nordeste. O sorgo é uma cultura 100% mecanizável e em sua exploração podem ser utilizados os mesmos equipamentos de plantio, cultivo e colheita utilizados para outras culturas de grãos como a soja, o arroz e o trigo. Por outro lado, a cultura pode ser, também, conduzida manualmente com boa adaptação a sistemas utilizados por pequenos produtores. Sorgo pode ser plantado por dois processos básicos: convencional e direto na palha (PD). No processo convencional o solo é arado, gradeado, desterroado e nivelado, enquanto que no processo de semeadura direta o revolvimento do solo é localizado apenas na região de deposição de fertilizante e da semente. Plantas daninhas As plantas daninhas têm grande importância na produção agrícola devido ao alto grau de interferência (ação conjunta da competição e da alelopatia) imposta as culturas. Ao contrário dos ataques de pragas e doenças, ocasionados normalmente por uma ou poucas espécies, a infestação de plantas daninhas é representada por muitas espécies, emergindo em épocas diferentes, dificultando sobremaneira o seu controle. Um dos principais problemas na cultura do sorgo tem sido o controle de plantas daninhas. Silva et al. (1986) verificaram que não havendo o controle das plantas daninhas nas quatro primeiras semanas após a emergência do sorgo, pode ocorrer uma redução na produção de grãos da ordem de 35%. Em caso de não se empregar nenhum método de controle esta redução pode chegar a aproximadamente 71%. O manejo integrado de plantas daninhas na cultura do sorgo deve ser empregado para racionalizar o uso dos recursos de produção, aproveitar os benefícios das plantas daninhas, evitar ao máximo danos ao ambiente e permitir à cultura obter a sua máxima produção. Os principais métodos de controle de plantas daninhas na cultura do sorgo são: Método Preventivo O controle preventivo tem como objetivo evitar a introdução ou disseminação de plantas daninhas na área de produção. A introdução de novas espécies geralmente ocorrem através de sementes contaminadas, máquinas agrícolas e animais. O uso de sementes de qualidade e boa procedência livres de sementes de plantas daninhas, a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas antes de movimenta-los de um campo para outro e a interrupção do ciclo reprodutivo das invasoras presentes em cercas, pátios, estradas, terraços, canais de irrigação ou em qualquer outro lugar da propriedade são técnicas recomendadas para evitar a disseminação das plantas daninhas (Gazziero et al., 1989). Baixas infestações de plantas daninhas permite um manejo mais fácil e mais eficiente possibilitando que a cultura do sorgo um melhor crescimento e desenvolvimento. Método Cultural O método cultural deve ser utilizado como uma técnica de manejo importante pois em relação às demais possui baixo custo e faz parte naturalmente dos sistemas de produção. O método cultural visa aumentar a capacidade competitiva das plantas de sorgo em relação as plantas daninhas. Para isso podem ser empregados espaçamento mais reduzido entre as fileiras de plantio, maior densidade de semeadura, época adequada de plantio, uso de variedades adaptadas as regiões de cultivo, uso de coberturas mortas, adubações adequadas. Método Mecânico Capina Manual É um método amplamente utilizado em pequenas propriedades; utiliza duas a três capinas com enxada durante os primeiros 40 a 50 dias da lavoura. A partir daí, o crescimento do sorgo contribuirá para a redução das condições favoráveis à germinação e ao crescimento/desenvolvimento das plantas daninhas. A capina deve ser realizada com o solo seco, preferencialmente em dias quentes. Cuidados devem ser tomados para evitar danos às plantas, principalmente às suas raízes. Esse método de controle demanda grande quantidade de mão-de-obra, visto que a produtividade dessa operação é de aproximadamente 8 dias.homem por hectare. Capina Mecânica O uso de cultivadores (tracionados por animal ou trator) ainda é um dos métodos mais comuns de controle de plantas daninhas na cultura do sorgo. O cultivo mecânico apresenta a desvantagem de causar injúrias ao sistema radicular e de não eliminar as plantas daninhas na fileira de plantio. O cultivo mecânico é incompatível também com o sistema de plantio direto, ficando restrito aos plantios no sistema convencional de aração e gradagem. Em relação a capina manual tem a grande vantagem de maior rendimento operacional, de 0,5 a 1 dia.homem por ha, no caso de tração animal, e de 1 a 2 h.homem por ha, com trator. Controle Químico O método de controle químico consiste na utilização de produtos herbicidas registrados no Ministério da Agricultura para o controle das plantas daninhas. Em alguns casos as Secretarias Estaduais de Agricultura podem baixar portarias proibindo o uso de determinados produtos. Ao se pensar em controle químico em sorgo, várias considerações devem ser feitas, sendo necessário conhecer a seletividade do herbicida para a cultura, a sua eficiência no controle das principais espécies daninhas presentes na área cultivada e o efeito residual no solo para evitar problemas de fitotoxicidade nas culturas utilizadas em sucessão ou em rotação. O uso de herbicidas, por ser uma operação de maior custo inicial, é indicado para lavouras médias e grandes com alto nível tecnológico, onde a expectativa é de uma alta produtividade. A aplicação de herbicidas representa uma solução viável para o controle de plantas daninhas, no período em que elas mais competem com o sorgo. O seu uso está vinculado aos cuidados normais recomendados nos rótulos pelos fabricantes e à assistência de um técnico responsável. Embora seja o método de controle que mais vem crescendo ultimamente, o controle químico, se utilizado indiscriminamente, pode vir a causar problemas de contaminação ambiental e seleção de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Cuidados adicionais devem ser tomados com o descarte de embalagens, armazenamento, manuseio e aplicação dos herbicidas. Os herbicidas registrados no Ministério da Agricultura para uso na cultura do sorgo estão apresentados na Tabela 1. Efeito Residual De acordo com a estrutura química e das condições edafoclimáticas, os herbicidas podem ser totalmente degradados ou podem deixar resíduos no solo que podem prejudicar o crescimento e desenvolvimento das culturas em suscessão como é o caso da cultura do sorgo para as dinitroanilinas (pendimethalin e trifluralin) ou imidazolinonas (imazaquin e imazethapyr). Resíduos de trifluralin acumulados ao longo de várias aplicações podem reduzir o sistema radicular do sorgo e, conseqüentemente, a sua produtividade. Se atrazine for usado como herbicida na cultura do sorgo, deve-se atentar para a posssibilidade de injúrias na cultura de soja em sucessão. Tabela 1. Herbicidas recomendados e registrados para o controle pré e pós-emergente de plantas daninhas na cultura do sorgo. Princípio ativo Produtos comerciais Dose (kg/ha) Aplicação Atrazine Atrazine+Simazine Atrazina Nortox 500 SC Atrazinax 500 Gesaprim GrDa Gesaprim 500 Herbitrin 500 BR Proof Siptran 500 SC Extrazin SC 3,0 a 6,5 3,0 a 6,5 2,0 a 3,0 2,0 a 5,0 4,0 a 8,0 4,0 a 5,0 3,4 a 6,2 3,6 a 6,2 PRÉ e PÓS PRÉ PRÉ e PÓS PRÉ e PÓS PRÉ PRÉ e PÓS PRÉ e PÓS PRÉ Diquat Reglone 1,5 a 3,0 Dessecação/ PÓSd 2,4 D Herbi D-480 3,0 a 4,5 PRÉ Linuron Afalon SC 1,6 PÓS Simazine Herbazin 500 BR Sipazina 800 PM Gramoxone 200 3,0 a 5,0 2,0 a 5,0 1,5 a 3,0 PRÉ PRÉ Dessecação/ PÓSd Paraquat Colheita e pós-colheita O agricultor deve integrar a colheita ao sistema de produção e planejar todas as fases, para que o grão colhido apresente bom padrão de qualidade. Nesse sentido, várias etapas, como a implantação da cultura até o transporte, secagem e armazenamento dos grãos, têm de estar diretamente relacionadas. A qualidade do grão de sorgo é função dos fatores pré-colheita, da colheita propriamente dita e da pós-colheita. No grão, após colhido, somente é possível manter sua qualidade, obtida no campo e remanescente da etapa de colheita. Com isso, para que se obtenha grãos de sorgo com boa qualidade final, é preciso que se planeje toda a cadeia produtiva. Uma característica positiva dos grãos de sorgo é a possibilidade de serem armazenados por longo período de tempo, sem perdas significativas da qualidade. Sobre o ambiente dos grãos de sorgo armazenados exercem grande influência fatores como características da cultivar temperatura, umidade, arejamento, microorganismos, insetos e pássaros.