UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR Seminário de Tema Livre Discente: Ana Camila O. Freitas Orientador: Carlos Priminho Pirovani Co-Orientadoras: Fátima Cerqueira Alvim Amanda F.S. Mendes Oligomerização: A quarta estrutura das proteínas Oligomerização é o termo utilizado para designar complexos protéicos formados a partir da ligação de duas ou mais cadeias peptídicas, idênticas ou não. Esta conformação molecular também pode ser classificada como a estrutura quaternária das proteínas, já que, após o enovelamento e compactação da cadeia peptídica, muitas proteínas necessitam da ligação a outra cadeia para desenvolverem suas funções biológicas [1]. Como forma de nomenclatura, essas proteínas oligoméricas podem ser classificadas quanto ao número de cadeias peptídicas ligadas, quanto à similaridade das cadeias e quanto à simetria. A proteína humana Hemoglobina A, por exemplo, é formada por quatro cadeias peptídica, duas α e duas β em simetria rotacional [2] e a proteína vegetal Rubisco, é formada por oito cadeias maiores e oito cadeias menores, também conhecidas como subunidades maior e menor [3]. Mas afinal, como essas ligações acontecem? O que pode induzir a formação da estrutura quaternária em proteínas? É possível que uma proteína ativa enquanto em estrutura terciária forme proteínas oligoméricas? Fatores como a variação de pH e temperatura [4], a existência de domínios específicos que induzem as ligações a outras proteínas [5], íons metálicos [6], mutações [7], reações de redução [8] e chaperones moleculares [9] podem favorecer a ligação ou induzir a produção de oligômeros. Além disso, esses fatores podem agir em conjunto, como acontece com a proteína tóxica da difteria, que forma dímeros sob a influencia de baixo pH e temperatura, e pela existência de um domínio de troca [4]; e a cistatina C humana que ao sofrer mutação no códon CTG para CAG, promove a troca de uma leucina por uma glutationa na posição 68. Essa mutação associada à temperatura corporal acarreta na produção de agregados protéicos hidrofóbicos, os amilóides, que se depositam no interior das células do sistema vascular e nervoso central, gerando quadros de hemorragia e demência, que também podem estar associados à doença de Alzheimer [10]. Mas seria possível prever a formação desses complexos e as interações proteína-proteína? Existem alguns programas de bioinformática que são utilizados para predizer as probabilidades de interações entre as proteínas e a formação de complexos multiméricos. Essas predições são feitas a partir da análise das relações entre os aminoácidos da proteína-problema comparados com outras proteínas oligoméricas disponíveis em banco de dados de proteínas oligoméricas. Esses processos ainda são limitados devido à baixa credibilidade da análise de predição da interface da interação proteína-proteína, dos resíduos preferenciais de ligação e dos mecanismos de interação, além do alto custo computacional [11]. Porém, apesar das dificuldades de análise e predição de estruturas protéicas oligoméricas, o estudo das interações proteína-proteína é um aspecto muito importante para a compreensão de suas funções, muitas vezes não completamente elucidadas apenas com a análise do genoma. Palavras-chave: Estrutura quaternária, interações proteína-proteína, dímeros Referências Bibliográficas [1] LEHNINGER, A. L; NELSON, D. L.; COX, M. Principios de bioquímica. São Paulo: Sarvier, 2002. 839p. [2] BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Bioquímica. 6. ed. 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