Revista Vero - Ricam Consultoria

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CAPA
#perspectivas #Brasil #desafios
12A | NEURÔNIO VERO | JUNHO | 2016
“Quanto
mais profunda
a recessão,
mais forte a
economia fica”
Um dos economistas mais respeitados do país,
RICARDO AMORIM acaba de lançar o livro “Depois
da Tempestade”, no qual relata o que podemos esperar
do atual cenário político e econômico. Mais: a partir
de agora, ele também assina uma coluna na VERO.
Ricardo recebeu nossa redação para contar todas as
novidades em uma entrevista exclusiva. Confira a seguir.
por
Gabriela Ribeiro | fotos Jonas Tucci
UM BOM TEMPO. Disso é o que o Brasil vai
precisar para se recuperar da atual crise
econômica, certo? Errado. Pelo menos
de acordo com um dos mais respeitados
economistas do país, que também é
apresentador do programa Manhattan
Connection, presidente da Ricam Consultoria
e único brasileiro na lista dos melhores
palestrantes do mundo, Ricardo Amorim. No
seu primeiro livro, “Depois da Tempestade”,
lançado no mês passado, ele mostra como
chegamos à mais profunda recessão em um
século e como a recuperação está vindo com
força total. “É natural as pessoas ficarem para
baixo, mas, assim como a vida, a economia
é cíclica. Vem aí uma surpresa positiva, e
vai acontecer mais rápido do que as pessoas
imaginam”, conta. A partir desta edição,
Amorim também passa assinar uma coluna na
VERO (que você confere na próxima página).
2016 | JUNHO | NEURÔNIO VERO | 13A
“
”
PRECISAMOS
ACABAR COM O
DERROTISMO ATUAL
Ricardo Amorim com
seu livro recém-lançado:
"Depois da Tempestade"
QUANTO TEMPO LEVOU PARA
ESCREVER O LIVRO?
O processo inteiro levou um ano. A ideia
inicial era escrever o livro do zero, mas,
quando parei para pesquisar o material,
ler os artigos que escrevi nos últimos sete
anos, mudei de ideia. É muito fácil, hoje,
depois que deu tudo errado na economia,
falar. Então, peguei esses textos, em
que eu já falava o que não estava certo,
e comecei a atualizá-los. Descobri
que, desde o segundo ano do primeiro
mandato da Dilma, eu dizia “ou muda a
rota, ou vai dar problema”, mas ela não
mudou. Eu acreditava, desde dezembro
de 2014, que ela fosse cair. Mas é claro
que não sabia exatamente quando, então,
este último mês foi a maior correria para
conseguir lançar o livro no “timing” certo.
É O SEU PRIMEIRO LIVRO.
POR QUE AGORA?
Porque o Brasil está vivendo um momento
histórico, cheio de oportunidades e,
principalmente, de mudanças, que
podem ser temporárias ou permanentes.
A primeira delas está na forma como o
Judiciário brasileiro atua. Hoje temos
alguns dos empresários mais poderosos
do país presos, e políticos importantes no
mesmo caminho. A segunda é a mudança
na postura do brasileiro, que passou a
cobrar mais. O que eu quero é exatamente
estimular as pessoas a não perderem
isso, a cobrança precisa ser mantida.
14A | NEURÔNIO VERO | JUNHO | 2016
Outro motivo é acabar com o que chamo
de “derrotismo”. É natural as pessoas
ficarem para baixo, mas, assim como a
vida, a economia é cíclica. O que eu tento
mostrar é que, todas as vezes que tivemos
ciclos muito agudos e negativos, logo na
sequência a gente teve uma recuperação
econômica muito boa. Em outras palavras,
quanto mais profunda a recessão, mais
forte a economia fica depois.
ENTÃO, A PIOR PARTE JÁ PASSOU?
Acho que sim! Meu ponto é que vem aí
uma surpresa positiva. E vai acontecer
mais rápido do que as pessoas imaginam.
Alguns dos principais problemas, como
as contas externas e a inflação, serão
resolvidos ainda neste ano. Nas contas
públicas, era necessário reduzir gastos e
aumentar receitas, o que o governo Temer
já falou que vai fazer. Foi neste ponto
que a Dilma empacou, ela não estava
conseguindo, pois não tinha apoio político
no Congresso. Agora, se ele colocar isso
em ordem, a confiança volta, as empresas
voltam a gerar emprego e a investir no
Brasil. Pelas sinalizações até agora, parece
que ele já tem o apoio suficiente.
E ISSO É EM CURTO PRAZO?
Sim, acredito que no segundo semestre
já começa a melhorar. Para ano que
vem, a expectativa dos economistas é
que o PIB cresça 0,5%. Eu acho que
vai ser mais de 2%. Em longo prazo,
acredito que a média de 2018 e 2020 seja
4%, que é bem mais do que o projetado.
Se nesse meio-tempo a gente melhorar
nossa infraestrutura, qualificar a mão de
obra, investir em automação e melhorar
o ambiente de negócio, pode sustentar o
crescimento por muito mais tempo. Se não
fizermos, daqui a três ou quatro anos, a
coisa pode ficar ruim de novo.
ALGUMAS DAS PRIMEIRAS MEDIDAS
DO TEMER, COMO A ESCOLHA
DOS MINISTROS, FORAM MUITO
CRITICADAS. ELE ERROU?
Do ponto de vista político, o fato de não ter
mulheres no ministério foi um erro grave,
primário. Está mais do que óbvio que há
mulheres capazes de ocupar esses cargos
no Brasil. O que acho que ele fez, que pode
dar certo: escolheu um cara notável, o
Henrique Meirelles, que sabe o que tem que
fazer para a economia melhorar. Os outros
foram escolhidos para dar condições para
o Meirelles trabalhar, ou seja, ele montou
um ministério para conseguir apoio e
aprovação das medidas necessárias.
E COMO NOVO COLUNISTA DA VERO,
O QUE OS LEITORES PODEM ESPERAR?
Não quero determinar como ninguém
pensa. Mas tenho, sim, a intensão de
fazer as pessoas pensarem sobre assuntos
importantes, a chegarem às próprias
conclusões e, com isso, tomarem decisões
melhores. A VERO atinge um público que
tem capacidade intelectual de impacto
grande. E o que quero é impactar.
E O SUCESSO NAS REDES SOCIAIS,
JÁ SE ACOSTUMOU?
Para falar a verdade, é chocante. No
LinkedIn cheguei a 300 mil, sou o mais
seguido no Brasil e em países onde a
língua nativa não seja inglês. Na sede
da rede social nos Estados Unidos, eles
me apelidaram de Kim Kardashian do
LinkedIn (risos). Fico lisonjeado.
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