ÉTICA E COMPORTAMENTO MORAL PROF. IVES ALEJANDRO MUNOZ ÉTICA Nas origens da filosofia grega antiga a Ética é um tipo de saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações humanas. A Ética como filosofia moral remonta a reflexão sobre as diferentes morais e as diferentes maneiras de justificar racionalmente a vida moral. Na visão aristotélica, é importante entender a distinção entre os saberes: -“teóricos” (do grego theorein, ver, contemplar) que são saberes descritivos, ou seja, mostram-nos o que existe, o que é, o que acontece. - “poiéticos” (do grego poiein, fazer, fabricar, produzir) que são saberes que nos servem de guia para produzir algo, que podemos controlar com a vontade. - “práticos” (do grego praxis, atividade, tarefa) que são os normativos, aqueles que procuram orientar-nos sobre o que devemos fazer para conduzir nossa vida de uma maneira boa e justa Assim, os saberes práticos são da “filosofia prática”, rótulo que abarca a Ética: “um saber prático destinado a orientar a tomada de decisões prudentes que nos levam a conseguir uma vida boa” Como a economia (saber prático encarregado da boa administração dos bens) ou a política (saber prático que tem por objetivo o bom governo). Importante: -No modo da filosofia grega aristotélica a Ética é um saber orientado com o olhar na realização da felicidade individual e comunitária. - Atualmente a Ética é saber quais são os deveres morais básicos devem reger a vida dos homens para que seja possível uma convivência justa, em paz e em liberdade, dado o pluralismo existente quanto às maneiras de ser feliz. O uso do termo “moral” pode ter significados diferentes. Algumas: - “a moral”, refere-se a um conjunto de princípios, preceitos, comandos, proibições, permissões, normas de conduta, valores e ideais da vida boa, que em seu conjunto constituem um sistema mais ou menos coerente, próprio de um grupo humano e tempo histórico. Hábitos e formas de vida socialmente aceitos - “moral”, pode ser usado para fazer referência ao código de conduta pessoal de alguém. Falamos então de código moral que guia os atos de uma pessoa ao longo de sua vida. Um conjunto de sistema mais ou menos coerente e serve de base para os juízos que cada um faz de si e dos outros. - “Moral”, para referir-se a uma ciência que trata do bem “em geral”, e das ações humanas. - “moral”, como sinônimo de “boa disposição do espírito”, de força e coragem, com dignidade aos desafios que a vida nos apresenta, “ter a moral em alta”. O termo Ética De modo geral usamos o termo “Ética” como sinônimo de “Moral”, ou seja, um conjunto de princípios, normas, preceitos e valores que regem a vida dos indivíduos ou povos. Ética procede da palavra “ethos” que significa originalmente “morada”, “lugar onde vivemos”, mas posteriormente passou a significar “o caráter”, o “modo de ser” que uma pessoa ou grupo vai adquirindo ao longo da vida. Por sua vez, o termo moral precede do termo em latim “mos”, “moris”, que originalmente significa “costumes”, mas em seguida também “caráter” ou “modo de ser” A Ética pode ser neutra? A Ética como filosofia moral leva-nos a enfatizar que essa disciplina não se identifica, em princípio, com nenhum código moral determinado. Mas isso não significa neutralidade, pois nos estudos somos obrigados a denunciar alguns códigos morais como “incorretos” ou até mesmo como “desumanos”, enquanto outros aceitáveis. Qual é a função da Ética? 1) Esclarecer o que é a moral, quais são seus traços específicos. 2) Fundamentar a moralidade, ou seja, procurar averiguar quais são as razões que conferem sentido ao esforço dos seres humanos de viver moralmente. 3) Aplicar aos diferentes âmbitos da vida social os resultados obtidos nas duas primeiras funções. ÉTICA DOS SOFISTAS MESTRES NA ARTE DA RETÓRICA E DA DIALÉTICA RETÓRICA = PERSUASÃO / DIALÉTICA = CONCORDÂNCIA TÉCNICAS DO BOM DISCURSO; RELATIVISMO DO DISCURSO ÉTICA DO OPORTUNISMO ÉTICA EM SÓCRATES CONTRA A MORAL DOS SOFISTAS MORALIDADE = AUTOCONHECIMENTO “CONHECE A TI MESMO” MORALIDADE BASEADA NA RAZÃO ÉTICA EM PLATÃO MUNDO SENSÍVEL E MUNDO DAS IDEIAS MUNDO MATERIAL = APARÊNCIA, ILUSÕES, ENGANO O HOMEM DEVE SE AFASTAR DO MUNDO SENSÍVEL MORAL DA INTEGRIDADE = TRANSCENDENTAL ÉTICA EM ARISTÓTELES NÃO HÁ MÚLTIPLAS REALIDADES FELICIDADE = VIDA VIRTUOSA PRUDÊNCIA, EQUILÍBRIO COM JUSTIÇA ÉTICA MEDIEVAL SANTO AGOSTINHO; SANTO TOMÁS DE AQUINO PREDOMINA A MORAL CRISTÃ FÉ DO HOMEM EM DIREÇÃO A DEUS VIRTUDES: PRATICAR O BEM, EVITAR OS PECADOS, AMAR AO PRÓXIMO, BUSCAR A PAZ NICOLAU MAQUIAVEL MORAL PRIVADA E MORAL PÚBLICA “O PRÍNCIPE” = POLÍTICA E PODER VIRTUDE DO GOVERNANTE: ASTÚCIA E FORÇA PRAGMATISMO “OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS” IMMANUEL KANT “CRÍTICA DA RAZÃO PRÁTICA” – FILOSOFIA MORAL IMPERATIVO CATEGÓRICO = MÁXIMA AÇÃO POR VONTADE “AGIR POR DEVER” – “DEVES PORQUE DEVES” (DEON) FRIEDRICH NIETZSCHE CRITICA A ÉTICA TRADICIONAL - MORAL CRISTÃ HOMEM DA CULPA E DO CASTIGO FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE: “MORAL DOS ESCRAVOS” VONTADE DE PODER E AFIRMATIVA = VIDA HOMEM DEVE SE AFIRMAR NA FORÇA, CORAJOSAMENTE, ELIMINANDO FRAQUEZAS A “civilização do desejo”, com o “Capitalismo estético” O hiperconsumismo e da mercantilização dos modos de vida. O fim da estabilidade, da segurança e das certezas, e tempos da indefinição e do medo. Fim do comportamento de produtores e nova configuração da “sociedade de consumidores”... “Compro, logo existo” Os pedem a emancipação, o fim da escolha limitada, para finalmente construir uma sociedade livre de responsabilidades, vida “la a carte”. Vida um contexto pós-moderno, predomina o desapego e a busca constante pela “felicidade estética”. Sem lealdade pelo objeto que obtém com a intenção de consumir. Somos bombardeados de todos os lados por sugestões de quem precisa alcançar e manter um status, uma forma de proteger a auto-estima. Insatisfação que toda hora é renovada e reforçada. Configura-se a economia do engano, que aposta na irracionalidade dos consumidores. Do consumo excessivo, da necessidade de mobilidade e visibilidade é cada vez maior, deflagrando uma constante reformulação das identidades como forma de assegurar a “centralidade”... o efeito “Diva”. Busca-se a expansão direta das emoções, as “experiências psicodélicas”, as “formas diferentes da vida comum”, e o viver a vida no presente cria gerações que celebra o espírito de festa. Alargar e romper os limites do eu, explodir, vibrar e sentir o espírito do tempo, dos prazeres sem restrição, em nome de uma vida intensa e espontânea. Disseminação e a pluralização dos prazeres, na ansiedade pelos fins de semana prolongados e férias, A sociedade vive fascinada pela paixão do bem-estar com o corpo e da exposição das alegrias, desaparecendo o medo da inveja dos outros. Nossa história Genes Ambiente Moral, Liberdade e Responsabilidade A consciência permite o desenvolvimento do saber e da racionalidade se empenha em separar o falso do verdadeiro. Nasce ai a possibilidade de observar a própria conduta e julgar sobre os atos passados, presentes e as intenções futuras. Julgar em do latim “judicare”, “avaliar”, “ponderar”, ou seja, julgar é atribuir um valor, um peso para cada coisa que se apresenta. Note também que é somente depois de julgar que a pessoa tem condições de escolher, entre as circunstâncias possíveis, suas ações e seu próprio caminho na vida. É justamente essa possibilidade de que cada indivíduo tem de escolher seu caminho, de construir sua maneira de ser e sua história que chamamos liberdade. Quando não se tem escolha, quando se é coagido a praticar uma ação, é impossível decidir entre o bem e o mal. E quando estamos livres para escolher entre esta ou aquela ação e fazemos uma escolha tornamo-nos responsáveis pelo que praticamos e podemos ser julgados moralmente por isso. Responsabilidade vem do latim “respondere”, “responder”, pelos atos praticados, justificálos e assumi-los. Uma propriedade comumente atribuída à consciência moral é a de que ela nos fala como uma voz interior, geralmente inclinada para o caminho da virtude. Virtude deriva do latim “virtus”, “força ou qualidade essencial”, a qualidade ou a ação que dignifica o ser humano. Uma prática constante do bem de forma consciente, livre e responsável. Algumas virtudes: polidez, lealdade, prudência, justiça, coragem, honra e generosidade. A virtude se opõe a do vício, que consiste na prática do mal, correspondendo ao uso da liberdade sem responsabilidade moral. Alguns vícios: violência, deslealdade, insensatez, injustiça, covardia, mesquinhez, etc. Nas palavras de Erich Fromm na obra “Análise do homem” (p.30) “O bem é a afirmação da vida, o desenvolvimento das capacidades do homem. A virtude consiste em assumir a responsabilidade por sua própria existência. O mal constitui a mutilação das capacidades do homem, o vício reside na irresponsabilidade perante si mesmo.”