ÁLGEBRA LINEAR Base e Dimensão de um Espaço Vetorial Prof. Susie C. Keller Base de um Espaço Vetorial Um conjunto B = {v1, ..., vn} V é uma base do espaço vetorial V se: I) B é LI II) B gera V Base de um Espaço Vetorial Exemplos: Base de um Espaço Vetorial II) B gera IR2 Base de um Espaço Vetorial Exemplos: Base de um Espaço Vetorial Base de um Espaço Vetorial Observação: “Todo conjunto LI de um espaço vetorial V é base do subespaço por ele gerado.” Por exemplo, o conjunto B={(1, 2, 1), (-1, -3, 0)} IR3 é LI e gera o subespaço: S = {(x, y, z) IR3/ 3x – y – z = 0} Então, B é base de S, pois B é LI e gera S. Base de um Espaço Vetorial Teorema: Se B = {v1, v2, ..., vn} for uma base de um espaço vetorial V, então todo conjunto com mais de n vetores será linearmente dependente. De fato: Seja B’ = {w1, w2, ..., wm} um conjunto qualquer de m vetores de V, com m > n. Pretende-se mostrar que B’ é LD. Para tanto, basta mostrar que existem escalares x1, x2, ..., xm não todos nulos tais que: x1w1 + x2w2 + ... + xmwm = 0 (1) Base de um Espaço Vetorial Como B é uma base de V, cada vetor wi B’ é uma combinação linear dos vetores de B, isto é, existem números i, i, ..., i tais que: w1 = 1v1 + 2v2 + ... + nvn w2 = 1v1 + 2v2 + ... + nvn (2) . . . . . . wm = 1v1 + 2v2 + ... + nvn Substituindo (2) em (1), obtemos: Base de um Espaço Vetorial x1(1v1 + 2v2 + ... + nvn) + x2(1v1 + 2v2 + ... + nvn) + .............................................. + xm(1v1 + 2v2 + ... + nvn) = 0 ou reordenando os termos: (1 x1 + 1 x2 + ... + 1 xm) v1 + (2 x1 + 2 x2 + ... + 2 xm) v2 + ........................................... + (n x1 + n x2 + ... + n xm) vn = 0 Base de um Espaço Vetorial Tendo em vista que v1, v2, ..., vn são LI, os coeficientes dessa combinação linear são nulos: 1 x1 1 x2 ... 1 xm 0 x x ... x 0 2 1 2 2 2 m ... n x1 n x2 ... n xm 0 Esse sistema linear homogêneo possui m variáveis x1, x2, ..., xm e n equações. Como m > n, existem soluções não-triviais, isto é xi ≠ 0. Logo, B’ = {w1, w2, ..., wm} é LD. Base de um Espaço Vetorial Corolário: Duas bases quaisquer de um espaço vetorial têm o mesmo número de vetores. De fato: Sejam A ={v1, v2, ...., vn} e B ={w1, w2, ...., wm} duas bases de um espaço vetorial V. Pelo teorema anterior, m = n. Base de um Espaço Vetorial Exemplos: A base canônica do IR3 tem três vetores, logo qualquer outra base do IR3 terá também três vetores. A base canônica de M(2,2) tem quatro vetores, logo toda a base de M(2,2) terá quatro vetores. Dimensão de um Espaço Vetorial Seja V um espaço vetorial: Se V possui uma base com n vetores, então V tem dimensão n e anota-se dim V = n. Se V não possui base, dim V = 0. Se V tem uma base com infinitos vetores, então a dimensão de V é infinita e dim V = . Dimensão de um Espaço Vetorial Exemplos: 1. dim IR2 = 2, pois toda base de IR2 tem dois vetores. 2. dim IRn = n. 3. dim M(2,2) = 4. 4. dim M(m,n) = m x n. 5. dim Pn = n + 1. 6. dim {0} = 0 Dimensão de um Espaço Vetorial Observações: I. Seja V um espaço vetorial com dim V = n. Se S é um subespaço de V então dim S ≤ dim V. Se considerarmos, por exemplo, o espaço vetorial V = IR3, dim V = 3. A dimensão de qualquer subespaço do IR3 só poderá ser 0, 1, 2 ou 3. Portanto temos: 1. dim S = 0, então S = {0} é a origem. 2. dim S = 1, então S é uma reta que passa pela origem. 3. dim S = 2, então S é um plano que passa pela origem. 4. dim S = 3, então S é o próprio IR3. Dimensão de um Espaço Vetorial II. Seja V um espaço vetorial de dimensão n. Então qualquer subconjunto de V com mais de n vetores é LD. III. Sabemos que um conjunto B é base de um espaço vetorial V se B for LI e se B gera V. No entanto, se dim V = n, para obtermos uma base de V basta que apenas uma das condições seja satisfeita, pois a outra ocorrerá automaticamente. Assim: Se dim V = n, qualquer subconjunto de V com n vetores LI é uma base de V. Se dim V = n, qualquer subconjunto de V com n vetores geradores de V é uma base de V. Dimensão de um Espaço Vetorial Exemplo: O conjunto B = {(2, 1), (-1, 3)} é uma base do IR2. De fato: Como dim IR2 = 2 e os dois vetores dados são LI, eles formam um base do IR2. Dimensão de um Espaço Vetorial Teorema: Seja V um espaço vetorial de dimensão n. Qualquer conjunto de vetores LI em V é parte de uma base, isto é, pode ser completado até formar uma base de V. Exemplo: Sejam os vetores v1 = (1,-1,1,2) e v2 = (-1,1,-1,0). Completar o conjunto {v1, v2} de modo a formar uma base do IR4. Dimensão de um Espaço Vetorial Como dim IR4 = 4, uma base terá quatro vetores LI. Já temos dois vetores v1 e v2 que são LI. Precisamos, primeiramente escolher um vetor v3 que não seja combinação linear de v1 e v2, para que o conjunto {v1,v2,v3} seja LI. Para completar, escolhemos um vetor v4 que não seja combinação linear de v1, v2 e v3. Assim o conjunto {v1,v2,v3,v4} é LI e, é uma base de IR4. Por exemplo: {(1,-1,1,2), (-1,1,-1,0), (1,1,0,0), (1,0,0,0) é uma base do IR4. Dimensão de um Espaço Vetorial Teorema: Seja B = {v1, v2, ..., vn} uma base do espaço vetorial V. Então, todo vetor v V se exprime de maneira única como combinação linear de B. De fato: Tendo em vista que B é uma base de V, para v V pode-se escrever: v = a1v1 + a2v2 + ... + anvn (1) Dimensão de um Espaço Vetorial Supondo que o vetor v pudesse ser expresso como outra combinação linear dos vetores, ter-se-ia: v = b1v1 + b2v2 + ... + bnvn (2) Subtraindo, membro a membro, a eq. (2) da eq. (1), temos: 0 = (a1 – b1)v1 + (a2 – b2)v2 + ... + (an – bn)vn Tendo em vista que os vetores da base são LI: a1 – b1 = 0, a2 – b2 = 0, an – bn = 0 Dimensão de um Espaço Vetorial Isto é: a1 = b1, a2 = b2 ,..., an = bn Os números a1, a2, ..., an são, pois, univocamente determinados pelo vetor v e pela base {v1, v2, ..., vn}. Componentes de um vetor Seja B = {v1, v2, ..., vn} uma base de V. Tomemos v V sendo: v = a1v1 + a2v2 + ... + anvn Os números a1, a2, ..., an são chamados componentes ou coordenadas de v em relação à base B e representados por: vB = (a1, a2, ..., an) => vetor-coordenada Componentes de um vetor ou a1 a 2 . vB . . a n => matriz-coordenada Componentes de um vetor Exemplo: No IR2, consideremos as bases: A={(1,0), (0,1)}, B={(2,0),(1,3)} e C={(1,-3), (2,4)} Dado o vetor v = (8,6), tem-se: (8,6) = 8(1,0) + 6(0,1) (8,6) = 3(2,0) + 2(1,3) (8,6) = 2(1,-3) + 3(2,4) vA = (8,6) vB = (3,2) vC = (2,3) Componentes de um vetor Gráfico: Base B={(2,0),(1,3)} (8,6) = 3(2,0) + 2(1,3) vB = (3,2) Espaços Vetoriais Isomorfos Consideremos o espaço vetorial V = P3 = {at3 + bt2 + ct + d/a, b, c, d IR} e seja B = {v1, v2, v3, v4} uma base de P3. Fixada uma base, para cada vetor v P3, existe uma só quádrupla (a1, a2, a3, a4) IR4 tal que: v = a1v1 + a2v2 + a3v3 + a4v4 Espaços Vetoriais Isomorfos Reciprocamente dada uma quádrupla (a1, a2, a3, a4) IR4, existe um só vetor em P3 da forma a1v1 + a2v2 + a3v3 + a4v4 Assim sendo, a base B = {v1, v2, v3, v4} determina uma correspondência biunívoca entre os vetores de P3 e as quádruplas (a1, a2, a3, a4) em IR4. Espaços Vetoriais Isomorfos A correspondência biunívoca em P3 e IR4 preserva as operações de adição de vetores e multiplicação por escalar e, nesse caso, dizemos que os espaços P3 e IR4 são isomorfos. De forma análoga: M(2,2) é isomorfo a IR4 P2 é isomorfo a IR3 e assim por diante. “Se V é um espaço vetorial sobre IR e dim V = n, então V e IRn são isomorfos.”