<> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM <> <> <> <> <> A CRIANÇA AUTISTA <> <> <> Por: Dárcia Patrícia Plácido Silva Gomes <> <> <> Orientador Prof.ª Simone Ferreira Rio de Janeiro 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM <> <> <> <> <> A CRIANÇA AUTISTA <> <> <> <> <> Apresentação de Candido Mendes obtenção do monografia como grau à requisito de Universidade parcial para especialista em Psicopedagoga. Por: Dárcia Patrícia Plácido Silva Gomes 3 AGRADECIMENTOS [ Agradeço a Deus, minha família aos meus amigos, professores e minha orientadora. 4 DEDICATÓRIA [DI GI Dedico ao meu querido Maurício pelo incentivo e ao meu amado filho Pedro pela compreensão da minha ausência em vários momentos. Obrigada. 5 [DIGI RESUMO O presente trabalho tem como objetivo estudar as diferenças de cada criança portadoras do autismo, esclarecer e propor propostas pedagógicas para facilitar e ajudar na convivência escolar familiar e social. Com base em pesquisas bibliográficas, é importante ressaltar que o professor tenha conhecimento dos sintomas e características do autismo, pois as crianças podem ter uma grande melhora e freqüentar classes normais e quanto mais cedo for detectado esse transtorno mais eficaz será o tratamento. 6 METODOLOGIA A presente monografia trata-se de uma pesquisa do tipo explorativa baseada na coleta de dados bibliográficos relacionados às Crianças Autistas. Os autores mais utilizados foram o Leo Kanner, Claudio Roberto Baptista e Kathryn Ellis. Apesar de autistas, algumas crianças apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da linguagem. Algumas parecem fechadas e distantes, outras presas a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. A metodologia aplicada é classificada como teórica, sendo usados livros e pesquisas na internet. Iniciei separando o material de estudo como livros, artigos e textos que explorassem a temática do Autismo e aos objetivos propostos no plano de pesquisa. Dei inicio a elaboração e depois de várias correções cheguei ao resultado final deste trabalho monográfico. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - A origem do autismo 10 CAPÍTULO II - Sintomas, causas e diagnósticos 16 CAPÍTULO III – Inclusão e Intervenção 30 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40 ÍNDICE 42 8 INTRODUÇÃO Conhecido cientificamente como DGD - Distúrbios Globais do Desenvolvimento – o autismo é um transtorno caracterizado por alterações que se manifestam, sempre, na interação social, na comunicação e no comportamento. Ainda hoje permanece a discussão se o autismo é uma psicose. Sem dúvidas, o termo autismo e sua ligação com a esquizofrenia têm causado muita confusão que ainda permanece, pois são diagnosticadas como autistas crianças com características muito diferentes. Normalmente manifesta-se por volta dos três anos de idade persistindo por toda a vida adulta. Atinge principalmente o sexo masculino, na proporção de quatro meninos para cada menina. As causas ainda não foram claramente identificadas e várias abordagens de tratamento têm sido desenvolvidas. Os prejuízos estão diretamente relacionados ao grau de autismo que a pessoa apresenta. Algumas, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da linguagem. Algumas parecem fechadas e distantes, outras presas a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. As pessoas com autismo têm um modo diferente de aprender, organizar e processar as informações. Para respeitar estas diferenças, elas precisam de ambientes estruturados e organizados, pois normalmente os autistas têm dificuldades em mudarem suas rotinas diárias. Apesar de todas as dúvidas que se tem em relação a este transtorno, serão abordados conhecimentos fundamentais sobre fatores etimológicos, defeitos neuroquímicos, influência genéticas, inclusão sócio educacional, aspectos familiares, dentre outros este trabalho serve para educadores, pedagogos pais e psicopedagogos tê-lo como fonte de pesquisa com a finalidade de organizar informações e dados que conduzam a possível compreensão sobre o autista e suas expectativas de vida. Outras questões 9 serão identificadas como, sua origem, histórico evolutivo, quais suas características, as atuações profissionais no tratamento das crianças autistas, sua capacidade de aprendizagem e a atuação psicopedagógica. 10 CAPÍTULO I A ORIGEM DO AUTISMO O autismo ainda é um transtorno que tem muita coisa a ser descoberta, pois sua causa é desconhecida, muitas coisas do que afirmam não tem comprovação científica. Fala-se de um gene recessivo, mas até o momento nenhum dele foi identificado como sendo a causa da síndrome. Segundo alguns cientistas certos tipos de doenças nas gestantes, podem, desenvolver o autismo, como por exemplo, a rubéola, meningite, crises epiléticas e o uso de alguns remédios como os antibióticos. Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios retardos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. Atualmente já há possibilidade de detectar o transtorno antes dos dois anos de idade em muitos casos. Pensa-se em todos os aspectos que possam levar, desencadear, determinar ou propiciar o surgimento do autismo. Existe atualmente uma linha tentando a explicação holística, isto é leva-se todos os aspectos como importantes, porém, não únicos no surgimento do transtorno, pensa-se no indivíduo e no seu grupo. 1.1 Definição 1.1.1 Alguns conceitos de autismo 11 Como define Tomatis (Setembro-Dezembro, 1994), a palavra Autismo vem do grego Autos que significa eu ou próprio. Esta designação é usada porque as crianças possuidoras deste transtorno passam por um estádio em que se volta para si mesma, e não se interessam pelo mundo exterior. O autismo em 1943, caracterizado por Leo Kanner tornou-se razão um dos desvios comportamentais mais estudados, debatidos e disputados, que teve o mérito de identificar a diferença do comportamento esquizofrênico e do autismo. Até hoje, sua descrição clínica é utilizada da mesma forma, que foi chamado de Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo – Síndrome Única. Na década de 70, houve a proliferação dos critérios diagnósticos. A essa definição, se junta o conceito discutido por Sweet (1998), afirmando que o autismo consiste em: Um transtorno formado por um conjunto de alterações do comportamento que embora não sejam inclusivas, constituem uma constelação clínica, não integralmente reproduzindo em nenhuma outra doença. Em ambas as definições notam-se a complexidade dos sintomas incidindo e comprometendo o desenvolvimento da criança em todas as áreas: social, psicológica, biológica e lingüística. Atualmente Gurderer (1993), afirma que (...) o autismo é um transtorno grave, crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal de uma criança (...), e chama a atenção para a necessidade dos pais estarem atentos ao desenvolvimento de seus filhos. Segundo Cavalcante e Rocha (2002), as qualidades sensoriais- audição, tato, visão, etc. ficam reduzidas a um estado fragmentado, pois toda sua energia é utilizada na ansiedade, na compulsão por objetos nas estereotipias desenvolvidas nessa criança. As dificuldades na interação social podem manifestar-se com uma inapropriação do comportamento e das manifestações de afeto, um isolamento, uma completa falta de interação com o outro, uma diferença afetiva e uma falta de empatia social assim descrevem Gadia e Tuchman (2004). Distúrbios do humor e do afeto são comuns no autismo, se manifestam através de crises de risos ou de choros aparentemente desmotivados, falta de percepção de perigo 12 ou medo exagerado, ansiedade generalizada e pouca ou nenhuma reação emocional. Essas dificuldades incluem hiperatividade, agressividade, desatenção e comportamento de automutilação, e interfere muito na interação das crianças autistas dentro da família, da escola, da comunidade. Os distúrbios de linguagem ocorrem em diferentes graus, algumas crianças não desenvolvem nenhuma habilidade de comunicação verbal, outras têm uma comunicação imatura. As crianças autistas apresentam padrões de comportamento repetitivo e estereotipados relacionados à forte resistência a mudanças, apego excessivo a rotina e a objetos e fascínio por movimentos circulares. De acordo com a ASA (Associação Americana de Autismo) “o autismo é um distúrbio de desenvolvimento, permanente e severamente incapacitante”. No Brasil, devem existir, estatisticamente, cerca de sessenta e cinco mil a cento e noventa e cinco mil autistas, baseado na proporção internacional, já que nenhum censo semelhante foi realizado. Os seus trabalhos, estudos, e pesquisas na área do autismo resumem-se em: “Nem sempre o autismo se manifesta de maneira grave por toda vida. Acontece cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e é mais comum em meninas. Atinge qualquer família sem distinção de raça, etnia e classe social. Até agora não foi provado nenhum problema no meio de convivência destas crianças que prove as causas desta síndrome. Os sintomas são causados por disfunções físicas no cérebro, são verificados em exames ou em entrevistas com o indivíduo. Verifica-se: 1º- Distúrbios no ritmo de habilidades físicas, sociais e lingüísticas; 2º- Relacionamento anormal com objetos, eventos e pessoas. Respostas não adequada a adultos ou crianças. 13 (“extraída do livro: ‘Autismo e outros atrasados do desenvolvimento” do Dr. E. Chastian Gauderer). 1.1.2 Autismo segundo Aspeger e Kanner O trabalho de Aspeger foi publicado em língua Alemã, no final da segunda guerra mundial, dificultando a sua difusão. Seus trabalhos só se tornaram conhecidos nos últimos anos, com a sua publicação em inglês. Aspeger acreditava que a síndrome por ele escrita diferia da de Kanner, embora reconhecesse similaridades, uma vez que ambos identificaram as dificuldades no relacionamento interpessoal e na comunicação como as características mais intrigante do quadro. Aspeger também sugeriu a hipótese de um transtorno profundo do afeto ou “instinto”. Por coincidência, ambos empregaram o termo autismo (inicialmente na forma de adjetivo – distúrbio autístico do contato afetivo para Kanner e psicopatia autística para Aspeger, e mais tarde na de substantivo – autismo infantil precoce; Kanner (1944) para caracterizar a natureza do comprometimento. Isso foi uma tentativa de enfatizar os aspectos de intenso retraimento social observados em seus pacientes. Esse termo, na verdade, deriva do grego (autos = si mesmo + Ismos = disposição/ orientação) e foi tomado emprestado de Bleuler (o qual, por sua vez, subtraiu o “Eros! Da expressão autoerotismus, cunhada por Ellis, de acordo com Fedida, 1991) para descrever os sintomas fundamentais da esquizofrenia: “Os sintomas fundamentais consistem em transtornos da associação e da afetividade, a predileção Poe fantasias em oposição à realidade e a inclinação para se divorciar da realidade (autismo)” (Bleuler, 1955, p.14). Tanto Kanner quanto Aspeger empregaram o termo para chamar a atenção sobre a qualidade do comportamento social que perpassa a simples questão de isolamento físico, timidez ou rejeição do contato humano, mas se caracteriza, sobretudo, pela dificuldade em manter contato afetivo com os outros, de modo espontâneo e recíproco. É a questão da reciprocidade, ou 14 melhor, a falta de – que permanece como um dos marcadores significativos do autismo. Com isso, queremos dizer que a noção de uma criança nãocomunicativa, fisicamente isolada e incapaz de mostrar afeto, não corresponde às informações atuais nos estudos nessa área. De qualquer modo, até mesmo Kanner chamou a atenção para as diferenças individuais entre os casos observados por ele. No final da década de 60, o quadro “clássico” descrito por Kanner era largamente difundido entre os profissionais. Entretanto, logo se tornou evidente que havia grupos de crianças que apresentavam características similares às suas descrições. Era notório que tipo de necessidades, em termos de intervenção era, contudo, igualmente semelhante. Tal constatação levou à criação da primeira associação formada por familiares e profissionais na área de autismo, fundada na Inglaterra, em 1962 (National Autistic Society). Os debates cresceram, criando demandas pela investigação sobre a questão da relação entre autismo e outros transtornos do desenvolvimento, em especial a da deficiência mental e os problemas de linguagem e comunicação. Acirra-se a polêmica quanto à etiologia do autismo, sendo polarizada em torno das questões da causalidade parental x fatores biológicos como ressonância das primeiras observações de Kanner sobre frieza nas relações parentais. Intensifica-se as controvérsias sobre a definição de autismo, refletidas na própria história dos dois sistemas de classificação de transtornos mentais e do comportamento. Segundo Shirley Apoud Barros (1991), Erickson (1976) e Piaget (1971), o desenvolvimento da criança ocorre de forma evolutiva, dentro de determinado tempo, de acordo com singularidade de cada uma, não dependendo do sexo, raça ou grupo social onde se encontra inserida. No autismo, porém, o desenvolvimento se dá de forma não padronizada e diferente. O desenvolvimento psicossocial do ser humano naturalmente inicia-se a partir dos vínculos com a mãe – no contato rotineiro – ou com seus cuidadores, onde nas diferentes experiências os levam a ter confiança, o bem estar, o amor, fatores estes que contribuirão para a formação da pessoa. Nos autistas, 15 em geral, estas reações mostram diferentes: não fazem empatia com o outro, não apresentam discriminação emocional. 16 CAPÍTULO II SINTOMAS, CAUSAS E DIAGNÓSTICOS 2.1 Sintomas comuns Uma criança autista prefere estar só, não forma relações pessoais íntimas, não abraça, evita contato de olho, resiste às mudanças, é excessivamente presa a objetos familiares e repete continuamente certos atos e rituais. A criança pode começar a falar depois de outras crianças da mesma idade, pode usar o idioma de um modo estranho, ou pode não conseguir - por não poder ou não querer - falar nada. Quando falamos com a criança, ela freqüentemente tem dificuldade em entender o que foi dito. Ela pode repetir as palavras que são ditas a ela (ecolalia) e inverter o uso normal de pronomes, principalmente usando o tu em vez de eu ou mim ao se referir a si própria. Conforme - ASA (Autism Society of American). A maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança variando em intensidade de mais severo a mais brando. 1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças 2. Riso inapropriado 3. Pouco ou nenhum contato visual 4. Não quer ser tocado 5. Isolamento; modos arredios 6. Gira objetos 7. Cheira ou lambe os brinquedos, Inapropriada fixação em objetos 8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade 9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino 17 10. Aparente insensibilidade à dor 11. Acessos de raiva - demonstram extrema aflição sem razão aparente 12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares) 13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal) 14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina 15. Age como se estivesse surdo 16. Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras 17. Não tem real noção do perigo 18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos Sintomas de autismo em uma criança levam o médico ao diagnóstico, que é feito através da observação. Embora nenhum teste específico para autismo esteja disponível, o médico pode executar certos testes para procurar outras causas de desordem cerebral. 2.2 Causas 2.2.1 Estruturas e funções cerebrais Muitos bebês que desenvolveram autismo tiveram um momento • de crescimento atípico/ acelerado do cérebro e perímetro cefálico. Alterações no nível de determinados neurotransmissores são • freqüentemente detectadas em crianças e adultos com autismo (ex: serotonina). • autismo Técnicas de imagem cerebral mostram que as pessoas com ativam diferentes desenvolvem uma tarefa. áreas de processamento cerebral quando 18 • Foi encontrada uma diminuição do número de neurônios da amígdala – uma região do cérebro relacionada com o medo e a memória. Sabemos hoje que o autismo: • É mais freqüente em indivíduos do sexo masculino - 4:1. • Há maior probabilidade de se manifestar em irmãos gêmeos de pessoas com autismo. • Parecem existir “genes candidatos” (ou segmentos irregulares do código genético), em diferentes cromossomos que poderão transmitir uma predisposição para o autismo. • O autismo tem um padrão de transmissão genética complexa e “multifatorial”. Não há uma transmissão genética direta da doença, não se conhece um conjunto circunscrito de cromossomos ou genes que possam ser responsáveis pela manifestação de autismo. 2.2.2 Fatores pré e Peri natal • Existe um risco acrescido de manifestar autismo, em crianças cujas mães contraíram rubéola na gravidez, ou foram expostas a determinadas substâncias tóxicas. • Crianças com desequilíbrios metabólicos e outras condições clínicas (x-frágil; esclerose tuberosa; e fenilcetonúria não tratada), estão em maior risco de manifestar autismo. • Foram feitas investigações acerca da influência de substâncias tóxicas na manifestação de autismo (ex: doença celíaca, determinadas alergias ou intolerância a metais com o chumbo) (ex: não parece haver influência da vacina tríplice na manifestação de perturbação autística), no entanto nenhuma relação direta foi estabelecida. Esta é uma área onde é necessária mais investigação. 19 Entre 75 a 80% das crianças autistas apresentam algum grau de retardo mental, que pode estar relacionados aos mais diversos fatores biológicos. Portanto, a evidência de que o autismo tem suas causas em fatores biológicos é indiscutível A causa do autismo não é conhecida. Estudos de gêmeos idênticos indicam que a desordem pode ser em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os gêmeos se acontecer em um. Embora a maioria dos casos não tenha nenhuma causa óbvia, alguns podem estar relacionados a uma infecção viral (por exemplo, rubéola congênita ou doença de inclusão citomegálica), fenilcetonúria (uma deficiência herdada de enzima), ou a síndrome do X frágil (uma dosagem cromossômica). Há várias suspeitas de que podem compreender alguns desses fatores: • Influência Genética • Vírus • Toxinas e poluição • Desordenes metabólicos • Intolerância imunológica • Infecções virais e grandes doses de antibióticos nos primeiros 3 anos. 2.2.3 Sobre metais pesados - Uma das possíveis causas Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o chumbo e cádmio e o mercúrio já citado antes, não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos. 20 Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia - alimentar. A ingestão, inalação ou absorção pela pele, de metais pesados ou substâncias que componham o mesmo, pode resultar em situações como o autismo, atraso mental, doenças, cansaço ou a síndrome do Golfo. Porém ainda que sendo apenas uma hipótese, ela não deixa de ter boas bases científicas e hoje os laboratórios começam a abandonar o uso do mercúrio como conservante, em parte devido à pressão da opinião pública. Mesmo que esse seja o motivo para o autismo não é o único. Existem diversas substâncias que estamos a acostumados de certo modo e algumas nos são impostas no convívio social como tabaco, poluição (sobretudo os gases de escape dos automóveis e fábricas), álcool, vemos que estamos vivendo num mundo demasiado poluído e que pode agravar toda esta situação. A Medicina Alternatica Complementar (CAM), portanto, pode ajudar pessoas com autismo. Ao verificar qual foi o dano causado no organismo (seja no sistema imunológico, alergias ou outros problemas) e trabalhar na busca de uma solução, existe dietas, tratamentos farmacológicos e terapias que em conjunto podem auxiliar a solucionar ou amenizar situações graves. E todo e qualquer tratamento iniciado precocemente terá melhores resultados. 2.2.4 Doenças relacionadas ao autismo Podemos listar uma série grande de doenças das mais diferentes ordens envolvidas nos quadros autísticos: • Infecções pré-natais - rubéola congênita, sífilis congênita, toxoplasmose, citomegaloviroses; • Hipóxia neonatal (deficiência de oxigênio no cérebro durante o • Infecções pós-natais - herpes simplex; • Déficits sensoriais - dificuldade visual (degeneração de retina) ou parto); diminuição da audição (hipoacusia) intensa; 21 • Espasmos infantis - Síndrome de West; • Doenças degenerativas - Doença de Tay-Sachs; • Doenças gênicas - fenilcetonúria, esclerose tuberosa, neurofibromatose, Síndromes de Cornélia De Lange, Willians, Moebius, Mucopolissacaridoses, Zunich; • Alterações cromossômicas - Síndrome de Down ou Síndrome do X frágil (a mais importante das doenças genéticas associadas ao autismo), bem como alterações estruturais expressas por deleções, translocações, cromossomas em anel e outras Intoxicações diversas. 2.3 Diagnóstico Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com autismo. O bebê desde o nascimento pode mostrar-se indiferente a estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção prolongadamente por determinados itens. Por outro lado certas crianças começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses para repentinamente transformar o comportamento em isolado. Contudo, podem se passar anos antes que a família perceba que há algo errado. Nessas ocasiões os parentes e amigos muitas vezes reforçam a idéia de que não há nada errado, dizendo que cada criança tem seu próprio jeito. Infelizmente isso atrasa o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o tratamento, melhor é o resultado. Não há testes laboratoriais ou de imagem que possam diagnosticar o autismo. Assim o diagnóstico deve feito clinicamente, pela entrevista e histórico do paciente, sempre sendo diferenciado de surdez, problemas neurológicos e retardo mental. Uma vez feito o diagnóstico a criança deve ser encaminhada para um profissional especializado em autismo, este se encarregará de confirmar ou negar o diagnóstico. Apesar do diagnóstico do autismo não poder ser confirmado por exames, às doenças que se assemelham ao autismo podem. Assim vários testes e exames podem ser realizados com a finalidade de descartar os outros diagnósticos. Dentre vários critérios de diagnósticos, três não podem faltar: poucas ou limitadas 22 manifestações sociais, habilidades de comunicação não desenvolvidas, comportamentos, interesses e atividades repetitivos. Esses sintomas devem aparecer antes dos três anos de idade. O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais da Associação Americana de Psiquiatria apresenta os seguintes critérios de diagnóstico: Se o indivíduo se enquadrar em um total de seis ou mais dos seguintes itens, pode ser levada a hipótese de autismo. 1- Comprometimento qualitativo em interação social, com pelo menos duas das seguintes características: a) Acentuado comprometimento no uso de múltiplos comportamentos não verbais que regulam a interação social, tais como: contato “olho no olho”, expressões faciais, posturas corporais e gestos; b) Falhas no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas a idade; c) Ausência da busca espontânea em compartilhar divertimentos, interesses e empreendimentos com outras pessoas. 2- Comprometimento qualitativo na comunicação em pelo menos um dos seguintes itens: a) Atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala (sem tentativa de gesto ou mímica); b) Acentuado habilidade comprometimento de iniciar e manter na uma conversação naqueles que conseguem falar; c) Linguagem estereotipada e repetida; 23 d) Ausência de capacidade, adequada à idade de realizar jogos de faz de conta ou imitação. 3- Padrão de conhecimento, interesse ou atividades repetitivas ou estereotipadas, em pelo menos um dos seguintes aspectos: a) Proporção circunscrita a um ou mais padrões de interesse estereotipados e restritos, anormalmente, tanto em intensidade quanto no foco; b) Fixação aparentemente inflexível em rotinas ou ritual não funcional; c) Movimento repetitivo e estereotipado; d) Preocupação persistente com partes de objetos. 4- O distúrbio não se enquadra na síndrome de Rett ou no distúrbio desintegrativos da criança. O autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como: síndrome de Down e Epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. O QI de crianças autistas, em aproximadamente, 60% (sessenta por cento), mostra resultados abaixo dos 50,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem inteligência maior do que 70 pontos. O portador de autismo tem uma expectativa de vida normal. Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, auto-agressão e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças (Kanner, 1943). 24 2.4 Tratamentos Autismo não é o inimigo. Os pais que adotam o ponto de vista do autismo como inimigo e tentam eliminar o autismo como se fosse um invasor de sua criança tendem a vivenciar uma grande quantidade de estresse e desconforto, o que, por sua vez, afeta suas interações com a criança. Isto não facilita a formação entre pais e filhos de interações mutuamente prazerosas, interações estas que são essenciais na promoção do desenvolvimento global de qualquer criança inclusive aquelas com autismo. Assim, acredita-se que o primeiro passo dentro do tratamento do autismo é a ACEITAÇÃO. Por ACEITAÇÃO não quer dizer “desistir” ou “fazer nada”, e sim, não resistir ou julgar a criança ou o autismo. Muitas pessoas com autismo recebem a mensagem diária de que quase tudo o que fazem é errado, podendo levá-las à perspectiva de que elas "são" erradas. Em uma perspectiva de aceitação, a pessoa com autismo não é errada, é diferente. Pode-se dizer: “Estamos bem. Sim, eu quero ajudar minha criança a aprender a ser mais social, mas ela está bem neste momento.” Esta é uma simples afirmação, mas uma que tem o poder de influenciar profundamente o relacionamento dos pais (e profissionais) com a criança. E a partir desta perspectiva de aceitação, os pais e profissionais podem buscar auxiliar suas crianças. A auto-imagem influência decisivamente a percepção que as pessoas têm das suas competências e do seu valor. Sabe-se que a presença da deficiência numa família pode ter impacto na identidade da família e como diz Leitão (1993), referido por Ramos (1999:41): “Os pais das crianças e jovens com deficiência vivênciam muitas vezes, dificuldades nos seus sentimentos de competência e de auto-estima como pais, situação que em parte se deve ao facto de os filhos serem parceiros comunicativamente menos competentes e menos responsivos ; proporcionando menos experiências contingentes aos seus pais.” Constata-se que, se as actividades (família/escola/técnicos) forem desenvolvidas em conjunto, através de programas educativos (apoio afectivoemocional), 25 a deficiência não passará a ser a maior característica de identificação da família. Forest & Reynolds (1988), conforme Pereira, Edgar (1996), acentuam que, os profissionais têm um grande papel, no sentido de ajudar a família a elevar o nível das suas expectativas, quanto ao desenvolvimento global da criança. Tumbul & Tumbul (1988), ibidem, chamam a atenção para a necessidade de profissionais e família começarem a dotar a criança com deficiência de “skills”, na área das tomadas de decisão, dando sistematicamente continuidade ao treino desta área através de todo o programa educativo. Dizem ainda os autores que “% Sta. aprendizagem e experiência dotá-la-á com «skills» que lhe permitirão tomar decisões sobre a sua carreira educacional, transformando as suas expectativas emrealidades.” (1996:42). Depois que a ACEITAÇÃO é genuinamente alcançada, existe quatro áreas de ações que são cruciais dentro de uma abordagem de tratamento ao autismo. 1. A criação de um constante ambiente de aprendizagem otimizada. Devido a conexões diferentes nos cérebros de crianças com autismo, elas percebem seu meio-ambiente de forma diferenciada em relação a uma criança neurotípica. Ao adaptar o ambiente físico e social de uma criança podem-se criar condições que possibilitem a ela um maior nível de conforto, interatividade social e concentração. 2. A criação de interações sociais estimulantes e dinâmicas, elaboradas a partir das metas de desenvolvimento da criança, com o objetivo de promover o desenvolvimento emocional, social e de comunicação. Estas sessões beneficiam-se do ambiente de aprendizagem otimizado para estabelecer um programa de educação social individualizado para sua criança. 3. A facilitação da reorganização cerebral e integração sensorial através de jogos/brincadeiras e tecnologias apropriadas. Beneficiando-se dos avanços da moderna neurociência, estes métodos 26 podem auxiliar na superação de desafios sensório-perceptuais vivenciados por muitas crianças e adultos com autismo. 4. A adoção de um tratamento biológico para abordar desequilíbrios bioquímicos internos. As necessidades biológicas dentro do espectro do autismo variam dramaticamente desde dietas relativamente simples até complexos protocolos médicos. 2.4.1 Tratamentos com medicamentos As pesquisas mais recentes sugerem que a etiologia do Autismo seja multifatorial. Evidências acumuladas têm sugerido desequilíbrios em vários sistemas neuroquímicos, primariamente o dopaminérgico e o serotoninérgico, como sendo relevantes para a fisiopatologia do Autismo. Estudos neurobiológicos clínicos e de tratamento apontam para um papel importante da neurotransmissora dopamina no desenvolvimento do Autismo Infantil. As drogas de efeito dopaminérgicas têm demonstrado algum efeito sobre a sintornatologia do Autismo Infantil. Os medicamentos antagonistas dos receptores D2 (dopamina), como por exemplo, o haloperidol e a pimozida, também tem mostrado alguma eficácia no controle de alguns sintomas de Autismo em criança, principalmente na redução de estereotipias, do retraimento e do comportamento agressivo, assim como no aumento da atenção. Este tipo de tratamento só deverá ser administrado quando os sintomas se apresentam de tal forma que os medicamentos venham conter certos comportamentos. Porém faz-se uma ressalva que em nenhuma hipótese esta forma de tratamento será a única, nem a mais importante. Isso se deve ao fato de que até o memento não existe medicamento especifico para o Autismo, e dos utilizados não podem ser administrados em todos os pacientes, pois não trazem resultados esperados. 27 Os neurolépticos (dentre eles o Haloperido/ Haldo) – muito utilizados – podem levar à redução das estereotipias e melhorar a concentração, além de promover convívio social. Outros medicamentos usados – do mesmo grupo do Haloperidol – são: a Tiaridazina (Melleril), a Primozida ( Orap), a Periciazina ( Neuleptil), a Risperidona ( Risperdal), a Paraoxetina (Aropax) e a Olanzina (Ziprexa). Estes últimos são drogas mais recentes com resultados promissores. Várias outras drogas têm sido utilizadas. Dentre elas, a de maior sucesso, é o Cloridrato de Pirodoxina (vitamina B6) e Magnésio.Os pacientes após algumas semanas de tratamento com estes medicamentos, mostram-se mais tranqüilos, reduzem as estereotipias, fazem tentativas de comunicação, e quando apresentam distúrbios durante o sono, estes diminuem. 2.4.2 Dietas Os indivíduos com autismo podem mostrar baixa tolerância ou alergias a determinados alimentos ou produtos químicos. Embora não seja uma causa específica do autismo, intolerâncias alimentares ou alergias podem contribuir para problemas comportamentais. Muitos pais e profissionais relataram mudanças significativas quando substâncias específicas são eliminadas da dieta da criança. Os indivíduos com autismo podem ter problemas na digestão de proteínas tais como o glúten. Pesquisas nos Estados Unidos e na Inglaterra encontraram níveis elevados de certos peptídeos na urina de crianças com autismo, sugerindo quebra incompleta de peptídeos nos alimentos que contêm o glúten e a caseína. O glúten é encontrado no trigo, na aveia e no centeio, e a caseína em produtos de laticínios. A incompleta e a absorção excessiva dos peptídeos podem causar o rompimento em processos bioquímicos e neuroregulatórios no cérebro, afetando funções do mesmo. Até que haja mais informação a respeito de porque estas proteínas não foram quebradas, a 28 remoção das proteínas da dieta é a única maneira impedir danos neurológicos e gastrointestinais adicionais. As crianças autistas, talvez por conta dos problemas em sua flora intestinal, sentem especial necessidade de consumir carboidratos refinados exatamente o que alimenta os patógenos no seu intestino. O padrão típico do desenvolvimento autista inclui o fato de em algum momento nos dois primeiros anos de vida a criança limita seu consumo alimentar a carboidratos processados, açúcar e lácteos: pães, biscoitos, bolos, doces, salgadinhos, cereais matinais, massas, leite e iogurtes industrializados adoçados. Na enorme maioria dos casos é dificílimo mudar as preferências das crianças: ela simplesmente não aceita outro tipo de comida! Então para inserir esta criança numa dieta livre de glúten e caseína a solução em princípio seria substituir os produtos contendo glúten e caseína por equivalentes livres dessas substâncias, que ainda assim são preparados com arroz,açúcar,fécula de batata,farinha de tapioca,soja,trigo sarraceno,etc. Esse tipo de comida alimenta a flora intestina anormal tanto quanto o glúten a dieta anterior,perpetuando o ciclo vicioso de um sistema digestivo enfraquecido e doente,que libera toxinas para a corrente sanguínea e o cérebro. É claro que a dieta livre de glúten e caseína elimina uma parte das toxinas que são enviadas por todo o organismo: a gluteomorfina e as caso morfinas e isso faz alguma diferença, isso faz algum bem. Em algumas crianças o efeito é surpreendentemente bom. Mas infelizmente na maioria dos casos o efeito não ocorre, ou quando ocorre é apenas por algum tempo, porque as demais toxinas continuam lá, sendo produzidas pela flora intestinal anormal. Se patógenos como Candida,Clostridia,entre outros continuam lá povoando o sistema digestivo,a inflamação persiste,o intestino fica enfraquecio,permitindo ainda que diversas substâncias indigestas e tóxicas sejam espalhadas pelo organismo. O fato de esta dieta ter ganhado fama mundial como “a dieta do autismo” é muito infeliz, porque ela cobre apenas uma parte muito pequena o problema: as gluteomorfinas e as casomorfinas. Como sempre acontece, diversas 29 indústria do setor alimentício se aproveitaram de tal fama lançando uma infinidade de produtos com o rótulo “livre de glúten”e/ou “livre de caseína”,porém são produtos industrializados e são produtos cheios de açúcar (ou pior,em alguns casos,adoçantes artificiais),carboidratos refinados,gorduras alteradas edesnaturadas,proteínas alteradas e desnaturadas e outras tantas substâncias que crianças autistas jamais deveriam consumir. 30 CAPÍTULO III INCLUSÃO E INTERVENÇÃO 3.1 – Inclusão A inclusão tem sido muito distorcidas e polemizadas pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com déficit de toda ordem, mais grave ou menos graves, no ensino regular, nada mais é do que garantir o direito de todos à educação. Os estudos que se tem efetuado não apresentam dúvidas sobre as vantagens da integração, mas é preciso que toda sociedade se organize no sentido de possibilitar a todas as crianças com necessidades educativas especiais, a melhor forma de serem educadas com sucesso. O Warnok (1978) deu uma nova perspectiva sobre a integração/inclusão, passando o modelo médico a um modelo educativo, isto é, centrando os problemas da criança não na deficiência, mas nas dificuldades que estas apresentam face ao currículo escolar, responsabilizando, assim, a escola pela educação das crianças com necessidades educativas especiais. Nesta perspectiva, Jimenez R.(1997. pág.116) afirma que: A integração pressupõe não uma simples integração física num ambiente o menos restrito possível, mas significa uma escolares, diferenciada, participação que afetiva proporcionam necessária, nas à tarefas educação apoiando-se nas adaptações e meios que forem mais pertinentes em cada caso. 31 3.1.1- A escola inclusiva Falar sobre Autismo sem abordar a filosofia da Educação Especial, bem como os pressupostos teóricos nos quais se enquadra a problemática principal, a Integração/Inclusão das crianças com autismo, que tem sido objeto de debate criado tanta controvérsia na última década, seria não respeitar a abrangência do tema e as implicações que este assunto tem provocado na nossa sociedade, muito especialmente no que se refere às atitudes e comportamentos dos adultos face à Integração de crianças com Necessidades Educativas Especiais. «Integração» significa o restabelecer de formas comuns de vida, de aprendizagem e de trabalho entre pessoas deficientes e não deficientes. Integração significa ser participante, ser considerado, fazer parte de, ser levado a sério e ser encorajado. A Integração requer a promoção das qualidades próprias de um indivíduo, sem estigmatização e sem segregação. “%realizar pedagógicamente a Integração significa, seja no Jardim de Infância, na Escola ou no trabalho, que todas as crianças e adultos (deficientes ou não) brinquem, aprendam, trabalhem, de acordo com o seu nível de desenvolvimento em cooperação com os outros.”,(Steinemann, 1994:7) Esta temática tem conhecido nas últimas décadas, grandes transformações resultantes de uma série de decisões históricas e da conseqüente revisão das teorias educativas. Sabe-se que ao longo da história da humanidade foram diversas as atitudes assumidas pela sociedade para com as pessoas deficientes. Estas atitudes foram-se alterando ao longo dos tempos por influência de fatores Na opinião de Birch (1974), referido por Baptista (1997), Integrar sociais, econômicos, políticos e outrosh Não é tarefa fácil e torna-se, por vezes, um fenômeno complexo que vai muito para além de colocar as crianças com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) no ensino regular. 32 Os estudos que se têm efetuado não apresentam dúvidas sobre as vantagens da integração, mas é preciso que toda a sociedade se organize no sentido de possibilitar a todas as crianças com N.E.E. a melhor forma de serem educadas com sucesso. Sucesso esse que depende, substancialmente, do ambiente educativo em que estas estão. 3.1.2- A educação da criança autista A educação do autista devido à falta de informação mais específica, juntamente com a própria rigidez do currículo que não respeita as singularidades e as diferentes formas de aprender de cada um, acaba por causar um grande prejuízo ao autista que não consegue atingir a autonomia. A escola estabelece os padrões de normalidade e aceitação social, porém, a própria formação dos docentes não permite que suas teorias de ensinoaprendizagem sejam de acordo com a realidade, ou não preparam o professor para as dificuldades do cotidiano escolar, além de diversas situações de estresse provocadas pelo sistema, que fazem com que o autista seja excluído mesmo estando inserido dentro da escola regular. Um dos métodos de ensino mais utilizados no Brasil para atender o autista é o TEACCH que foi desenvolvido no início de 1970 pelo Dr. Eric Schopler e colaboradores, na Universidade da Carolina do Norte; é conhecido no mundo inteiro. O TEACCH não é uma abordagem única, é um projeto que tenta responder às necessidades do autista usando as melhores abordagens e métodos disponíveis. Os serviços oferecem desde o diagnóstico e aconselhamento dos pais e profissionais, até centros comunitários para adultos com todas as etapas intermediárias: avaliação psicológica, salas de aulas e programas para professores. Toda instituição que utiliza o TEACCH tem todo esse apoio (MELLO, 2007). Uma grande dificuldade que as famílias de autistas enfrentam refere-se ao seu comportamento, pessoas com autismo emitem comportamentos pouco usuais e de difícil manejo podendo exibir mais de um comportamento problema, alem das estereotipias e maneirismos, muitos apresentam comportamentos. 33 3.2 Intervenções psicopedagógicas A psicopedagogia surgiu devido à necessidade de uma melhor compreensão dos processos de aprendizagem, tornando-se uma área especifica de estudo, pesquisando os fatores externos e internos que estão diretamente ligados a este processo de desenvolvimento. Fundamenta sua prática e teoria sob a articulação de três escolas: a psicanalítica, de Sigmund Freud, a piagetiana de Jean Piaget e a da teoria do vinculo e do apego de Pichon Riviere. De acordo com Carvalho e Cuzin (2008, p.19) “[h] para a psicopedagogia interessa-se o estudo e a intervenção sobre o indivíduo com dificuldade de aprendizagem, sejam elas quais forem, em todas as áreas de sua vida – emocional cognitiva e social.” As dificuldades de aprendizagem podem ser causadas ou desencadeadas por inúmeros fatores, tais quais, atrasos no desenvolvimento, acidentes que comprometem a integridade de órgãos necessários para este processo, patologias, principalmente as ligadas ao sistema neurológico, dificuldade de acompanhamento devido à metodologia ou a outros fatores externos, transtornos comportamentais, dentre outros fatores. Visca (1987, p. 08) nos diz que: O psicopedagogo tem como função identificar a estrutura do sujeito, suas transformações no tempo, influências do seu meio nestas transformações e seu relacionamento com o aprender. Este saber exige do psicopedagogo o conhecimento do processo de aprendizagem e todas as suas inter-relações com outros fatores que podem influenciá-lo, das influências emocionais, sociais, pedagógicas e orgânicas. Após identificar, o psicopedagogo deve intervir de forma a contribuir no desenvolvimento e melhoria do processo de aprendizagem auxiliando a aumentar o rendimento escolar do individuo em atendimento. Muitos chegam para o psicopedagogo com preocupação em relação ao fracasso escolar. De acordo com Weiss (2008, p.16): Fracasso escolar é uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da 34 escola, porém, no diagnostico psicopedagógico do fracasso escolar de um aluno não se podem desconsiderar as relações significativas existentes entre a produção escolar e as oportunidades reais que determinada sociedade possibilita aos representantes das diversas classes sociais. Por isso, é muito importante que o psicopedagogo observe todos os aspectos que estão relacionados à criança de forma atenta e crítica a fim de perceber tudo aquilo que está envolvido em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. O psicopedagogo tem um amplo campo de atuação e trabalha de diferentes formas. Há o campo da psicopedagogia institucional, que abrange empresas, escolas e hospitais, cada um destes locais, exige um perfil diferenciado de trabalho. O trabalho institucional é preventivo e realizado com todo o grupo. Existe também o campo da psicopedagogia clínica, onde o profissional irá atender de forma individualizada, sendo esta uma atuação terapêutica. Mesmo dentro de uma instituição, o psicopedagogo pode desenvolver o trabalho clínico, de acordo com a proposta e a necessidade do local onde está inserido. Segundo Visca (1987, p. 08) A distinção entre o trabalho clínico e o preventivo é fundamental. O primeiro visa buscar os obstáculos e as causas para o problema de aprendizagem já instalado; e o segundo, estudar as condições evolutivas da aprendizagem apontando caminhos para um aprender mais eficiente.De forma geral, tanto no trabalho clínico, como no institucional, o psicopedagogo lida com distúrbios, problemas e dificuldades de aprendizagem. Os distúrbios estão relacionados a fatores orgânicos e requer que a intervenção obrigatoriamente seja feita em conjunto com um neurologista e\ou um psiquiatra. Os problemas de aprendizagem têm ligação com questões emocionais, sociais e familiares, por isso exige um acompanhamento em conjunto com o psicólogo, tendo um acompanhamento psicológico e afetivo. As dificuldades estão mais diretamente ligadas ao processo de aprendizagem normal e podem ter como causa à falta de adaptação a metodologia utilizada, o relacionamento com o professor, ou a dificuldade no acompanhamento das atividades propostas, neste caso o psicopedagogo pode intervir sozinho. Na maioria dos casos o psicopedagogo 35 irá trabalhar em conjunto com outros profissionais, a fim de realizar um tratamento mais abrangente e obter um resultado mais completo em relação ao desenvolvimento do indivíduo e a recuperação da dificuldade apresentada, dando-lhe a Normalmente possibilidade os de um acompanhamento profissionais que trabalham em mais conjunto completo. com o psicopedagogo, são: fonoaudiólogos, neurologistas e psicólogos, porém há outros profissionais que também podem compor este quadro. Esta equipe multidisciplinar age em conjunto e devem estar de acordo em relação aos métodos utilizados para que a recuperação do indivíduo tenha uma evolução rápida e proveitosa. Para chegar ao diagnóstico final, é necessário que o indivíduo passe por uma avaliação desta equipe multidisciplinar, pois só assim é possível identificar de forma assertiva qual tipo de dificuldade está sendo apresentada e qual a forma mais eficaz de trabalho para que o problema possa ser solucionado mais rapidamente, lembrando sempre que há problemas para os quais poderá haver uma melhora significativa, porém nunca se alcançará a cura, por relacionar-se a fatores orgânicos irreversíveis. O psicopedagogo atua de forma terapêutica, intervindo na maioria das vezes a partir de jogos, histórias, dentre outros elementos, partindo sempre da realidade do cliente, a fim de tornar interessante o processo de recuperação, emprestando-lhes o desejo de aprender e estimulando-o a fim de superar suas limitações. 3.2.1 O psicopedagogo e o autista Atuação do psicopedagogo com autistas devido as suas características peculiares apresentam dificuldades de aprendizagem e têm a necessidade de um acompanhamento terapêutico. Por se tratar de um transtorno de origem orgânica é obrigatório que haja um acompanhamento com o psicólogo e um neurologista ou psiquiatra, pois, se trata de um problema funcional, provocado por fatores físicos e que afetam também as questões emocionais. Apesar de não haver medicamentos e tratamentos específicos para o autismo, a famacoterapia é um elemento importante para o tratamento, porem alguns autistas não necessita dos fármacos, podem viver tranquilamente sem eles, visto que o psicopedagogo não pode receitar o neurologista ou psiquiatra deve 36 transcrever as receitas. Até o presente momento não é conhecida a cura para o autismo e sua gravidade oscila bastante, produzindo diferenças significativas no quadro clinico, [e uma síndrome bastante complexa, porem, apesar desta complexidade e de ser preciso o envolvimento dos outros profissionais, não se pode ignorar a importância e a necessidade do trabalho do psicopedagogo mediante as dificuldades de aprendizagem ocasionadas pelo autismo de acordo com Carvalho e Cuzin (2008), o psicopedagogo deve trabalhar, visando sempre à minimização das limitações e a maximização das potencialidades do sujeito inserido no sistema. O psicopedagogo deve montar uma intervenção adequada considerando as características individuas do cliente, pois devido à oscilação da gravidade do autismo, citada acima, o tratamento ira variar de caso acaso. Um tratamento adequado é baseado na consideração das comorbidades para a realização de atendimento apropriado em função das características particulares do indivíduo. A terapêutica pressupõe uma equipe multi- e interdisciplinar – tratamento médico (pediatria, neurologia, psiquiatria e odontologia) e tratamento não-médico (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, terapia ocupacional, fisioterapia e orientação familiar), profissionalizante e inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico. Alguns sintomas do autismo se modificam ao longo da vida, alguns diminuem a intensidade, outros passam a fazer parte do contexto do individuo, a intervenção também deve acompanhar essas mudanças, ou seja, o planejamento do tratamento deve ser estruturado e reestruturado de acordo com as etapas da vida do paciente. Por ser uma síndrome que provoca desordens no desenvolvimento global, torna-se necessário, uma intervenção abrangente, que focalize em todas as áreas, social, emocional e cognitiva. Alguns autores defendem que as técnicas de intervenção, devem focar na melhoria do desenvolvimento das habilidades sociais e da capacidade de linguagem, enfatizam a importância de não encorajar comportamentos que se tornaram inapropriados com o passar do tempo. Há abordagens que auxiliam no trabalho de desenvolvimento da comunicação e do ensino de meios alternativos para tal. Os comportamentos sociais também devem ser trabalhados, devido à tendência que possuem, de apresentar comportamentos 37 inadequados, deve-se mostrar o que e certo e não tolerar o erro, para que este não se transforme em habito. É preciso estabelecer regras e limites no trabalho com autistas, a fim de podermos ter o controle da situação e de auxiliá-los a lidar com algumas dificuldades, porem de acordo com Parente (2010, p.11): Ainda que o estabelecimento de regras claras para lidar com essas dificuldades seja útil, saber como fazer amigos, entender os sentimentos e pensamentos das demais pessoas não são habilidades baseadas em regras que são aprendidas por meio do ensino. Essas habilidades são aprendidas por meio de vivências e interação, porém, aprender a interagir com outras tarefas é uma tarefa árdua para o autista e o psicopedagogo deve promover meios para que isto aconteça. A escola tem papel fundamental no processo de desenvolvimento de qualquer indivíduo, tendo como objetivo máximo, auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem de todo ser humanos independente de suas limitações, por isso a escola é também necessária para o desenvolvimento do autista. Para Bonora (2010, p. 27): A escola deve ser um local onde qualquer aluno consiga desenvolver seu potencial e superar seus limites. Através do psicopedagogo a eliminação de barreiras e a criação de estratégias que muitas vezes são simples e fazem parte da estratégia de ensino utilizado pelo professor irá possibilitar que o currículo escolar atenda a todos os alunos. Estando inserido em uma escola, o psicopedagogo deve também auxiliar na adaptação do autista na interação com o meio social e na adaptação das crianças com desenvolvimento típico em relação ao autista, pois esta reciprocidade [e necessária para que a interação seja completa e para que haja harmonia no ambiente escolar. Deve-se ter sempre em mente que o psicopedagogo, “[é responsável em conciliar as inesperadas situações que podem surgir como interferência no processo de ensino-aprendizagem” (Carvalho e Cuzin, 2008). Devido ao fato de que as pessoas com esta síndrome têm dificuldades em compreender a linguagem figurativa, metafórica e ambígua, o psicopedagogo deve se comunicar da forma mais direta e clara possível, a fim de evitar maiores problemas na comunicação, deve também orientar ao educador a agir da mesma forma, e assim evitar complicações. Fornecer suporte para a família, auxiliando a diminuir o estresse provocado 38 pelas circunstâncias é de grande valia, pois muitas famílias não possuem orientação adequada sobre como lidar com o problema e acabam se desgastando e trazendo maiores dificuldades para o contexto familiar, oferecer orientações e apoio pode trazer grande melhoria para o convívio e aumentar a qualidade de vida de toda família. O psicopedagogo deve ter consciência de seu papel e responsabilidade profissional e social e acima de tudo deve respeitar prezar e zelar por cada vida que for colocada sob seus cuidados, lembrando sempre que cada ser é único e que cada um possui singularidades que precisam ser respeitadas e que são estas diferenças que dão significado à vida. 39 CONCLUSÃO Por se tratar de um assunto ainda pouco conhecido para muitas pessoas buscou-se primeiramente esclarecer alguns conceitos sobre as bases de como se diagnostica uma criança com Autismo. Concluiu-se que o Autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, e que segundo o Manual Estatístico de Doenças Mentais (DSM IV, 1994) apresenta uma tríade para caracterizá-lo: dificuldade na interação social e na comunicação, padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades. Um transtorno formado por um conjunto de alterações do comportamento que embora não sejam inclusivas, constituem uma constelação clínica, não integralmente reproduzindo em nenhuma outra doença. Portanto, em função das várias reflexões conclui-se que o Autismo embora com muitas características a outros transtornos, possui identidade muito diferenciada. Uma vez por possuir vários déficits, a escola de ensino regular sente-se de certa forma incapaz de desenvolver uma educação inclusiva tanto pela necessidade de profissionais especializados, quanto pela reformulação de sua prática, como também pelo espaço físico que uma criança autista precisa, haja vista suas necessidades de organização e rotina. Sendo assim se faz necessário uma ação educativa comprometedora com a sociedade mais democrática e menos excludente. 40 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AMY, Dominique Marie. Enfrentando o Autismo: A criança autista , seus pais e a relação terapêutica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor: 2001. ARAUJO, Ceres Alves de. O Processo de Individuação no Autismo. São Paulo: Memnon, 2000 BAPTISTA, Claudio Roberto, Bosa, Cleonice e colaboradores. Autismo e Educação: Reflexões e propostas de intervenção. Porto Alegre: Artmed; 2002. BLEULER, E Psiquiatria. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1984. ELLIS, Kathryn. Autismo. Rio de Janeiro: Revinter; 1996. JEBOUYER, Marion. Autismo Infantil. Fatos e Modelos: Papirus, 1990. JEBOYER, Marion. Autismo Infantil. Campinas: Papirus; 1987. KANNER, L. Os Distúrbios autísticos do contato afetivo. In Rocha, P.S> (org.) Autismos. São Paulo: Editora Escuta; 1997. PEETERES, Theo. Autismo: entendimento teórico e intervenção educacional. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1998. SCHAWARTZMAN, José Salomão. Autismo Infantil. São Paulo: Memnon, 1995. 41 WEBGRAFIA www.inspiradospelosautismo.com.br, acessado em 10/05/2011. www.psicosite.com.br acessado em 18/05/2011. 42 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 10 A origem do autismo 10 1.1 - Conceito 10 1.1.2 – Alguns conceitos do autismo 10 1.1.3 – Autismo segundo Aspeger e Kenner 13 CAPITULO II 16 Sintomas, causas e diagnóstico 16 2.1- Sintomas comuns 16 2.2- Causas 17 2.2.2 Fatores pré e Peri natal 18 2.2.3 Sobre metais pesados Uma das possíveis causas 19 2.2.4 Doenças relacionadas ao autismo 20 2.3- Diagnóstico 21 2.4 Tratamentos 24 2.4.1 Tratamentos com medicamentos 26 2.4.2 Dietas 27 CAPITULO III 30 Inclusão e intervenção 30 3.1 – Inclusão 30 3.1.1 A escola inclusiva 31 3.1.2 A educação da criança autista 32 3.2 - Intervenções psicopedagógicas 3.2.1 O psicopedagogo e o autista 33 35 43 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40 WEBGRAFIA 41 ÍNDICE 42