ceratoconjuntivite infecciosa bovina

Propaganda
42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
1
CERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSA BOVINA
CAROLINE CELA GERON¹, FLÁVIA NESI MARIA¹
¹Residentes do H.V. da Universidade Estadual do Norte do Paraná
RESUMO: A ceratoconjuntivite infecciosa bovina é considerada a
oftalmopatia mais importante em todos os continentes, tendo como
principal agente causador a Moraxella spp. Os sinais clínicos são
alterações oculares relacionados à úlcera de córnea. O diagnóstico é
baseado nos sinais clínicos e o tratamento baseia-se no uso de
antibióticos tópicos e parenterais. A prevenção da doença inclui a
vacinação e controle dos vetores no ambiente.
Palavras chave: Moraxella spp, córnea, sinais clínicos.
BOVINE INFECTIOUS KERATOCONJUNCTIVITIS
ABSTRACT: The bovine infectious keratoconjunctivitis is considered the
most important ophthalmopathy on every continent, the main causative
agent is Moraxella spp. Clinical signs are ocular related to corneal ulcer.
The diagnosis is made primarily by clinical signs and treatment based on
the use of topical and parenteral antibiotics. Prevention of the disease
includes vaccination and vector control on the environment.
Key words: Moraxella spp, cornea, clinical signs.
INTRODUÇÃO
A ceratoconjutivite infecciosa bovina (CBI, olho-rosado, new forest)
constitui uma enfermidade cosmopolita a qual é considerada a
oftalmopatia mais importante em todos os continentes, causando varias
perdas econômicas tanto para o rebanho bovino como também para o
0302
42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
2
rebanho ovino e caprino. As autoridades de saúde animal da Argentina,
Brasil e Uruguai incluíram esta doença entre as oito doenças de bovinos
a ser estudado por um projeto de cooperação multinacional (Conceição
et. al, 2004).
DESENVOLVIMENTO
O principal agente etiológico da CBI é a Moraxella spp. (bactéria
anaeróbica, gram negativa) (Chaves, et. al, 2008). Esta bactéria
apresenta fímbrias de aderência as quais estão relacionadas com a sua
patogenicidade. Sua adesão, mediada pela fímbria Q, à córnea e o
estabelecimento da infecção impedem a remoção do agente através da
ação mecânica da pálpebra e do fluxo normal das secreções oculares,
além disso, beta hemolisinas citotóxicas são responsáveis pela lesão
corneal (Radostits, et. al, 2000).
Um dos fatores que facilita a infecção é o maior pico de radiação
ultravioleta e os altos índices pluviométricos no verão, que danificam as
células epiteliais corneanas e ativam a Moraxella spp. na flora
conjuntival. Também há maior incidência de moscas que são o principal
vetor mecânico, essas moscas transportam cepas virulentas que são
transmitidas por contato direto, através das secreções oculares ou
descargas nasais dos animais infectados para os não infectados.
(Moore, 1993; Rebhun, 2000; Carmo, et. al, 2011).
Porém surtos graves também podem ocorrer no inverno devido ao
confinamento intensivo dos bovinos (Radostits et. al, 2000).
A enfermidade não apresenta pré disposição por idade ou sexo e
não há mortalidade, contudo o índice de morbidade pode chegar a 80%
(Moore, 1993; Radostits, et. al, 2000; Rebhun, 2000; Chaves, et. al,
2008).
0303
42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
3
Os
sinais
clínicos
incluem
epífora,
lacrimejamento,
blefaroespasmo, fotofobia além de vermelhidão e descarga ocular
serosa mucopurulenta, perda de peso, palidez da mucosa oral e
opacidade focal da córnea, que pode evoluir para edema da córnea e
ulceração de profundidade e diâmetro variável, casos graves podem
apresentar até cegueira. As lesões ainda podem ser uni ou bilaterais
(Moore, 1993; Rebhun, 2000, Alexander, 2010, Carmo, et. al, 2011).
O diagnóstico pode ser realizado através dos sinais clínicos,
cultura de cepa hemolítica, isolamento da secreção do olho afetado, ou
teste de sensibilidade aos antibióticos. A CBI deve ser diferenciada da
rinotraqueite infecciosa bovina (Moore, 1993; Carmo, et. al, 2011).
Numerosos tratamentos podem ser instituídos para CBI, dentre
eles pode-se utilizar antibiótico tópico, 20 a 50 mg de gentamicina
subconjuntival, aplicação de pomadas de gentamicina, ampicilina,
penicilina ou tetraciclina e atropina tópica, varias vezes ao dia,
confinamento para evitar luz solar, ou até injeção intramuscular de 20
mg/kg de oxitetraciclina (Moore, 1993; Rebhun, 2000).
O prognóstico para a visão é bom, desde que o problema seja
diagnosticado precocemente. E para prevenção pode-se utilizar vacinas
que embora não impeçam novos casos parecem reduzir a incidência. O
controle das moscas também é indicado para reduzir os vetores da
doença (Moore, 1993; Rebhun, 2000).
CONCLUSÃO
A correta identificação e a prevenção da ceratoconjuntive
infecciosa é muito importante para a produtividade animal, pois esta
enfermidade pode ser caracterizada por uma baixa letalidade, porém de
alta morbidade e isso a torna responsável por uma elevada perda
econômica, e por se alastrar rapidamente dentro de um rebanho suas
0304
42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
4
perdas estão relacionadas com a diminuição do desempenho dos
animais afetados e com a mão de obra e os gastos oriundos do
tratamento desta afecção.
0305
42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
5
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, D. Infectious Bovine Keratoconjunctivitis: A Review of
Cases in Clinical Practice. Vet Clin Food Anim 26. Elsevier Inc. pag.
487–503. 2010.
CARMO, M. S. P.; VARGAS, C. A.; RISSI, R. D.; OLIVEIRA-FILHO, C.
J.; PIEREZAN, F.; LUCENA, B. R.; LEITE, L. F.; BARROS, S. L. C.
Surto de ceratoconjuntivite infecciosa bovina e hemoncose causandoo
mortalidade em bezerros. Pesquisa Veterinária Brasileira, n. 31(5), p.
374 – 378, 2011.
CONCEIÇÃO, R. F.; DIANE MARIA BERTONCELLI, D. M.; STORCH, O.
B.; PAOLICCHI, F.; COBO, A. L.; TURNES, C. G. Antibiotic susceptibility
of moraxella bovis recovered from outbreaks of infectious bovine
keratoconjunctivitis in argentina, brazil and uruguay between 1974 and
2001. Brazilian Journal of Microbiology. v 35 pag. 364-366. 2004.
CHAVES, T. S. N.; LIMA, V. M. A.; AMARAL, C. V. A. Surto de
ceratoconjuntivite infecciosa em ovinos causada por Moraxella spp. No
estado de Goiás, Brasil. Ciência Animal Brasileira, v.9, n. 1, p. 256261, 2008.
REBHUN, G. W. Oftalmopatias. Doenças do Gado Leiteiro. Cap. 13,
pag. 562 – 565, 2000.
RADOSTITS, O. M,; GAY, C. C.; BLOND, D. C.; HINCHCLIFF, K. W.
Doenças causadas por bactérias – III. In: Clínica Veterinária. Um
tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e
equinos. Rio de Janeiro, 9 ed., cap. 18, p. 700 – 816, 2000.
MOORE, P. C. Moléstias do Olho. In: SMITH, P. B. Tratado de
Medicina Interna de Granes Animais: moléstias de equinos,
bovinos, ovinos e caprinos. vol. 2, pag. 1211 – 1215, 1993.
0306
Download