42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 GLOSSECTOMIA SUBTOTAL NO TRATAMENTO DE MELANOMA ORAL EM CÃO GLOSSECTOMY SUBTOTAL IN ORAL MELANOMA TREATMENT IN DOG BERNARDO KEMPER1, HEMILLY GREICY ROSSI2, DANIELLA GODOI KEMPER 1, ROBERTA SCOMPARIN NANDI2 1- Docente do curso de medicina veterinária; UNOPAR/Campus Arapongas/PR. 2- Discente do curso de medicina veterinária; UNOPAR/Campus Arapongas/PR. Resumo As neoplasias da cavidade oral representam aproximadamente 5% de todas as neoformações encontradas em cães e gatos, sendo o carcinoma de células escamosas o tumor mais comum na língua destas espécies. Geralmente são dolorosas e interferem na função do órgão em questão. Apesar das diversas opções terapêuticas disponíveis, o tratamento cirúrgico ainda é o mais utilizado. O presente trabalho tem o objetivo de relatar um caso de ressecção subtotal na língua em um cão. Palavras-chave: Neoplasia, cirurgia, cavidade oral. Abstract The oral cavity cancer represents approximately 5% of all neoformations found in dogs and cats, and squamous cells the most common tumor in the tongue of these species. They are usually painful and interfere in the function of this organ in question. Despite the various treatment options available, surgical treatment is still the most popular. This study aims to report a case of subtotal resection in the tongue in a dog. Key Word: Neoplasm, surgery, oral cavity. 1 1091 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 Introdução A língua é uma estrutura revestida por epitélio estratificado e é funcionalmente ligada ao esôfago via epiglote, sendo necessária para apreensão, mastigação e deglutição do alimento e água. É um órgão altamente vascularizado e sensível, contendo uma variedade de glândulas serosas e mucosas, e células (McGavin e Zachary, 2009). As afecções cirúrgicas da cavidade oral e da orofaringe são comuns em cães e gatos. Elas incluem anormalidades congênitas, traumáticas, corpos estranhos, neoplasias, doenças das glândulas salivares, parasitas e odontopatias (Bruchim et al, 2005). Os sinais clínicos observados nesses pacientes incluem sialorreia, disfagia, anorexia, hemorragia oral e halitose, ou podem permanecer assintomáticos (Quessada et al, 2007). Contudo, as neoplasias da língua são raras, e quando ocorrem são geralmente de origem epitelial (McGavin e Zachary, 2009). O tumor mais comum na língua de cães e gatos é o carcinoma de células escamosas. Outros tumores descritos nessa localização em cães incluem mioblastoma de células granulares, rabdomioma, rabdomiossarcoma, hemangioma, hemangiossarcoma, mastocitoma, fibrosssarcoma, linfoma e melanoma (Harvey, 1998). Segundo Carpenter (1993), a cirurgia é o tratamento de eleição para estas neoplasias, uma vez que os cães toleram bem a glossectomia parcial. O presente relato tem como objetivo descrever um caso de melanoma em língua, e apresentar a glossectomia subtotal como tratamento para esta enfermidade. Relato do Caso 2 1092 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 Foi trazido ao atendimento, um cão da raça Chowchow, de 8 anos, pesando 22 kg. Segundo o proprietário, o animal apresentava halitose intensa, sialorréia, anorexia e perda de peso há 20 dias. Após o exame clínico, realizou-se a inspeção na cavidade oral onde foi localizada uma massa ulcerada e pigmentada de 4x5 cm na parte posterior da língua. O diagnóstico sugestivo de melanoma foi obtido por citologia, através da punção aspirativa com agulha fina. Em seguida foi realizado o estadiamento clínico, não ficando evidenciada metástase local ou distante. Deste modo, optou-se pela ressecção cirúrgica de 2/3 da língua. Com o paciente anestesiado e alocado em decúbito lateral realizou-se a colocação de 5 suturas em U situadas 1 cm caudal a massa, com intuito de restringir a hemorragia. Em seguida, realizou-se a glossectomia subtotal com lâmina de bisturi, preservando apenas a base da língua. Logo após, as bordas das feridas foram suturadas com pontos em X (ácido poliglicólico 3-0). Para facilitar a nutrição durante o período pós-operatório, o animal manteve-se com tubo esofágico por 3 dias, sendo removido em seguida, sem que tivesse complicações com a cirurgia. Em retorno realizado após 10 dias, o animal ainda apresentava dificuldade para apreender o alimento, mas com evolução positiva na cicatrização. Após 30 dias alimentava se bem e bebia água sem dificuldade. Discussão A história clínica e os sinais como halitose, sialorréia, anorexia são semelhantes aos encontrados por Withrow (2001), associados ao exame citológico, foram fundamentais na definição do diagnóstico. Quessada et al (2007) relataram um caso de amputação traumática da língua em consequência a uma lesão por mordedura, caso em que o animal adaptou-se bem com a perda parcial do órgão em 3 1093 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 questão. No caso aqui relatado, no qual 2/3 da língua foram removidos, observamos, também, uma adaptação gradativa, entretanto adequada, ratificando que este tipo de cirurgia pode promover bons resultados, proporcionando qualidade de vida. Como recomendado por Hedlund (2002), a faringostomia deve ser realizada para permitir alimentação por sonda, por um período de 7 a 10 dias. Por este motivo, manteve-se o paciente com sonda durante os 3 dias inicias do período pós operatório, facilitando o fornecimento de alimentos durante este período. Conclusão Concluímos, assim, que a glossectomia subtotal não implicou em maiores complicações ao paciente aqui relatado, tendo o procedimento um bom prognóstico, posto que permitiu a sobrevida do animal e uma adaptação gradativa. Referências 1- BRUCHIM, Y.; RANEN, E.; SARAGUSTY, J. et al. Severe tongue necrosis associated with pine processionary moth (Thaumetopoea wilkinsoni) ingestion in three dogs. Toxicon, v.45, p.443-447, 2005. 2- CARPENTER, L.G. Squamous cell carcinoma on the tongue in 10 dogs. Journal of the American Animal Hospital Association, v.29, p.17-24, 1993. 3- HARVEY, C.E. Cavidade oral; língua, lábios, bochechas, faringe e glândulas salivares. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Manole, 1998. p. 624-645. 4- HEDLUND, C. S. Cirurgia do sistema digestório. In: FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2002. p. 222-405. 4 1094 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 5- McGAVIN, M.D.; ZACHARY, J.F. Bases da Patologia e Veterinária. 4.Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p.1476. 6- QUESSADA, A. M.; LIMA, W. C.; VALE, E. F. et al. Amputação traumática da língua em cão. Relato de Caso. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoologia, v.10, n.1, p.69-71, 2007. 7- WITHROW, S.J. Cancer of gastrointestinal tract. In: WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Small animal clinical oncology. 3.ed. Philadelphia: Saunders, 2001, cap.18, p.305-318. 5 1095