Roteiro de Estudos – 2ª série Filosofia “[...] ao contrário dos humanos, seres terrenos, os deuses são princípios celestes; à diferença dos mortais, escapam à velhice e à morte. Escapam à morte, mas não são eternos nem estão fora do tempo: em princípio pode-se saber de quem cada divindade é filho ou filha. A imortalidade, esta sim, está indissoluvelmente ligada aos deuses que, por oposição aos humanos mortais, são freqüentemente designados de „os imortais‟ e constituem, em sua organização e em seu comportamento, uma sociedade imortal de nobres celestes”. (José Américo Motta Pessanha, introdução ao livro “Os Pré-Socráticos” da editora Nova Cultural, 1999) O trecho faz referência à sociedade de imortais descrita principalmente pelas epopéias de qual período da antiguidade grega? A) B) C) D) E) Período Helenístico Período Homérico Período Clássico Período Alexandrino Período Socrático Resposta B QUESTÃO 2 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do qual são expostas) Nível de dificuldade: Média. Assunto: Os filósofos da natureza Leia o seguinte texto: “Os historiadores da filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: final do século VII a.C. e início do século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor (particularmente as que formavam uma região denominada Jônia), na cidade de Mileto. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto. Além de possuir data e local de nascimento e de possuir seu primeiro autor, a filosofia também possui um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia. Assim, a filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza, donde cosmologia”. (Marilena Chauí, “Convite à Filosofia”, editora Ática, 2010) O trecho acima aponta para a cosmologia como conteúdo privilegiado do saber filosófico em sua origem. Pode-se afirmar que a cosmogonia, em oposição à cosmologia, é caracterizada por: A) Busca responder de forma racional e sistemática a origem das coisas mediante causa naturais. B) Busca um princípio que seja natural e, no entanto, imortal, eterno, gerador de todos os seres. C) Afirma que a natureza se comporta de maneira a obedecer a determinadas leis e princípios. D) Narra a origem das coisas por meio de genealogias e forças divinas/sobrenaturais personalizadas. E) Regula seus problemas pela busca da verdade assistida pelo logos. Resposta D QUESTÃO 3 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica, identificar as principais teses do texto) Nível de dificuldade: Difícil. Assunto: Os filósofos da natureza Leia o fragmento de Heráclito: “Este mundo, o mesmo de todos os (seres), nenhum deus, nenhum homem o fez, mas era, é e será um fogo sempre vivo, acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas”. (“Os Pré-Socráticos”, editora Nova Cultural, 1999) O fragmento permite-nos colocar em evidência o seguinte aspecto das reflexões dos présocráticos: A) B) C) D) E) O problema da mudança. O problema da alma. O problema da excelência (Arete). O problema da unidade. O problema do ser. Resposta A QUESTÃO 4 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações) Nível de dificuldade: Fácil. Assunto: Os filósofos da natureza Leia o texto: “Procurando reduzir a multiplicidade percebida à unidade exigida pela razão, os pensadores de Mileto propuseram sucessivas versões de uma física e de uma cosmologia constituídas em termos qualitativos: as qualidades sensíveis (como „frio‟, „quente‟, „leve‟, „pesado‟) eram entendidas como realidades em si („o frio‟, „o quente‟, etc.). O universo apresentava-se, assim, como um conjunto ou um „campo‟ no qual se contrapunham pares de opostos”. (José Américo Motta Pessanha, introdução ao livro “Os Pré-Socráticos” da editora Nova Cultural, 1999) Em relação às „sucessivas versões de uma física e de uma cosmologia‟ a que o trecho faz referência, pode-se dizer que a filosofia pré-socrática: A) Diferencia-se dos mitos arcaicos pela estabilidade e estagnação das teses propostas. B) Diferencia-se dos mitos arcaicos por não investigar seus elementos constituintes. C) Diferencia-se dos mitos arcaicos por explicar a realidade mediante forças divinas antropomórficas. D) Diferencia-se dos mitos arcaicos pela possibilidade de reformulação e correção das teses propostas. E) Diferencia-se dos mitos arcaicos por ser fruto da narração dos aedos. Resposta D QUESTÃO 5 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações) Nível de dificuldade: Média. Assunto: O teatro grego e a filosofia Leia o seguinte trecho: “Ouvi dizendo que dois tipos de lógica lá se ensinam. Uma delas chamada filosófica ou lógica mora, outra chamada de lógica sofística ou socrática. Muito bem. Se, meu filho, conseguires esta segunda lógica aprender, não terei de pagar uma moeda de todas essas dívidas mofinas que só por tua causa contraí” (Aristófanes, em “As Nuvens”) A passagem acima é recortada da comédia “As Nuvens” de Aristófanes, dramaturgo ateniense contemporâneo de Sócrates. A maneira de filosofar de Sócrates parece ter sido propositalmente colocada por Aristófanes ao lado da tradição sofista, uma tradição que, pelo menos desde Platão, convencionou-se classificar de modo distinto da filosófica. A PRINCIPAL DIFERENÇA entre a tradição filosófica e a sofista consistiria em: A) Os sofistas negavam a „verdade‟, pois para eles ou isto não existiria ou seria algo inacessível para os mortais; já aos os filósofos caberia o estudo da „verdade‟. B) Os sofistas buscavam explicar a realidade pelo registro do mito enquanto os filósofos buscavam explicá-la pelo registro do logos (ou razão). C) Os sofistas se ocupariam de assuntos pertinentes à natureza, enquanto os filósofos se ocupariam de assuntos pertinentes à condição humana. D) Os sofistas procuravam ensinar àqueles que desejavam conhecer a verdade, enquanto os filósofos ensinavam por dinheiro. E) Os sofistas construíam suas narrativas pelas epopéias; já os filósofos não construíam narrativas, pois suas investigações eram norteadas pela ciência. Resposta A QUESTÃO 6 Constatar o óbvio sempre foi uma atividade meio ambígua – a seara é dividida por filósofos e débeis mentais. Distinguir um do outro, como nos parece indicar o legado de Aristófanes em As Nuvens, trata-se de tarefa difícil. Em alguns casos, talvez, impossível. Essa história de que a filosofia começa com o espanto diante do ordinário, do lugar comum, é comumente atribuída a Sócrates. Mas em que justamente o espanto filosófico distancia-se do espanto do imbecil? A filosofia demanda certa clivagem – certo distanciamento, um afastamento que permite deslocar o lugar comum justamente do seu lugar. O deslocamento provoca uma espécie de aprofundamento em perspectiva, e desvela, quase que num movimento contrário ao do Bathos de Pope, o que há de incomum no lugar comum. Em certa medida, a clivagem necessária é a mesma que subjaz ao exercício do artista – de modo que talvez não seja um exagero supor que a atividade do artista como a conhecemos é diretamente dependente deste exercício de distanciamento. A arte parece ter se ocupado de filosofia desde que se entendeu, afinal, por arte. Aristóteles e Horácio foram aqueles que ditaram as regras do jogo da arte na era da arte; da Poética ao ut pictura poesis, do Paragone de da Vinci ao Laocoonte de Lessing ao Organum de Brecht etc. A arte passou a exercitar-se como filosofia da arte. Este tal fenômeno de nossos tempos, as artes plásticas, põe a nu de vez a clivagem subjacente ao exercício da arte. Ainda que o débil mental jamais venha a perceber que a nudez do rei é tão somente aparente (a falta de suporte revela justamente o que sustenta todos os outros suportes), diante de seu desfile, no entanto, ele e o filósofo irão constatar com a mesma força – “o rei está nu!”. Explique a relação entre a arte e a filosofia no que diz respeito à origem do filosofar. Questão descritiva