UNIVERSIDADE FEDERAL RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOFÍSICA CARLOS CHAGAS FILHO FUNDAMENTOS DE BIOFÍSICA A ELETROQUÍMICA E AS REAÇÕES DE OXIDO-REDUÇÃO Paulo Mascarello Bisch Nice Maria Americano da Costa INTRODUÇÃO A eletroquímica ocupa-se da análise da inter-relação de fenômenos químicos e de fenômenos elétricos. Tal inter-relação é constatada, de um lado, pela condutividade elétrica apresentada por certos líquidos e soluções, isto é, pela passagem de corrente elétrica através do meio produzindo reações químicas, e, por outro, pela produção de corrente elétrica a partir de reações químicas. No primeiro caso, temos o fenômeno conhecido da eletrólise, pelo qual a passagem de uma corrente elétrica através de uma solução provoca a decomposição de substâncias. O segundo diz respeito ao funcionamento das pilhas elétricas. A compreensão desses fenômenos passa pelo estudo das reações de oxidação-redução que envolvem a transferência de elétrons de uma substância a outra. Estas reações estão envolvidas, por exemplo, nos processos de ferrugem/corrosão de metais, nas da revelações químicas de fotografias, nos de armazenamento de energia em pilhas e baterias elétricas e nos principais processos biológicos de armazenamento e utilização de energia. Uma das moléculas mais importantes para a captura, armazenamento e transferência de energia livre nos sistemas biológicos é a do ATP, que, hidrolisado, produz o ADP e fosfato (Pi). Nas moléculas de ATP, o potencial energético está localizado nas ligações fosfo-anídricas que unem os grupos fosfatos, altamente energético. Tais ligações, por sua vez, são criadas pela reação entre o ADP e o Pi, por dois processos: nas células animais preferencialmente pela oxidação aeróbica e nas células vegetais pela fotossíntese. Ambos os processos envolvem a transferência de elétrons entre as substâncias e se enquadram nos estudos eletroquímicos. 1 AS REAÇÕES ELETROQUÍMICAS Para se entender as reações eletroquímicas é importante introduzir o conceito de ‘estado de oxidação’ dos átomos que formam um composto químico. Original e historicamente, o termo oxidação foi usado para caracterizar as reações de elementos - como os metais, principalmente - com o oxigênio que formavam compostos chamados óxidos. Nestas reações de formação de óxidos, os elementos tendem sempre a perder seus elétrons de valência para o oxigênio. Em razão disso, o estado de oxidação de um átomo de um elemento é definido como a diferença entre o número de elétrons que o elemento tem na substância pura e o número de elétrons que seu átomo tem num particular composto: estado de oxidação = (número de elétrons na substância pura) – (numero de elétrons no composto formado) Por definição, a substância pura, sendo estado de referência, tem um estado de oxidação ‘zero’. Assim, a perda de elétrons de valência de um elemento X pode então ser representada pela semi-reação: X0 → X+n + ne-. Consideremos, por exemplo, a reação onde o ferro é oxidado: 4 Fe + 3 O2 → 2 [(Fe+3)2 (O-2)3] O estado de oxidação do ferro elevou-se a +3, pois ele passou do estado de substância pura (estado de oxidação ‘zero’) para outro no qual ele tem menos os 3 elétrons cedidos ao oxigênio: 0 +3 Fe → Fe + 3 e Por outro lado, o oxigênio, que recebeu os elétrons, à razão de dois por cada átomo, tem que ser atribuído o estado de oxidação -2, uma vez que o balanço total das cargas envolvidas na reação não pode ser diferente de zero. Dizemos então que o oxigênio foi reduzido, processando-se então a seguinte transferência: O +2 e → O2As variações no estado de oxidação de alguns elementos podem ser previstas com base na classificação dos elementos na tabela periódica, divididos em metais e não metais. Todos os metais se caracterizam pela tendência de perder um ou mais elétrons, formando íons carregados positivamente (cátions). Assim, a oxidação de metais 2 corresponde sempre a um aumento do estado de oxidação, expresso por um número positivo +1, +2, +3, etc., conforme a quantidade de elétrons perdidos no processo oxidativo. O número de elétrons perdidos pelos elementos representativos dos metais e a carga dos cátions formados pela oxidação são sempre iguais ao número do grupo a que pertence o metal na tabela periódica; os do grupo I (H, Li, Na, K) perdem um elétron e têm uma carga do cátion correspondente igual a +1, os do grupo II (Be, Mg, Ca) perdem dois elétrons e a carga do cátion é +2, os do grupo III (B, Al, Ga) perdem três elétrons formando cátions +3. Este número, portanto, corresponde ao número de elétrons da camada eletrônica mais externa do átomo; ou seja, o número dos chamados elétrons de valência. Os metais de transição, incluindo o Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, tem valências variáveis dependendo do complexo formado e podem ceder ou receber um número variável de elétrons. Os elétrons perdidos pelos metais ligam-se a outros elementos, estes têm sempre o seu estado de oxidação diminuído, representado por um número negativo igual ao número de elétrons assimilados no processo. Para os não-metais o ganho de elétrons resulta em estados de oxidação negativos e formam íons carregados negativamente, os ânions. O número máximo de elétrons ganhos pelos não-metais e a carga dos ânions formados tem a seguinte correspondência para com os grupos dos elementos representativos dos não-metais: grupo Max. eletrons ânion ganhos IV (C,Si) 4 -4 V (N,P) 3 -3 VI (O,S) 2 -2 VII (F,Cl) 1 -1 O grupo VIII dos não-metais corresponde aos gases inertes (He, Ne, Ar). Eles não acompanham a tendência de assimilar novos elétrons, portanto são não reativos, daí chamados originalmente de inertes. Os elementos cujos átomos sofrem o processo de ganho de elétrons, isto é que sofrem uma oxidação negativa, são ditos reduzidos, em contraposição à oxidação que é o processo inverso, como já vimos. As reações correspondentes são chamadas de reações de redução. Mantendo a mesma linha de representação química usada para a oxidação, a redução de um elemento X se expressa, então, por: X +n 0 + ne → X 3 As reações eletroquímicas são aquelas que alteram o estado de oxidação de um elemento. Podemos considerar portanto como etapas das reações eletroquímicas a oxidação e a redução. Etapas de Oxidação As semi-reações de oxidação são aquelas nas quais o átomo de um elemento perde ou transfere elétrons para outros elementos; a carga do átomo desse elemento torna-se positiva, ou, o que é equivalente dizer, que aumentou seu estado de oxidação. Nesta etapa de oxidação, elétrons aparecem como produtos da reação, como por exemplo, na etapa: Fe+2 → Fe+3 + eO Fé2+ foi oxidado, perdendo um elétron, ou aumentou o seu estado de oxidação de +2 para +3. Etapas de Redução A s e m i - reação de redução é o oposto da oxidação; nela elétrons são ganhos pelo átomo do elemento envolvido. A espécie, cujos átomos ganham elétrons, é dita reduzida; sua carga torna-se menos positiva. Neste tipo de reação, os elétrons aprecem como reagentes. Por exemplo, na etapa Cu2+ + e- → Cu+ o Cu foi reduzido; seu estado de oxidação foi reduzido, tornando-se sua carga menos positiva. Reações de Oxido-Redução As reações de oxido-redução, também chamadas reações redox, são aquelas em que elétrons são transferido de uma substância para outra, ocorrendo simultaneamente tanto a oxidação quanto a redução. A estequiometria dessas reações é tal que, todos os elétrons perdidos na oxidação são ganhos na redução; ou seja, a transferência de elétrons é implícita. As espécies aparecendo nas reações de oxido-redução são chamadas de redutoras ou de oxidantes, conforme elas promovam a redução ou a oxidação. Note que a espécie redutora é ela própria oxidada e a oxidante é reduzida. 4 Observe que as etapas de oxidação e de redução são meias reações, pois em realidade os elétrons são n e c e s s a r i a m e n t e capturados por outros átomos ou moléculas. Isso significa que tanto a reação de oxidação quanto a de redução não ocorrem isoladamente, mas acopladas. Usando os exemplos acima, podemos dizer que se as espécies de ferro II, ferro III, cobre I e cobre II coexistem em solução, temos então a reação de oxido-redução Fe2+ + Cu2+ Fe3+ +Cu+ Na etapa procedendo da esquerda para a direita, o Fe está transferindo elétron e o Cu ganhando; o Fe2+ está se oxidando e o Cu2+ se reduzindo. Na etapa inversa, da direita para a esquerda, o Fe3+ está sendo reduzido e o Cu+ oxidado. O equilíbrio desta reação, de acordo com os estudos até aqui feitos neste curso, é definida pela 2ª Lei da Termodinâmica e se expressa pela variação da energia livre de Gibbs. A análise da direção desta reação, será analisada para os processos que ocorrem numa célula eletroquímica. Células Eletroquímicas Antes de discutirmos a célula eletroquímica, analisemos o que acontece com um pedaço de zinco imerso em água pura. Em contato com a água, um pequeno número de átomos de Zn(m) deixa o metal sólido, indo para a fase líquida, formando uma solução de íons Zn2+(l). Isto é, houve a oxidação do Zn, que deixa o metal com um excesso de carga negativa, devida aos elétrons deixados pelo íon de Zn: Zn(m) → Zn2+(l) + 2e- (m) À medida que o processo avança, o aumento da carga negativa no metal vai tornando mais difícil que novos átomos de Zn se oxidem e se dissolvam na solução (uma maior carga negativa aumenta a atração sobre os íons positivos do Zn2+(l)). Este efeito é também reforçado pela repulsão provocada pelos íons positivos já em solução. Como resultado, o processo de oxidação do Zn estanca, deixando uma solução com uma concentração de Zn2+(l) muito baixa. Entretanto, mesmo baixa, tal concentração de 5 Zn2+(l) provoca um desbalanço entre as cargas positivas e negativas em solução, o que gera uma diferença de potencial elétrico. O estancamento da oxidação resulta do fato que, se mais íons fossem sendo produzidos e jogados na solução, o excesso de energia elétrica devido ao trabalho realizado para separar cargas de sinais opostos, ou reunir, aproximar, cargas de mesmo sinal aumentaria a energia livre de Gibbs. O aumento da energia livre impede a continuidade desta transformação, coerentemente com o principio da eletro-neutralidade que se traduz na afirmação de que a natureza recusa excessos de cargas positivas ou negativas na matéria. Para que a oxidação continuasse, seria necessário que os elétrons deixados no metal fossem daí removidos, o que equivale dizer se a eletro-neutralidade fosse restabelecida tanto no metal como na solução. Isto poderia ocorrer se conseguíssemos retirar os elétrons do metal ou se os íons positivos Zn2+(l) fossem consumidos. Uma forma possível de remover os elétrons excedentes do metal seria fazer com que eles fluíssem por um circuito elétrico externo ligado ao metal; outra forma seria colocando em contato com ele um bom receptor de elétrons, isto é, um agente oxidante. Escolhendo a segunda forma, analisemos o processo que ocorre quando, em lugar da água pura, imergimos uma placa de Zn numa solução de nitrato de cobre [Cu2+ (NO3-)2]. Experimentalmente o que se verifica é a precipitação do cobre metálico sobre a placa de zinco, na forma de um fino pó preto. A reação que ocorre é oxido-redução, pois os elétrons deixados na placa pela oxidação do Zn são capturados pelos íons Cu2+ da solução, que, assim reduzidos, formam o cobre metal que se deposita sobre a placa. Esta reação pode ser representada pelas seguintes etapas; Zn(m) → Zn2+ + 2e – Cu2+ + 2e– → Cu(m), a qual mostra a oxidação do Zn acoplada à redução do cobre, acoplamento este que pode ser entendido como uma transferência dos elétrons do Zn para o Cu. Dessa forma, a dissolução da placa de zinco prossegue, pois a cada íon Zn2+ introduzido na solução, um íon Cu2+ é retirado pela precipitação do Cu que carrega os dois elétrons deixados na placa, permanecendo eletricamente neutra tanto a solução como a placa sólida de Zn. A reação oxido-redução, portanto é Zn( m) + Cu 2+ Zn 2+ + Cu( m) 6 Note que esta reação, no sentido direto, pode ser vista como a soma de duas semireações (uma de oxidação e outra de redução): Zn(m) → Zn2+ + 2e- (oxidação) Cu2+ + 2e– → Cu(m) (redução) e no sentido inverso também como a soma de outras duas semi-reações: Cu(m) → Cu2+ + 2e - Zn2+ + 2e- → Zn(m) (oxidação) (redução) Uma célula eletroquímica consiste de um arranjo constituído de uma solução eletrolítica e dois metais diferentes nela imersos (chamados eletrodos), onde se processa uma reação de oxido-redução tal, que uma semi-reação (a oxidação, por exemplo) ocorre num eletrodo e a outra s e m i - r e a ç ã o (a redução) ocorre no outro eletrodo. Se a reação no interior da célula ocorre espontaneamente produzindo uma corrente elétrica a célula é chamada galvânica. Se ao contrário, uma reação não-espontânea é produzida no seu interior pela pelo acoplamento de uma fonte externa de energia elétrica, a célula é chamada eletrolítica. A figura abaixo mostra um esquema de uma célula eletroquímica de dois compartimentos, onde está contido um par eletrólito-eletrodo; no caso, à esquerda o eletrólito Zn(NO3)2 e o eletrodo de zinco, e, à direita o eletrólito Cu(NO3)2 e o eletrodo de Cu. As duas soluções eletrolíticas estão separadas por uma membrana semi-permeável que permite somente a passagem do íon NO3-. Com tal arranjo, considerando a passagem de elétrons do eletrodo Zn para o eletrodo de Cu, uma das semi-reações se processa num compartimento e a outra no outro compartimento (a oxidação do Zn à esquerda e a redução do Cu à direita). 7 Os elétrons produzidos pela oxidação do Zn, no eletrodo à esquerda, fluem pelo circuito externo acoplado ao arranjo, sendo captados no outro compartimento, à direita, pelos íons Cu2+ que se convertem em átomos de Cu na superfície do eletrodo. Ligando e desligando a conexão externa dos eletrodos, podemos disparar a reação ou estancá-la. Se, por outro lado, acoplamos a esse circuito uma fonte externa de energia elétrica, podemos forçar a reação a ocorrer na direção não-espontânea. A corrente elétrica que passa pelo circuito externo da célula pode ser medida e através dessa medida podemos calcular a quantidade de moles dos reagentes que é transformado em produto na reação dentro da célula. A TERMODINÂMICA DO PROCESSO ELETROQUÍMICO Quando estudamos a leis da Termodinâmica, vimos que a variação de energia interna de um sistema é dada por: dE = TdS + dW onde dW é o trabalho realizado pelo sistema (negativo) ou sobre o sistema (positivo) que pode ter várias origens, como por exemplo, alterações termodinâmicas e elétricas, que devem ser consideradas no seu cálculo. No caso de uma célula galvânica, existe um trabalho de origem elétrica, porque a reação impulsiona elétrons através do circuito externo conectado aos eletrodos. Logo tal trabalho também ter que ser considerado no cálculo de dW. O trabalho termodinâmico, sabemos já, é dado por - PdV. Assim, designando por dWele a contribuição elétrica, relativa ao trabalho realizado no transporte dos elétrons no processo eletroquímico, podemos escrever a equação acima como: dE = TdS – PdV + dWele Por outro lado, sabemos que a energia livre de Gibbs é dada por: G = E + PV – TS onde T é a temperatura absoluta e S é a entropia. A variação da energia livre então é dada por: 8 dG = dE – PdV – VdP – TdS - SdT que, usando a expressão para dE, torna-se dG =-VdP- SdT + dWele Para um sistema a pressão e temperatura constantes, a equação acima, fornece dG = dWele. A expressão acima mostra que nessas condições a variação da energia livre de Gibbs é dada unicamente pelo trabalho elétrico realizado. Se considerarmos uma reação de oxido-redução ocorrendo em uma célula eletroquímica com a transferência de n elétrons do eletrodo oxidado para o eletrodo redutor a cada passo da reação (n= número do estado de oxidação do elemento oxidado). Estes n elétrons deverão vencer uma diferença de potencial elétrico ΔV realizando assim um trabalho elétrico. O trabalho realizado para transportar nNA elétrons, em uma diferença de potencial elétrico ΔV, durante a transformação de um mol dos reagentes é dado por ΔWele = qΔV = -nNAe ΔV = -nFΔV onde F = e.NA = 96.485 C/mol é a constante de Faraday (e = carga do elétron e NA o número de Avogrado). Por outro lado, lembrando que ∆! 𝐺 é a diferença de energia química entre produtos e reagentes a cada ΔN moles transformados: ∆! ∆! 𝐺 = ∆! = ! 𝜇! − ! 𝜇! Logo, igualando a energia química liberada na reação de oxido-redução a variação da energia livre de Gibbs necessária para transportar os elétrons de eletrodo ao outro, por mol da reação temos : ΔrG= - nFΔV Esta equação é a equação fundamental da eletroquímica. Ela nos mostra que medindo o potencial elétrico e o convertendo em trabalho, podemos determinar a diferença de energia livre de Gibbs entre os reagentes, ou que, inversamente, conhecendo ∆! 𝐺 durante uma reação, é possível calcular o potencial elétrico da pilha. Por ela, podemos ainda prever o sinal da diferença de potencial, no sentido em que a reação de oxido-redução nos eletrodos é espontânea ΔrG < 0, implica em uma diferença de potencial da pilha positiva. No sentido em que ΔrG > 0 na reação inversa, a diferença de potencial da pilha será negativa. 9 A equação fundamental da eletroquímica nos permite determinar o potencial da pilha em função da composição química de reagentes e produtos a partir do cálculo da variação da energia livre da reação. Para uma reação: 𝑎𝐴 + 𝑏𝐵 𝑐𝐶 + 𝑑𝐷, em que reagentes e produtos não estejam nos seus estados de equilíbrio, mas em algum estado de atividade, a variação da energia livre de Gibbs será dada por, ∆! 𝐺 = ∆𝐺 ! + 𝑅𝑇 𝑙𝑛 ! 𝑎!! 𝑎! 𝑎!! 𝑎!! onde, aα é a atividade de cada produto (α = C ou D) ou de cada reagente (α = A ou B) participante da reação com estequiometrias a, b, c e d, e finalmente ∆𝐺 ! é a diferença de energia química padrão entre produtos e reagentes. Com isso, a equação eletroquímica torna-se: −𝑛𝐹∆𝑉 = ∆𝐺 ! + 𝑅𝑇 𝑙𝑛 ! 𝑎!! 𝑎! 𝑎!! 𝑎!! Se definirmos: ∆𝐺 ! = −𝑛𝐹∆𝑉 ! , obtemos ∆𝑉 = ∆𝑉 ! − !" !" 𝑅𝑇 𝑙𝑛 ! ! !! !! ! ! !! !! Esta equação relaciona a diferença de potencial elétrico da célula eletroquímica com a composição dos reagentes e produtos que participam da reação de oxido-redução, ocorrendo na célula. O termo ΔV0 é chamado potencial padrão da célula. Quando atinge o equilíbrio químico a reação não consegue mais realizar trabalho sobre os elétrons e a diferença de potencial elétrico ΔV torna-se zero. A expressão acima se reduz a seguinte forma: ∆𝑉 ! = 𝑅𝑇 𝑙𝑛𝐾 𝑛𝐹 onde K é a constante de equilíbrio da reação. Esta equação nos permite calcular a constante de equilíbrio da reação de oxido-redução, conhecendo-se o potencial padrão da célula eletroquímica: 10 𝐾= ! ∆! ! 𝑒 !" !"∆! ! = 𝑒 !" Da mesma forma que ∆𝐺 ! < 0, temos que ∆𝑉 ! > 0 indica que o equilíbrio favorece a formação dos produtos ou seja 𝐾 > 0, e que a reação se processa então no sentido direto. Podemos considerar que diferença de potencial padrão entre reagentes e produtos é o resultado da soma de dois potenciais gerados por espécies distintas nas semi-reações de redução e de oxidação: ∆𝑉 ! = ∆𝑉!! + ∆𝑉!! onde ∆𝑉!! é o potencial oxidação da espécie oxidada e ∆𝑉!! o potencial de redução da espécie reduzida. (Note que nas tabelas em geral são dados os potenciais padrões da etapa de redução, o potencial padrão da etapa inversa de oxidação é simplesmente o mesmo valor com o sinal negativo: ∆𝑉!! = − ∆𝑉!! ) Retomando à célula eletroquímica usada como exemplo, podemos fazer alguns cálculos a partir das relações obtidas. Nelas, relembrando, as duas semi-reações que ocorrem no sentido direto (transformação dos reagentes em produtos), são; a redução do cobre: Cu2+ + 2e– → Cu(m) e a oxidação do zinco: Zn(m) →Zn2+ + 2e - levando à reação líquida Cu2+ + Zn(m) → Cu(m)+ Zn2+ Conhecendo-se que o potencial padrão de redução do Cu vale +0,337 Volt e o de oxidação do Zn +0,763 Volt. O potencial padrão da célula, então, vale: ∆𝑉 ! = ∆𝑉!! + ∆𝑉!! = 0,337 + 0,736 𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠 = 1,1 𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠 como na reação participam 2 elétrons, a variação da energia de Gibbs por mol, será portanto: ΔG 0 = −2 ⋅ F ⋅1,1 V= −213 kJ 0 O valor negativo de ΔG mostra que a reação direta é a espontânea. Com a compreensão adquirida sobre os processos eletroquímicos das reações de oxi-redução, analisemos a seguir alguns exemplos de situações biológicas, onde ocorrem reações deste tipo. 11 ALGUNS PROCESSOS CELULARES ENVOLVENDO REAÇÕES ELETROQUÍMICAS Todos os processos vitais envolvem a aquisição de energia, seu armazenamento e uma subseqüente liberação da energia, ordenada em pequenos passos do processo metabólico. A aquisição ocorre pela reação entre o ADP e o fosfato inorgânico PO4(i) para formar o ATP, molécula que armazena a energia e, em seguida, a libera em situações onde uma energia livre é necessitada para produzir reações, tais como a síntese de proteínas ou de carboidratos. Examinaremos a seguir alguns processos do metabolismo celular, à luz das reações de oxido-redução envolvidas. Respiração Celular – Combustão da glicose No processo conhecido como respiração celular a glicose sofre combustão produzindo CO2 e água e uma grande quantidade de energia. Esquematicamente podemos representar: 𝐶! 𝐻!" 𝑂! + 6 𝑂! → 6 𝐶𝑂! + 6 𝐻! 𝑂 + 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 Nesta reação global podemos dizer que a glicose é oxidada já que elétrons são transferidos de ligações com baixa diferença de eletronegatividade para ligações com grande diferença de eletronegatividade como nas moléculas de CO2 e na água, ou seja durante este processo o oxigênio captura elétrons, sendo reduzido, e o carbono acaba cedendo elétrons sendo portanto oxidado. Para que esta energia possa ser armazenada e transmitida em pequenas doses nas células biológicas, grande parte da energia é utilizada para produzir moléculas de ATP a partir de ADP, através de processos complexos de transferência de elétrons em reações de oxido-redução. Em princípio no processo completo são produzidas até 32 moléculas de ATP envolvendo quatro etapas diferentes; 1- Glicólise: Nesta etapa a glicose (um açúcar com seis carbonos) sofre várias transformações químicas resultando em duas moléculas de piruvato, contendo três átomos de carbono cada uma. Nesta cadeia de reações ATP é sintetizado e NAD+ é reduzido para NADH, como resultado são produzidas 2 moléculas de ATP e duas de NADH. 12 2- Oxidação do Piruvato: As moléculas de piruvato produzidas durante a glicólise são dirigidas para a matriz mitocondrial (o compartimento mais interno da mitocôndria) onde são convertidas em moléculas com dois carbonos associadas a Coenzima A, formando assim o complexo Acetil-CoA. Durante este processo é produzido CO2 e NAD+ também é reduzido para NADH, no total 2 moléculas de NADH são produzidas. 3- Ciclo do ácido cítrico: A acetil-CoA produzida na última etapa combina-se com uma molécula de quatro carbonos (oxaloacetato) formando uma molécula com seis carbonos, chamada citrato, que passa a seguir por diversas reações de oxido-redução, regenerando, por fim, a molécula inicial de quatro carbonos. Uma rodada do ciclo do ácido cítrico libera duas moléculas de dióxido de carbono e produz três NADH, um FADH2 e um ATP ou GTP. O ciclo do ácido cítrico ocorre duas vezes para cada molécula de glicose que entra na respiração celular, porque dois piruvatos (e, portanto, dois acetil CoAs) são produzidos por molécula de glicose. 4- Fosforilação Oxidativa: Nesta etapa é produzida a maior parte do ATP gerado durante a respiração celular. As moléculas de NADH e FADH2 produzidas nas etapas anteriores são oxidadas cedendo seus elétrons para a cadeia de transportadora de elétrons na membrana interna da mitocôndria. Através de reações de oxido-redução os elétrons passam de níveis energéticos mais altos para níveis mais baixos promovendo, através da liberação desta energia, o bombeamento de prótons para o espaço intermembranar, formando assim um gradiente de prótons entre o espaço intermembranar e a matriz mitocondrial. Ao final do processo de bombeamento dos prótons, o oxigênio aceita os elétrons gerados e combinado com os prótons forma novas moléculas de água. Uma vez criado o gradiente eletroquímico, o fluxo de prótons, que volta a matriz através da enzima chamada ATP-sintase, sintetiza finalmente as moléculas de ATP. 13 A estimativa do balanço final é de que o ciclo da respiração celular leva a produção de 30 a 32 moléculas de ATP vem do seguinte racional: Dois ATPs são formados na glicólise e outros dois ATPs, ou a energeticamente equivalente GTPs, são formados durante o ciclo do ácido cítrico. Os demais ATPs são formados durante o processo de fosforilação oxidativa. Vários trabalhos experimentais demonstraram que é necessário o fluxo de quatro H+ através da bomba ATP-sintase para produzir uma molécula de ATP. Quando os elétrons cedidos por NADH se movem através da cadeia transportadoras de elétrons eles fazem com que cerca de 10 prótons sejam bombeados para o espaço intermembranar, o que promove a síntese de 2,5 ATPs. Por outro lado apenas seis elétrons são liberados por FADH2 neste processo, o que leva a produção de 1,5 ATPs. 14 O resultado final é apresentado na tabela a seguir: Etapa Glicolise Oxidação do Piruvato Ciclo do Ácido Citrico Produtos diretos (net) Conversão em ATP (net) 2 ATP 2 ATP 2 NADH 3-5 ATP 2 NADH 5 ATP 2 ATP/GTP 2 ATP 6 NADH 15 ATP 2 FADH2 3 ATP Total 30-32 ATP FAD = Flavina-Adenina Dinucleotídeo NAD = Nicotinanida-Adenina Dinucleotídeo Vamos analisar alguns passos específicos da respiração celular para evidenciar as etapas de oxido-redução que acontecem durante este fenômeno. 15 Glicólise A reação global de Glicólise pode ser descrita da seguinte forma: 𝐺𝑙𝑢𝑐𝑜𝑠𝑒 𝐶! 𝐻!" 𝑂! + 2𝑁𝐴𝐷! + 2𝐴𝐷𝑃 + 2𝑃! → 2 𝑃𝑖𝑟𝑢𝑣𝑎𝑡𝑜[𝐶! 𝐻! 𝑂! ! ] + 2 𝑁𝐴𝐷𝐻 + 2𝐻! + 2𝐴𝑇𝑃 + 2𝐻! 𝑂 + Podemos decompor esta reação em duas etapas: Uma envolvendo NAD e a transformação de Glucose em Piruvato: Etapa 1: 𝐺𝑙𝑢𝑐𝑜𝑠𝑒 𝐶! 𝐻!" 𝑂! + 2𝑁𝐴𝐷! → 2 𝑃𝑖𝑟𝑢𝑣𝑎𝑡𝑜[𝐶! 𝐻! 𝑂! ! ] + 2𝑁𝐴𝐷𝐻 + 4𝐻! com uma com liberação de energia: ∆𝐺 ! = −146 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 E outra com a síntese de ATP Etapa :2 2𝐴𝐷𝑃!! + 2𝑃!!! + 2𝐻! → 2𝐴𝑇𝑃!! + 2𝐻! 𝑂 , consumindo uma energia ∆𝐺 ! = 2 30,5 !" !"# = 61 !" !"# O balanço total de energia nestes dois passos, embora parte da energia seja usada para sintetizar ATP, é ainda largamente favorável a reação direta: ∆𝐺!! = ∆𝐺!! + ∆𝐺!! = −146 𝑘𝐽 𝑘𝐽 𝑘𝐽 + 61 = − 85 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 Na etapa de conversão da glicose em piruvato (Etapa 1) são liberados 6 protons e 4 eletrons durante a oxidação da glicose 𝐺𝑙𝑢𝑐𝑜𝑠𝑒 𝐶! 𝐻!" 𝑂! → 2× 𝑃𝑖𝑟𝑢𝑣𝑎𝑡𝑜[𝐶! 𝐻! 𝑂! ! ] + 6𝐻 ! + 4𝑒 ! (oxidação) Por outro lado, dois prótons e quatro elétrons são transferidos para 2 moléculas de NAD+, produzindo a forma reduzida NADH nesta etapa da reação: 2𝑁𝐴𝐷 ! + 2𝐻 ! + 4𝑒 ! → 2𝑁𝐴𝐷𝐻 (redução) Mostrando claramente as etapas de oxido-redução nesta transformação. 16 Piruvato em condições anaeróbicas Em condições anaeróbicas o piruvato ao invés de se combinar com a coenzima A e ser dirigido para o ciclo do ácido cítrico, pode sofrer a transformação em lactato, sendo reduzido pelo NADH. A reação global pode ser escrita como: Piruvato [(C3O3H3)-] + NADH + H+ → Lactato [(C3O3H5)-] + NAD+ Envolvendo uma etapa de oxidação; NADH → NAD+ + H+ + 2ee uma etapa de redução: Piruvato [(C3O3H3)-] + 2H+ + 2e- → Lactato [(C3O3H5)-] Sendo o potencial padrão de redução do par NAD+/NADH igual a -0,32 V e do par Piruvato /Lactato igual a -0,19 V, podemos calcular o potencial padrão da reação global como sendo: ∆𝑉 ! = ∆𝑉!! + ∆𝑉!! = −0,19 + 0,32 𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠 = 0,13 𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠 A variação padrão da energia livre pode ser calculada: ΔG0 = - nFΔV0 = (-2)[96,5 kJ/(V mol)](0,13V) = 25,09 kJ/mol Apesar da transformação de Piruvato em Lactato ser desfavorável, a energia acumulada em NADH é capaz de promover a reação acoplada espontâneamente ΔG0 < 0. Transformação do sucinato em fumarato no ciclo do ácido cítrico Uma das etapas do ciclo do ácido cítrico é a transformação de sucinato em fumarato. Nesta reação o sucinato perde 2 átomos de hidrogênio, ou seja dois prótons e dois elétrons, transformando-se em fumarato, 2H+ 2e- 17 esta transformação é associada à redução do FAD para o FADH2 (no ciclo do ácido cítrico). A reação pode ser representada como pela reação de oxido-redução: 𝑆𝑢𝑐𝑖𝑛𝑎𝑡𝑜 𝐶! 𝐻! 𝑂! !! + 𝐹𝐴𝐷 → 𝐹𝑢𝑚𝑎𝑟𝑎𝑡𝑜[𝐶! 𝐻! 𝑂! !! ] + 𝐹𝐴𝐷𝐻! cujas semi-reações são 𝑆𝑢𝑐𝑖𝑛𝑎𝑡𝑜 𝐶! 𝐻! 𝑂! !! → 𝐹𝑢𝑚𝑎𝑟𝑎𝑡𝑜[𝐶! 𝐻! 𝑂! !! ] + 2𝑒 ! + 2 𝐻 ! 𝐹𝐴𝐷 + 2𝑒 ! + 2 𝐻 ! → 𝐹𝐴𝐷𝐻! e (oxidação) (redução). Oxidação de NADH e FADH2 Durante a respiração celular, na etapa da fosforilação oxidativa a maior parte da energia armazenada nas formas reduzidas NADH e FADH2, geradas durante o ciclo do ácido cítrico, é liberada na matriz mitocondrial através d a oxidação destas substâncias. Nesta etapa os elétrons liberados de NADH e de FADH2 movem-se através do complexo de enzimas e coenzimas localizadas na membrana interna, promovendo o bombeamento de prótons para o meio intra-mebranar, e finalmente transferido estes elétrons para o O2 formando água. O esquema geral desta transferência é descrito pelas seguintes reações: 1) NADH + H+ + ½ O2 → H2O + NAD+ Decomposta na seguintes semi-reações NADH → NAD+ + H+ + 2e+ - 2H + ½ O2 + 2e → H2O (Potencial de redução padrão = - 0,320 V) (Potencial de redução padrão = 0,816 V) 2) FADH2 + ½ O2 → H2O + FAD Decomposta na seguintes semi-reações: 𝐹𝐴𝐷𝐻! → 𝐹𝐴𝐷 + 2𝑒 ! + 2 𝐻 ! + - 2H + ½ O2 + 2e → H2O (Potencial de redução padrão = - 0,300 V) (Potencial de redução padrão = 0,816 V) Para a primeira reação ΔV0= 1,136 V e ΔG0= -220 kJ/mol, para a segunda ΔV0= 1,116 V e ΔG0= -182 kJ/mol. Nas etapas da glicólise, oxidação do piruvato e no ciclo do ácido cítrico, uma molécula de glicose leva a síntese de 10 NADH e 2 FADH2. Logo, em princípio, é disponibilizada nestas reações a energia ΔG0=10x(-220)(kJ/mol) +2x(182)(kJ/mol) = - 2.564 (kJ/mol). Esta energia é suficiente para a síntese de um número considerável de moléculas de ATP, cuja o processo de síntese a partir do ADP consome da ordem de +30,6(kJ/mol). 18 Potencial de redução de transportadores de elétrons Podemos representar as etapas onde opera o complexo com Citocromo c na cadeia de transporte de elétrons na membrana interna da mitocôndria partindo do NADH para o O2, através das seguintes reações: NADH → NAD+ + H+ + 2e- 1) onde o potencial padrão de redução (etapa inversa) é de -320mV e a diferença de energia livre da etapa direta associada da liberação dos dois elétrons com a oxidação da NADH é ΔG0=-2FΔV0 = -62 kJ/mol. Os dois elétrons liberados pelo NAH são cedidos ao Citocromo c, contendo Fe3+ que é então reduzido então a Fe2+ 2) 3+ 2+ Cytcoxid(Fe ) + e ⇔ Cytcred (Fe ) − para a reação direta ΔV0= +220mV e ΔG0= -2FΔE0= -21,34 kJ/mol. A reação se processa no sentido da redução do Fe. Entretanto a reação é reversível e o Fe pode ceder seu elétron para a próxima etapa. 3) Na terceira etapa dois elétrons são cedidos ao oxigênio molecular O2 para formação de moléculas de água: 2H+ + ½ O2 + 2e- → H2O onde ΔV0= +816mV e ΔG0= -2FΔE0= -154,8 kJ/mol, com dois elétrons transportados. Como ΔG0<0, a reação se processa da esquerda para a direita. O balanço energético destas três etapas é igual ΔG0T= ΔG01 + ΔG03 = -216,8 kJ/mol, uma vez que na segunda etapa o elétron recebido pelo citocromo é devolvido para ser usado na etapa seguinte, levando a um balanço energético nulo nesta etapa. A energia livre total indica que se realiza espontâneamente o transporte dos elétrons do NADH para o O2 e a formação da água. 19 Fotossíntese A fotossíntese é o processo de captura da energia luminosa para usá-la na fixação do carbono em carboidratos a partir do CO2, armazenando assim a energia nas suas ligações químicas em um processo inverso a respiração. Em plantas e algas eucarióticas, a fonte de hidrogênio é a água, que propicia, por exemplo, a síntese de glicose na reação liquida: 6 𝐶𝑂! + 6 𝐻! 𝑂 → 𝐶! 𝐻!" 𝑂! + 6 𝑂! O ΔG0 para esta reação é igual a +2830 kJ/mol, o que mostra não ser uma transformação espontânea, necessitando portanto, de energia luminosa para ser realizada. A transformação de cada molécula de CO2 em carboidratos requer cerca de 496 kJ de energia livre no processo denominado fixação do carbono. Isto significa que 3 fótons de luz vermelha, de comprimento de onda de 680 nm, com 168kJ/mol de energia, precisam ser absorvidos pelo sistema fotossintético para cada átomo de carbono fixado. A fotossíntese é uma reação de oxidação-redução produzida pela luz absorvida, na qual a água é oxidada doando elétrons para a redução do CO2 em carboidratos (CH2O). O processo de fixação do carbono, de uma forma geral, pode ser expressa pelas seguintes duas semi-reações: 2 𝐻! 𝑂 → 4𝑒 ! + 4𝐻 ! + 𝑂! (oxidação de H2O) e 𝐶𝑂! + 4𝑒 ! + 4𝐻 ! → 𝐶 𝐻! 𝑂 + 𝐻! 𝑂 (redução do CO2). Levando à reação líquida: 𝐶𝑂! + 𝐻! 𝑂 → 𝐶 𝐻! 𝑂 + 6 𝑂! Na primeira reação a água é um fraco doador de elétrons (ΔV0 = +0,82 V) e portanto deve haver um aporte de energia através da luz para iniciar o processo. A segunda etapa que envolve a redução do CO2, conhecida como a fase escura, também é necessário o aporte de energia. Em geral esta energia é libera dos compostos de alta energia ATP e NADH, sintetizados anteriormente utilizando também a energia luminosa absorvida pelo sistema fotossintético. 20