"dos estados" "de nova"

Propaganda
Crise Econômica de 1929
Editado por Weslei S. Dourado
10/2008
Índice
1. Causas da Grande Depressão
2. Quebra na Bolsa de Valores de Nova Iorque
3. A Grande Depressão nos Estados Unidos da América
a. Combate à Grande Depressão e o fim da recessão nos EUA
4. A Grande Depressão em outros países
a. Canadá
b. Reino Unido
c. Alemanha
d. Outros países
5. A vida durante a Grande Depressão
6. Legado
7. Bibliografia
8. Referências
9. Ligações externas
Início
A Grande Depressão, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma
grande recessão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo
da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A
Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão
econômica do século XX. Este período de recessão econômica causou altas
taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos
países, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de ações, e
em praticamente todo medidor de atividade econômica, em diversos países no
mundo.
O dia 29 de outubro de 1929 é considerado popularmente o início da Grande
Depressão, mas a produção industrial americana já havia começado a cair a
partir de julho do mesmo ano, causando um período de leve recessão
econômica que estendeu-se até 29 de outubro, quando valores de ações na
bolsa de valores de Nova Iorque, a New York Stock Exchange, caíram
drasticamente, desencadeando a Quinta-Feira Negra. Assim, milhares de
acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em
dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham. Esta quebra na bolsa de valores
de Nova Iorque piorou drasticamente os efeitos da recessão já existente,
causando grande inflação e queda nas taxas de venda de produtos, que por
sua vez obrigaram o fechamento de inúmeras empresas comerciais e
industriais, elevando assim drasticamente as taxas de desemprego.
Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Estes
efeitos, bem como sua intensidade, variaram de país a país. Outros países,
além dos Estados Unidos, que foram duramente atingidos pela Grande
Depressão foram a Alemanha, Austrália, França, Itália, o Reino Unido e
especialmente o Canadá. Porém, em certos países pouco industrializados
naquela época, como a Argentina e o Brasil, a Grande Depressão acelerou o
processo de industrialização.
Os efeitos negativos da Grande Depressão atingiram seu ápice nos Estados
Unidos em 1933. Neste ano, o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt
aprovou uma série de medidas conhecidas como New Deal.
Essas políticas econômicas, adotadas quase simultaneamente por Roosevelt
nos Estados Unidos e por Hjalmar Schaact[1] na Alemanha nazista foram, 3
anos mais tarde, racionalizadas por Keynes em sua obra clássica[2].
O New Deal, juntamente com programas de ajuda social realizados por todos
os estados americanos, ajudou a minimizar os efeitos da Depressão a partir de
1933. A maioria dos países atingidos pela Grande Depressão passaram a
recuperar-se economicamente a partir de então. Em alguns países, a Grande
Depressão foi um dos fatores primários que ajudaram a ascensão de regimes
de extrema-direita, como os nazistas comandados por Adolf Hitler na
Alemanha. O início da Segunda Guerra Mundial terminou com qualquer efeito
remanescente da Grande Depressão nos principais países atingidos.
Causas da Grande Depressão
Economistas, historiadores e cientistas políticos têm criado diversas teorias
para a causa, ou causas, da Grande Depressão, com surpreendente pouco
consenso. A Grande Depressão permanece como um dos eventos mais
estudados da história da economia mundial. Teorias primárias incluem a
quebra da bolsa de valores de 1929, a decisão de Winston Churchill em fazer
com que o Reino Unido passasse a usar novamente o padrão-ouro em 1925,
que causou massiva deflação ao longo do Império Britânico, o colapso do
comércio internacional, a aprovação do Ato da Tarifa Smoot-Hawley, que
aumentou os impostos de cerca de 20 mil produtos no país, a política da
Reserva Federal dos Estados Unidos da América, e outras influências.
Segundo teorias baseadas na economia capitalista concentram-se no
relacionamento
entre
produção,
consumo
e
crédito,
estudado
pela
macroeconomia, e em incentivos e decisões pessoais, estudado pela
microeconomia. Estas teorias são feitas para ordenar a sequência dos eventos
que causaram eventualmente a implosão do sistema monetário do mundo
industrializado e suas relações de comércio.
Outras teorias heterodoxas sobre a Grande Depressão foram criadas, e
gradualmente estas teorias passaram a ganhar credibilidade. Estas teorias
incluem a teoria da atividade de longo ciclo e que a Grande Depressão foi um
período na intersecção da crista de diversos longos e concorrentes ciclos.
Mais recentemente, uma das teorias mais aceitas entre economistas é que a
Grande Depressão não foi causada primariamente pela quebra das bolsas de
valores de 1929, alegando que diversos sinais na economia americana, nos
meses, e mesmo anos, que precederam à Grande Depressão, já indicavam que
esta Depressão já estava a caminho nos Estados Unidos e na Europa.
Atualmente, a teoria mais em voga entre os economistas é de Peter Temin.
Segundo Temin, a Grande Depressão foi causada por política monetária
catastroficamente mal planejada pela Reserva Monetária dos Estados Unidos
da América, nos anos que precederam a Grande Depressão. A política de
reduzir as reservas monetárias foi uma tentativa de reduzir uma suposta
inflação, o que de fato somente agravou o principal problema na economia
americana à época, que não era a inflação e sim a deflação.
Quebra na Bolsa de Valores de Nova Iorque – (Quinta-feira negra)
Em 24 de outubro de 1929, os preços das ações na Bolsa de Valores de Nova
Iorque caíram subitamente. Estes preços estabilizaram-se ao longo do final de
semana, para caírem drasticamente novamente na quarta feira, 28 de
outubro. Muitos acionistas entraram em pânico. Cerca de 16,4 milhões de
ações subitamente foram postas à venda na quinta feira, 29 de outubro, dia
atualmente conhecido como Quinta-Feira Negra. O excesso de ações à venda
e a falta de compradores fizeram com que os preços destas ações caísse em
cerca de 80%. Com isto, milhares de pessoas perderam grandes somas em
dinheiro. Os preços destas ações continuaria a flutuar, caindo gradativamente
nos próximos três anos. As milhares de pessoas que tinham todas as suas
riquezas na forma de ações eventualmente perderiam tudo o que tinham.
A súbita quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque causou grande incerteza
entre a população americana, quanto ao futuro do país. Muitos decidiram
cortar gastos supérfulos. Outras pessoas, aquelas que haviam comprado
produtos através de empréstimo e prestações, reduziram ainda mais seus
gastos, para assim poder economizar dinheiro para efetuar seus pagamentos.
A súbita queda nas vendas do setor comercial americano estendeu a recessão
ao setor industrial e comercial dos Estados Unidos.
As altas taxas de juros dos Estados Unidos foram um dos fatores que
estenderam
a
Grande
Depressão
à
Europa.
Os
países
europeus
—
especialmente aqueles que utilizavam-se do padrão-ouro — para manter um
câmbio
fixo
com
os
Estados
Unidos,
foram
obrigados
a
aumentar
drasticamente suas próprias taxas de juros, o que levou à redução de gastos
por parte dos comerciantes e habitantes destes países, que levou a quedas na
produção industrial destes países.
A economia dos Estados Unidos da América entrou em uma fase de grande
recessão econômica que perduraria até 1933. Até este ano, a economia dos
Estados Unidos somente colapsaria. Durante este período, milhares de
estabelecimentos bancários, financeiros, comerciais e industriais foram
fechados. Outros foram obrigados a demitir parte de seus trabalhadores e/ou
a reduzir salários em geral.
A Grande Depressão nos Estados Unidos da América
A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos
países do mundo. Aqui, família desempregada, vivendo em condições
miseráveis, em Elm Grove, Califórnia, Estados Unidos.
A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos
países do mundo. Aqui, família desempregada, vivendo em condições
miseráveis, em Elm Grove, Califórnia, Estados Unidos.
Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque de 1929, bancos e
investidores perderam grandes somas em dinheiro. A situação dos bancos era
agravada pelo fato que muitos destes bancos haviam emprestado grandes
somas de dinheiro a fazendeiros. Após o início da Grande Depressão, porém,
estes fazendeiros tornaram-se incapazes de pagar suas dívidas. Isto, por sua
vez, causou a queda dos lucros destas instituições financeiras. Pessoas que
utilizavam-se de bancos, temendo uma possível falência destes, removeram
destes os seus fundos. Assim, várias instituições bancárias foram fechadas. O
total de instituições bancárias fechadas durante a década de 1920 e de 1930
foi de 14 mil.
Em 17 de maio de 1930, o governo dos Estados Unidos aprovou uma lei, o Ato
Tarifário Smoot-Hawley, que aumentava as tarifas alfandegárias em cerca de
20 mil itens não-perecíveis estrangeiros. O Presidente americano Herbert
Hoover pedira ao Congresso uma diminuição nos impostos, mas o Congresso,
ao invés disto, votou a favor do aumento dos impostos. Um abaixo-assinado,
assinado por mil economistas, pediu ao presidente americano para rejeitar
este aumento. Apesar disto, Hoover assinou o Ato em 17 de maio. O Congresso
e o Presidente acreditavam que isto iria reduzir a competição de produtos
estrangeiros no país. Porém, outros países reagiram através da aprovação de
leis e atos semelhantes, assim causando uma queda súbita nas exportações
americanas. As taxas de desemprego subiram de 9% em 1930 para 16% em
1931, e 25% em 1933. Durante a década de 1930, a taxa de desemprego nos
Estados Unidos não retornaria mais às taxas de 9% de 1930, se mantendo em
perto da casa dos 20%.
Com o crescente fechamento de instituições bancárias, menos fundos estavam
disponíveis no mercado americano, fazendo com que a produção industrial
americana continuasse a cair. Em 1929, o valor total dos produtos
industrializados fabricados nos Estados Unidos foi de 104 bilhões de dólares.
Em 1933, este valor havia caído para 56 bilhões, uma queda de
aproximadamente 45%. A produção de aço caiu em cerca de 61%, entre 1929 e
1933, e a produção de automóveis caiu em cerca de 70% no mesmo período.
1933 foi o ápice da Grande Depressão nos Estados Unidos da América. As taxas
de desemprego eram de 25% (ou um quarto de toda a força de trabalho
americana). Cerca de 30% dos trabalhadores que continuaram nos seus
empregos foram obrigados a aceitar reduções em seus salários, embora grande
parte dos trabalhadores empregados tenham tido um aumento nos seus
salários por hora. Outro problema enfrentado foi a grande deflação - queda do
preço dos produtos e custo de vida em geral. Entre 1929 e 1933, os preços dos
produtos industrializados não-perecíveis em geral nos Estados Unidos caíram
em cerca de 25%. Já o preço de produtos agropecuários caiu em cerca de 50%,
por causa do excedente da produção destes produtos - primariamente trigo. A
quantidade destes produtos à venda excedia largamente a demanda, o que
causou uma queda dos preços destes produtos. Os baixos preços levaram ao
endividamento de muitos fazendeiros.
Combate à Grande Depressão e o fim da recessão nos EUA
O Presidente americano Herbert Hoover acreditava que o comércio, se não
supervisionado pelo governo, iria eventualmente minimizar os efeitos da
recessão econômica. Eventualmente, Hoover acreditava, a economia dos
Estados Unidos iria recuperar-se, sem que a intervenção do governo
americano na economia do país fosse necessária. Hoover rejeitou diversas leis
aprovadas pelo Congresso, alegando que davam ao governo americano poderes
demais.
Hoover também acreditava que os governos dos estados americanos deveriam
ajudar os necessitados. Muitos destes estados, porém, não tinham fundos
suficientes para tal. Assim sendo, Hoover propôs a criação de um órgão
governamental, o Reconstruction Finance Corportation (Corporação de
Reconstrução Financeira), ou RFC, em 1932. Este órgão seria responsável por
fornecer alguma ajuda financeira a empresas e instituições comerciais e
industriais chave, como bancos, ferrovias e grandes empresas, acreditando
que a falência destas instituições agravaria o efeito da Grande Depressão. No
final de 1932, as eleições presidenciais americanas foram realizadas. Os dois
principais candidatos foram Hoover e Franklin Delano Roosevelt. Muita da
população americana acreditava que Hoover fora o principal causador da
recessão, e/ou que pouco fizera para solucionar esta recessão. Roosevelt saiu
vencedor da eleição, tornando-se Presidente dos Estados Unidos em 4 de
março de 1933.
Roosevelt, ao contrário de Hoover, acreditava que o governo americano era o
principal responsável para lutar contra os efeitos da Grande Depressão. Em
uma sessão legislativa especial, sessão conhecida como Hundred Days ("Cem
Dias"), Roosevelt, juntamente com o congresso americano, criaram e
aprovaram uma série de leis que, por insistência do próprio Roosevelt, foram
nomeadas de New Deal ("Novo Acordo"). Estas leis forneceriam ajuda social às
famílias e pessoas que necessitassem, forneceriam empregos através de
parcerias entre o governo, empresas e os consumidores, e reformou o sistema
econômico e governamental americano, de modo a evitar que uma recessão
deste gênero ocorresse futuramente.
Fila de famílias esperando por ajuda financeira. Diversos programas de ajuda
social foram criados pelo governo dos Estados Unidos a partir de 1933.
Fila de famílias esperando por ajuda financeira. Diversos programas de ajuda
social foram criados pelo governo dos Estados Unidos a partir de 1933.
Diversas agências governamentais foram
criadas para
administrar
os
programas de ajuda social. A mais importante delas foi a Federal Agency
Relief
Administration,
criada
em
1933,
que
seria
responsável
pelo
fornecimento de fundos aos governos estatais, para que estes empregassem
estes fundos em programas de ajuda social. Outros órgãos governamentais
similares foram criados com o intuito de fundear, administrar e/ou empregar
trabalhadores na área de construção de aeroportos, escolas, hospitais, pontes
e represas. Estes projetos federais forneceram milhões de empregos aos
necessitados, embora as taxas de desemprego continuassem altas durante
toda a década de 1930.
Outros órgãos foram criados com o intuito de administrar programas de
recuperação, como a Agricultural Adjustment Administration, criada em 1933
com o intuito de regular a produção de produtos agropecuários em uma dada
fazenda. Outro órgão similar, o National Recovery Administration, criada em
1933, passou a enforçar leis anti-monopólio, estabeleceu salários mínimos e
limites na carga horária de trabalho. Esta última agência, porém, foi fechada
a mando do Congresso, em 1935, por pouco estimular o comércio americano.
Por fim, outros órgãos federais foram criados com o intuito de supervisionar
reformas trabalhistas e financeiras. O Federal Deposit Insurance Corporation
foi criado em 1933 com o intuito de promover transações e o comércio
bancário. O Securities and Exchange Commission, criado em 1934, regulava o
comércio de bolsa de valores e evitava que acionistas comprassem ações que
o órgão considerassem "perigosas". O National Labor Relations Board foi criado
em 1935, com o intuito de regular sindicatos, e de proteger os trabalhadores
e seus direitos. Ainda em 1935, um ato do governo americano, o Ato da
Segurança Civil passou a fornecer pensões mensais para aposentados, bem
como ajuda financeira regular por um certo período de tempo, para pessoas
desempregadas.
O New Deal ajudou a minimizar os efeitos da Grande Depressão nos Estados
Unidos da América. A economia americana gradualmente, mas lentamente,
passou a recuperar-se, desde 1933. O governo americano também diminuiu as
tarifas alfandegárias em certos produtos estrangeiros, assim estimulando o
comércio doméstico. Ao longo da década de 1930, os Estados Unidos
gradualmente abandonaram o uso do padrão-ouro, decidindo ao invés disso,
fortalecer a moeda nacional, o dólar, o que também ajudou na recuperação
da economia americana. A produção de comodidades tais como automóveis
voltaria aos patamares de 1929, porém, somente após o fim da guerra, como
a produção de automóveis, por exemplo 1949 - a maior parte da matériaprima à época possuía prioridade pela indústria bélica nacional.
Porém, apesar dos programas governamentais criados com o intuito de reduzir
o desemprego, cerca de 15% da força de trabalho americana continuava
desempregada em 1940. Foi necessária a entrada do país na Segunda Guerra
Mundial para que as taxas de desemprego caíssem aos níveis de 1930, de 9%. A
entrada do país na guerra acabou com os efeitos negativos da Grande
Depressão, e a produção industrial americana cresceu drasticamente, e as
taxas de desemprego caíram. No final da guerra, apenas 1% da força de
trabalho americana estava desempregado. Perto do final da guerra, os Estados
Unidos e todos os outros 44 países Aliados assinaram o que é conhecido como
os Acordos de Bretton Woods, com o intuito de evitar futuramente uma nova
crise monetária e econômica da escala da Grande Depressão.
A Grande Depressão em outros países
A Grande Depressão causou grande recessão econômica em diversos outros
países que não os Estados Unidos da América. Em muito destes países, a
recessão provocada pela Grande Depressão gerou efeitos similares na
economia destes países, como o fechamento de milhares de estabelecimentos
bancários, financeiros, comerciais e industriais, e a demissão de milhares de
trabalhadores.
Os efeitos da Grande Depressão em vários países foram agravados pelo Ato
Tarifário Smoot-Hawley, um ato americano introduzido em 1930, que
aumentava impostos a cerca de 20 mil produtos não-perecíveis estrangeiros,
que causou a aprovação de leis e atos semelhantes em outros países,
reduzindo drasticamente exportações e o comércio internacional.
Em vários dos países afetados, partidos políticos extremistas, de caráter
nacionalista, apareceram. Outros partidos políticos, de cunho comunista,
também foram criados. No Reino Unido, por exemplo, tanto o Partido
Comunista quanto o Partido Fascista britânico receberam considerável suporte
popular. O mesmo ocorreu com o Partido Comunista canadense.
Outros partidos políticos menos extremistas também surgiram. A grande
maioria,
se
não
todos,
prometiam
retirar
o
país
(ou
uma
dada
província/estado) da recessão. O Partido do Crédito Social do Canadá, de
cunho conservador ganhou grande suporte popular em Alberta, província
canadense severamente afetada pela Grande Depressão. Em alguns destes
países, partidos extremistas foram proibidos, como no Canadá. Outros
partidos políticos extremistas, porém, conseguiram chegar ao poder,
notavelmente os nazistas na Alemanha e os fascistas na Itália.
Canadá
Entre a década de 1900 e a década de 1920, o Canadá possuía a economia em
mais rápido crescimento do mundo, tendo passado por apenas um período de
recessão após a Primeira Guerra Mundial. Ao contrário dos Estados Unidos da
América, onde o crescimento exuberante da economia americana era em
grande
parte
apenas
ilusório,
a
economia
do
Canadá
prosperou
verdadeiramente durante a década de 1920. Enquanto a indústria imobiliária
dos Estados Unidos havia estagnado em volta de 1925, esta indústria
continuou forte no Canadá até maio de 1929. O mesmo podia se dizer da
indústria agropecuária, que ao longo da década de 1920 esteve em pleno
crescimento no Canadá, enquanto nos Estados Unidos este setor entrara em
recessão econômica.
O principal produto de exportação do Canadá, à época, era o trigo. Este
produto era então um dos pilares da economia do país. Em 1922, o Canadá era
o maior exportador de trigo do mundo, e Montréal era o maior centro
portuário exportador de trigo do mundo. Entre 1922 e 1929, o Canadá foi
responsável por 40% de todo o trigo comercializado no mundo. As exportações
de trigo ajudaram a fazer do Canadá um dos líderes mundiais do comércio
internacional, com mais de um terço de seu produto interno bruto tendo
origem no comércio internacional.
O sucesso do trigo canadense era baseada, porém, em problemas que afligiam
outros países no mundo. A Primeira Guerra Mundial devastou a produção
agropecuária dos países europeus. Mais importante foi, porém, a Revolução
Russa de 1917, que manteve o trigo russo fora do mercado mundial. Em torno
de 1925, a gradual recuperação da economia e da agropecuária da Europa
Ocidental, bem como uma nova política econômica na Rússia, fez com que a
produção mundial de trigo aumentasse no mundo, assim diminuindo os preços
do produto. Esperando por um rápido retorno aos altos preços, os fazendeiros
e comerciantes canadenses estocaram muito de seu trigo, ao invés de
reduzirem sua produção. A introdução de maquinário, especialmente o trator,
levou ao crescimento da produção de trigo tanto no Canadá quanto nos
Estados Unidos. Todos estes fatores em conjunto desencadearam um colapso
dos preços do trigo em junho de 1929, destruindo a economia de Alberta,
Saskatchewan e Manitoba, e afetando severamente a economia de Ontário e
Quebec.
À parte dos Estados Unidos da América, o Canadá foi o país mais duramente
atingido pela Grande Depressão. O Canadá, ainda oficialmente parte do
Império Britânico, usava ativamente o padrão-ouro. Isto, aliado com os
estreitos laços econômicos existentes entre o Canadá e os Estados Unidos
(muito dos produtos fabricados no Canadá eram exportados para os Estados
Unidos, por exemplo), fez com que o colapso da economia americana após a
quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque rapidamente afetasse o Canadá. O
colapso econômico canadense é considerado o segundo mais acentuado da
Grande Depressão, atrás somente do colapso da economia dos próprios
Estados Unidos da América.
A economia do Canadá também dependia da exportação de certos produtos
industrializados tais como automóveis. Com a Grande Depressão, as
exportações canadenses aos Estados Unidos caíram drasticamente. O colapso
dos preços do trigo fizeram com que muitos fazendeiros canadense
endividassem-se pesadamente. Os fazendeiros no Alberta e no Saskatchewan
sofreram, além disso, com grandes períodos de seca e de constante ataque de
pragas tais como enxames de gafanhotos. A queda na produção industrial
canadense, por sua vez, significou a demissão de grandes quantidades de
trabalhadores.
A economia do Canadá tinha algumas vantagens sobre outros países,
especialmente seu sistema bancário extremamente estável. Antes e ao longo
da Grande Depressão, apenas um único estabelecimento bancário canadense
faliu, em comparação aos nove mil que faliram somente ao longo da Grande
Depressão. A economia do Canadá foi atingida duramente pela Grande
Depressão primariamente por causa de sua dependência em relação ao trigo e
produtos industrializados, mas também por causa da dependência da
economia do canadense em relação às exportações de produtos canadenses
para os Estados Unidos. A primeira reação de vários países, incluindo os
Estados Unidos, quando a Grande Depressão teve início, foi de aumentar
impostos. Isto causou mais danos à economia do Canadá do que para outros
países no mundo.
Richard Bedford Bennett, que atuou como Primeiro-ministro do Canadá entre
1930 e 1935, tentou minimizar os efeitos da Grande Depressão no país,
inclusive, através da introdução de uma New Deal semelhante aos dos Estados
Unidos, implementado em 1934. Porém, a economia do país continuou mal e
somente passou a recuperar-se muito lentamente a partir de 1934.
Em 1933, 30% da força de trabalho canadense estava desempregado, deflação
ocorreu, reduzindo salários e preços de produtos e reduziu investimentos. Em
1932, a produção industrial canadense havia caído para 58%, em relação à
produção industrial em 1929. Enquanto isto, o PIB canadense havia caído em
cerca de 42%, em relação ao PIB do país em 1929. Apesar de ter passado por
um período de curto e pequeno crescimento econômico entre 1934 e 1937 que nem de longe foi suficiente para atenuar os efeitos causados pela
Depressão - a economia do Canadá entrou novamente em uma grande
recessão em 1937. Foi somente com a entrada do país na Segunda Guerra
Mundial, em 1939, que os efeitos da Grande Depressão teriam fim no país.
Reino Unido
O Reino Unido saiu vencedor na Primeira Guerra Mundial. Porém, a guerra e a
destruição causada pela última destruíram a economia britânica. Desde 1921,
a economia do Reino Unido lentamente recuperou-se da guerra, e da recessão
causada por esta. Mas em abril de 1925, o chancellor britânico Winston
Churchill, respondendo a um conselho do Banco da Inglaterra, fixou o valor da
moeda nacional ao padrão-ouro, à taxa pré-guerra, de 4,86 dólares. Isto fez o
valor da moeda britânica convertível ao seu valor em ouro, mas causou
também o encarecimento dos produtos exportados pelo Reino Unido a outros
países. A recuperação econômica do Reino Unido caiu drasticamente, o que
causou redução de salários no país inteiro, debilitando a economia nacional.
Quando a Grande Depressão teve início nos Estados Unidos, em 1929, diversos
países no mundo inteiro criaram ou aumentaram tarifas alfandegárias, o que
causou uma grande diminuição nas exportações de produtos britânicos. A taxa
de desemprego saltou de 8% para 20% no final de 1930. O Reino Unido cortou
gastos públicos - que incluíram fundos dados para programas de ajuda social
aos desempregados. Em 1931, mais cortes em salários e programas de ajuda
social foram realizadas, e o imposto de renda nacional, foi aumentado. Estas
medidas somente pioraram a situação socio-econômica do país, e em 1932,
ápice da Grande Depressão no Reino Unido, as taxas de desemprego eram de
25%. Foi somente com o abandono do padrão-ouro e a instalação de tarifas
alfandegárias para produtos importados de qualquer país que não fossem
parte do Império Britânico, que a economia britânica passou a gradualmente
recuperar-se.
Alemanha
A Alemanha foi derrotada pela Tríplice Entente na Primeira Guerra Mundial. A
Entente cobrou pesadas indenizações de guerra por parte dos alemães - que
em dólares americanos atuais seriam da ordem dos trilhões de dólares - entre
outras pesadas punições impostas pelo Tratado de Versalhes. Começa então o
perído da história alemã chamado por historiadores como República de
Weimar. Os anos da década de 1920 foram caracterizadas por massiva inflação
em 1923 e o grande aumento da dívida externa do país entre 1925 e 1930.
Quando a Grande Depressão teve início em 1929, o governo alemão acreditou
que cortes em gastos públicos iriam estimular o crescimento econômico do
país, assim cortando drasticamente gastos estatais, incluindo no setor social.
O governo alemão esperava e acreditava que a recessão, inicialmente, iria
deteriorar a Alemanha socio-economicamente, esperando com o tempo,
porém, a melhoria da estrutura socio-econômica do país, sem intervenção do
governo. A República de Weimar cortou completamente todos os fundos
públicos ao programa de ajuda social para desempregados - o que resultou em
maiores contribuições pelos trabalhadores e menores
benefícios aos
desempregados - entre outros cortes no setor social. Quando a recessão
chegou ao seu auge em 1932, a República de Weimar perdera toda sua
credibilidade junto à população alemã, fator que facilitou a ascenção do
fuhrer Adolf Hitler no governo do país, em 1933, marcando o fim da República
de Weimar e o início de um período de crescimento socio-economico alemão,
conhecido como III Reich.
Outros países
Na França, a Grande Depressão atingiu o país um pouco mais tardiamente do
que outros países, em torno de 1931. Como o Reino Unido, a França estava
ainda recuperando-se da Primeira Guerra Mundial, tentando sem muito
sucesso recuperar os pagamentos que possuía direito da Alemanha. Isto levou
à ocupação do Ruhr por forças francesas no início da década de 1920. A
ocupação francesa do Ruhr não fez com que a Alemanha retomasse os seus
pagamentos, levando à implementação do Plano Dawes em 1924, e do Plano
Young em 1929. Porém, a Grande Depressão teve drásticos efeitos na
economia local, e explica em parte os motins de 6 de fevereiro de 1934 e a
formação da Frente Popular, liderada pelo socialista Léon Blum, que venceu
as eleições de 1936.
Por causa da Grande Depressão, o comércio internacional de produtos caiu
drasticamente. A Austrália, que dependia da exportação de trigo e algodão,
foi um dos países mais severamente atingidos pela Depressão no Mundo
Ocidental. A taxa de desemprego alcançou um recorde de 29% em 1932, uma
das mais altas do mundo até os dias atuais. As exportações de produtos
agrários e minérios, tais como café, trigo e cobre, de países da América
Latina, caiu de 1,2 bilhão de dólares em 1930 para 335 milhões de dólares em
1933, aumentando para 660 milhões de dólares em 1940. Os efeitos da crise
fizeram com que em alguns destes países, muitos agricultores passassem a
investir seu capital na manufatura, causando a industrialização destes países,
em especial, a Argentina e o Brasil. Neste segundo país, aliás, a
industrialização se acelerou com a perda de poder político dos cafeicultores
paulistas, fenômeno consolidado com a vitoriosa Revolução de 30.
A Ásia também foi afetada negativamente com a Grande Depressão, por causa
da dependência da economia de diversos países asiáticos em relação à
exportação de produtos agrários à Europa e à América do Norte. O comércio
internacional asiático caiu drasticamente, à medida em que os Estados Unidos
e a Europa foram cercadas pela recessão. Instalações comerciais e industriais
asiáticas responderam através de demissões e redução nos salários. O PIB do
Japão, com uma base industrial em crescimento, sofreu uma queda de 8%
entre 1929 e 1930. As taxas de desemprego e de pobreza cresceram
drasticamente, afetando desproporcionalmente as classes inferiores. Esta foi
uma das causas da ascensão do nacionalismo japonês. O Japão recuperou-se
da crise em 1932.
A vida durante a Grande Depressão
O desemprego fez com que milhões de pessoas, inclusive famílias inteiras,
ficassem desabrigadas, especialmente nos Estados Unidos e no Canadá. Aqui,
uma família sem-teto de sete pessoas, caminhando em Brawley, Condado de
Imperial, Califórnia, EUA.
O desemprego fez com que milhões de pessoas, inclusive famílias inteiras,
ficassem desabrigadas, especialmente nos Estados Unidos e no Canadá. Aqui,
uma família sem-teto de sete pessoas, caminhando em Brawley, Condado de
Imperial, Califórnia, EUA. Hooverville em Oregon, EUA.
A maior parte da população dos países mais afetados pela Grande Depressão
cortaram todo e qualquer tipo de gasto considerado supérfluo, agravando os
efeitos da recessão na economia destes países.
Por causa da Grande Depressão, milhões de pessoas nas cidades perderam
seus empregos, nos países mais atingidos pela recessão. Sem fonte de renda,
estas pessoas não tinham mais como sustentar a si próprios e suas famílias. A
maioria das residências destas famílias, por sua vez, eram alugadas ou, ainda
estavam sendo pagas através de prestações. Como consequência, milhares de
famílias eventualmente foram expulsas de suas residências, por não terem
como pagar os aluguéis ou as prestações de sua casa. Além disso, o
desemprego fez com que a subnutrição tornasse-se comum entre a população
dos países mais atingidos. Milhares de pessoas morreram por causa da
subnutrição.
Algumas pessoas e famílias sem fonte de renda mudaram-se para a residência
de parentes, quando perdiam suas residências. A maioria destas famílias,
porém, instalou-se em favelas. Abrigos rústicos feitos com telas de metais,
madeira e papelão tornaram-se comuns em áreas vadias das grandes cidades
dos países mais atingidos. As condições de vida nestas favelas eram precárias.
A indústria agropecuária de diversos países - especialmente os Estados Unidos
e o Canadá - foi duramente atingida pela Grande Depressão. Nos Estados
Unidos, muitos fazendeiros endividaram-se pesadamente, e vários foram
forçados a cederem suas terras para instituições bancárias. Na Califórnia, no
centro-norte dos Estados Unidos e no centro-oeste do Canadá, grandes
períodos de seca, invernos rigorosos e pestes agravaram a recessão econômica
já existente nestas regiões. Muitos dos jovens das áreas rurais abandonaram
suas fazendas e suas famílias, e buscaram a sorte nas cidades. Estas pessoas,
juntamente com muitas das pessoas desempregadas nas cidades, viajavam de
cidade a cidade, pegando carona em trens de carga, em busca de emprego.
Esta foi uma cena muito comum nos Estados Unidos e no Canadá.
Os chefes de estado e outras pessoas importantes dos países atingidos
passaram a ser frequentemente considerados diretamente culpados pelo início
da Grande Depressão por muito da população atingida pela recessão. As
favelas dos Estados Unidos foram apelidadas de Hoovervilles, em uma sátira
da população americana ao presidente Herbert Hoover. No Canadá, muitos
donos de automóveis apelidaram seus veículos de Bennett Buggies - Carroças
Bennett - em uma sátira ao Primeiro-Ministro Richard Bennett. Isto porque
estas pessoas não tinham como adquirir o combustível necessário para
abastecer seus veículos, ou cortaram a compra de combustível por
considerarem um gasto supérfluo. Estes veículos passaram a serem usados
como carroças, puxados por cavalos ou outros equinos.
Nem todos as pessoas sofreram igualmente com a Grande Depressão. Para
pessoas que conseguiram manter seus empregos (mesmo nos países mais
afetados pela recessão), ou que dispunham de uma poupança considerável, o
padrão de vida não mudou muito. Apesar que muitos trabalhadores sofreram
de cortes consideráveis em seus salários, a deflação fez com que os preços de
produtos em geral caísse drasticamente. Ao longo da Grande Depressão, os
preços da maioria dos produtos de consumo manteve-se muito baixo nos
países mais afetados.
Por outro lado, muitos afro-americanos nos Estados Unidos não conseguiam
emprego, especialmente no sul americano, por causa de discriminação racial.
Empregos eram dados primariamente aos brancos. Por isto, em todo os
Estados Unidos, a taxa de desemprego entre a população afro-americana foi
muito maior do que o da população branca. Mulheres com famílias para
sustentar também dificilmente encontravam empregos, uma vez que a
prioridade era dada para trabalhadores do sexo masculino, e que a
discriminação contra mulheres trabalhadoras aumentou.
Grupos étnicos minoritários - especialmente imigrantes - dos países mais
atingidos passaram a ser discriminados por muitos da população dos países
mais afetados. Estes grupos étnicos eram discriminados porque, na visão de
várias pessoas dos países afetados pela Grande Depressão, estes grupos
étnicos competiam com a "população nativa" dos países atingidos por
empregos. Isto, aliado à forte recessão econômica da década de 1930, fez
com que as taxas de imigração caíssem sensivelmente no Canadá e nos
Estados Unidos.
Legado
Após o fim da Grande Depressão, muitos dos países mais severamente
atingidos passaram a fornecer maior assistência social e econômica aos
necessitados. Por exemplo, o New Deal dava ao governo americano maior
poder para fornecer esta ajuda para estes necessitados e também para
aposentados.
A Grande Depressão gerou grandes mudanças na política econômica em vários
dos países envolvidos. Anteriormente à Grande Depressão, por exemplo, o
governo dos Estados Unidos da América pouco intervinha na economia do país.
Executivos financeiros e grandes magnatas comerciantes eram vistos como
líderes nacionais. A Grande Depressão, porém, mudou as atitudes de diversas
pessoas em relação ao comércio. Muitos passaram a favorecer maior controle
da economia do país por parte do governo. Outras grupos, mais extremistas,
favoreciam a instalação de um regime comunista de governo.
Bibliografia
•
Johnson, Paul M. A History of the American People. Harper Perennial,
1999. ISBN 0060930349
•
Purvis, Thomas L. A Dictionary of American History. Blackwell
Publishers, 1997. ISBN 1577180992
Referências
1. ↑ Hitler Takes Power: Hitler Appointed Chancellor: Germany Recovers
from the Depression. MacroHistory.
2. ↑ KEYNES, John Maynard. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda
(General theory of employment, interest and money). Tradutor: CRUZ,
Mário Ribeiro da. São Paulo: Editora Atlas, 1992. ISBN 9788522414574
Download