AS POSSIBILIDADES DE HUMANIZAÇÃO EM UMA ALA

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AS POSSIBILIDADES DE HUMANIZAÇÃO EM UMA ALA PSIQUIÁTRICA 1
SEHN, Amanda Schöffel2; DALLA PORTA, Daniele3; QUINTANA, Alberto Manuel4.
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Trabalho de Pesquisa _UFSM
Curso de Psicologia Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
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Curso de Psicologia Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
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Curso de Psicologia Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]
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RESUMO
Este trabalho visa retratar uma experiência extracurricular na ala psiquiátrica de um hospital,
na qual o objetivo foi verificar a efetividade da implementação das políticas de humanização, bem
como as principais mudanças e diferenças consequentes desta nova proposta do sistema público.
Para isso, as observações acerca das atividades dos pacientes e do funcionamento do setor em
questão, foram registradas em um diário de campo e, posteriormente, discutidas e analisadas.
Através dos relatos e da reflexão destes, foi possível observar que a ala em questão se caracterizava
por ser um ambiente familiar, em que era possível que os pacientes preservassem sua
individualidade, desenvolvessem tarefas de sua preferência e, principalmente, havia uma boa
comunicação entre a equipe multiprofissional e os pacientes. Desta forma, foi possível observar uma
tentativa constante de tornar este local um ambiente humanizado, onde a visão acerca do doente
transcende o seu diagnóstico e suas limitações, e foca nas suas capacidades e direitos enquanto ser
humano.
Palavras-chave: Humanização; Ala Psiquiátrica; Hospital.
1. INTRODUÇÃO
Em virtude do acelerado processo técnico e científico no contexto da saúde, os
profissionais dessa área, por vezes, ocupam-se em buscar o entendimento acerca das
doenças, contudo, esquece-se que além da doença física, há um ser, sobretudo, humano.
Falar em doença, implica, de certa forma, em um diagnóstico e este, por sua vez, remete à
uma categorização dentro de um manual, que sugere “a cura deste mal” com a medicação
mais adequada e a posologia ideal, por exemplo. Entretanto, além dos sintomas físicos e
quantificáveis, o doente em questão possui uma trajetória antes do sintoma, que inclusive,
pode ter colaborado para a manifestação deste. E é nesse sentido que esse ser humano
necessita de um olhar que ultrapasse os aspectos físicos, já que o sujeito não é apenas
doença, ou seja, existe um lado saudável que merece uma atenção. Esta pode ser dada ao
paciente através de um tratamento mais humanizado (MACIEL BARROS, SILVA E
CAMINO, 2009).
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O embasamento teórico deste trabalho inclui a inserção da psicologia no hospital,
bem como as mudanças referentes ao sistema público de saúde, entre elas a reforma
psiquiátrica e a política de humanização. A Psicologia da Saúde surge para atuar na
dimensão existencial que se potencializa no adoecimento e seu surgimento se deu através
do desenvolvimento dos estudos em psicossomática, que analisavam a relação entre
sintomas somáticos e conflitos psicológicos, isto é, a vivência e a comunicação de
dificuldades pessoais na forma de desconforto e queixas somáticas para as quais não se
encontra um substrato orgânico (FORTES, BOTEGA E BRASIL, 2002).
Ao longo desse período, a prática psicológica foi aprimorada no contexto da
instituição de saúde, tendo ocorrido uma adequação da simples transposição da clínica até
o modelo atual – quando as intervenções passaram a ser mais focadas e adequadas e
houve um diálogo com profissionais de outras áreas e com diferentes visões sobre o ser
humano e o adoecimento, que nem sempre são uniformes (DI LIONE, 2010).
Diversos estudos apontam que a crescente presença dos psicólogos na saúde
pública do Brasil aconteceu em associação com a reforma psiquiátrica e com a criação do
campo chamado de Saúde Mental (DIMENSTEIN, 1998). A necessidade da presença desse
profissional foi reforçada com a reforma psiquiátrica que propunha uma nova forma de tratar
e acolher o doente mental, negando a internação compulsória e o isolamento como forma de
tratamento. Esse movimento, por sua vez, tem como objetivo dar ao problema da „loucura‟
uma determinada resposta social, através de uma maior atenção por parte dos agentes de
cuidado, baseada na reorganização de práticas e instituições de tratamento. E com ações
como a construção de estratégias para desmistificar a ideia do louco como ameaça, como
periculosidade social. Considerando assim a diversidade, o olhar que vê no diferente a
possibilidade de agenciamento de experiências subjetivas (OLIVEIRA E FORTUNATO,
2007) e que “compreende o doente como sujeito, com necessidades, com capacidades, com
possibilidades, com desejos e com direitos, abandonando a relação com o doente „perigoso
e incapaz‟, como „sujeito fora de si‟” (OLIVEIRA, 2000, p. 58).
Esses princípios que nortearam a reforma psiquiátrica possibilitaram pensar um
serviço de saúde mental que levasse em conta o sujeito além da sua patologia, dando
espaço a políticas de saúde mais humanizadas dentro da rede pública. Nesse sentido,
conforme Maciel, Barros, Silva e Camino (2009) a reforma psiquiátrica surgiu a fim de
questionar a instituição asilar e a prática médica, bem como para humanizar a assistência,
fazendo com que houvesse ênfase na reabilitação ativa e na inclusão social, em detrimento
da custódia e da segregação.
O termo “humanização” tem sido empregado constantemente no âmbito da saúde.
Conforme prevê o Ministério da Saúde (2000), o Programa Nacional de Humanização da
Assistência Hospitalar (PNHAH) tem como objetivo aprimorar as relações entre
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profissionais, usuários/profissionais e entre hospital e comunidade. Associado a isso está a
busca pelo reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e cultura, além do
reconhecimento do profissional; visando à melhoria da qualidade e à eficácia dos serviços
prestados por estas instituições (DESLANDES, 2004).
A implementação desse programa se mostra necessária, pois o hospital pode ser
considerado uma instituição total, conforme Goffman (1987). Este tipo de instituição, na
maioria das vezes, promove uma perda da autonomia do sujeito, que se sente limitado em
relação ao seu direito de ir e vir, não podendo equilibrar de maneira pessoal as suas
necessidades e seus interesses, sofrendo assim o denominado “desculturamento”. Quando
passa a fazer parte da instituição, o interno é despido de sua própria concepção de si
mesmo, perdendo assim sua identidade e a possibilidade de ser (GEBRIM; ZANELLO,
2009).
Dessa forma é caracterizada a invalidação pessoal através da tutela institucional,
pois tudo que relembra o que a pessoa era antes da instituição é retirado, e isso faz com
que ocorra um afrouxamento das relações e a perda dos laços afetivos (GEBRIM;
ZANELLO, 2009). Por isso, é importante pensar no processo saúde/doença como um
“fortalecimento das relações entre pacientes e profissionais da saúde, entre pacientes e
seus familiares, porque essas redes de autonomia/dependência passam a ser vistas como
fundamentais para o cuidado e para a saúde” (SOARES, CAMARGO, ROCHEL, 2007, p.
72). Assim, buscou-se através de uma experiência de observação, dentro da ala psiquiátrica
de um hospital público, verificar a aplicabilidade e a efetividade das políticas de
humanização, bem como da reforma psiquiátrica, ou seja, visou-se conferir na prática a
aplicação da teoria.
2. MÉTODO
O presente trabalho foi uma proposta desenvolvida por duas acadêmicas do sétimo
semestre do curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que teve
como objetivo realizar uma atividade extracurricular, no período de janeiro a fevereiro de
2011, em que fosse possível ter contato com uma ala psiquiátrica dentro da realidade
hospitalar.
A atividade proposta teve duração de aproximadamente um mês e foi realizada em
um hospital regional localizado no extremo oeste catarinense. Nesse local foi realizado o
acompanhamento das atividades dos pacientes e principalmente a observação do
funcionamento da ala psiquiátrica do hospital. As atividades a serem desenvolvidas
consistiam em assistir os trabalhos de grupo com os pacientes, acompanhar aa rotina
destes em atividades como ir à academia, fazer caminhadas, cuidar da horta, lavar a roupa,
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entre outras. Também foram feitas observações relacionadas com a funcionalidade e a
comunicação entre os diversos profissionais da equipe multidisciplinar, bem como em
relação ao cuidado dos técnicos para com os pacientes. A instituição foi escolhida pelo fato
de estar implementando um projeto baseado nas políticas de humanização na ala
psiquiátrica, justamente em um momento em que o serviço da psiquiatria vem sendo
questionado.
Os dados obtidos foram relatados em um diário de campo, no qual foram registradas
as observações diárias daquele contexto, para mais tarde servirem de reflexão acerca
dessas práticas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos registros e do diário de campo surgiram tópicos para discussão, que
serão apresentados a seguir.
A estrutura da ala psiquiátrica do hospital em questão merece destaque já que foi
adaptada, pois o hospital não contava com esse tipo de serviço. Assim o espaço físico da
ala da pediatria foi cedido para a unidade psiquiátrica, contribuindo para que se tornasse um
ambiente mais humanizado.
A adaptação da estrutura física também favoreceu para que essa instituição
perdesse o seu caráter total (GOFFMAN, 1987), já que eram poucos os obstáculos que não
permitiam a troca com o meio externo. Isso pode ser percebido como uma forma de
humanizar, pois as barreiras impostas pelas instituições totais pretendem impedir tais trocas.
A proposta do hospital estudado fornece aos pacientes um ambiente diferenciado,
para que estes se sintam acolhidos, como por exemplo, havia uma sala de estar, na qual os
pacientes tinham acesso a um fogão à lenha. Esse espaço também era utilizado para tomar
chimarrão, assistir televisão, conversar, ou seja, um espaço destinado para atividades de
livre escolha. É importante destacar que esse diferencial que o hospital oferece ao paciente
não está descrito na política de humanização, entretanto são estas oportunidades que
tornam o ambiente mais humanizado e acolhedor.
Os interesses dos pacientes se diferenciavam, entretanto era comum entre os
homens jogar cartas e entre as mulheres tricotar e fazer trabalhos artesanais. Além disso,
havia um incentivo da equipe em relação a essas atividades, já estas auxiliavam no
tratamento e permitiam um ambiente mais familiar. Para que um serviço seja desenvolvido
no sentido da humanização é preciso que as instituições, no caso o hospital, se configure
enquanto um ambiente de produção de saberes, de convivência, de invenção da saúde,
respaldado em um novo paradigma (OLIVEIRA, 2000, p. 58).
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É relevante lançar um olhar à experiência vivida nesse hospital, já que este
apresenta aos pacientes uma proposta de internação diferenciada. Uma das alternativas
está relacionada com a estrutura física, pois este ambiente conta com um campo de futebol,
um quiosque, um espaço para horta, um refeitório, tanques para lavar roupa, quartos sem
grade. Outro diferencial é oferecer aos pacientes atividades extras de caminhadas e
academia. É importante frisar que o contrato entre a academia e o hospital foi iniciativa do
último. Essa atividade, bem como as caminhadas, aconteciam, respectivamente, uma e
duas vezes por semana, e tais exercícios eram acompanhadas por quatro técnicos da
equipe (fisioterapeuta, enfermeira e equipe de apoio). Os pacientes eram autorizados, no
sentido de estarem aptos ou não para a caminhada, pela fisioterapeuta e pelo médico. Caso
estivessem aptos para os exercícios todo o grupo se dirigia até à academia, caminhando
acompanhados por duas técnicas da equipe de apoio.
Além disso, alguns afazeres domésticos, como lavar louça, arrumar a mesa e ajudar
a cozinhar eram tarefas destinadas aos pacientes, com acompanhamento da equipe de
apoio e revezando os grupos que auxiliavam nestas tarefas. Tais atividades que, de certa
forma, parecem simples, dentro da ala psiquiátrica de um hospital, muitas vezes, se tornam
complexas. E é nesse sentido, que se busca ressaltar a experiência de estágio. Devido ao
contato com outros hospitais que também estavam implementando algumas políticas de
saúde voltadas para a humanização, percebe-se que as propostas do hospital em questão
são diferenciadas e tem como intuito reforçar o paciente enquanto sujeito, de forma simples
sem necessitar de grandes investimentos.
Ao proporcionar que o indivíduo tenha a capacidade de escolha dentro do ambiente
hospitalar é suavizada a classificação de doente. Tal rótulo faz com que o sujeito perca sua
autonomia e passe por um processo de mortificação, ou seja, após a internação ocorre um
despojamento de bens, emprego, carreira, inclusive de identidade pessoal.
Afim de não invalidar a individualidade do paciente, o hospital propunha como parte
da rotina dos internos da ala psiquiátrica lavar suas roupas e cuidar da horta, sendo
supervisionados por um técnico da equipe de apoio. O cuidado com as roupas se dava
devido ao fato de que era permitido a cada paciente usar suas próprias vestimentas durante
a internação, ou seja, cada paciente trazia para a instituição alguns pertences,
responsabilizando-se pelo cuidado destes, sempre com o acompanhamento da equipe de
apoio.
Além disso, dentro desse ambiente também eram valorizados e estimulados alguns
cuidados pessoais, no caso das mulheres pintarem as unhas e passar batom. Aos homens
era permitido fazer a barba com a sua própria gilete, desde que essa fosse devolvida à
equipe de apoio, após o seu uso. Também era incentivado o entretenimento como jogar
cartas, futebol e outras atividades ao ar livre.
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Outro aspecto que pode ser tomado como exemplo é que a unidade psiquiátrica
contava com um diferencial, a presença de um animal de estimação, no caso um cachorro,
do qual os pacientes cuidavam, brincavam e se distraiam durante o dia, o que, muitas
vezes, tornava o ambiente hospitalar mais familiar e aconchegante auxiliando no tratamento.
Também era valorizada a participação da família no processo de internação. Assim,
era permitido aos pacientes fazer e receber ligações dos familiares em determinados dias e
horários. Além do mais, eram permitidas visitas com duração aproximada de 2 horas nas
quais era possível levar aos pacientes comida, objetos e roupas tornando o ambiente
hospitalar mais aconchegante e humanizado. Isso também favorecia a aproximação da
família ao doente, assim como a troca entre técnicos e familiares, o que auxiliava no
tratamento.
Outro fator que merece destaque é a forma em que eram estabelecidas as relações
entre paciente/equipe; equipe/familiares. Todos eram chamados e conhecidos pelos nomes,
respeitava-se as vontades, além de haver momentos de diálogo e trocas. Estas ocorriam
principalmente num espaço aberto para isso que eram os grupos realizados pelas
enfermeiras, as quais liam mensagens reflexivas para os pacientes e ofereciam um espaço
para eles falarem sobre suas vidas, seus sentimentos e sobre o próprio tratamento.
Dessa forma, a implementação de um projeto mais humanizado para os pacientes
pode ser traduzida pelo próprio significado da palavra humanizar que está relacionado com
uma garantia da palavra do sujeito, de sua ética, isto é, o sofrimento, a dor e prazer
expressos pelos sujeitos em palavras que necessitam ser reconhecidas pelo outro
(Ministério da Saúde, 2000), pois, conforme Betts (2003) as coisas do mundo só se tornam
humanas quando passam pelo diálogo com os semelhantes.
Através desse olhar do outro, lançado pelos profissionais ao paciente busca-se a
valorização da autonomia deste, uma vez que toda doença implica em um doente, ou seja,
em um sujeito que busca dar um sentido a sua patologia. Ao considerar isso, permite-se a
autonomia do doente, que é uma precondição para a saúde e para a cidadania. Conforme
Soares, Camargo, Rochel (2007) sem essa perspectiva, uma política de saúde não pode ser
considerada como tal. Nesse sentido, a construção desse conceito dentro da díade
saúde/doença é fundamental e deve ser efetivada em um processo de produção contínua,
mesmo quando limitada como na doença.
4. CONCLUSÃO
A partir desta experiência é possível afirmar que a ala psiquiátrica do hospital está
obtendo sucesso em colocar em prática o projeto de humanização. Infere-se isto, tendo em
vista que já foram implementadas algumas mudanças neste ambiente, como por exemplo, a
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adaptação da estrutura física, a mudança de alguns hábitos e regras dentro da unidade,
bem como algumas atitudes relacionadas à equipe e aos pacientes. Todas essas mudanças
implicam em certa flexibilidade tanto por parte dos profissionais, como por parte da direção
do hospital e acima de tudo dos pacientes. Todavia, sabe-se que é um caminho longo no
qual serão encontrados muitos percalços.
Dentro das alterações que foram propostas, pode-se citar a valorização do paciente,
enquanto ser singular, autônomo e capaz de escolher, já que era possível ao interno usar as
suas próprias roupas dentro da unidade, por mais que houvesse supervisão da equipe. Além
disso, também é valorizada a saúde do paciente enquanto forma de auxiliar no tratamento,
ou seja, possibilitar ao sujeito caminhar ou ir a academia durante a semana significa
acreditar no seu potencial e na sua implicação e responsabilidade para com o tratamento,
independentemente da patologia.
Outra caracterização importante desse processo é o fato de tornar familiar e
aconchegante o ambiente hospitalar, seja através de uma horta, de um fogão a lenha dentro
da sala de estar, de um campo de futebol e um quiosque no pátio, ou até mesmo através de
um animal de estimação dentro da unidade psiquiátrica. Nesse sentido, foram promovidas
algumas mudanças no ambiente hospitalar visando a saúde e o bem-estar do paciente.
Com base nestas observações pode-se concluir que a humanização dentro de uma
instituição é um processo que se dá de forma lenta e gradual e exige uma adequação da
estrutura para as necessidades e bem estar do paciente, bem como uma preparação da
equipe para que haja uma boa relação entre profissionais/paciente, profissionais/família e
uma valorização da comunicação entre família e paciente para que esta participe do
processo de internação. Isto é importante, pois no momento em que a família passa a fazer
parte do tratamento esta colabora para um maior sentimento de segurança do paciente,
dessa forma é possível proporcionar ao sujeito a certeza de que mesmo afastado de casa e
doente ele tem um lugar e um papel na família.
Sendo assim, essa experiência dentro da ala psiquiátrica foi de grande valia tanto
para o crescimento pessoal quanto profissional, contudo há aspectos que fogem do relato e
da transposição para a via da palavra, devido a sua subjetividade. E conforme descreve
Jorge Larrosa (2001) “a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca.
Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca.” Daí a dificuldade em relatar essa
experiência, já que todo ser humano está vulnerável a condição de adoecer e ter contato
com essa realidade remete à impotência diante de si mesmo.
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