A FERROVIA OESTE-LESTE No município de Barreiras, na Bahia, o Governador Wagner anunciou, semana passada, que o primeiro trecho da ferrovia de integração Oeste-Leste será construído no primeiro semestre de 2011. Esse trecho compreende 530 quilômetros e vai de Ilhéus a Caetité. Apenas nesta etapa, a previsão é que sejam gerados 10 mil empregos. A obra compõe o rol do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Lula. De acordo com o cronograma, a conclusão do segundo trecho de Caetité a Correntina/Barreiras (Oeste baiano) está prevista para julho de 2012; a conclusão do terceiro, de Correntina/Barreiras a Figueirópolis (TO), para dezembro de 2012. A Estrada de Ferro Oeste-Leste terá, ao todo, 1,5 mil quilômetros, de Ilhéus, no Sul da Bahia, a Figueirópolis, em Tocantins. Na Bahia, ela atravessará 32 municípios, distribuídos por 1,1 mil quilômetros. O investimento previsto é de R$ 5 bilhões. No rastro da ferrovia, o Oeste terá mais uma universidade federal e está em construção a BR 135, que corta Barreiras no eixo Norte-Sul e liga a divisa Bahia/Minas Gerais até o limite com o Piauí. O sertão vai encontrarse com o mar. O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão. É como ver a profecia forte de Glauber Rocha se realizar. A economia baiana, na segunda metade do século XX, atravessou diversos ciclos expansivos que a transformaram estruturalmente de uma economia agrícola em uma economia centrada nas atividades industriais e de serviços. Essa “revolução industrial local” começou com a implantação da Refinaria Landulpho Alves, no início da década de 50, seguiu com a implantação do Centro Industrial de Aratu, na década de 60, e se intensificou com o funcionamento do Pólo Petroquímico de Camaçari – o maior condomínio industrial da América Latina - nos anos 70 e 80. Os que governaram a Bahia antes, e isso ocorreu por muitos e muitos anos, foram incapazes de pensar o Estado estrategicamente. Não tiveram capacidade de planejar, refletir sobre o longo prazo. E é evidente hoje, que a rede de transportes não suporta o crescimento da agricultura baiana, que tem fortes pólos de desenvolvimento, particularmente no Oeste e no Norte do Estado. A ferrovia Oeste-Leste é fruto de uma visão ampla de desenvolvimento por parte do governo Lula. O governador Wagner está fazendo gestões junto ao Governo Federal para que as obras da ferrovia, do Porto Sul e do aeroporto internacional de Ilhéus andem de forma simultânea. O objetivo é que, no momento em que a ferrovia estiver concluída, o porto também esteja integrado dentro desta lógica, não só multimodal, mas também de cronogramas. O conjunto logístico, integrando a construção da Ferrovia OesteLeste e do Porto Sul, vai transformar a Bahia em um portal de entrada e saída para os estados interiores do Brasil, mudando o panorama regional e influenciando, também, o plano nacional. A integração entre os dois modais gera uma estimativa de exportação de cargas de 40 milhões de toneladas anuais, a partir do aumento das atividades de mineração no estado, montante que pode aumentar com o decorrer do tempo. Atualmente, os três portos baianos (Salvador, Aratu e Ilhéus) estão com um volume de cargas exportadas de cerca de 10 milhões de toneladas anuais. A Ferrovia será o gatilho que vai disparar um ciclo virtuoso de crescimento econômico fundido com desenvolvimento social e desconcentração geográfica, algo que os ciclos expansivos anteriores da economia baiana nunca conseguiram efetivar.