1 Convênio: Ministério da Saúde/Fundep – Universidade Federal de Minas Gerais Programa VIVA LEGAL/TV FUTURA Tema: Anemia: doença que se cura na mesa ANEMIA Uma boa alimentação não é somente a fartura na mesa. É claro que a quantidade adequada de alimentos é essencial para a saúde, mas a variedade dos alimentos e sua distribuição, de forma a preencher todas as necessidades do organismo, é extremamente importante para uma vida saudável e livre de doenças. Todo alimento é fonte de nutrientes. Nutrientes são as unidades elementares dos alimentos: a carne vermelha, por exemplo, fornece proteína e ferro entre os seus nutrientes. Alguns nutrientes nos fornecem a energia necessária para a atividade muscular e celular; outros, os elementos de renovação que necessitamos; e outros, ainda, auxiliam os processos internos de nosso corpo. As deficiências alimentares — ou seja, a falta de alimentos que contenham nutrientes importantes para o funcionamento de nosso corpo — nem sempre são causadas pelas dificuldades de conseguir comprar os alimentos, devido à baixa renda das pessoas. Os hábitos alimentares são parte da cultura; em muitas regiões do Brasil existem hábitos que valorizam em excesso um tipo de alimento (carnes, como na região Sul, por exemplo) em detrimento de outros (verduras e frutas). Assim, é possível encontrar pessoas que têm condições financeiras para se alimentar convenientemente mas que, por hábitos adquiridos desde cedo, não fazem uma dieta balanceada (aquela que contém todos os elementos necessários a uma boa nutrição). A anemia é uma doença grave, que pode comprometer seriamente o desenvolvimento infantil, provocada basicamente pela dieta pobre em alguns nutrientes essenciais. Seja pelas dificuldades em comprar alimentos em quantidade ou qualidade adequadas, seja por hábitos alimentares inadequados, esta doença tem uma alta incidência no Brasil. Para evitá-la é necessário estar informado e praticar uma dieta equilibrada, principalmente na infância, quando se formam os hábitos alimentares e quando os danos causados pela anemia são mais graves, comprometendo o desenvolvimento da criança e até colocando sua vida em risco. O que está em discussão Anemia é a diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos no sangue (também chamados eritrócitos ou hemácias). São eles pequenas partículas, invisíveis a olho nu, que contêm uma substância — a hemoglobina — que funciona como transportadora do oxigênio, que penetra pelos pulmões e é conduzida pelo sangue, através dos vasos sangüíneos, para todo o corpo. Cada célula de nosso corpo necessita não só de nutrientes diversos, mas, também, de oxigênio, para que possa transformar estes nutrientes em energia ou elementos úteis para o corpo. A carência de glóbulos vermelhos, o que significa a diminuição da quantidade de hemoglobina e, conseqüentemente, de oxigênio no sangue, faz com a pessoa fique sem energia, cansada, fraca, tenha palpitações no coração, tonturas e palidez. Estes sinais indicam a existência da anemia. As anemias podem ter diversas origens, como a pequena produção de glóbulos vermelhos, perdas de sangue (como nas hemorragias) ou destruição de hemácias. 2 Em geral, a pequena produção de glóbulos vermelhos se deve a carências alimentares, ou seja, à falta de determinados nutrientes na alimentação, e, por isso mesmo, são chamadas anemias carenciais. A principal anemia carencial é determinada pela falta do ferro na alimentação e, por isso, é chamada de ferropriva (privação de ferro). É muito comum em crianças, mas pode também aparecer em mulheres grávidas (o feto consome grande quantidade de ferro) ou naquelas com menstruação abundante. É importante assinalar que determinadas verminoses podem provocar a anemia, pois os parasitas (ao se alimentarem do sangue das pessoas) se apropriam do ferro circulante no sangue. Podemos evitá-la ingerindo alimentos ricos em ferro (por exemplo: carnes vermelhas, feijão, couve) e outros que contenham vitamina C, que auxilia a absorção do ferro (por exemplo: laranja, limão). O leite materno é a principal fonte de ferro para o recém-nascido até 6 meses e por isso é tão importante, também, manter o aleitamento até esta idade, pelo menos. Além do ferro, o ácido fólico e a vitamina B12 são necessários para a produção de glóbulos vermelhos. Estes nutrientes são encontrados nos vegetais crus (ácido fólico) e nos ovos e derivados do leite (vitamina B12). A anemia provocada pela falta destes nutrientes é chamada de megaloblástica. Algumas alterações na digestão, principalmente as criadas pelo alcoolismo, podem dificultar a absorção do ácido fólico e da vitamina B12, e causar este tipo de anemia carencial. A boa alimentação, com uma dieta que inclua os alimentos que contenham ferro, ácido fólico e vitamina B12, é a principal prevenção para as anemias carenciais e a formação de bons hábitos alimentares na infância é a melhor garantia de uma vida livre destas doenças. Além das anemias carenciais, que atingem o indivíduo após seu nascimento e se devem a causas externas ou a carências alimentares, existe outro tipo de anemia, cuja causa é hereditária (o indivíduo nasce com ela), chamada anemia falsiforme. O nome falsiforme se deve ao fato de que, nesta doença, os glóbulos vermelhos não apresentam a forma arredondada, normal, mas a de uma foice (falsi = foice, forme = forma). Esta forma torna-os extremamente frágeis e dificulta sua circulação nos vasos sangüíneos mais estreitos. A anemia surge da facilidade de destruição das hemácias e o portador desse tipo de doença pode apresentar dores nas articulações, problemas renais graves e alterações no crescimento. No Brasil, 3% da população pode ter filhos portadores de anemia falsiforme. No entanto, se tratada desde cedo, a doença é controlável de forma relativamente eficaz.