Envelhecer, o fenómeno!

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Envelhecer, o fenómeno!
Pires, André
Enfermeiro mestrando de enfermagem
médico - cirúrgica
É indiscutível que a população mundial esta
a envelhecer em níveis nunca vistos, sendo
que nas próximas décadas não se prevê
alterações.
O processo de envelhecimento pode
considerar-se, desde que nascemos, contudo
segundo Nazareth (1988), o envelhecimento
enquanto fenómeno demográfico, começou
a assumir uma importância significativa
depois da segunda metade do seculo XX,
principalmente no que diz respeito aos
países desenvolvidos, como é o caso de
Portugal.
A Organização Mundial de Saúde (OMS),
reconheceu
no
envelhecimento
consequências importantes ao nível de
vários aspetos da nossa sociedade, decidindo
em 1999 atribuir o título de ano internacional
da pessoa idosa, sendo que para a OMS
pessoa idosa nos países desenvolvidos,
caracteriza-se pela pessoa com mais de 65
anos. Este título veio dar razão ao que já
vinha sendo estudado e constatado por
vários especialistas aplicados na demografia
populacional, que relatavam o aumento do
envelhecimento populacional, que segundo
Moreira é:
“Crescimento
da
população
considerada idosa em uma dimensão tal que, de
forma sustentada, amplia a sua participação
relativa no total da população”.
Uma das principais causas do aumento do
envelhecimento deve-se as instituições que
se aplicam sobre esta problemática. Durante
vários tempos a justificação recaia no
desenvolvimento técnico e cientifico e a sua
incidência no aumento da esperança média
de vida. Autores como Nazareth (1988),
Wong e Moreira (2000),Kinsella e velkoff
(2001),
referem
que,
alem
do
desenvolvimento técnico e cientifico outra
das razões é o facto de se verificar uma baixa
taxa de natalidade, que impossibilita a
substituição da gerações, aumentando o
numero de idosos de uma forma indireta.
Outro dos fatores que leva ao
envelhecimento e que também se pode
relacionar com a natalidade é segundo
Nazareth (1988) o conceito de nicho
ecológico humano, que significa, o homem
jovem sente necessidade de melhores
condições de vida, vendo-se obrigado a
procurar noutros países, diminuindo assim a
população mais jovem.
Como é de esperar este envelhecimento
acarreta consequências, que vão desde do
foro físico, psicológico ao social, será
importante
perceber
possíveis
consequências que o processo pode originar
no desenrolar da vida da pessoa idosa, para
que nos possamos precaver e de certa forma
preparar um novo ciclo na vida humana.
O ser humano não envelhece de uma só vez,
vai envelhecendo num processo gradual e
lento, em que a pessoa muitas das vezes nem
se apercebe de que esta a acontecer. A
verdade é que a velhice não é sinonimo de
doença, pois a saúde não desaparece e
muitos idosos consideram-se saudáveis.
Contudo segundo Spidurso (2005), diz que
com o passar dos anos, é inevitável o
“desgaste”, ficando as pessoas mais
suscetíveis a doenças e quando surgem,
levam mais tempo a desaparecer. É certo que
o envelhecimento traz alterações fisiológicas
traduzindo-se segundo Mazo et all (2001),
“Por um declínio hormónico de todo o
organismo
orgânico,
tornando-se
mais
acelerado a partir dos 70 anos de idade”.
Não podemos ficar imparciais aos
problemas funcionais que surgem, pois são
comuns a todas as pessoas, e não sendo
originários de processos patológicos,
revelam o passar dos anos. A estas
manifestações dá-se o nome de senescência,
sendo o contrário de senilidade, que reflete
as manifestações funcionais resultantes de
processos patológicos mais comuns na
pessoa idosa.
Durante o aumento da idade assistimos a
alterações psicológicas, pois os idosos
sofrem mudanças no seu dia-a-dia
obrigando-os a desempenhar novos papéis,
bem como a enfrentar novos problemas.
Estas alterações levam os idosos a preferir
atividades
menos
exigentes,
dando
prioridade à relação que se desenvolve em
grupo e em contacto com outras pessoas,
Para Bromley, cit. Por Costa(2003) as
alterações psicológicas que podem surgir
com o envelhecimento são:
“Lentidão
de
pensamento;
enfraquecimento moderado e não progressivo da
memória; diminuição do ritmo das capacidades
vitais e de empreendimento; acentuações da
prudência; alteração do ritmo de sono”
Importa referir que o bem-estar psicológico
do idoso esta correlacionado com a
possibilidade que lhe é dada de manter a sua
autonomia e independência, pois muitas das
vezes as pessoas mais jovens tendem a ser
substitutos dos idosos, fazendo deles
incapazes.
Segundo Zimerman (2000) refere qua as
alterações psicológicas podem trazer ao
idoso consequências como: Alterações
psíquicas que exigem tratamento, baixa
autoestima, depressão, paranoia chegando
mesmo a suicídios. Estas alterações ligadas
ao aumento da idade devem ser suprimidas
com uma vida mais saudável, envolvendo
uma preparação prévia e antecipada, esta
preparação deve ter uma orientação sobre as
consequências que dai advêm, para fazer do
envelhecimento algo natural, apesar dos
limites reais que vão surgir.
A nível social as mudanças sofridas durante
o envelhecimento exigem várias adaptações,
que implicam força de vontade, habilidade e
flexibilidade. Segundo Jaques (2004) os
idosos encontram na vida sociedades
diferentes, famílias diferentes perdas
significativas
no
seu
prestígio
socio/profissional e cultural e muitas vezes o
desmoronamento do seu lar, conduzindo a
um estado de solidão e vulnerabilidade com
a morte cada vez mais próximas,
potenciando o isolamento e a depressão.
Segundo kane(1987), cit. Pr Mazo et al
(2001)o aspeto do envelhecimento deverá ter
em conta aspetos como: relações sociais,
atividades sociais, recursos sociais, a
sobrecarga que recai noa famílias que tem
idosos a seu cargo. No entanto sabe-se que
ter estes aspetos em consideração não é fácil,
pois trata-se de um amplo conceito,
envolvendo todas as atividades das relações
humanas
No que respeita as relações socias, o aspeto
mais importante tem a ver com a questão da
reforma, que na maioria das vezes implica
um afastamento das rotinas profissionais,
levando a processos de perda de
personalidade, bem como a marginalização
social. É importante, para evitar estes
processos que o idoso antes deste momento
da reforma, faça uma preparação psicológica
para poder encontrar prazer no seu dia-a-dia.
A
religiosidade
e
espiritualidade
desempenham um papel extremamente
importante na vida dos idosos, porque como
diz Mazo (1998), as pessoas idosas foram
rígidas por princípios cristãos, sendo que
com o avanço da idade a espiritualidade
proporciona-lhes um ponto de apoio. Para
Berger (1995) a espiritualidade e
religiosidade
são
importantes,
proporcionando bem-estar psicológico e
como refúgio, mantendo um controlo sobre
a morte.
Como se sabe, viver nesta sociedade não é
fácil, sobretudo para os idosos, implicando
do ponto de vista social novas formas de
atuação para prevenir o isolamento e
promover a completa integração dos idosos
na sociedade.
É certo que o idoso tem características
específicas, não deixa também de ser
verdade que muitas das nossas opiniões
acerca desta faixa etária estão cheias de
mitos que não correspondem a verdade.
Convém também ter em consideração que a
própria importância do idoso de alterou a
nível social, antigamente o idoso era visto
como um repositório de saber, hoje é visto
como um estorvo, uma pessoa ultrapassada e
que já cumpriu a sua função. Felizmente a
opinião pública tem contribuído para
desmistificar muitos dos mitos e dar o
devido valor ao idoso, através de
mecanismos eficazes, objetivando uma
melhor integração e felicidade do idoso.
Assim hoje tem vindo a instalar-se um olhar
novo sobre esta problemática, procurando
como objetivo principal a qualidade de vida
dos idosos.
Bibliografia:
Berger, L. (s.d.). Atitudes, mitos e
estereótipos. Lisboa: Lusodidacta.
Jaques, M. E. (2004). Ser idoso: abordagem
psicossomática no contexto
institucional e familiar. Sinais
Vitais, 55.
Kinsella, K., & Velkoff, V. (2001). Aging
World.
Mazo, G. (1998). Universidade e terceira
idade: percorrendo novos
caminhos. Santa Maria: GZM.
Mazo, G., Lopes, M., & Benedetti, T.
(2001). Actividade fisica e o idoso.
Porto Alegre: Sulina.
Moreira, M. E. (2005). Conhecer o processo
de envelhecimento para cuidar.
Nazareth, J. (1988). O envelhecimento
demograáfico. Psicologia.
OMS. (s.d.). Enfermagem e midwife:health.
(OMS, Ed.) 21.
Spidurso, W. W. (2005). Dimensões fisicas
do envelhecimento. São Paulo:
Manole.
Zimerman, G. I. (2000). Velhice: aspectos
biopsicossociais. Porto Alegre:
Artemed editora.
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