LASERTERAPIA PARA TRATAMENTO DE MUCOSITE ORAL Desde 2 de janeiro de 2016, com a publicação da RN 387, passa a ser de cobertura obrigatória, a Laserterapia para tratamento da mucosite oral / orofaringe, desde que preenchidas as Diretrizes de Utilização de número 51, para os planos pós lei 9656/98 e para os planos não adaptados com OCA (Coberturas Adicionais Contratadas). TUSS DESCRITIVO LASERTERAPIA PARA O TRATAMENTO DA MUCOSITE ORAL / OROFARINGE, POR 30202159 SESSÃO DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO 1. Cobertura obrigatória de laserterapia de baixa intensidade para prevenção e tratamento de mucosite oral em pacientes com diagnóstico de câncer em região de cabeça e pescoço. 2. Cobertura obrigatória de laserterapia de baixa intensidade para prevenção e tratamento de mucosite oral em pacientes com diagnóstico de câncer hematopoiético quando a proposta terapêutica for o transplante de medula óssea. 3. Cobertura obrigatória de laserterapia de baixa intensidade para tratamento de mucosite oral em pacientes com diagnóstico de câncer hematopoiético. Habitualmente são pacientes candidatos a realização de laserterapia, tanto para prevenção como para tratamento, todos aqueles portadores de cânceres de cabeça e pescoço em tratamento, bem como portadores de câncer hematopoiético, candidatos a transplante de medula óssea. Os profissionais aptos para realização deste procedimento são habitualmente os dentistas. Também pode ser realizado por cirurgiões de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas e dermatologistas. As aplicações podem ser realizadas diariamente, até o término da quimioterapia, e repetidas a cada novo ciclo de quimioterapia ou radioterapia realizada. (VER ANEXO I) As aplicações são realizadas ambulatoriamente, diretamente sobre as lesões ou de forma profilática. FUNDAMENTOS TÉCNICOS A laserterapia de baixa intensidade (LTBI) ou baixa potência (reativo) é um termo genérico que define a aplicação terapêutica de lasers e diodos superluminosos monocromáticos, com potência relativamente baixa, para o tratamento de feridas abertas, lesões de tecidos moles, processos inflamatórios e dores associadas a várias etiologias, com dosagens consideradas baixas demais para efetuar qualquer aquecimento detectável nos tecidos irradiados. Os lasers mais frequentemente utilizados para a bioestimulação dos tecidos estão na região do espectro eletromagnético, compreendida entre 630 e 1000 nm, o que abrange a região do vermelho e infravermelho próximo. Entre as complicações orais decorrentes da terapia antineoplásica, a mucosite destacase como o efeito agudo de maior frequência e o maior fator dose-limitante para a radioterapia na região de cabeça e pescoço e a complicação mais comum em pacientes submetidos a transplante de medula óssea. A severidade e a duração da mucosite estão diretamente ligadas ao nível de doença dental pré-existente, ao esquema de tratamento, aos medicamentos utilizados (no caso de quimioterapia) e à ocorrência de infecções associadas, como no caso de pacientes com herpes recorrente. Durante a radioterapia, os primeiros sintomas são observados na terceira ou quarta semana, enquanto que na quimioterapia, seu aparecimento geralmente ocorre entre 5-10 dias e depende do tipo de fármaco administrado. Dentre as drogas que causam a mucosite, destacamos uma maior ocorrência com o tratamento realizado com metotrexato, fluoracil, doxorrubicina, dactinomicina, bleomicina e, quando se faz uso de associações, com fluxoridina, mitomicina, vincristina e vinorelbina, que tendem a potencializar a ocorrência da mucosite. Vale ressaltar que tanto a mucosite por quimioterapia quanto a induzida por radioterapia desaparecem lentamente, 2 ou 3 semanas após o término do tratamento. As terapias para o tratamento da mucosite oral incluem abordagens profiláticas, como conscientização para a melhoria da higiene oral, e evitar a utilização de alimentos picantes e tabaco. São preconizadas dietas não irritativas e produtos de higiene oral, anti-sépticos bucais, anestésicos tópicos e analgésicos opióide. Os lasers de baixa intensidade de energia (LILT – Low Intensity Level Treatment), ou soft lasers, causam efeitos especiais como bioestimulação, analgesia, além de efeitos antiinflamatórios. A radiação deve ser absorvida para produzir uma mudança física ou química que resulte em uma resposta biológica. São aplicações diárias, em número médio de 3 a 5 sessões (uma vez ao dia), realizadas em clínicas, consultório, leito hospitalar ou até mesmo em domicílio, durando em torno de 5 a 10 minutos. ANEXO I: PROTOCOLO: Podem ser realizadas aplicações para prevenção (de 3 a 5 sessões – 1 por dia) imediatamente antes do início das terapias oncológicas. Nesse caso, é recomendado o comprimento de onda vermelho (660nm), com a ponta convencional, potências de saída entre 20 e 30mW, e dose ou fluência em torno de 3,0J/cm2 ,por ponto. Os pontos devem cobrir toda a mucosa oral, inclusive superfície lingual (dorso e ventre). Os pontos devem ficar equidistantes de 2,0cm. Os parâmetros empregados preventivamente podem ser, portanto: • 20mW de potência, 5 segundos por ponto, resultando em 2,50J/cm2 ; ou, • 30mW de potência, 5 segundos por ponto, resultando em 4,0J/cm2 . Com relação ao tratamento curativo com laser, as mucosites podem ser irradiadas considerando de forma preferencial o alívio da dor, quando se emprega o comprimento de onda infravermelho (780 ou 808nm), ou elegendo a aceleração da cicatrização dessas lesões, quando o vermelho (660nm) é escolhido. No caso curativo, existe uma grande variabilidade de doses que têm sido testadas, desde bem baixas, em torno de 1,0J/cm2, a doses moderadas em torno de 24,0J/cm2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Vieira ACF, Lopes FF. Mucosite Oral: efeito adverso da terapia antineoplásica. R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 3, p. 268-274, set./dez. 2006 2. Mucosite oral: perspectivas atuais na prevenção e tratamento. RGO, Porto Alegre, v. 57, n.3, p. 339-344, jul./set. 2009 3. Tratamento da mucosite em pacientes submetidos a transplante de medula óssea: uma revisão sistemática. Acta Paul Enferm 2011;24(4):563-70 4. Dúvidas frequentes em Laserterapia, disponível em http://www.nupen.com.br/port/od_duvi_laser.htm 5. Prevenção e tratamento da mucosite oral induzida por radioterapia: revisão de literatura. Revista Brasileira de Cancerologia 2007; 53(2): 195-209 6. Protocolos em Laserterapia, disponível em http://www.quicksmile.com.br/artigos/Protocolo%20Laserterapia%204%C2%AA%20Edi%C 3%A7%C3%A3o_bx%20resol.pdf 7. Neto AEM, Westphalen FH. Efetividade profilática e terapêutica do laser de baixa intensidade na mucosite bucal em pacientes submetidos ao tratamento do câncer. RFO, Passo Fundo, v. 18, n. 2, p. 246-253, maio/ago. 2013