Esta cartilha foi elaborada para orientar os pacientes com câncer, bem como seus cuidadores, sobre a importância da manutenção da saúde bucal durante todas as fases do tratamento oncológico. Lembre-se que ações preventivas sempre trarão melhores resultados na sua qualidade de vida. Leia atentamente esta cartilha e guarde-a para consultas. Siga as orientações dos profissionais especializados: eles estão preparados para ajudá-lo, em todos os momentos. Governador Geraldo Alckmin Secretário de Estado da Saúde Giovanni Guido Cerri Coordenadora de Planejamento em Saúde Silvany Lemes Crucinel Portas Coordenadora do Grupo Técnico de Ações Estratégicas - Gtae Dalva Regina Massuia Assistente Técnico do Gtae Stela Felix Machado Guillin Pedreira Área Técnica de Saúde Bucal - Gtae - CPS/SES-SP Tânia Regina Tura Mendonça Serviço de Estomatologia do Hospital Heliópolis - SUS/SP Marcelo Marcucci Cuidados em Saúde Bucal ao Paciente Oncológico As complicações bucais são frequentes no paciente que está em tratamento de câncer. O agravamento destas complicações poderão prejudicar ou até mesmo paralisar o tratamento, seja ele a cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. A prevenção e o tratamento das doenças da boca deve ser realizado antes do início do tratamento oncológico. Se você for receber radioterapia na região de cabeça e pescoço, é obrigatória a avaliação odontológica antes do início das sessões. Esta avaliação visa a remoção dos focos infecciosos bucais (dentes em mau estado de conservação, doenças gengivais, doenças pulpares, etc...) e promover medidas para prevenir ou minimizar os efeitos colaterais da radiação sobre os dentes, mucosa, ossos e músculos da mastigação. Alguns efeitos aparecem durante o período da radioterapia, o principal deles é a mucosite. A mucosite é uma inflamação das mucosas que pode surgir nos primeiros dias da radioterapia, iniciando-se como uma irritação leve podendo até levar a formação de feridas semelhantes as “aftas”. Dependendo da gravidade, a mucosite pode ser uma condição muito dolorosa, dificultando a alimentação, a deglutição e a fala. Além da mucosite, algumas infecções oportunistas poderão se instalar na boca, como a candidose. Ao término das sessões de radioterapia, mais efeitos colaterais podem surgir, como a sensação de boca seca (xerostomia), dificuldade de abertura bucal (trismo), perda de paladar e dificuldade para engolir. A principal queixa dos pacientes é a boca seca, que é decorrente da diminuição da quantidade e da composição da saliva, que fica mais grossa e viscosa: isto causará uma sensação de desconforto grande, dificultando a mastigação, a deglutição e o uso de próteses dentárias. HIGIENE DA BOCA VIVA COM SAÚDE BUCAL ESCOVAÇÃO Detalhes que fazem a diferença A escovação deve ser realizada com uma escova de cerdas macias, posicionada entre o dente e a gengiva, inclinada, com movimentos vibratórios e circulares, dente por dente, em todas as superfícies, de modo que a placa seja removida. O USO DO FIO DENTAL Após a escovação, usar o fio dental entre os dentes, movimentando-o vertical e horizontalmente para eliminar a placa. NÃO ESQUECER DA LÍNGUA A língua também deve ser higienizada diariamente. Pode-se utilizar para a higienização uma colher, espátulas de madeira, abaixadores de língua (encontrados em farmácias), palitos de sorvetes (comprados em supermercados) ou limpadores já existente no mercado, raspando a língua suavemente. A mucosa das pessoas desdentadas precisa ser higienizada com um pedaço de algodão ou gaze embebidos em água. Essa limpeza deve ser realizada após cada refeição e, principalmente à noite, antes de dormir. DENTADURAS E PONTES MÓVEIS Limpeza e Cuidados Devem ser escovadas com uma escova de mão ou escova apropriada já existentes no mercado. Usar sabão neutro (o creme dental tem abrasivos que desgastam mais rápido os dentes artificiais) A limpeza deve ser realizada após cada refeição e antes de dormir, pois a placa também se forma sobre as próteses e, se não for removida, pode provocar doenças. Á noite, as próteses devem ser removidas e, após cuidadosa limpeza, colocadas em um recipiente com água e tampa. A água deve ser trocada diariamente. Antes da limpeza, colocar um pouco de água na pia, tampar e segurar a prótese bem próxima da água, evitando assim, fraturas em caso de queda. Outros efeitos surgem tardiamente, às vezes vários anos após o término da radioterapia: a mais comum é a cárie de radiação, que pode destruir completamente os dentes em pouco tempo. A extração destes dentes geralmente é contra indicada pelo risco de desenvolver a osteoradionecrose, que é a falta de cicatrização do osso: este tecido fica exposto, e na maioria dos casos vem acompanhado de dor e inflamação. Esta condição é de difícil tratamento. A cárie de radiação pode ser prevenida com medidas adotadas em consultório, mas é fundamental que as orientações domiciliares sejam seguidas a risca. Se você for submetido a quimioterapia, os efeitos costumam aparecer nos primeiros ciclos. O mais comum é a mucosite, mas algumas infecções na cavidade oral podem surgir decorrentes da queda de imunidade. Estes efeitos são temporários, porém podem provocar a interrupção do tratamento. Uma boa condição de higiene oral diminui o risco e a intensidade destes efeitos. Importante: o acompanhamento odontológico deverá ser permanente ao longo dos anos. Mesmo os pacientes que não tenham recebido avaliação odontológica antes do tratamento oncológico poderão ser beneficiados com as medidas realizadas durante e após a radioterapia e quimioterapia. Recomendações Gerais: • Manter uma boa condição de higiene oral, por toda a vida. A escovação deve ser com escovas de cerdas macias, sempre acompanhada do uso do fio dental. • Mantenha as mucosas úmidas e lubrificadas. Existem produtos apropriados para tal finalidade. Beba água com freqüência. • Evite o uso de próteses (dentaduras ou pontes móveis) que estejam machucando. • Faça uma alimentação saudável, evitando alimentos açucarados. Procure sempre a orientação de um nutricionista. • Compareça as consultas de retorno. Siga fielmente as orientações do dentista especializado. Lembre-se que a prevenção é a chave para uma boa qualidade de vida Mucosite na língua Cárie de radiação Osteoradionecrose Bilbliografia Woo SB, Treister NS. Management of the Oncologic Patient. Dent Clin North Am 2008; 52(1): 1-258. Scully C, Bagan J. Oral Squamous Cell Carcinoma -Overview. Oral Oncol 2009; 45: 301-308. Secretaria de Estado da Saúde - Sorria Toda Vida - Viva com Saúde Bucal - São Paulo. SES - SP 2001