UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM AS CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NA IDENTIFICAÇÃO DO TRANSTORNO DA DEPRESSÃO INFANTIL NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL Por: Lilian Magalhães de Oliveira Orientadora Profª Marta Relvas Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM AS CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NA IDENTFICAÇÃO DO TRANSTORNO DA DEPRESSÃO INFANTIL NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica Por: Lilian Magalhães de Oliveira 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente, a minha orientadora Marta Relvas por ter me ajudado a elaborar esse trabalho, me dando as orientações necessárias. Agradeço aos meus amigos, por estarem presentes em cada momento da minha pós-graduação, pela força que me deram especialmente e pelo aqueles apoio, que vivenciaram esse último ano comigo. 4 DEDICATÓRIA Ao meu marido, que diariamente me perguntou pela monografia, demonstrando real interesse por ela e por como eu me sentia em relação a ela. Ao meu filho, que ainda cresce no meu ventre, mas que já me faz ver o mundo de uma forma mágica. Por fim, agradeço a todos os alunos e professores, que passaram pela minha vida profissional, pelo aprendizado que me proporcionaram e pelas questões que me suscitaram. 5 RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo fazer uma análise da depressão infantil, analisar o funcionamento do cérebro depressivo, conhecer os avanços consideráveis na história da neurociência nessa área, explorar a ligação entre os sintomas depressivos e o rendimento escolar e as mediações apropriadas que podem tornar o trabalho do educador mais significativo e eficiente. Enfim, pretende-se disponibilizar um maior conhecimento acerca da depressão infantil para que pais e professores possam propiciar um olhar mais atento às crianças que apresentam possíveis sintomas da depressão, permitindo um encaminhamento oportuno e um diagnóstico mais rápido, o que conduzirá a intervenção adequada, em tempo hábil. Palavras-chave: depressão infantil, neurociência, rendimento escolar. 6 METODOLOGIA Neste trabalho foi utilizado o método de pesquisa exploratório, com análise da literatura sobre o tema. O ponto de partida foi uma revisão bibliográfica, através de textos que tratam do assunto com apuro científico e conceitual, sendo consultadas fontes bibliográficas: livros, sites de artigos científicos, revistas da área neurocientífica, teses e publicações periódicas de autores de renome, buscando a resposta para o presente estudo. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Depressão Infantil 10 CAPÍTULO II - Depressão Infantil – O cérebro e seu funcionamento 21 CAPÍTULO III - Depressão Infantil e Transtornos de Aprendizagem 35 CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47 ÍNDICE 51 FOLHA DE AVALIAÇÃO 52 8 INTRODUÇÃO O tema desta monografia é a depressão infantil em alunos do primeiro segmento do Ensino Fundamental. A questão central deste trabalho é até que ponto a depressão infantil pode influenciar nas dificuldades de aprendizagem? O tema sugerido é de fundamental relevância, pois com base em estudos anteriores sobre a depressão e a melancolia numa visão psicanalítica (para a produção da monografia da graduação em Psicologia) e por atuar como Coordenadora Pedagógica em uma Escola Municipal no Complexo do Alemão, área marcada por inúmeros conflitos de ordem moral, social, cultural e política, afetada pela violência em seus mais diferentes aspectos, foi escolhido o tema da depressão infantil e sua relação com as dificuldades de aprendizagem, procurando compreender a relação de causa e conseqüência entre esses temas. No primeiro capítulo da monografia, intitulado “Depressão Infantil”, será feito um breve histórico das diversas visões sobre a depressão, será visto o aumento do número de pessoas “depressivas” na atualidade. Como não podemos pensar o sujeito independente do seu contexto social e histórico, muitos autores falam que o individualismo enquanto um diferencial da sociedade moderna provoca uma cultura da depressão. Outro ponto a ser abordado será o que caracteriza a depressão infantil, a sintomatologia própria dessa faixa etária. No segundo capítulo, nomeado “Depressão Infantil – O cérebro e seu funcionamento”, serão vistos o funcionamento do cérebro “depressivo”, os neurotransmissores relacionados à depressão e os medicamentos mais utilizados. É interessante salientar que nesse estudo também serão abordadas 9 as alterações químicas que ocorrem no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), provocando dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento. Roudinesco (1999) fala da depressão como uma epidemia psíquica das sociedades democráticas e da multiplicação dos tratamentos para oferecer a cada consumidor uma solução honrosa. No último capítulo, “Depressão Infantil e Transtornos de Aprendizagem”, serão analisados estudos que revelam que existe uma estreita ligação entre sintomas depressivos e rendimento escolar. Enfatizando-se, ainda, a necessidade de se sistematizar conhecimentos sobre a natureza mais específica dessa relação, pois tanto os sintomas da depressão podem contribuir para prejudicar a aprendizagem do aluno, quanto o baixo rendimento escolar pode também conduzir ao surgimento de sintomas depressivos. A partir dessa sistematização, percebe-se a possibilidade de disponibilizar um maior conhecimento acerca da depressão infantil para que pais e professores possam propiciar um olhar mais atento às crianças que apresentam possíveis sintomas da depressão, permitindo um encaminhamento oportuno e um diagnóstico mais rápido, o que conduzirá a intervenção adequada, em tempo hábil. São, portanto, objetivos desta pesquisa descrever a relação de causa e/ou consequência entre depressão infantil e desempenho escolar no primeiro segmento do Ensino Fundamental; rever a literatura acerca da depressão infantil, tendo em vista contribuir para uma melhor compreensão, por parte dos educadores, no que concerne à identificação de sintomas depressivos para encaminhamento do aluno ao Sistema de Saúde para um tratamento eficaz; rever estudos que mostram as alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores. 10 Segundo a autora Miriam Cruvinel, uma criança deprimida pode apresentar uma queda no rendimento acadêmico em função do prejuízo na capacidade para pensar, além disso, alunos com sintomas de depressão normalmente mostram-se desinteressados pelas atividades, apresentam dificuldade em permanecer atentos nas tarefas e esse comportamento interfere de forma negativa na aprendizagem dessas crianças. 11 CAPÍTULO I DEPRESSÃO INFANTIL Segundo Moreira (2002), a depressão vem se manifestando de forma avançada nas sociedades do Ocidente devido ao individualismo, à solidão e à perda de laços afetivos. Como não podemos pensar o sujeito independente do seu contexto social e histórico, muitos autores falam que o individualismo, enquanto um diferencial da sociedade moderna, provoca uma cultura da depressão. A depressão como uma resposta ao mal-estar na cultura levou-a a ser considerada o “mal do século”. A tristeza faz parte da estrutura humana, acompanha o homem desde a sua origem. O termo melancolia e suas diferentes formas de uso estão relacionados com a história. Melancolia é o termo mais antigo para a patologia dos humores tristes. Com o desenvolvimento científico, no século XIX, começou-se uma preferência pelo termo depressão em detrimento do termo melancolia. O termo depressão entrou em uso na psiquiatria européia por volta do século XVIII, vindo do francês a partir do latim, depremere, que significa pressionar para baixo. (Delouya, 2001). A nossa civilização atual favorece a depressão. As grandes modificações sociais, as alterações nas relações entre o homem e a sociedade, sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial, provocam sofrimentos. A depressão pode, sob esse viés, ser considerada uma ‘patologia das mudanças’, como afirma Peres (2006, p. 22). Há uma infinidade de ofertas de estilos de vida e de visões de mundo, mas o homem não sabe como escolher. O sujeito acaba culpando-se pelo insucesso e o sentimento de culpa é o ponto nuclear da depressão. 12 A depressão estaria ligada a uma perda de sentido da vida diante de uma homogeneização da cultura, na qual a singularidade do sujeito encontra pouco espaço de sobrevivência. O desemprego, a competitividade crescente, as mudanças culturais e as crises econômicas contribuem para acentuar o sentimento de desamparo, que seria responsável pela verdadeira epidemia de depressão nesse tempo que pode ser definido como fortemente depressor. O artigo “O preço da depressão”, da Revista Mente e Cérebro, nº 226, revela que segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente há aproximadamente 121 milhões de pessoas no mundo sobre a incidência da depressão. Fato que conferiu à depressão o segundo lugar entre as doenças de maior AVAD (anos de vida perdidos por morte prematura e "incapacidade"), perdendo em comprometimento funcional apenas para as doenças cardiovasculares. E ainda de acordo com a OMS, menos de 25% das pessoas com o problema recebem o tratamento adequado. Entre os países de média e baixa renda, o Brasil é o que apresenta a maior incidência do problema. O termo depressão é empregado para designar tanto um estado afetivo normal- a tristeza, quanto um sintoma, uma síndrome e uma doença. O sentimento de tristeza faz parte da experiência normal da pessoa, porém vale ressaltar que o conceito de depressão não é sinônimo de tristeza ou infelicidade, apesar de a infelicidade ser um componente bastante encontrado no humor depressivo associado a este transtorno. Enquanto sintoma, a depressão é considerada como um estado de ânimo caracterizado por sentimentos de tristeza, desencanto, disforia ou desespero, já a síndrome está relacionada a alterações do humor como tristeza, irritabilidade, incapacidade de sentir prazer, apatia, baixa autoestima, e alterações cognitivas e vegetativas como o transtorno do sono, do apetite, e dificuldade de concentração. A síndrome da depressão caracteriza-se como um transtorno de humor, porém ela abrange fatores cognitivos, 13 comportamentais, fisiológicos, sociais, econômicos e religiosos, entre outros, estando presente em diversos distúrbios emocionais. De acordo com Coutinho (2005), a depressão pode ser vista como um mal que se enraíza no "eu" do indivíduo, bloqueando suas vontades e dirigindo de forma negativa o curso de seus pensamentos, interferindo no seu autoconceito, prejudicando o sujeito tanto no contexto psicossocial como individual. Nas últimas décadas, segundo Mauro Maldonato, no artigo “Os aposentos vazios da depressão”, os conhecimentos sobre etiologia, diagnóstico e terapia das diversas formas de depressão progrediram notavelmente. As ciências de base- da bioquímica à biologia molecular, da neurofisiologia à psicofarmacologia- fornecem novos elementos, úteis para a compreensão dos mecanismos patogenéticos, para a elaboração de modelos sobre a transmissão genética, a identificação das áreas e dos circuitos nervosos responsáveis pelas diversas manifestações da depressão. Além disso, o renovado interesse pela observação do paciente e pela descrição dos sintomas levou a uma atenção maior para o diagnóstico e a uma redefinição dos distúrbios depressivos. Diante do agravamento das patologias psíquicas, que podem provocar intenso sofrimento e desgaste, limitando consideravelmente as possibilidades de vida, os avanços científicos obtidos pelas neurociências e pela farmacologia são notáveis e trouxeram auxílio efetivo. Uma em dez pessoas tem um episódio de depressão pelo menos uma vez na vida, em geral desencadeado por uma situação infeliz, pelo stress constante ou, em alguns casos, por uma doença grave. De acordo com os neurobiólogos, o distúrbio seria conseqüência da falta de certos neurotransmissores (monoaminas) no cérebro: dopamina, noradrenalina e, principalmente, a serotonina, que são hormônios reguladores de nossos sentimentos. Quando essa economia doméstica dos neurotransmissores sai 14 dos eixos, antidepressivos como fluoxetina e sertralina podem intervir de forma controlada e melhorar o humor. No entanto, esses aspectos serão mais explorados no segundo capítulo. Durante muito tempo a depressão era vista apenas como um problema de adultos. Acreditava-se que a depressão em crianças não existia ou então que seria muito rara nessa população. No campo da psiquiatria, a depressão infantil despertou interesse somente a partir da década de 60. O Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA (NIMH) oficialmente reconheceu a existência da depressão em crianças e adolescentes a partir de 1975, e as pesquisas sobre depressão nestes períodos da vida têm atraído um interesse crescente durante as duas últimas décadas. Atualmente é fato que a depressão atinge a infância. Um dos grandes objetos de pesquisas na atualidade é se há ou não uma continuidade do processo depressivo na idade adulta (Coutinho, 2005). Não existe um consenso sobre a definição da depressão infantil, porém pode-se afirmar que se trata de uma perturbação orgânica que envolve variáveis biológicas, psicológicas e sociais. Considera-se que a depressão maior na infância e na adolescência apresenta natureza duradoura, afeta múltiplas funções e causa significativos danos psicossociais. Os sistemas diagnósticos atuais definem que os sintomas básicos de um episódio depressivo maior são os mesmos em crianças, adolescentes e adultos; entretanto, os pesquisadores destacam a importância do processo de maturação na apresentação sintomatológica da depressão, com características predominantes em cada fase do desenvolvimento. A prevalência dos sintomas depressivos é discutível, uma vez que existe uma grande diversidade, que vem sendo explicada pela variação da população estudada, pelas diferenças na metodologia utilizada e principalmente pela dificuldade de padronização dos tipos de transtornos depressivos e a falta de um critério de diagnóstico comum para a depressão. 15 Atualmente a depressão em crianças e adolescentes é considerada comum, debilitante e recorrente, envolvendo um alto grau de morbidade e mortalidade, representando um sério problema de saúde pública. Na criança, os principais comportamentos que caracterizam a depressão infantil são: o humor disfórico, autodepreciação, agressividade ou a irritação, distúrbio do sono, queda do desempenho escolar, diminuição da socialização, perda da energia habitual, do apetite ou peso. A presença dessa sintomatologia pode interferir diretamente nas atividades associadas à cognição e à emoção. E, quando essa criança não é tratada a tempo, poderá desenvolver modelos de comportamento tais como: isolamento, retraimento, dificuldades em se comunicar, entre outros, os quais podem se tornar resistentes a mudanças. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), manual frequentemente empregado no diagnóstico de transtornos mentais, a depressão infantil é semelhante à depressão no adulto, de forma que os mesmos critérios de diagnósticos de depressão no adulto podem ser utilizados para avaliar a depressão na criança, ou seja, os sintomas básicos de um episódio depressivo maior são os mesmos em adultos, adolescentes e crianças (Tabela 1), embora existam dados sugerindo que a predominância de sintomas característicos pode mudar com a idade, há sintomas muito comuns em crianças (queixas somáticas, irritabilidade e retraimento social) e sintomas menos comuns em crianças (retardo psicomotor, sonolência excessiva e delírios). De acordo com DSM IV (1994), para o diagnóstico de um episódio depressivo maior é necessário que o indivíduo apresente pelo menos cinco dos sintomas citados, sendo que um dos sintomas deve ser o humor deprimido em grande parte do dia ou falta de interesse pela maioria das atividades e deve ainda ocorrer em um período de pelo menos duas semanas. No entanto, o DSM IV (1994) faz pequenas ressalvas considerando os níveis de desenvolvimento, a fim de facilitar o diagnóstico de depressão na criança. Mais precisamente, uma criança deprimida pode apresentar humor irritável ao invés 16 de tristeza; ou ainda revelar uma queda no rendimento acadêmico em função do prejuízo na capacidade para pensar e concentrar. Tabela 1 - Sintomas do episódio depressivo maior - DSM-IV 1. Humor deprimido ou irritável 2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos 3. Perda ou ganho significativo de peso, ou diminuição ou aumento de apetite 4. Insônia ou hipersonia 5. Agitação ou retardo psicomotor 6. Fadiga ou perda de energia 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada 8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecis ão 9. Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida, tentativa ou plano suicida Em crianças escolares, a manifestação clínica mais comum é representada pelos sintomas físicos, tais como dores (principalmente de cabeça e abdominais), fadiga e tontura. Cruvinel (2003) cita que aproximadamente 70% dos casos de depressão maior em crianças apresentam queixas físicas. As queixas de sintomas físicos são seguidas por ansiedade (especialmente ansiedade de separação), fobias, agitação psicomotora ou hiperatividade, irritabilidade, diminuição do apetite com falha em alcançar o peso adequado, e alterações do sono. O prazer de brincar ou ir para a escola diminui ou desaparece e as aquisições de habilidades sociais próprias da idade não ocorrem naturalmente. A ideia suicida nesta faixa etária é considerada de ocorrência rara, podendo aparecer em casos especiais. Nas crianças, a depressão pode tornar-se clara através da observação dos temas das fantasias, desejos, sonhos, brincadeiras e jogos, em que os conteúdos 17 predominantes são fracasso, frustração, destruição, ferimentos, perdas ou abandonos, culpa, excesso de autocríticas e morte. Cruvinel (2003) em sua tese de Mestrado, expõe ainda que incidência de depressão infantil se acentua quando se trata de população específica, normalmente com outras problemáticas associadas, situações de desordem vivenciadas pela criança, como: separação dos pais, mudança da escola, morte de um ente querido e estresse, violência familiar, problemas na estrutura familiar, dificuldades escolares e história de fracasso escolar. Dessa forma, os pais ou pessoas significativas têm grande parcela de responsabilidade no aparecimento e na manutenção da depressão na criança (Crunivel & Boruchovitch, 2004). Quanto às famílias, estudos realizados com crianças escolares com depressão encontraram frequentemente pais envolvidos em graves problemas sociais. Quanto aos fatores de risco para depressão em crianças e adolescentes, o mais importante é a presença de depressão em um dos pais, sendo que a existência de história familiar para depressão aumenta o risco em pelo menos três vezes. A família exerce um papel fundamental, pode-se citar as disputas familiares, as enfermidades crônicas dos pais e a instabilidade da convivência família, tudo isso como características que descrevem o insatisfatório ambiente familiar e como causas geradoras da depressão infantil. Vivemos num momento em que as famílias passam por momentos difíceis de reestruturação, caracterizados em sua grande maioria pela privação psicossocial. Miriam Cruvinel e Evely Boruchovitch, no artigo Depressão infantil: uma contribuição para a prática educacional, tratam dos principais modelos de depressão e assim como para se diagnosticar a depressão na criança são utilizados os mesmos critérios para adultos, os modelos de depressão infantil também são adaptações de modelos de depressão de adultos. Os principais modelos de depressão são: modelo biológico, comportamental, cognitivo e psicanalítico. 18 O modelo biológico estuda a depressão enquanto doença e enfatiza o papel de fatores bioquímicos e genéticos no aparecimento de sintomas. O modelo comportamental de depressão enfatiza o papel da aprendizagem e das interações com o ambiente. A depressão é vista como consequência da diminuição de comportamentos adaptados (contato social, interesse pelas atividades e pelas pessoas) e um aumento na frequência de comportamentos de fuga de estímulos tidos como aversivos (tristeza, choro). De acordo com essa teoria, a aquisição de comportamentos depressivos ocorreria mediante a aprendizagem, por meio de mecanismos de condicionamento pavloviano, skinneriano ou aprendizagem social. O modelo cognitivo atribui grande importância as cognições no aparecimento e manutenção de condutas disfuncionais. A teoria cognitiva revela que as distorções de pensamento são fatores mediadores da depressão. A pessoa deprimida apresenta uma visão extremamente negativa e deformante de si mesmo, do mundo e do futuro. E por último o modelo psicanalítico, que ressalta a importância de processos intrapsíquicos no desenvolvimento da depressão, onde esta poderia ser considerada como uma falha na evolução do processo de elaboração normal do luto e da perda. Cabe ressaltar que dificilmente apenas um modelo ou uma única teoria seria suficiente para explicar um fenômeno tão complexo como a depressão, um transtorno que acarreta em inúmeras alterações ao indivíduo. A depressão, sem dúvida, integra fatores sócio-familiares, psicológicos e biológicos, onde as diferentes teorias não se excluem, mas se completam, contribuindo não somente para uma maior compreensão da natureza deste transtorno, mas também para a concepção do sujeito em sua totalidade bio-psico-social. 19 No Brasil, ainda são escassos os estudos sobre a depressão na criança. Assim como na literatura internacional, os estudos epidemiológicos brasileiros mostram que a incidência de depressão, na criança, tem se revelado bastante variável. Todavia, apesar dessa diversidade, os estudos confirmam a existência de depressão nessa população. Hallak (2001) avaliou 602 escolares de 7 a 12 anos de uma escola pública de Ribeirão Preto. A incidência de depressão foi 6 % quando avaliada pelo Inventário de Depressão Infantil (CDI). Nesse estudo, verificou-se que as meninas apresentavam escores maiores, independente da faixa etária. Barbosa e Gaião (2001) avaliaram 807 crianças de 7 a 17 anos do interior da Paraíba e a taxa de prevalência de depressão encontrada foi alta (22 %), sendo mais elevada nas faixas etárias de 13 e 14 anos de idade. Baptista e Golfeto (2000) encontraram uma prevalência de 1,48 % em escolares de 7 a 14 anos de uma escola da rede particular de Ribeirão Preto. Esses estudos revelam que na adolescência essa porcentagem se eleva e as meninas parecem sofrer mais depressão do que os meninos. Apesar de extremamente importante do ponto de vista preventivo, os estudos com crianças em idade pré-escolar são ainda mais escassos em nossa realidade. Estudos em fases iniciais da infância são muito relevantes, uma vez que se os sintomas depressivos não forem identificados podem causar uma série de dificuldades como a baixa autoestima, queda no rendimento escolar e problemas na interação social, no futuro. Dados revelam que existe uma estreita relação entre sintomas depressivos e rendimento escolar, mas permanece ainda a necessidade de se sistematizar conhecimentos sobre a natureza mais específica dessa relação, pois tanto os sintomas da depressão podem contribuir para prejudicar a aprendizagem do aluno, quanto o baixo rendimento escolar pode também conduzir ao surgimento de sintomas depressivos. Tem-se em vista contribuir para uma melhor compreensão, por parte dos professores e educadores, no que concerne à relação entre depressão infantil e desempenho escolar de crianças. 20 Esse fato será abordado mais detalhadamente no terceiro capítulo do presente estudo. Faz-se necessária atenção por parte dos familiares e equipe pedagógica acerca dos sinais e sintomas, pois uma das dificuldades que agrava os sintomas da depressão em crianças deve-se ao fato de que os pais não reconhecem os sintomas observados em suas crianças. Outra dificuldade é a diferenciação de comportamento apresentado pela criança quando se refere ao contexto familiar e escolar (Coutinho, 2005). É necessário considerar a importância da utilização de várias fontes de informações (pais, professores e amigos) ao se estabelecer uma investigação clínica. 21 CAPÍTULO II DEPRESSÃO INFANTIL – O CÉREBRO E SEU FUNCIONAMENTO A questão da depressão será aqui analisada sob a ótica da neurociência e o estudo do cérebro humano. Segundo o neurocientista Miguel Nicolelis, escolhido Personalidade 2011, em entrevista ao jornal O Globo (14/01/2012), “A neurociência se transformou numa das áreas de maior prestígio, concentração de pesquisadores e de recursos. Mas não é possível dizer o quanto sabemos sobre o cérebro porque não sabemos qual é o total. Aprendemos muito, mas ainda engatinhamos em processos fundamentais do sistema nervoso”. Ao ser questionado sobre o fato de a “neurociência estar roubando espaço da psiquiatria e da psicanálise”, Nicolelis responde “Não diria roubando porque não há sobreposição. A neurociência é a ciência do cérebro e ponto final. (...) Mas, sim, estamos encontrando mecanismos biológicos e definições para coisas que antes eram consideradas inexplicáveis”. E, com isso, “doenças ditas psiquiátricas poderiam ser abordadas do ponto de vista da neurociência com terapias diferentes das clássicas.” O sistema nervoso central é a parte do organismo de maior importância se forem analisadas as complexas funções desempenhadas por este sistema. Além da dificuldade de compreensão das funções desempenhadas pelo cérebro, tem-se uma grande dificuldade de identificação estrutural dentro deste órgão: é um órgão compacto com enormes variações e classificações anatômicas e exige uma enorme dedicação quanto à compreensão fisiológica, anatômica e farmacológica. As doenças envolvidas no sistema nervoso central são numerosas e muitas delas ainda não têm explicação fisiopatológica, sendo que as intervenções farmacológicas 22 (terapêuticas) ainda constituem um enorme desafio para o profissional da área médica. As principais células que compõem todo este sistema, conta-se aos bilhões e recebem o nome de neurônios. Do corpo de cada neurônio saem prolongamentos que são chamados dendritos, que são vários, e o axônio. Esses prolongamentos funcionam como se fossem fios que levam os impulsos nervosos captados pelos sentidos. Dessa forma, o neurônio ao receber um determinado impulso pode transmitir um estímulo excitatório ou inibitório a outro neurônio localizado à distância, um único neurônio pode enviar impulsos nervosos a muitos outros, por meio de ramificações finais e de seu axônio. Portanto, o cérebro humano vive constantemente uma fantástica movimentação de impulsos nervosos em todas as direções, um mecanismo complexo que tem como resultado o pensamento, a ação, a locomoção e as emoções. Os impulsos nervosos passam de um neurônio para outro(sinapse), num espaço existente entre eles, que é denominado fenda sináptica. Para que isso ocorra, o primeiro neurônio, através dos impulsos que chegam a sua terminação, libera substâncias químicas que estimulam ou inibem o neurônio seguinte. Essas substâncias químicas, sintetizadas e liberadas pelos neurônios, recebem o nome de neurotransmissores. Os quais têm um papel fundamental no nosso sistema nervoso e no estudo das causas da depressão. Muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar, cientificamente, as questões relativas à emoção. Com o desenvolvimento das neurociências, postula-se que, assim como a percepção e os movimentos, a emoção é relacionada a circuitos cerebrais distintos. Compreende-se também que as emoções estão geralmente acompanhadas por respostas autonômicas, endócrinas e motoras – que dependem de áreas subcorticais do sistema nervoso – que preparam o corpo para ação. É cada vez mais frequente a descrição da correlação entre disfunções emocionais e prejuízos das funções neurocognitivas. De fato, a depressão associa-se a déficits em áreas estratégicas do cérebro, incluindo regiões límbicas. 23 Depois de pesquisar o efeito do uso de drogas – mais especificamente a cocaína em suas ações anestésicas – Freud chegou a afirmar que, no futuro, substâncias químicas substituiriam o tratamento psicanalítico. Ele acreditava que os fármacos poderiam provocar alterações significativas nos estados psíquicos. A lógica da depressão se vale de noções das neurociências e das concepções psicanalíticas. Desde o século XIX, com os avanços alcançados pela medicina científica, a elaboração das classificações nosográficas da psiquiatria e o surgimento da psicanálise, busca-se a compreensão dos estados mentais do homem. As neurociências interdependentes, como nos remetem memória, a cognição, temas distintos, consciência porém (ligada ao conhecimento) e comportamento, elementos que nos levam a discussões sobre a concepção da mente e, consequentemente, dos seus distúrbios. É importante apontar que o avanço da neurociência possibilita a melhoria da qualidade de vida humana na sociedade atual, disponibilizando tratamentos efetivos não somente para doenças degenerativas, como também em quadros psiquiátricos graves, como depressão e psicose. Os estudos da Neurociência demonstram que pacientes com depressão clínica (tanto adultos quanto crianças) apresentam alterações químicas no cérebro, principalmente com relação aos neurotransmissores. Quimicamente, a depressão é causada por essas alterações nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios como a serotonina e endorfina, que dão a sensação de conforto, prazer e bem estar. Quando existe algum problema nesses neurotransmissores, a pessoa começa a apresentar sintomas como desânimo, tristeza, falta de energia para atividades simples. No estado normal, os neurônios liberam neurotransmissores, que são capturados por outros neurônios por meio de seus receptores. Dentro da célula nervosa, uma bomba de recaptação retira parte dos neurotransmissores da 24 sinapse e uma enzima específica metaboliza o resto das substâncias. No sujeito depressivo, acontece uma diminuição na quantidade de neurotransmissores liberados, mas a bomba de recaptação e a enzima continuam trabalhando normalmente. Então, o neurônio receptor captura menos neurotransmissores e o sistema nervoso funciona com menos neurotransmissores do que normalmente seria preciso. Adrenalina, acetilcolina e noradrenalina são neurotransmissores com ação excitatória. Dopamina e ácido gama aminobutírico (GABA) possuem ação inibitória, enquanto a serotonina pode determinar excitação ou inibição. Eles são produzidos em nosso organismo por meio da alimentação ou das atividades físicas, em momentos de prazer, dor, cansaço, alegria, estimulandonos ou inibindo-nos. Acredita-se que a depressão está relacionada ao funcionamento bioquímico inadequado da atividade de neurotransmissores, notadamente da serotonina, noradrenalina e dopamina. A dopamina é um inibidor e, dependendo do local onde atua, apresenta diferentes funções. Como por exemplo, a dopamina no gânglio basal é essencial para execução de movimentos suaves e controlados - a falta de dopamina é a causa da doença de Parkinson. A dopamina se move até o lóbulo frontal regulando o grande número de informações que vem de outras partes do cérebro. Portanto, comprometer as quantias do neurotransmissor pode resultar em pensamentos incoerentes, como na esquizofrenia. Também é responsável pelo sentimento de euforia, assim como a endorfina. É capaz de acalmar a dor e aumentar o prazer se estiver em grande quantidade no lóbulo frontal. A noradrenalina é usada no sistema que nos faz ficar alertas, e ter uma boa memória. O desequilíbrio entre ela e outras substâncias pode causar diversas doenças. A serotonina é o hormônio e o neurotransmissor envolvido principalmente na excitação de órgãos e constrição de vasos sanguíneos. Algumas funções da serotonina incluem o estímulo dos batimentos cardíacos, o início do sono e a luta contra a depressão (as drogas que tratam de depressão preocupam-se em elevar os níveis de serotonina no cérebro). 25 Entretanto, estas hipóteses não explicam a falta de eficácia imediata do tratamento antidepressivo, apesar de esses medicamentos aumentarem as concentrações sinápticas de serotonina e de noradrenalina quase imediatamente. Realmente, hoje se aceita mais a ideia de que o aumento da disponibilidade de neurotransmissores melhora o quadro depressivo, que é o que fazem os antidepressivos. Isso parece indiscutível. Mas, cada vez mais, se aceita a ideia de que a depressão não pode ser atribuída exclusivamente ao mau funcionamento desses neurotransmissores ou à diminuição de seus níveis no cérebro. Pode tratar-se de uma fisiopatologia multifatorial. A idéia de que outros mecanismos podem estar envolvidos na origem da depressão começou a ser melhor pensada depois de se constatar que os níveis dos neurotransmissores aumentam três horas depois de tomados os antidepressivos, mas a melhora da depressão só acontece de duas a 3 três semanas depois. O antidepressivo faz com que haja maior disponibilidade de neurotransmissores na sinapse. Para isso, o remédio pode atuar de duas formas: bloqueando a ação da bomba de recaptação ou bloqueando a ação da enzima que degrada os neurotransmissores. A bioquímica tem sido um dos campos mais frutíferos no estudo da fisiopatologia da depressão, ainda que os achados não permitam grandes conclusões. Existem dados sugestivos de que as alterações do sistema de neurotransmissores podem ocorrer como conseqüência de mudanças no número e/ou na sensibilidade dos neuroreceptores pré e pós-sinápticos no Sistema Nervoso Central, sem que haja, obrigatoriamente, uma alteração na quantidade do próprio neurotransmissor. As hipóteses baseadas na deficiência de neurotransmissores têm sido, pois, substituídas por hipóteses mais enfocadas nos neuroreceptores, que têm como missão receber mensagens químicas específicas e traduzi-las nas correspondentes respostas neuronais pós-sinápticas. Acredita-se que a superfície externa do neuroreceptor serve para reconhecer e unir-se ao neurotransmissor, enquanto a superfície interna 26 efetua as alterações intracelulares esperadas. Ainda sobre neuroreceptores e ação dos antidepressivos, tem-se suposto que os antidepressivos tricíclicos inibem imediatamente o mecanismo de recaptação de noradrenalina e/ou de serotonina pelo neurônio pré-sináptico, o que originaria um aumento da disponibilidade desses neurotransmissores (noradrenalina e serotonina) para serem captados pelos neuroreceptores pós-sinápticos. Como resposta, estes neurônios pós-sinápticos acabam por reduzir o número de seus neuroreceptores e, muito possivelmente, também da sensibilidade e atividade deles. Pensando no modelo neuroanatômico da depressão, que considera as estruturas cerebrais envolvidas na depressão, teríamos a amígdala como uma das regiões primárias para avaliação e processamento do estímulo emocional. O envolvimento do córtex pré-frontal, que possui conexões abrangentes com outras estruturas igualmente participantes do comportamento emocional e das respostas a estressores tem sido constatado por recentes exames da função cerebral. Essas estruturas incluem a amígdala, hipotálamo, núcleo accumbens, e núcleos serotoninérgicos, noradrenérgicos e dopaminérgicos do tronco cerebral. A Tomografia Computadorizada (TC), a Ressonância Magnética (RM) e a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) deram grande impulso ao estudo das doenças nervosas. Hoje muito se sabe sobre a função cerebral através desses exames funcionais computadorizados do cérebro. Segundo Geraldo Busatto Filho, no livro Neurociência Aplicada à Prática Clínica, têm sido realizados estudos, utilizando a PET, em voluntários normais durante várias situações emocionais, incluindo: imaginação ou recordação de eventos pessoais que despertam tristeza e outros sentimentos, indução de emoções por filme ou fotografias e reconhecimento de faces expressando estados emocionais. Esses estudos têm demonstrado ativação de áreas cerebrais tradicionalmente implicadas na regulação de afetos, como por exemplo, o córtex pré-frontal, cíngulo e amígdala. Foram avaliados pacientes com depressão e voluntários normais durante um estado de tristeza 27 induzido por filme de forte conteúdo emocional em comparação com filmes sem conotação emotiva. Durante o filme indutor de tristeza, áreas cerebrais envolvidas na mediação de afetos foram ativadas tanto em voluntários normais como pacientes depressivos. No entanto, a ativação do córtex pré-frontal medial e giro do cíngulo foi significativamente maior em pacientes deprimidos. Esses achados sugerem o envolvimento dos mesmos circuitos cerebrais na indução de tristeza tanto em pessoas normais como em pacientes com transtornos do humor. Porém, por outro lado, as diferenças obtidas nos padrões de ativação sugerem um possível componente quantitativo de estimulação nessas áreas, na evocação emocional de pacientes deprimidos. De acordo com novos estudos na Columbia University Medical Center e do New York State Psychiatric Institute, há indícios que a depressão tem diferenças estruturais no cérebro - um afinamento do hemisfério direito parece estar ligado a um maior risco de depressão. Os pesquisadores descobriram que as pessoas com alto risco de desenvolver depressão tiveram um desgaste de 28 por cento do córtex direito, da superfície externa do cérebro, em comparação às pessoas com nenhum risco conhecido. A drástica redução surpreendeu investigadores, que dizem que é compatível com a perda da matéria do cérebro tipicamente observada em pessoas com doença de Alzheimer e esquizofrenia. “A diferença foi tão grande que a princípio, nós quase não acreditamos. Mas temos verificado e re-verificado todos os nossos dados, e verificado por todas as possíveis explicações alternativas, e ainda a diferença estava lá", disse o Dr. Peterson. O doutor ainda afirma que o córtex mais fino pode aumentar o risco de desenvolver depressão por romper a capacidade de a pessoa prestar atenção, e interpretar, dicas sociais e emocionais de outras pessoas. Testes adicionais mediram o nível de cada pessoa a desatenção e memória para esses sinais. Quanto menos tecido cerebral uma pessoa tinha no córtex direito, pior se saiam, nos testes realizados sobre a atenção e memória. O estudo comparou a espessura do córtex pela imagem do cérebro de 131 indivíduos, com idades entre 6 a 54 anos de idade, com e sem uma história familiar de depressão. 28 O estudo constatou que o córtex mais fino do lado direito do cérebro não se correlaciona com depressão na realidade, apenas um aumento de risco para a doença. Disse Dr. Peterson, “Nossos achados sugerem fortemente que sim, se tiver córtex mais fino do lado direito do cérebro, pode estar predispostos à depressão e também pode ter alguns problemas cognitivos e desatenção”. Outro estudo realizado, publicado artigo “A gênese da felicidade”, na revista Mente e Cérebro (maio de 2006), também aponta para o fato de depressão poder causar a diminuição de regiões específicas do cérebro. A pesquisa foi realizada com tupaias (pequenos esquilos) e coordenada por Eberhard Fuchs, do Centro de Primatas de Göttingen. Ele mostrou que em animais “deprimidos” – ou seja, sem iniciativa, passivos e que pouco se alimentavam – o hipocampo, centro de controle dos processos de aprendizagem e da memória, apresentava tamanho reduzido. Contudo, ministrando antidepressivos aos animais, os pesquisadores conseguiram deter esse encolhimento progressivo. Recentemente, algo semelhante foi observado também em seres humano, a psiquiatra Yvette Sheline, da Universidade de Washington, analisou o hipocampo de 38 mulheres com depressão crônica. E descobriu que, naquelas que já faziam uso prolongado de psicofármacos contra depressão, essa região do cérebro – que também nos humanos responde pelos processos da memória – apresentava diminuição menor que nas pacientes que haviam iniciado o tratamento pouco tempo antes. Marta Relvas, em Neurociência e Educação: potencialidades dos gêneros humanos na sala de aula, fala sobre estudos da Neurociência que “demonstram que a depressão clínica pode ser conseqüência da falha no cérebro em relação à produção de novos neurônios, pois os indivíduos deprimidos a longo tempo têm um hipocampo menor que os pacientes não depressivos”. E esse fato ainda é agravado, pois a combinação do estresse com fatores genéticos impede a produção de novos neurônios (neurogênese) para a substituição dos que morreram no hipocampo. 29 Tudo indica, portanto, que os antidepressivos provêem o tecido nervoso cerebral de um mecanismo de proteção. Mas, com base nesse encolhimento do hipocampo, seria possível concluir que células isoladas também morrem em conseqüência da depressão? E seriam os antidepressivos capazes de estimular até a formação de células novas – isto é, teriam eles a capacidade de pôr em marcha a chamada “neurogênese”? Pesquisas ainda estão sendo realizadas para que se consigam responder a todas as duvidas que o assunto ainda suscita. Sabe-se que hoje é possível interferir na transmissão e na circulação dos conteúdos mentais e neurológicos com substâncias específicas. Existem variadas maneiras de modificar a bioquímica cerebral. De fato, desde o início dos anos 50, os psicotrópicos constituem, de forma gradual e progressiva, a principal opção de tratamento psiquiátrico. Embora os medicamentos representem avanços e progressos inegáveis, eles passaram a ser utilizados muitas vezes de maneira indiscriminada. Até o momento que surgiram os primeiros antidepressivos, o único tratamento disponível contra o distúrbio era a psicoterapia. Atualmente, existem mais de 60 medicamentos no mercado. Eles estão na linha de frente no combate ao problema, já que a depressão envolve alterações neuroquímicas. O tratamento da depressão é feito com antidepressivos - classificados em monoaminaoxidase inibidores, tricíclicos ou inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Ø Inibidores da monoaminaoxidase (IMAO) – Foram os primeiros antidepressivos largamente usados. Eles inibem a ação de uma enzima responsável pela degradação dos neurotransmissores. Raramente são prescritos como tratamento de primeira linha porque exigem uma dieta especial para evitar interações potencialmente perigosas com certos alimentos. Contudo, ainda são indicados como ultimo recurso. Ø Antidepressivos tricíclicos (ADT) – Inibem a recaptação dos neurotransmissores norepinefrina e serotonina. Os ADTs têm 30 efeitos colaterais desagradáveis como sonolência, boca seca e visão embaçada; cerca de 30 % dos pacientes param de tomar o medicamento por causa desses problemas. Eles são potencialmente letais em altas doses. Ø Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) - Inibidores como Prozac e Paxil bloqueiam a recaptação da serotonina dos neurônios pré-sinápticos. Eles substituíram os ADTs como medicamento primário porque provocam menos efeitos colaterais e apresentam menor probabilidade de morte em casos de overdose. Mesmo assim, efeitos colaterais como problemas gastrointestinais e sexuais podem ser observados. Os antidepressivos são administrados em doses menores no início, que são modificadas conforme o paciente melhora e passa a tolerar os efeitos colaterais. O efeito inicial demora, em média, de dez a quinze dias. Uma vez atingida a dosagem ideal, ela é mantida por pelo menos seis ou oito meses, mesmo que o paciente tenha melhorado totalmente, a fim de se evitar recaídas. Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios. Mas deve-se ressaltar que os tricíclicos geralmente são usados a partir de três ou quatro anos, enquanto os ISRS somente a partir dos sete anos. Efeitos colaterais em crianças que tomam antidepressivos têm sido pouco descritos, até porque as doses empregadas são mínimas. Em termos gerais tantos os ADTC como os ISRS não ocasionam efeitos colaterais significativos em crianças, desde que a dose prescrita esteja correta. Entretanto, é prudente que o médico alerte os familiares para que observem as crianças que tomam antidepressivos, assim como outros tipos de medicamentos, pois algumas delas podem apresentar reações colaterais mais fortes e neste caso os pais devem suspender a administração das drogas e procurar o médico. O médico também deve explicar aos familiares que com o uso do antidepressivo, a criança apresentará melhora de alguns dos sintomas no espaço de dez a vinte dias. Mas, o importante é que, mesmo com a 31 ausência dos sintomas, deve-se manter o tratamento medicamentoso, evitando assim que haja uma recaída, o que pode levar no futuro a um quadro depressivo crônico. Na verdade em toda a história o homem teve de lidar com eventos difíceis na sua vida, e a depressão é muitas vezes um mecanismo normal e saudável que permite a modificação de comportamentos e estruturas mentais quando a realidade não corresponde às expectativas. Um problema para o psiquiatra é saber distinguir estados de depressão normal fisiológica que apenas necessitam de demonstrações de apoio, de forma a incentivar o paciente a resolver os seus problemas, de distúrbios mais graves possivelmente originados por desequilíbrios bioquímicos. No tratamento da depressão leve ou moderada, outras técnicas menos invasivas têm eficácia atuando com os medicamentos. A psicoterapia ajuda o paciente, mas não previne novos episódios, nem cura a depressão. A técnica auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de resolver conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse. “Atividades, como correr, nadar, pedalar, andar ou qualquer outra que exija um desempenho cardiovascular, alteram o padrão do funcionamento das células cerebrais, pois os exercícios melhoram a oxigenação, uma vez que o sangue passa a circular e levar mais oxigênio às áreas menos irrigadas do cérebro, aumentando a comunicação entre células nervosas, sinapses, melhorando, assim, a memória e a capacidade de raciocínio. Isto, então, reafirma a fabricação contínua de neurônios especiais por todas as células, o que favorece a cura para doenças”. (Relvas, Neurociência e Educação, 2010) A utilização ampliada do termo “depressão” se sustenta, portanto, na ideologia. Com o aparecimento dos medicamentos antidepressivos, 32 neurolépticos e tranquilizantes no mercado,a psiquiatria viu-se obrigada a ajustar a terminologia e a conceituação da síndrome. Em consequencia, deuse o acirramento da discussão e da investigação acerca da base neurobiológica das doenças mentais. Houve também a disseminação indiscriminada de explicações sobre as mais variadas reações humanas como se tudo fosse depressão. Apesar de os médicos preferirem não usar a palavra “cura” quando o assunto é tratamento da doença (assim como acontece em outras enfermidades crônicas, como diabetes e pressão alta), o termo-chave é “controle”. Os diversos recursos da ciência e as terapias disponíveis permitem que o paciente mantenha o controle dos sintomas e leve vida normal. Segundo Jochen Paulus, no artigo “Antidepressivos são mesmo eficazes?”, na Revista Mente e Cérebro, nº226, os antidepressivos foram o oitavo tipo de droga mais prescrito em todo o mundo, em 2008,de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), gerando lucro de mais de US$ 20 bilhões para as empresas. Porém, eles não funcionam tão bem quanto os números levam a crer. Isso leva a crer que na percepção do público sua eficácia tende a ser supervalorizada, devido ao fato de que o setor farmacêutico sempre publicou principalmente estudos nos quais seus produtos eram bem avaliados. Se o medicamento falhava, os dados não eram revelados. O remédio foi gradualmente se tornando símbolo da alegria que promete restituir os sujeitos, que passarão a se reconhecer nos produtos que podem adquirir. A psicofarmacologia colocou-se imperiosamente em campo, determinando diagnósticos e tratamentos inquestionavelmente baseados em substâncias químicas oferecidas no mercado. O medicamento antidepressivo se transformou ruidosamente na pílula mágica, na alternativa de cura para os mais diversos males. 33 Embora os medicamentos representem avanços e progressos inegáveis, eles passaram a ser utilizados muitas vezes de maneira indiscriminada. E, em muitas ocasiões, de forma tão violenta que se pode pensar na “instalação de uma era da camisa-de-força medicamentosa”, como observa Elisabeth Roudinesco. Os fármacos são ineficazes em cerca de 30% dos casos de depressão. Nos estudos clínicos, uma grande porcentagem de pacientes melhora apenas com incentivo do médico e placebo (comprimido de açúcar sem ação farmacológica) administrado como se fosse antidepressor. O uso de antidepressores clínicos em princípio deveria ser limitado aos casos de depressão prolongada, risco de suicídio ou outro comportamento violento, ou em casos de depressão profunda em que o paciente é incapaz de viver a sua vida de forma razoavelmente normal. No tratamento da depressão leve ou moderada, outras técnicas menos invasivas têm eficácia, principalmente a psicoterapia, e são preferíveis aos fármacos (no entanto são tratamentos muito mais caros). A técnica auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de resolver conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse. Assistimos aos consumidores de drogas, à compulsão alimentar, às crises de pânico, às fobias, à enurese e até mesmo à angústia neurótica serem tratados com antidepressivos. “Tratado como depressivo, o sujeito fica ‘viciado’ na ingestão de pílulas como objeto de satisfação” (Peres, 2006). O farmacologista Gerd Glaeske, citado por Jochen Paulus, no artigo “Antidepressivos são mesmos eficazes?”, afirma que para chegar ao tratamento ideal para a depressão, os psiquiatras e neurocientistas precisam ainda compreender melhor o que ocorre no cérebro de pessoas depressivas e qual o efeito exato dos diferentes fármacos. Para elaborar uma política de saúde pública com estratégias de prevenção são necessárias informações sobre a freqüência e a distribuição dos transtornos depressivos. Os estudos epidemiológicos sobre depressão em vários países têm identificado maior 34 incidência do transtorno depressivo maior em mulheres com baixo nível de escolaridade e de renda, o que muda a percepção equivocada de que esta seria uma epidemia de nações ricas. Identificar grupos de risco pode tornar as abordagens preventivas mais eficientes, reduzindo a morbidade e o alto custo individual e social da doença. Quando utilizados corretamente, os medicamentos antidepressivos deveriam, em princípio, viabilizar o tratamento e não esconder o sintoma e calar a dor. Esta é uma crítica dirigida ao excesso de medicalização, principalmente no caso da indicação constituir uma solução para abafar o malestar do sujeito, prometendo uma felicidade absoluta. O que se pretende é curar a vida doente com a produção artificial do bem-estar. A questão da depressão não é apenas alterar o humor e sim fazer com que o sujeito se interrogue sobre a causa do seu sofrimento. 35 CAPÍTULO III DEPRESSÃO INFANTIL E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM Durante os primeiros anos de vida, a criança vivencia uma sequência de experiências no seu ambiente que podem favorecer comportamentos pró ou antissociais. As dificuldades interpessoais da primeira infância podem repercutir acentuando as chances de ocorrência de problemas de conduta, o que, por sua vez, pode levar à rejeição pelo grupo de pares e até mesmo pelos pais e professores, assim como ao fracasso escolar e à depressão. A depressão infantil muitas vezes passa despercebida em casa. A criança fica isolada, muito quieta e às vezes os pais interpretam como "bom comportamento". A situação agrava-se quando chega a informação da escola de que a criança não está bem em termos de rendimento escolar. A partir deste momento, a depressão infantil já pode estar instalada e os pais devem imediatamente procurar ajuda profissional para iniciar o processo de intervenção. No entanto há o fato de que a maioria das crianças e adolescentes deprimidos não é sequer identificada, e muito menos encaminhada a tratamento. Muitos pais não aceitam o diagnóstico de depressão em seus filhos. Para isso, os profissionais da saúde em muito contribuem, principalmente pediatras e psicólogos mais despreparados quando dizem aos pais que depressão na criança não existe. É preciso mudar essa idéia. É necessário falar das depressões na infância e adolescência, para que não sejam os próprios profissionais a fazerem afirmativas errôneas aos pais. A escola é também para a criança um local de distração, um centro de interesse onde ela se encontra com seus companheiros, mas também pode 36 transformar-se, em outros casos, em um local de competitividade, onde facilmente surge o estresse. O comportamento depressivo na infância, necessariamente, também ocorrerá na escola, pois escola e depressão infantil estão relacionadas. Será no ambiente escolar que se cristalizarão as alterações afetivas. Pesquisadores afirmam que na metade dos casos observados por eles na escola encontraram a presença da inibição e que, passivo ou defensivo, o pensamento intelectivo se rompe. Do ponto de vista cognitivo, as crianças com depressão são as que, mais frequentemente, têm dificuldades para ter atenção nas aulas e entender as explicações dos professores. O declínio no desempenho escolar pode dever-se à fraca concentração ou interesse, próprios do quadro depressivo. É comum a criança não ter amigos e dizer que os colegas não gostam dela. Inabilidade em se divertir (anedonia), pobre relacionamento com seus pares e baixa autoestima também podem estar presentes. É importante destacar que os professores são frequentemente os primeiros a perceber as modificações decorrentes da depressão nessas crianças. Por outro lado, conhecer as atividades da criança na escola antes da sintomatologia é muito importante. A escola vai exercer um papel importante no diagnóstico, pois quando se instala uma depressão em uma criança, os primeiros sinais são o baixo rendimento escolar e a dificuldade em realizar as tarefas, devidos à falta de concentração. Deve-se salientar que o fracasso escolar não será, necessariamente, causado pela depressão, mas também, pode ser esta a causa. Portanto, o fracasso escolar, as dificuldades de aprendizagem e a diminuição do rendimento escolar podem ser vistos como causas e conseqüências da depressão infantil. O rendimento escolar é um dos indicadores supervalorizados pelos pais. Em alguns casos, o único a ser considerado, já que muitos pais não se preocupam ou não acompanham a evolução escolar dos seus filhos. 37 Geralmente a baixa do rendimento escolar, perante os pais que acompanham essa evolução, irá provocar sérios problemas para ambas as partes. Por outro lado a criança que repete um curso, ou vai fracassando na escola vai sentir-se responsável nas disputas familiares, percebendo-se como culpada por tudo negativo que ocorre. Desta forma, apresenta um autoconceito negativo, diminui seu nível de aspiração e aparece a dificuldade de relacionamento com outras crianças. Esta é uma fase que requer muita atenção e dedicação por parte dos pais. A ausência de uma intervenção eficaz poderá ainda mais agravar o quadro. O que inicialmente pode ser um fracasso escolar ocasional, até mesmo transitório, sem grandes complicações, poderá tornar-se um hábito comportamental que modelará e configurará o surgimento de um estilo cognitivo depressógeno. As emoções são importantes para a saúde psíquica. Somos um ser social e afetivo. Afetivo, principalmente, porque nos relacionamos uns com os outros. A nossa primeira forma de aprendizagem vem pelas relações sociais, que sempre estarão conosco. Todo e qualquer distúrbio que interfere em nossas relações sociais é profundamente danoso à aprendizagem. Segundo Antonio Damásio, neurocientista, em seu livro “O erro de Descartes”, razão e emoção estão intimamente ligadas e na ausência de sentimentos e de emoção, não se constrói a racionalidade. Biologicamente os sistemas cerebrais tanto da emoção quanto da razão estão intrinsecamente interligados. E, por mais que uma pessoa pense que sua mente estará sendo treinada para a racionalidade, esta jamais deixará de ser influenciada pela emoção. Para Wallon (2007), é inevitável que as influências afetivas, que rodeiam as crianças desde o berço, tenham sobre sua evolução mental uma ação determinante. As emoções consistem essencialmente em sistema de atitudes. A convivência social generaliza o conhecimento. Para o aluno, isto é 38 imprescindível, pois todo conhecimento deve ser remetido a um contexto de vivências, para a promoção de habilidades socioafetivas. O foco da educação tem sido o conhecimento a ser ensinado de maneira mecânica e igual a todos os alunos, sem a devida atenção à individualidade. Por sua vez os alunos, acostumados a perceberem o mundo a partir da visão do professor, aceitam passivamente essa proposta pedagógica, desempenhando um papel de receptor de informações, as quais nem sempre são compreendidas e geram conhecimento. A Neurociência Pedagógica traz para a sala de aula o conhecimento sobre a memória, o esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a afetividade, o movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações das imagens que fazemos mentalmente, o "como" o conhecimento é incorporado, as imagens que formam o pensamento, o próprio desenvolvimento infantil e diferenças básicas nos processos cerebrais da infância, e tudo isto se torna subsídio interessante e imprescindível para a compreensão da ação pedagógica. Entretanto, proporcionar uma boa aprendizagem para o aluno não depende só do professor, pois é fundamental para uma educação que pretende ajudar o aluno a perceber sua individualidade, tornando-o também responsável pelo ato de aprender, proporcionar a otimização de suas habilidades e facilitar o processo de aprendizagem. Nesse contexto, conhecer o seu padrão de pensamento pessoal e saber como usá-lo é o primeiro passo para ser um participante ativo no processo de aprender. A compreensão de como lidar com certas características pessoais ajudará o aluno a identificar, mobilizar e utilizar suas características, pois cada um aprende no seu próprio ritmo e a sua maneira. E para isso, é imprescindível que os professores conheçam os significativos estudos da neurociência, uma vez que esses, sem dúvida, influenciam na compreensão dos processos de ensino e de aprendizagem. 39 Por fim, a escola tem um importante desafio, que é o de aproveitar o potencial de inteligência de seus alunos para conquista do sucesso no processo de aprendizagem. Os professores são os principais agentes, por meio do desenvolvimento de projetos de interesse para a realidade do ensino e aprendizagem. Quando compreendem que aprendizagem envolve cérebro, corpo e sentimentos, adotam uma ação mais competente, levando em conta a influência das emoções para o desenvolvimento na construção do conhecimento. O aprender e o lembrar do estudante ocorrem no seu cérebro. A aprendizagem e a educação estão intimamente ligadas ao desenvolvimento do cérebro, que é moldável aos estímulos do ambiente. Os estímulos do ambiente levam os neurônios a formar novas sinapses. Assim, a aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente, ativando sinapses, tornado-as mais intensas. Quando se trata de educação e de aprendizagem, se fala em processos neurais, redes que se estabelecem, neurônios que se ligam e fazem novas sinapses. Numa determinada idade, as conexões entre os neurônios chegam ao seu número máximo, o que torna qualquer aprendizagem muito mais fácil, rápida e duradoura. Se os estados mentais são provenientes de padrões de atividade neural, então a aprendizagem é alcançada através da estimulação das conexões neurais, podendo ser fortalecida ou não, dependendo da qualidade da intervenção pedagógica. Quanto mais a criança é estimulada, mais são produzidas reações e respostas que se traduzem em sinapses. A neurociência oferece um grande potencial para nortear a pesquisa educacional e aplicação em sala de aula. Faz-se necessário construir pontes entre a neurociência e a prática educacional. Apesar das dificuldades de comunicação entre neurocientistas e educadores devido à linguagem diversa empregada em suas terminologias específicas profissionais, bem como a utilização de temas, métodos, lógicas e objetivos diferentes, novos desafios 40 históricos têm impulsionado a ciência e a todos aqueles que se preocupam com a integridade humana, nos aspectos físico, emocional e, em particular, sócio-cultural. Muitos neurocientistas trabalham para esclarecer e viabilizar essa possibilidade, e já encontraram alguns resultados de pesquisa sobre mecanismos cerebrais específicos envolvidos com os diversos aspectos relevantes para a educação. A história do cérebro de um ser humano começa pouco depois da concepção. Com uns dezessete dias, uma parte da superfície começa a dobrar até se fechar em um tubo. Esse tubo acabará se transformando no sistema nervoso inteiro. De 5 a 6 meses depois, o crescimento cerebral atinge a velocidade máxima de 250 mil novos neurônios por minuto. Antes mesmo de o bebê nascer, o cérebro está praticamente formado. Daí em diante, segundo o que se acreditava até há pouco tempo, ele poderia aprender coisas novas, mas não ganharia novos neurônios. Mas, essa visão mudou na década de 90, quando os cientistas provaram que o cérebro produz novas células ao longo da vida – num processo chamado de neurogênese. Desde então, descobrir como surgem novos neurônios e para que eles servem se tornou um dos temas mais estudados da neurociência. É possível que dessas pesquisas saiam formas de curar doenças como depressão e Alzheimer, retardar o envelhecimento e até garantir um melhor funcionamento do cérebro para pessoas saudáveis. Ainda há pesquisas que garantem que remédios capazes de estimular o nascimento de neurônios em cobaias conseguiram atenuar os sintomas de mal de Parkinson – uma abordagem que pode se revelar promissora para humanos. O grande sonho dos cientistas agora é controlar o processo e, possivelmente, estimular o cérebro de pessoas saudáveis a fabricar neurônios. Ainda se está distante desse sonho, mas já estão traçando um caminho. Muitos fatores que incentivam o crescimento de novos neurônios já são conhecidos. Um deles é evitar estresse, que bloqueia o crescimento de 41 neurônios. Outro é viver em um ambiente rico, com estímulos mentais e físicos variados: basta colocar ratos em jaulas agradáveis e cheias de brinquedos divertidos para que a neurogênese triplique neles. O mesmo para banhos de sol – que fazem o corpo produzir vitamina D, essencial para o crescimento das novas células – e para uma dieta rica em colina, substância presente em gema de ovos e nutriente de grande importância para a formação dos neurônios. Será possível aplicar os avanços da neurociência para melhorar o sistema educacional? Em sua coluna Bilhões de Neurônios, na Ciência Hoje On line, Roberto Lent discute essa questão a partir de resultados recentes que mostraram a existência de mecanismos cerebrais envolvidos com a aprendizagem num artigo chamado “A educação muda o cérebro”. Segundo o autor, com a profunda transformação conceitual que ocorreu na neurociência, com a descoberta de que o cérebro não é todo formado durante a vida embrionária, muitos dos avanços da neurociência podem ser aplicados na educação. Lent esclarece que a concepção conservadora do cérebro como um órgão rígido, pré-formado sob estrita ordenação genética, possivelmente se cristalizou no século 20 pela grande influência de Santiago Ramón y Cajal, pesquisador espanhol que estabeleceu a doutrina do neurônio como unidade básica do sistema nervoso. No entanto, a segunda metade do século 20, trouxe novas técnicas capazes de revelar não apenas o mapa dos circuitos neurais, mas seu funcionamento dinâmico. Daí surgiu o conceito de neuroplasticidade, que sintetiza essa capacidade dinâmica, mutante e transformadora do cérebro. A neuroplasticidade implica mudanças na transmissão de informações entre os neurônios, tornando alguns mais ativos, outros menos, de acordo com as necessidades impostas pelo ambiente externo e pelas próprias operações mentais. Fenômenos neuroplásticos mais duradouros ocorrem com o treinamento e a aprendizagem. Nesses casos, os circuitos neurais envolvidos 42 tornam-se fortes e permanentes. Se o cérebro é plástico, mutável, como aplicar esse conceito na educação? Todas essas descobertas apontam para a necessidade de os profissionais da educação e os currículos escolares levarem em consideração esses avanços científicos para que se produzam melhorias na eficácia do processo pedagógico. Segundo Relvas (2010), “a aprendizagem é uma modificação biológica na comunicação entre os neurônios, formando uma rede de interligações que podem ser evocadas e retomadas com relativa facilidade e rapidez. Todas as áreas cerebrais estão envolvidas no processo de m aprendizagem, inclusive a emoção”. Hoje se sabe o que acontece quando o cérebro está captando, analisando e transformando estímulos em conhecimento e o que ocorre nas células nervosas quando elas são requisitadas a se lembrar do que já foi aprendido. Com isso o professor pode aprimorar suas estratégias de ensino. Estão provadas, por exemplo, as vantagens de estabelecer ligações com o conhecimento prévio do aluno ao introduzir um novo assunto e de trabalhar também a emoção em sala de aula. O cérebro responde positivamente a essas situações, ajudando a fixar não somente fatos, mas também conceitos e procedimentos. A memória necessita de dois mecanismos fundamentais (Relvas, 2007): a fixação, para o acréscimo de novas informações, e a evocação, para a lembrança dos traços anteriormente assimilados. O afeto estimula esses dois mecanismos. Por esta razão, muitos estudiosos da neurociência falam do cérebro afetivo-emocional, onde as emoções são organizadas, em regiões que se conectam, dando equilíbrio ao comportamento humano. Elas ajudam ao aluno na concentração, no fluxo de atenção, no registro, na lembrança e, fundamentalmente, no prazer de aprender e ensinar, estabelecendo vínculos educativos entre professor e o aluno. 43 Então, o que vai dar qualidade ou modificar a qualidade do aprendizado será o afeto. São as nossas emoções que nos ajudam a interpretar os processos químicos, elétricos, biológicos e sociais que passamos, e a vivência das experiências que amamos é que determinará a nossa qualidade de vida. É preciso observar as diferenças individuais. O currículo, o método de ensino, a avaliação, os alunos e os professores não devem ser elementos padronizados na educação, os resultados com qualidade surgem pelo estímulo afetivo. Esse é o caminho que a escola deve traçar para alunos com baixa autoestima, rejeitados, frustrados com tantas outras somatizações que os aprisionam. Lares desestruturados não costumam a ser bons ambientes para seus filhos. Normalmente, quando chegam à escola demonstram carência afetiva e alguns problemas emocionais. Podem não possuir a noção de trabalho em grupo nem os termos dos direitos e deveres. Apresentam dificuldades de concentração, sentem-se rejeitados. A soma desses fatores tem como resultado as dificuldades de aprendizagem. É também papel da escola possibilitar ao educando o reencontro dos valores que ocasionalmente ficaram suprimidos no seu ambiente familiar. A depressão na infância surge como um dado do panorama atual. O mundo atual comanda uma busca insaciável por consumo e satisfação. Jovens, crianças e adolescentes são estimulados nas suas emoções e sentimentos pelo sucesso imediato. Em razão disso, desejam encontrar suas identidades mediante um modo de vida material. A identidade é formada e transformada continuamente em relação aos sistemas culturais que rodeiam as pessoas. Os jovens são direcionados para viverem impreterivelmente os acertos, mas não os percalços ou os fracassos. Promover o desenvolvimento de inteligências em indivíduos naturalmente criativos não é a mesma coisa que promovê-las em um universo de dificuldades de aprendizagem e em alunos com transtornos, como a 44 depressão. Porém, alguns educadores já fundamentam seus trabalhos em alunos que representam desafios para o aprendizado. O amor é o grande diferencial na educação, porque quem ama não teoriza somente, mas é impelido a vivenciar suas experiências afetivas. “Sempre que comunicamos alguma coisa a algum aluno devemos procurar atingir o seu sentimento” (Vygotsky, 2004). Os pais e professores podem ajudar no tratamento da depressão estimulando a criança a brincar, participar de atividades recreativas e esportivas para que possa melhorar seu humor e manter contato com outras crianças. Na depressão infantil essas atividades não são contra-indicadas, pelo contrário deve-se estimulá-las constantemente. A prevenção passa pelo conhecimento da dinâmica familiar. A prevenção ideal seria orientar os pais para estabelecerem laços mais afetivos com os filhos, estimulando-os em seu desenvolvimento psicossocial. Se os pais observarem mais seus filhos em casa poderão notar que algo de errado está ocorrendo com eles e nesse momento buscar ajuda para solucionar os conflitos e a intervenção será muito mais efetiva. Em muitas situações os pais devem, também, ser orientados a uma terapia familiar. Kashani (1986) conclui, em um estudo realizado sobre depressão infantil, que sempre se devem incluir as informações de professores em quaisquer estudos de depressão infantil. Deve-se lembrar que a criança nunca vai dizer que está deprimida, por isso é necessário observar essa depressão de forma mais clara através dos desenhos e atitudes das crianças. Cunha (2010) afirma que “na educação, estamos em um processo de constante construção, desconstrução e reconstrução, e isso se torna mais evidente nas dificuldades de aprendizagem. Não importa o tempo em que iremos semear a semente afetiva do aprendizado, ela será sempre uma semente. Dará frutos a seu tempo, se verdadeiramente afetarmos nossos alunos pelo amor e pelo prazer em educar”. 45 CONCLUSÃO Os seres humanos se entristecem ou se alegram com facilidade, em decorrência de acontecimentos da vida. Essa experiência, de flutuações diárias no afeto, é universal e normal. Em algumas pessoas, no entanto, estas flutuações se tornam excessivas em termos de intensidade e/ou duração, passando a interferir de forma significativa em seu cotidiano. Apresenta-se, nesse caso, a depressão. A velocidade do mundo fragmentou o homem moderno. Uma mudança estrutural está transformando as sociedades, mudando as identidades das pessoas, internalizando nos indivíduos significados e valores externos, que expressam as características deste tempo e os seus objetivos. Várias hipóteses promissoras da depressão e ações de antidepressivos têm sido formuladas recentemente, mesmo assim, as etiologias desta condição ainda não são claras. Essas hipóteses têm sido baseadas na genética, meioambiente, desequilíbrio hormonal, circuito neural e neuroanatomia. O aporte de técnicas mais modernas de exames para investigação do sistema nervoso central vem influenciando de forma contundente os estudos dos transtornos mentais. Com o desenvolvimento das neurociências, postulase que, como a percepção e a ação, a emoção é relacionada a circuitos cerebrais distintos. Muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar, cientificamente, as questões relativas à emoção, possibilitando a melhoria da qualidade de vida humana na sociedade atual, disponibilizando tratamentos efetivos. 46 No Brasil, ainda são escassos os estudos sobre a depressão, especialmente quando se trata de crianças. Todavia, apesar de serem poucos, os estudos confirmam a existência de depressão nessa população. Diante desse quadro, faz-se necessário cada vez mais pesquisas que aumentem o conhecimento acerca da incidência da depressão infantil no Brasil e principalmente que dados provenientes de estudos mais sistemáticos sejam traduzidos em informações úteis a serem compartilhadas com educadores, pois somente assim estes terão as ferramentas necessárias para melhor compreender a depressão e suas relações com a aprendizagem. Além disso, acredita-se que o fato de se conhecer melhor a depressão infantil e suas características, possibilita o encaminhamento precoce, bem como uma atuação preventiva por parte daqueles envolvidos com a criança. Os estudos dos aspectos neuropsicológicos dos transtornos mentais e, no caso desse estudo, da depressão são de grande importância na medida em que permitem a aproximação do campo das neurociências e da educação. Não se pode perder a dimensão crítica dos achados encontrados, havendo várias questões e controvérsias que ainda permanecem em aberto. Porém, sem dúvida, vários aspectos vêm sendo melhor entendidos pelos pesquisadores, abrindo caminhos para a busca de técnicas mais eficazes de diagnóstico, tratamento e prevenção de eventuais sequelas cognitivas nos estudantes. 47 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Andriola, W. B. & Cavalcante, L. R. Avaliação da depressão infantil em alunos da pré-escola. Psicol. Reflex. Crit., 12, 419-428, 1999. Bahls, S. C. 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