Introdução à Lógica Formal Disciplina de Introdução a Lógica 12/03/2015 Introdução É razoável esperar que a relação entre a computação e a lógica matemática produza tantos frutos... quanto a que se instalou entre a Análise Matemática e a Física no curso do século XIX (John McCarthy, 1963). 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 2 Introdução • O que é Lógica? 1. O estudo da Lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto (Copi, 2001); 2. A Lógica formal é uma ciência que determina as formas corretas (ou válidas) de raciocínio (Dopp, 1970); 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 3 Introdução • O que é Lógica ? 1. Lógica é o estudo dos argumentos. 2. Um argumento é uma sequência de enunciados na qual um dos enunciados é a conclusão e os demais são premissas, as quais servem para provar a conclusão (John Nolt, 1991). 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 4 Introdução • Por exemplo: – Sócrates é homem. – Todos os homens são mortais. – Logo, Sócrates é mortal. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 5 Introdução • Por exemplo: – Há exatamente 136 caixas de laranja no depósito. – Cada caixa contém pelo menos 140 laranjas. – Nenhuma caixa contém mais do que 166 laranjas. – Logo, no depósito estão pelo menos 6 caixas contendo o mesmo número de laranjas. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 6 Introdução ● ● O objeto de estudo da lógica é o argumento para entender se o argumento é válido ou não. A lógica serve para nos dizer quando estamos ou não diante de argumentos e quando estes são válidos 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 7 Introdução • É válido? – Ha exatamente 136 caixas de laranja no depósito. – Cada caixa contém pelo menos 140 laranjas. – Nenhuma caixa contém mais do que 166 laranjas. – Deste modo, no depósito estão pelo menos 6 caixas contendo o mesmo número de laranjas. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 8 Introdução • É válido? – Alguns números são pares. – Alguns números são impares. – Logo, alguns números são pares e impares. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 9 HISTÓRIA DA LÓGICA 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 10 História da Lógica • Lógica Aristotélica – O estudo das condições para um dado raciocínio estar correto. – Desenvolvida por Platão e sintetizada por Aristóteles. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 11 História da Lógica • Lógica Medieval – Nos séculos XIII a XV foram realizados progressos na lógica aristotélica. – A lógica tornou-se mais sistemática e progressiva. – A partir de um conjunto de premissas universais, buscava-se explicar todos os fenômenos por meio do processo dedutivo. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 12 História da Lógica • Período Moderno – Lógica matemática – Concepção de uma nova linguagem simbólica para transformar a lógica numa álgebra. – A lógica passou a ser vista como um calculo, tal como a álgebra. – É atribuído a George Boole (1815-1864) a criação da lógica matemática. – A álgebra booleana é fundamental para o desenho dos circuitos dos computadores. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 13 História da Lógica • Período Moderno – Lógica matemática – No século XIX são criados os seguintes sistemas lógicos: o cálculo proposicional e o cálculo de predicados. – Frege (1848-1925) introduziu a função proposicional, o uso de quantificadores e a formação de regras de inferência primitivas. – Frege procurou transformar os raciocínios dedutivos em demonstrações matemáticas. – Tudo deveria ser matematicamente explicado. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 14 História da Lógica • Período Contemporâneo – A lógica possui atualmente um sistema completo de símbolos e regras de combinação de símbolos para obter conclusões válidas. – Este fato torna a lógica uma ferramenta para construção de computadores e máquinas inteligentes. – Máquinas que imitam as nossas capacidades intelectuais. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 15 AS BASES DA LÓGICA 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 16 Primitivas Lógicas • A lógica possui as seguintes noções primitivas: 1) A noção de proposição e da verdade de uma proposição; 2) A noção de asserção ou julgamento; 3) A noção de evidência ou de prova de um julgamento; 4) A noção de correção ou validade de uma prova. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 17 1) Proposição e valor verdade • Combinação de um substantivo e de um verbo, constituindo um sentença declarativa à qual se pode atribuir um valor verdade (verdadeiro ou falso). Por exemplo: • – O homem aprende; – O céu é azul; – Hoje é terça-feira. • 12/03/15 Estão excluídas, entre outras, sentenças interrogativas, auto-referentes. Prof. Marcos A. Schreiner 18 Proposição e os Princípios da Lógica ● Princípio da Identidade: – A é A e não pode ser B, C ou D... – Uma proposição é o que é. 12/03/15 ● O que é, é; e ● o que não é, não é. Prof. Marcos A. Schreiner 19 Proposição e os Princípios da Lógica ● Princípio da Não Contradição – Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. – Por exemplo: ● Tereza é e não é Palotinense. – Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo; – Uma proposição e a sua negação não podem ser simultaneamente verdadeiras; e – Duas proposição contraditórias não podem ser simultaneamente verdadeiras. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 20 Proposição e os Princípios da Lógica ● Princípio do Terceiro Excluído – Uma coisa deve ser, ou então não ser; não há uma terceira possibilidade. – Uma proposição é verdadeira, ou então é falsa; não há outra possibilidade, não há meio termo. – Em duas proposições contraditórias, se uma é verdadeira, a outra é falsa, e se uma é falsa, a outra é verdadeira, não há meio termo. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 21 2) Noção de asserção ou julgamento • A lógica Aristotélica é o estudo da concepção, do julgamento, e do raciocínio; – Os conceitos são expressos por termos gerais. Por exemplo: • Homem, Sócrates, etc. – Os julgamentos são expressos por proposições constituídas por dois conceitos e pelo verbo “é” ou “não é” Por exemplo: ● 12/03/15 Sócrates é um homem. Prof. Marcos A. Schreiner 22 2) Noção de asserção ou julgamento – Os raciocínios ou inferências são sequências de proposições pela qual se obtêm uma conclusão. Por exemplo: 12/03/15 ● Sócrates é homem. ● Todos os homens são mortais. ● Logo, Sócrates é mortal. Prof. Marcos A. Schreiner 23 Universal X Individual ● As proposições podem ser: ● ● Termos gerais (universais) X termos singulares (individuais); As proposições podem ser relacionadas logicamente de acordo com o “quadrado lógico” ou “ tábua de oposições”. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 24 Universal X Individual • Tipos de proposições e exemplos: – A: Afirmação universal. Por exemplo: • Todo homem é mortal; – E: Negação universal. Por exemplo: • nenhum homem é mortal; – I: Afirmação particular. Por exemplo: • Algum homem é mortal; – O: Negação particular. Por exemplo: ● 12/03/15 Algum homem não é mortal. Prof. Marcos A. Schreiner 25 Universal X Individual Tábua de oposições ias r ó t di a r t con I 12/03/15 E subalternas subalternas A contrárias subcontrárias Prof. Marcos A. Schreiner O 26 Universal X Individual • Relacionamento entre proposições : – A e E são ditos contrários: se a proposição A é verdadeira então E é falsa. Por exemplo: • Todo homem é mortal (A). • Nenhum homem é mortal (E). – A e O e também E e I são contraditórios. Por exemplo: ● Todo homem é mortal (A). ● Algum homem não é mortal (O). 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 27 Universal X Individual – I e O são subcontrários: não podem ser ambos falsos. Por exemplo: ● ● 12/03/15 Algum homem é mortal (I); Algum homem não é mortal (O). Prof. Marcos A. Schreiner 28 Universal X Individual – I é subalterno de A, e O é subalterno de E; se A é verdadeira, I também o é, e se E é verdadeira então O também o é. Por exemplo: ● ● ● ● 12/03/15 Todo homem é mortal (A). Algum homem é mortal (I). Nenhum homem é mortal (E). Algum homem não é mortal (O). Prof. Marcos A. Schreiner 29 Universal X Individual • Além do Tábua de Opodições: – O matemático Euler representou quatro relações lógicas na forma de diagramas de conjuntos (diagramas de Venn-Euler). – Seja S o termo sujeito. Se P é um predicado, então as proposições podem ser representadas pelos diagramas a seguir. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 30 Universal X Individual • Proposição A: inclusão total (todo S é P) P S • Proposição E: exclusão total (nenhum S é P) P 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner S 31 Universal X Individual • Proposição I: inclusão parcial de S em P (algum S é P) S P • Proposição O: exclusão parcial de S em P (algum S não é P) S 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner P 32 3) Evidência ou prova de um julgamento • Os raciocínios lógicos ocorrem na forma de sequências de proposições geradas por inferências imediatas obtidas da tábua de oposições. • Um silogismo é um discurso no qual, estando dadas certas proposições (premissas), uma nova proposição conclusão é obtida necessariamente e unicamente a partir das premissas. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 33 3) Evidência ou prova de um julgamento • Usualmente os silogismos são apresentados da seguinte forma: – Premissa maior – Premissa menor – Conclusão • Seja termo menor (S) é o sujeito da conclusão, o termo maior (P) é o predicado da conclusão, e o termo comum às premissas é o termo médio (M). 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 34 Evidência ou prova de um julgamento • Exemplos: – Todos os mamíferos são vertebrados (P) (premissa maior) – Todos os homens (S) são mamíferos (premissa menor) portanto – Todos os homens são vertebrados (conclusão). (S) (P) – Termo Médio M: Mamíferos 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 35 4) Correção ou validade de uma prova • Nem todos os silogismos são válidos; • O estudo da Lógica por Aristóteles, e posteriormente na idade média, buscou separar os silogismos válidos; • Pode-se deduzir a validade ou não de um silogismo a partir dos diagramas de Venn-Euler correspondentes; 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 36 4) Correção ou validade de uma prova • Exemplo: – Todos os animais venenosos (M) são perigosos (P) <tipo A>; – Algumas serpentes (S) são animais venenosos (M) <tipo I>; Portanto – Algumas serpentes (S) são perigosas (P) <tipo I>. P 12/03/15 M S Prof. Marcos A. Schreiner 37 Correção ou validade de uma prova • Verdade e validade (ou correção): – Um silogismo é válido (correto) sse (se e somente se) a verdade da conclusão segue necessariamente da verdade das premissas; – Os silogismos portanto “transmitem” a verdade das premissas à conclusão; – Exclui a possibilidade de que um silogismo válido possa ter premissas verdadeiras e conclusão falsa; – Não exclui a possibilidade de que a conclusão de um silogismo válido seja falsa se a premissa for falsa. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 38 Correção ou validade de uma prova Exemplo: – Todos os animais marinhos são peixes (F); – Todas as baleias são animais marinhos (V); Portanto: – Todas as baleias são peixes (F). 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 39 Correção ou validade de uma prova Exemplo: – Nenhum submarino de propulsão nuclear (M) é navio Mercante (P). – Todos os Submarinos de propulsão Nuclear (M) são vasos de guerra (S). Portanto: – Nenhum vaso de guerra (S) é Navio Mercante (P). (falso) S M 12/03/15 S P Prof. Marcos A. Schreiner 40 Exercícios 1) Indique a forma do silogismo (termos, tipos e diagrama), e indique se mesmo é válido ou não: a) 12/03/15 Todos os gregos são homens; Todos os atenienses são gregos; Todos os atenienses são homens. Prof. Marcos A. Schreiner 41 Exercícios b) Todos os socialistas são marxistas; Alguns governantes são marxistas; Alguns governantes são socialistas. c) 12/03/15 Todas as ações penais são atos cruéis; Todos os processos por homicídio são ações penais; Todos os processos por homicídio são atos cruéis. Prof. Marcos A. Schreiner 42 Exercícios d) Alguns papagaios não são animais nocivos; Todos os papagaios são animais de estimação; Nenhum animal de estimação é nocivo. e) Nenhum ator dramático é um homem feliz; Alguns comediantes não são homens felizes; Alguns comediantes não são atores dramáticos. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 43 Exercícios 2. Escreva na forma típica, indique termos, diagrama, e verifique a validade: a) Alguns sempre-verdes são objetos de culto, porque todos os abetos são sempre-verdes e alguns objetos de culto são abetos; b) Todos os satélites artificiais são importantes realizações científicas, portanto, algumas importantes realizações científicas não são invenções americanas, à medida que alguns satélites artificiais não são invenções americanas. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 44 Exercícios c) Nenhum ator de televisão é contador público, mas todos os contadores públicos são homens de bom senso comercial; segue-se que nenhum ator de televisão é homem de bom senso comercial. d) Alguns conservadores não são defensores de tarifas elevadas, porque todos os defensores de tarifas elevadas são republicanos, e alguns republicanos não são conservadores. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 45 Exercícios e) Todos os aparelhos de alta fidelidade são constituídos de mecanismos caros e delicados, mas nenhum mecanismo caro e delicado é um brinquedo adequado para as crianças; por conseqüência, nenhum aparelho de alta fidelidade é um brinquedo adequado para crianças. f) Todos os delinqüentes juvenis são indivíduos desajustados e alguns delinqüentes juvenis são produtos de lares desfeitos; logo, alguns indivíduos desajustados são produtos de lares desfeitos. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 46 Exercícios g) Todas as pessoas são compostos orgânicos; daí, todas as enzimas são proteínas, porque todas as enzimas são compostos orgânicos. h) Nenhum carro de corrida foi feito para ser conduzido em velocidades moderadas, mas todos os automóveis destinados a uso familiar são veículos feitos para serem conduzidos em velocidades moderadas; segue-se, então, que nenhum carro de corrida é automóvel destinado a uso familiar. 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 47 Referências COPI, Irving. M. Introdução à lógica. São Paulo: Mestre Jou, 2001. MURCHO, Desidério, Introdução à Lógica. 1999. Disponível em: http://dmurcho.com/docs/introlog.pdf 12/03/15 Prof. Marcos A. Schreiner 48