IDEIAS A RETER SOBRE A GRÉCIA O regime democrático apareceu em Atenas no século V a.C., concretizado pelas reformas legislativas levadas a efeito pelo arconte Clístenes (508 a 507) e mais tarde aperfeiçoadas pelo estratego Péricles, uma das mais célebres personalidades do século V ateniense. •A democracia ateniense foi uma democracia directa pois era a comunidade dos cidadãos (os demos) que governava a polis, preenchendo assembleias e cargos, em condição de igualdade e sem distinções de nascimento ou fortuna. Apesar da participação na vida política ser considerada um dever, além de um direito, a partir de Péricles todas as funções passaram a ser pagas mediantes as mistoforias. • Os órgãos mais importantes da organização democrática ateniense foram: a Eclésia, a Bulé, os tribunais do Areópago e do Helieu e as magistraturas (arcontes e estrategos). • A Eclésia composta por todos os cidadãos, era o órgão-base da soberania. Era a Eclésia que elegia ou sorteava os magistrados dos outros órgãos de poder. Estes assumiam mandatos temporários e rotativos e eram obrigados a prestar contas do seu desempenho anualmente. • Entre os magistrados, os estrategos tiveram lugar de destaque pela responsabilidade das funções militares e porque podiam ser reeleitos, o que lhes permitiu granjear prestígio e respeito. O mais célebre estratego ateniense foi Péricles, eleito para o cargo quinze vezes seguidas. •Para proteger a sua democracia do poder pessoal e de outros abusos (demagogia, traição …), os atenienses criaram o ostracismo, lei pela qual um cidadão, que se tornasse indesejável politicamente, podia ser expulso da cidade por um período de dez anos. • Os cidadãos – os homens livres, maiores, filhos de pai e mãe atenienses e inscritos nos demos – usufruíam dos seguintes direitos: igualdade perante a lei (ISONOMIA), igualdade no acesso a cargos políticos (ISOCRACIA) e igualdade no uso da palavra (ISEGORIA). • A palavra foi o veículo de expressão e de concretização da democracia. Transformou-se numa forma de poder, quando bem utilizada. Daí a importância da oratória como instrumento político. • A democracia ateniense aplicou-se, contudo, a um número muito reduzido da sua população: apenas aos cidadãos, estando excluídos as mulheres, os metecos e os escravos. * Na época clássica, Atenas e algumas polis do mundo grego conheceram um momento socioeconómico de estabilidade e prosperidade interna, o que lhes proporcionou o florescimento da sua cultura cívica e religiosa e o aperfeiçoamento da educação escolar. •O currículo escolar compreendia, para as crianças entre os 7 e os 14 anos, a leitura, a escrita, a gramática, a aritmética, a música e a educação física. Dos 15 aos 18 anos, os jovens (efebos) intensificavam a preparação física nos ginásios, palestras e estádios, e entravam no domínio das disciplinas superiores como a Filosofia, a Retórica, a Dialéctica, a História e a Política, ministradas gratuitamente pelos filósofos e mais tarde pelos sofistas. Esta educação visava o pleno exercício da soberania. • Contudo, a maior mestra dos gregos era a própria polis que oferecia aos seus habitantes muitas oportunidades para exercer e cultivar o espírito, nomeadamente durante as numerosas festividades cívico-religiosas, de âmbito local ou pan-helénico. •Na Grécia clássica, as maiores festividades revestiam carácter religioso e cívico e eram ocasiões solenes para os Gregos que as viviam com alegria, aproveitando para conviver e estreitar laços de união uns com os outros (algumas chegavam a fazer parar as guerras). • O teatro foi uma das maiores manifestações da cultura grega, possuindo objectivos pedagógicos e moralizadores. As peças, escritas em verso, obedeciam a regras formais próprias e dividiam-se em tragédias e comédias, consoante o tema e os objectivos. O seu conteúdo religioso era um pretexto para a análise profunda do comportamento e da alma humanos. • O carácter humanista e racional do pensamento grego alcançou a sua máxima expressão na Filosofia, actividade especulativa que visa o conhecimento pelo conhecimento. Nascida nas cidades gregas da Ásia Menor, a Filosofia abarcou inicialmente todos os saberes, interrogandose primeiro sobre o mundo físico e cosmológico e, mais tarde (com Sócrates e seus discípulos), sobre o Homem, seu mundo interior e processos de pensamento. • Também na História o racionalismo grego se evidenciou, dando origem com Heródoto, à preocupação com a veracidade dos factos e, com Tucídides, ao desenvolvimento de um método de construção da História, baseado na construção e na crítica das fontes, com vista à explicação dos factos. •Era uma democracia para os cidadãos, em que as mulheres e os estrangeiros não tinham direitos políticos e os escravos eram considerados “instrumentos de trabalho”, apesar de na prática, o regime ateniense foi brando com os escravos, salvaguardando-lhes o direito à vida e autorizando-os a exercerem pequenos cargos públicos, o que lhes atribuía certa respeitabilidade; •Valorizam o colectivo em detrimento do individual (os interesses do Estado acima dos cidadãos). A intocabilidade da lei sobre as quais não admitia qualquer censura; •Instabilidade causada pelas demoradas e controversas discussões deliberativas e pela constante mudança dos magistrados; •Os demagogos (indivíduos corruptos) que com inteligentes artifícios de linguagem conduziam o povo para soluções erróneas; A falta de selecção dos governantes, já que a escolha por sorteio permitia que até os mais inaptos assumissem cargos, em detrimento dos mais hábeis e preparados (falta de preparação cultural, escolar para os mais pobres); •Fraquezas do poder político que, sendo apanágio de todos, tinha, por vezes, dificuldade de fazer cumprir a lei internamente e para se impor externamente. Devido ao sistema de sorteio que favorecia a escolha do vulgar cidadão para uma multiplicidade de cargos; •O imperialismo ateniense da Liga de Delos pagava os custos da democracia.