Péricles (492-429 A

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Péricles (492-429 A.C.) Político ateniense. Weber observa que se assumiu
como um demagogo pelo carisma de espírito e de discurso. Porque, como dizia
Fénelon, em Atenas tudo dependia do povo e o povo
dependia da palavra. Tudo dependia da palavra, do discurso,
na agora, quando se reunia a assembleia dos cidadãos e se
discursava do palanque. Porque, conquistar a palavra era
conquistar o poder. E foi pelo discurso de Péricles que se
consciencializou a democracia. Aquele regime que tem como
fim a utilidade do maior número e não a de uma minoria.
Aquele regime onde as dignidades não são distribuídas
segundo a fortuna de cada um; as funções nunca têm uma
longa duração; todos os cidadãos são chamados a julgar nos
tribunais; a decisão sobre todas as coisas depende da Assembleia geral dos
cidadãos. Mas, na época, Atenas está em decadência. Durante vinte e sete
anos vai enfrentar Esparta e os seus aliados na Guerra do Peloponeso
(431a.C.- 404 a.C.). Uma guerra que termina coma derrota de Atenas e em
circunstâncias de sedição interna, com um tentativa de tirania, a famosa Tirania
dos Trinta, a que se seguiu o regresso da democracia, com uma bem
intencionada amnistia. Péricles torna-se no símbolo da democracia ateniense,
sendo aliás sobrinho-neto do reformador Clístenes. Destaca-se como orador e
estratego e assume um dos primeiros processos democráticos de
personalização do poder. Conforme entao salienta Tucídedes, sob o nome de
democracia era, de facto, o primeiro dos cidadãos que governava, assumindo
algo de semelhante ao que virá a ser o principado romano. Institui a
remuneração dos cargos políticos (misthophoria). Mas tal não levou a que os
mais pobres pudessem ser cidadãos activos. Outra das facetas de Péricles tem
a ver com a ligação da democracia ateniense ao processo imperialista
relativamente ao mar Egeu, desenvolvendo a frota e fazendo do Pireu o
primeiro porto mediterrânico, garantindo assim rendimento para os cidadãos
mais pobres. Desenvolve depois um processo de íntima ligação com as várias
colónias gregas. Dirigindo Atenas com moderação estabelece um plano de
grandes obras públicas na Acrópole, numa espécie de processo de combate ao
desemprego. Dirigindo a cidade durante cerca de trinta anos, acaba por criar
um orgulho cívico e garantindo o prestígio da idade. Amigo de poetas como
èsquilo e Sófocles e de filósofos como Protágoras e Sócrates. Tem plena
confiança do demos, reunindo à sua volta os chamados homens de bem
(kaloikagathoi). Defende a ruptura entre Atenas e Esparta no processo da
chamada Guerra do Peloponeso. Privado do seu cargo em 428, logo é reeleito
em 429.
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