Imprimir () 11/02/2016 ­ 18:27 Bovespa fecha em queda com sinais de fraqueza da economia global Por Téo Takar SÃO PAULO ­ A Bovespa fechou com queda expressiva nesta quinta­feira, em linha com as baixas registradas pelas principais bolsas mundiais. Investidores retomaram a forte aversão ao risco observada no início da semana – quando a bolsa brasileira estava fechada por causa do Carnaval – em função dos sinais de fraqueza da economia global e de incertezas sobre a saúde do sistema financeiro na Europa. O mercado voltou a acompanhar as declarações da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, que fez novo depoimento hoje, desta vez na Comissão de bancos do Senado americano. Ela foi questionada algumas vezes sobre a possibilidade de o Fed adotar o juro negativo, como diversos bancos centrais têm feito. Hoje, o banco central da Suécia reduziu ainda mais sua taxa básica, de ­0,35% para ­0,50%. Porém, Yellen disse que não vê mudança na perspectiva econômica que torne provável um corte no juro americano. No ambiente doméstico, investidores não gostaram de saber da decisão do governo de adiar o anúncio do corte no Orçamento para março. O contingenciamento estava previsto para ser divulgado amanhã. O assunto foi discutido nesta quinta­feira em reunião da junta orçamentária realizada no Palácio do Planalto que contou com a participação da presidente Dilma Rousseff. Também circularam nas mesas de operações rumores de que a agência Moody’s pode anunciar a qualquer momento o rebaixamento da nota soberana brasileira. Técnicos da agência estiveram no país antes do Carnaval para analisar as contas do governo. Apesar da expectativa, operadores não esperam grande impacto do anúncio sobre o mercado, uma vez que a Moody’s será a última das três grandes agências a tirar o grau de investimento do país. O Ibovespa fechou em baixa de 2,62%, aos 39.318 pontos, depois de marcar mínima nos 38.928 pontos (­3,58%). Apesar do pregão tenso, o volume financeiro ficou abaixo da média, com R$ 4,971 bilhões. Entre as principais ações do índice, Vale PNA (­4,13%) puxou as perdas, seguida por Itaú PN (­2,96%), Bradesco PN (­2,58%), Brasil Foods ON (­2,03%), Petrobras PN (­1,85%) e Ambev ON (­0,50%). Para o economista­chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o Fed terá que incorporar aos poucos a piora do cenário global. “A Yellen já fez algumas ressalvas bastante sugestivas nas suas últimas declarações. Mas é claro que ela não pode virar e dizer: olha, nós estávamos errados [ao subir o juro no fim do ano passado].” Gonçalves espera novas quedas das ações, mas admite que é difícil dizer “quanto está na conta”. “O caso do Deutsche Bank certamente vai além da fronteira da Alemanha.” Para ele, a aversão ao risco com o setor financeiro tende a contaminar inclusive os bancos brasileiros. “Não vejo por que o setor aqui ficaria de fora dessa piora.” Ele lembra que entre os fatores que prejudicam o setor no país estão a fraqueza da economia, a tendência de aumento da inadimplência das empresas e o encarecimento das fontes da captação, justamente por causa do maior receio dos investidores. A lista de maiores baixas do Ibovespa trouxe as siderúrgicas: Gerdau Metalúrgica PN (­15,43%), Usiminas PNA (­12,37%), Gerdau PN (­11,63%) e CSN ON (­10,80%). Apenas três das 61 ações do índice fecharam no azul: MRV ON (1,44%), Natura ON (0,95%) e Suzano PNA (0,92%). (Téo Takar | Valor)