A ação nutricional do ácido benzóico já foi confirmada

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ÁCIDO BENZÓICO NA DIETA DE LEITÕES
LÚCIO F. ARAÚJO1*, THAIS R. GHELER1, MAURÍCIO F. PRATA2, OTTO M. JUNQUEIRA3,
CRISTIANE S. S. ARAÚJO4
1 Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos – FZEA/USP - Pirassununga/SP –
[email protected]; 2 DSM Produtos Nutricionais Brasil. São Paulo/SP; 4 Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias – UNESP– Jaboticabal/SP; 4Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia - FMVZ/USP - Pirassununga - SP
ÁREA: ( X ) Pesquisa; ( ) Extensão
NÍVEL: ( ) Ensino médio; ( X ) Superior
INFORMAR EDITAL ESPECÍFICO (em caso de obrigatoriedade): Editais 168/2014
RESUMO
Foi realizado um experimento com o objetivo de avaliar a utilização de ácido
benzóico na dieta de leitões desmamados no período de 28 a 70 dias de idade. O
experimento foi dividido em três fases (pré-inicial I –28 a 35 dias; pré-inicial II – 36 a 46 dias
e inicial - 47 a 70 dias). Foram utilizados 160 leitões Dallan x Penarlan, distribuídos em blocos
ao acaso, com 5 tratamentos, (0%; 0,25%; 0,50% e 0,75%) de ácido benzóico (99,9%) e 1
tratamento controle com ácido fumárico nas dietas com 8 repetições (4 de machos e 4 de
fêmeas) de 4 animais cada, totalizando 40 unidades experimentais. Foram avaliados durante
todo o período experimental: o desempenho, a incidência de diarréia e aos 70 dias de idade
foram avaliadas características histológicas e lesões gástricas. Os dados obtidos foram
analisados utilizando-se teste de comparação de médias (Tukey) ao nível de 5% de
probabilidade através do pacote computacional SAS. Considerando a análise dos dados
conclui-se que o ácido benzóico é um importante aditivo a ser utilizado na dieta de leitões
desmamados, proporcionando melhor desempenho dos animais e consequentemente,
maior lucratividade para o produtor.
Palavras-chave: Ácidos orgânicos; Nutrição; Suínos.
INTRODUÇÃO
O leitão jovem constitui a categoria de suínos com maiores dificuldades em atender as
demandas em nutrientes porque o sistema digestivo do leitão recém-nascido está
naturalmente adaptado ao leite da porca e a troca desse alimento por outro tipo de
alimentação, no caso do desmame precoce, pode associar-se a distúrbios gastrointestinais e
redução no crescimento (FERREIRA et al., 1988). Como consequência, o sistema digestivo do
leitão não se encontra apto para modificar o pH, a secreção enzimática, a motilidade e a
absorção intestinal, provocadas pelo novo regime alimentar. O baixo pH gástrico é essencial
para a eficiente digestão de proteínas. Além disso, após o nascimento do leitão, pode-se
observar um decréscimo gradual da altura das vilosidades do intestino delgado, a partir da
primeira semana de vida. As mudanças morfológicas no intestino são decorrentes,
principalmente, do processo estressante do desmame e da exposição do órgão às dietas e a
intensidade destas alterações estaria mais associada à qualidade dos alimentos utilizados na
1
formulação das dietas (DUNSFORD et al., 1989). Dietas especiais e diferentes sistemas de
alimentação têm sido desenvolvidos a fim de contornar problemas, como a fisiologia
digestiva dos leitões, decorrentes do desmame, com o intuito de se obter ótimo
desempenho. Os ácidos orgânicos se destacam como componentes destas dietas especiais.
Os ácidos orgânicos são amplamente distribuídos na natureza como constituintes naturais
de plantas ou tecidos animais. Ácidos orgânicos com valores elevados de pKa são
conservantes mais efetivos e sua atividade antimicrobiana é geralmente melhorada com o
aumento do grau e intensidade de saturação (FOEGEDING & BUSTA, 1991). O ácido benzóico
é o mais importante ácido carboxílico aromático sendo que os sais desse ácido foram
largamente utilizados como fármacos, agindo como antipirético, antifúngico e anti-séptico e
também no tratamento da tuberculose, difteria e reumatismo. O objetivo do presente
trabalho foi estudar os efeitos de diferentes níveis de inclusão do ácido benzóico nas dietas
de suínos de 28o ao 70o dia de idade, sobre o desempenho e características histológicas do
intestino (morfologia intestinal do duodeno).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 160 leitões Dalland x Penarlan, desmamados, de ambos os sexos, que
foram alojados em um galpão experimental com 21 dias de idade, os quais passaram por
uma semana de adaptação. O experimento foi dividido em três fases, que corresponderam
ao tempo de fornecimento de cada dieta: pré-inicial I (28 a 35 dias), pré-inicial II (36 a 46
dias) e fase inicial (47 a 70 dias). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao
acaso com 5 tratamentos (0%; 0,25%; 0,50% e 0,75%) de ácido benzóico (99,9%) e 1
tratamento testemunha com ácido fumárico nas dietas com 8 repetições (4 de machos e 4
de fêmeas) de 4 animais cada, totalizando 40 unidades experimentais. Foram avaliados
dados de desempenho (consumo médio diário de ração, ganho de peso médio diário e
conversão alimentar) e de morfologia intestinal (altura das vilosidades, profundidade das
criptas e relação altura das vilosidades:profundidade das criptas). Ao final do experimento,
dois animais de cada repetição foram abatidos para realizar a colheita de amostras do
duodeno e, para verificar a incidência de úlceras gástricas. Após os procedimentos de abate,
os animais foram eviscerados e retirados o estômago para proceder a análise visual da
mucosa gástrica, sendo classificado como positivo (presença de úlceras) ou negativo
(ausência de úlcera). Foi verificada também a incidência de diarreia durante dois dias ao
final de cada semana do período experimental. Foi avaliada por um único observador por um
período de 2 horas (1 hora pela manhã e 1 hora à tarde) sendo considerado como diarreia as
fezes que se apresentaram amolecidas a líquidas e/ou com mudança de coloração. Para as
análises estatísticas das características avaliadas utilizou-se o pacote computacional SAS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença para o peso inicial dos animais (Tabela 1). No que diz respeito a todo o
período experimental, os tratamentos sem a inclusão de ácidos e com a utilização do ácido
fumárico apresentaram menor peso corporal final. O maior ganho médio diário foi
apresentado com a inclusão de 0,50% e 0,75% de ácido benzóico sendo que a conversão
alimentar não foi afetada.
2
Tabela 1 – Peso inicial (PI), peso final (PF), consumo médio diário (CMD), ganho médio diário
(GMD) e conversão alimentar (CA) de leitões no período de 28 a 70 dias de idade recebendo
diferentes níveis de ácido benzóico
Ácido benzóico
PI (kg)
PF(kg)
CMD (g)
GMD (g)
CA (g/g)
0,00
6,968
30,656 c
987 c
564 b
1,75 a
0,25
7,223
32,633 b
1.049 ab
605 ab
1,73 a
0,50
7,270
33,352 b
1.052 ab
621 a
1,69 a
0,75
7,375
34,171 a
1.092 a
638 a
1,71 a
Ac. Fumárico
7,134
31,158 c
1.002 b
572 b
1,75 a
CV (%)
17,04
15,09
7,12
10,07
9,43
Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem estatisticamente entre
si (p<0,05).
As características histológicas, avaliadas em termos de altura de vilosidade e profundidade
de criptas apresentaram melhores valores nos animais alimentados com ácido benzóico,
independente do nível utilizado (Tabela 2). A relação altura de vilosidade: profundidade de
cripta não foram influenciados pelos tratamentos estudados (p>0,05).
Tabela 2 – Altura de vilosidades (AV), profundidade de criptas (PC) e relação altura de
vilosidades:profundidade de criptas (AV:PC), aos 70 dias de idade, de leitões recebendo
diferentes níveis de ácido benzóico no período de 28 a 70 dias.
Ácido benzóico, %
AV (µm)
PC (µm)
AV:PC
0,00
260 b
126 b
2,06 a
0,25
304 a
149 a
2,04 a
0,50
318 a
153 a
2,08 a
0,75
333 a
164 a
2,03 a
Ac. Fumárico
252 b
121 b
2,08 a
CV (%)
14,04
15,67
23,05
Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem estatisticamente entre
si (p<0,05).
Os resultados encontrados para as lesões gástricas e incidência de diarréia estão
apresentados na Tabela 3. Embora não tenha sido observada a presença de lesões gástricas
(úlceras) nos animais abatidos, houve a presença de áreas hiperêmicas na mucosa gástrica
dos animais avaliados onde o ácido benzóico apresentou uma menor incidência em
comparação com o tratamento testemunha. Com relação à incidência de diarréia, em todo o
período experimental não foi observada a presença de diarréia nos animais alimentados com
os níveis de 0,50% e 0,75% de ácido benzóico.
Tabela 3 - Incidência de lesões gástricas e de diarréia em animais alimentados com
diferentes níveis de ácido benzóico
Ácido benzóico, %
Lesões Gástricas (%)
Incidência de Diarréia
0,00
16
+
0,25
40
+
0,50
40
0,75
40
Ac. Fumárico
56
+
(+) Presença de diarréia; (-) Ausência de diarréia
3
A ação nutricional do ácido benzóico já foi confirmada em suínos em diferentes categorias,
avaliando o desempenho e a qualidade do ambiente. Contudo, este é um dos primeiros
trabalhos avaliando a utilização deste ácido na dieta de leitões onde observamos os efeitos
benéficos da sua utilização.
CONCLUSÕES
Os resultados encontrados neste trabalho permitem concluir que o ácido benzóico é um
importante aditivo a ser utilizado na dieta de leitões desmamados, proporcionando melhor
desempenho dos animais.
REFERÊNCIAS
DUNSFORD, B. R.; KNAB, D. A.; HAENSLEY, W. E.; 1989. Effects of dietary soybean meal on
the microscope anatomy of the small intestine in the early-weaned pig. Journal Animal
Science, (67):1855-1859.
FERREIRA, A S.; COSTA, P. M. A.; GOMES, J. C.; et.al., 1988. Desaparecimento da ingesta, pH
estomacal e duodenal e formação de coágulos de leite de porca e de vaca e de extrato de
soja no estômago e intestino delgado de leitões. Revista da Sociedade Brasileira de
Zootecnia, (17): 308-316.
FOEGEDING,P. M.; BUSTA, F. F., 1991. Chemical food preservatives. In: BLOCK, S.S. (Ed.).
Desinfection, sterilization and preservation. Philadelphia, PA: Lea & Febiger, p. 802-832.
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