ENTREVISTA Você conhece a Candidíase? Por Dra. Poliana C. C. Pacello O que é a Candidíase? Candidíase Vulvovaginal é uma infecção genital causada por um fungo saprófita, como a Candida albicans que é a mais comum presente em cerca de 15 a 20% dos casos das candidíases. Além dessa espécie ainda há a Candida glabrata e a Candida tropicallis menos frequentes. Quais os sintomas? Pode ocorrer a presença de corrimento esbranquiçado, às vezes em placas com aspecto de leite talhado, prurido intenso causando hiperemia, maceração e escoriações na região vulvar. Algumas vezes também ocorre a disúria e a polaciúria. Os sintomas podem ser devido à reação alérgica à toxina da levedura, surgem ou pioram na fase pré-menstrual. Como a doença é contraída? A candidíase pode ocorrer por transmissão sexual, mas não exclusivamente. Muitas vezes a infecção requer fatores predisponentes como gravidez, diabetes, uso de imunossupressores ou antibióticos de amplo espectro, ou seja, situações onde ocorre a alteração do sistema imunológico da mulher ou alteração da flora vaginal. Também pode estar presente em situações de uso de duchas vaginais higiênicas, vestuário inadequado que não permite a ventilação da região genital, desodorantes íntimos, uso de anticoncepcionais hormonais ou estrogênios exógenos. Qual o tratamento mais adequado? O tratamento se faz através do uso de medicamentos antifúngicos orais, cremes vaginais em algumas situações, e cremes de uso tópico contendo antifúngicos e corticoides. 18 As medidas gerais de orientação consistem em adequar o uso do vestuário evitando-se roupas justas, tecidos grossos ou sintéticos, evitar o uso de desodorantes íntimos e duchas vaginais, corrigir fatores predisponentes quando presentes como diabetes, imunossupressão. Os mitos mais comuns? A candidíase vaginal não é a única infecção ginecológica existente, porém é a mais conhecida entre as mulheres. Razão pela qual ocorre elevado índice de auto diagnósticos e auto tratamentos muitas vezes até incentivado pelos próprios médicos. Uma vez diagnosticada pelo médico como tendo candidíase vaginal a paciente se auto diagnosticará nos próximos episódios em que apresentar sintomas semelhantes apenas pelo desconhecimento da existência dos outros agentes etiológicos responsáveis por infecções com sintomas semelhante à candidíase como a vaginose bacteriana, a vaginose citolítica e a tricomoníase. Portanto a tarefa mais árdua entre os médicos está justamente na necessidade de esclarecer corretamente a paciente, para atenuar a sua ansiedade e evitar o uso indevido de medicamentos antifúngicos e antibacterianos os quais usados indiscriminadamente também podem levar à resistência medicamentosa além de não solucionar o problema levando a mais ansiedade e erros de tratamento. Muitas vezes, o que as pacientes referem como candidíase de repetição não passa de erro diagnóstico. Existe ainda o mito de que o uso de sabonetes íntimos evita a candidíase: os sabonetes específicos para a higiene da genitália feminina são recomendados apenas para uso externo e não para duchas vaginais nem APM - Regional Piracicaba - Julho 2015 para tratamento de infecções genitais. Mesmo o uso externo desses produtos quando usados com muita frequência num curto espaço de tempo podem causar ressecamentos da pele e mucosa genital levando a um quadro de prurido e ardência. Outro mito: cistite não é candidíase. Existe confusão entre as mulheres sobre essas duas patologias. A infecção do trato urinário (ITU) também conhecida como cistite é infecção das vias urinárias causada principalmente por bactérias. Um dos sintomas da ITU é a disúria e a polaciúria que podem às vezes estar presentes na candidíase, daí a confusão. Dra. Poliana C. C. Pacello Ginecologista CRM 74410