Introdução Burrhus Frederic Skinner, eminente psicólogo

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Introdução
Burrhus Frederic Skinner, eminente psicólogo contemporâneo nascido nos
Estados Unidos em 1904. Lecionou nas Universidades de Harvard, Indiana e
Minnesota . Entre outros trabalhos publicou os seguintes livros: Behavior of
Organisms, (o comportamento dos organismos) Verbal Behavior ( comportamento
verbal) Science and Human Behavior.(comportamento científico e humano)
Em 1932, B. F. Skinner, da Universidade de Harvard relatou uma de suas
observações, sobre o comportamento de pombos e ratos brancos. Para seus
experimentos Skinner inventou um aparelho que depois de passar por modificações é
hoje muito conhecido e utilizado nos laboratórios de psicologia, chamado como Caixa
de Skinner.
Influenciado pelos trabalhos de Pavlov e Watson, Skinner passou a estudar o
comportamento operante, desenvolvendo intensa atividade no estudo da psicologia da
aprendizagem. Esses estudos levaram-no a criar os métodos de ensino programado
que podem ser aplicados sem a intervenção direta do professor, através de livros,
apostilas ou mesmo máquinas.
Caixa de Skinner
Devido à sua preocupação com controles científicos estritos, Skinner realizou a
maioria de suas experiências com animais inferiores, principalmente o Rato Branco e o
Pombo. Desenvolveu o que se tornou conhecido por "Caixa de Skinner" como
aparelho adequado para estudo animal. Tipicamente, um rato é colocado dentro de
uma caixa fechada que contém apenas uma alavanca e um fornecedor de alimento.
Quando o rato aperta a alavanca sob as condições estabelecidas pelo
experimentador, uma bolinha de alimento cai na tigela de comida, recompensando
assim o rato. Após o rato ter fornecido essa resposta o experimentador pode colocar o
comportamento do rato sob o controle de uma variedade de condições de estímulo.
Além disso, o comportamento pode ser gradualmente modificado ou modelado até
aparecerem novas repostas que ordinariamente não fazem parte do repertório
comportamental do rato. Êxito nesses esforços levou Skinner a acreditar que as leis de
aprendizagem se aplicam a todos os organismos.
Em escolas, o comportamento de alunos podem ser modelados pela apresentação
de materiais em cuidadosa sequência e pelo oferecimento das recompensas ou
reforços apropriados.
A aprendizagem programada e máquinas de ensinar, são os meios mais
apropriados para realizar aprendizagem escolar.
O que é comum ao homem, a pombos, e a ratos é um mundo no qual prevalecem
certas contingências de reforços.
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Duas espécies de aprendizagem
Para cada espécie de comportamento, Skinner identifica um tipo de aprendizagem
ou condicionamento.
Associado ao Comportamento Respondente está o Condicionamento
Respondente, e Associado a Comportamento Operante está o Condicionamento
Operante.
Temos então o primeiro tipo de aprendizagem, que é chamado de
"Condicionamento Respondente", e o segundo tipo de aprendizagem que Skinner
chama de "Condicionamento Operante".
1- Condicionamento Respondente - "reflexo" ou "involuntário"
Skinner acredita que essa espécie de Condicionamento desempenha pequeno
papel na maior parte do comportamento do ser humano e se interessa pouco por ele.
Ex: dilatação e contração da pupila dos olhos em contato com a mudança da
iluminação. Arrepios por causa de ar frio.
2- Condicionamento Operante - Está relacionado com o comportamento
operante que podemos considerar como "voluntário".
O comportamento operante inclui todas as coisas que fazemos e que tem efeito
sobre nosso mundo exterior ou operam nele.
Ex: dirigir o carro, dar uma tacada na bola de golfe.
Enquanto que o Comportamento Respondeste é controlado por um estímulo
precedente, o Comportamento Operante é controlado por suas consequências estímulos que se seguem à resposta.
Implicações no Ensino: A Tecnologia do Ensino
Do ponto de vista de Skinner existem várias deficiências notáveis em nossos
atuais métodos de ensino: um dos grandes problemas do ensino, diz Skinner é o uso
do controle aversivo.Embora algumas escolas ainda usem punição física, em geral
houve mudanças para medidas não corporais como ridículo, repreensão, sarcasmo,
crítica, lição de casa adicional, trabalho forçado, e retirada de privilégios. Exames são
usados como ameaça e são destinados principalmente a mostrar o que o estudante
não sabe e coagi-lo a estudar. O estudante passa grande parte do seu dia fazendo
coisas que não deseja fazer e para as quais não há reforços positivos. Em
conseqüência, ele trabalha principalmente para fugir de estimulação aversiva. Faz o
que tem a fazer porque o professor detém o poder e autoridade, mas, com o tempo o
estudante descobre outros meios de fugir. Ele chega atrasado ou falta, não presta
atenção (retirando assim reforçadores do professor), devaneia ou fica se mexendo,
esquece o que aprendeu, pode tornar-se agressivo e recusar a obedecer, pode
abandonar os estudos quando adquire o direito legal de fazê-lo.
Skinner acredita, que os Professores, em sua maioria, são humanos e não
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desejam usar controles aversivos. As técnicas aversivas continuam sendo usadas,
com toda probabilidade, porque não foram desenvolvidas alternativas eficazes.
As crianças aprendem sem ser ensinadas diz Skinner porque estão naturalmente
interessadas em algumas atividades e aprendem sozinhas. Por esta razão, alguns
educadores preconizam o emprego do método de descoberta. Mas diz Skinner,
descoberta não é solução para o problema de educação. Para ser forte uma cultura
precisa transmitir-se; precisa dar as crianças seu acumulo de conhecimento, aptidões
e práticas sociais e éticas.
A instituição de educação foi estabelecida para servir a esse propósito.
Certamente estudantes devem ser encorajados a explorar, a fazer perguntas a
trabalhar e estudar independentemente para serem criativos. Não se segue daí que
essas coisas só possam ser obtidas através de um método de descoberta.
De acordo com Skinner, estudantes não aprendem simplesmente fazendo. Nem
aprendem simplesmente por exercício ou prática. A partir apenas de experiência, um
estudante provavelmente nada aprende. Simplesmente está em contacto com o
ambiente não significa que ele o perceberá.. Para ocorrer a aprendizagem devemos
reconhecer a resposta, a ocasião em que ocorrem as respostas e as consequências
da resposta. Para Skinner a aplicação de seus métodos à educação é simples e
directa. Ensinar é simplesmente o arranjo de contingências de reforço sob as quais
estudantes
aprendem.
Tecnicamente falando, o que está faltando na sala de aula, diz Skinner, é o reforço
positivo. Estudantes não aprendem simplesmente quando alguma coisa lhes é
mostrada ou contada. Em suas vidas quotidianas, eles se comportam e aprendem por
causa das consequências de seus actos. As crianças lembram, porque foram
reforçadas para lembrar o que viram ou ouviram.
Para Skinner, a escola está interessada em transmitir a criança grande número de
respostas. A primeira tarefa é modelar as respostas, mas a tarefa principal é colocar o
comportamento
sob
numerosas
espécies
de
controle
de
estímulo.
Para tornar o estudante competente em qualquer área de matéria, deve-se dividir o
material em passos muito pequenos. Os reforços devem ser contingentes a cada
passo da conclusão satisfatória, pois os reforços ocorrem frequentemente, quando
cada passo sucessivo no esquema, for o menor possível.
Na sala de aulas tradicional, as contingências de reforço mais eficiente para
controlar o estudante, provavelmente estão além das capacidades de um professor.
Por isso, sustenta Skinner, aparelhos mecânicos e eléctricos devem ser usados para
maior aquisição.
A Máquina de Ensinar
A mais conhecida aplicação educacional do trabalho de Skinner é sem dúvida
Instrução programada, e máquinas de ensinar.
Existem várias espécies de máquinas de ensinar. Embora seu custo e sua
complexibilidade variem consideravelmente, a maioria das máquinas executa funções
semelhante.
Skinner acredita que as máquinas de ensinar apresentam várias vantagens sobre
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outros métodos. Estudantes podem compor sua própria resposta em lugar de escolhêla em um conjunto de alternativas. Exige-se que lembrem mais, e não apenas que
reconheçam - que dêem respostas e que também vejam quais são as respostas
correctas. A máquina assegura que esses passos sejam dados em uma ordem
cuidadosamente prescrita.
Embora, é claro, que a máquina propriamente dita não ensine, ela coloca
estudantes em contacto com o professor ou a pessoa que escreve o programa. Em
muitos aspectos, diz Skinner, é como um professor particular, no sentido de haver
constante intercâmbio entre o programa e o estudante. A máquina mantém o
estudante activo e alerta.
A máquina de Skinner permite que o professor dedique suas energias a formas
mais subtis de instrução, como discussão.
Materiais Programados (Instrução Programada)
O sucesso de tais máquinas depende, naturalmente, do material nelas usado.
Podem hoje, ser encontrados comercialmente numerosos programas em qualquer
área de matéria, mas muitos professores estão aprendendo a escrever seus próprios
programas.
Os programas não precisam ser necessariamente usados em máquinas; muitos
são escritos em forma de livro. Todavia, um programa distingue-se de um livro de
texto, pelo fato do livro ser uma fonte de material a que o estudante se expõe.
A instrução programada leva o aluno a estudar sem a intervenção directa do
professor.
As características deste método são: a matéria a ser aprendida é apresentada em
pequenas partes; estas são seguidas de uma actividade cujo acerto ou erro é
imediatamente verificado. O estudo é individual, "mas auxiliado pelo professor", sendo
assim o aluno progride em sua própria velocidade.
Em síntese, a instrução programada leva o aluno ao conhecimento e ao
aprendizado.
ex: (Fichas)
Mamífero é todo o animal que mama quando é filhote.
Todo animal que mama quando filhote é um mamífero
Quando um animal mama ao nascer, podemos afirmar que ele é um _____________
Mamífero
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Conclusão
Desde 1950 tem-se expandido muito o estudo do condicionamento operante, não
apenas usando ratos, mas também animais de outras espécies e ainda seres
humanos.
A aplicação prática que se tem feito dos estudos experimentais do
condicionamento operante é baseada na eficácia da administração sistemática de
recompensas (reforços) a um organismo, quando queremos que ele apresente certas
reacções.
Essa aplicação prática requer que se faça o levantamento dos eventos que
reforçam um dado indivíduo. Controlaremos as reacções utilizando as consequências
reforçadoras. Isto é importante em todos os campos em que o comportamento figura
em destaque: Educação, Governo, Família, Clínica, Indústria, etc...
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Formação. Burrhus Frederic Skinner (1904 - 1990), psicólogo americano comumente
tido, - erroneamente, - como o fundador do Behaviorismo. Foi o mais famoso
representante desta corrente da psicologia, fundada por seu compatriota John Watson.
Skinner nasceu em 20 de Março de 1904 na pequena cidade de Susquehanna, na
Pennsylvania. Seu pai era advogado e sua mãe uma mulher de personalidade forte
que o criou segundo padrões muito exigentes de educação. Um menino de índole
intelectual e amante da liberdade, reagiu às exigências domésticas, preferindo viver
fora de casa, e escolheu a profissão de escritor. Graduou-se em língua inglesa no
colégio de Hamilton, no Norte do Estado de Nova York, onde não se adaptou muito
bem, por ser avesso ao jogo de futebol e a encontros sociais. Escrevia no jornal da
escola com manifesto radicalismo, atacando professores e colegas estudantes, e
inclusive criticando a própria escola, proclamando que era ateu, apesar de estar em
uma Universidade onde a presença diária ao serviço religioso na capela era uma
exigência.
Após sua formatura, tentou escrever para os jornais artigos em defesa dos
trabalhadores, no escritório que montou na casa de seus pais. Sem lograr maior
repercussão com o que escrevia, desistiu de escrever e viveu algum tempo como um
tipo boémio no Greenwich Village, bairro dessa classe em Nova York.
Seu temperamento inquieto, no entanto, não se prestava para a boa vida de um
boémio, e decidiu retornar aos estudos. Matriculou-se no curso de Psicologia da
Universidade de Harvard. Sua convicção materialista o fez confrontar a influência da
psicologia introspectiva, dominante na universidade, tornando-se seguidor de Watson
e abraçando com determinação fanática o behaviorismo.
Concluiu seu mestrado em psicologia em 1930 e o doutorado em 1931, mas
permaneceu na universidade realizando pesquisas até 1936, adquirindo fama de ser
um pesquisador original. Realizou experimentos com ratos, repetindo os experimentos
de Pavlov e de Watson. Construiu jaulas especiais em que introduziu um mecanismo a
ser accionado pelo animal para conseguir comida, e por este método conseguia que
aprendessem tarefas inteligentes.
Em 1936 obteve uma colocação na Universidade de Minesota, em Minneapolis, e lá
casou com Yvone Blue. Durante os anos em que lá permaneceu, realizou experiências
com pombos, aves que abundavam nos nichos, janelas e frestas dos prédios da
Universidade.
Procurando difundir suas ideias, enquanto trabalhou na Universidade de Minesota
escreveu The Behavior of Organisms e iniciou a novela Walden II, sobre uma
comunidade utópica, criada e desenvolvida de acordo com os princípios behavioristas.
Em 1945 tornou-se chefe do Departamento de psicologia da universidade de Indiana.
Iniciou lá seu projecto de uma "caixa educadora para bebé", um compartimento de
vidro com ar condicionado e temperatura controlada, no interior do qual era colocada a
criança para aprender por meio de reflexos condicionados. Sua segunda filha ficou
famosa por ter sido o primeiro bebé a ser criado dentro deste seu invento, uma
experiência criticada e reprovada por muitos de seus contemporâneos.
Todas as ideias de Skinner foram desenvolvidas em torno do seu conceito de
condicionamento operante. Enquanto o condicionamento nos experimentos ordinários
era obtido com a interferência do pesquisador, que premiava o animal depois de
induzi-lo a realizar uma certa tarefa, no condicionamento operante o animal era
premiado depois de realizar casualmente uma certo comportamento, o qual era
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reforçado pelo prémio. Nos casos mais complexos, um comportamento que fosse
apenas parcialmente de acordo com o desejado pelo treinador era premiado, e o
animal receberia nova recompensa se casualmente acrescentasse ao comportamento
aprendido uma nova etapa que conduzisse ao objectivo final do treinamento.
Skinner chegou a desenvolver uma máquina de ensino onde o estudante poderia
aprender, pouco a pouco, encontrando as respostas que davam um prêmio imediato.
Um ateu e materialista, Skinner não tinha nenhum interesse em compreender a mente
humana. Era estritamente um behaviorista, como John Watson e preocupava-se
somente em determinar como o comportamento era causado por forças externas. Ele
acreditava que tudo que fazemos e que somos, é moldado pela nossa experiência de
punição e recompensa. Provocativo, polémico, e um excelente publicitário de suas
próprias ideias, acreditava que o espírito e outros fenómenos subjectivos eram apenas
questão de linguagem, e não existiam realmente.
Afirmava que não existe liberdade nem dignidade. O homem bom faz o bem porque o
bem é recompensado, e a sociedade poderia ser controlada, e criada uma nova
cultura, se o indivíduo bom fosse automaticamente recompensado e o mau cidadão
fosse automaticamente punido ou eliminado.
Em 1948, após nove anos em Minnesota, ele foi convidado a passar para a
Universidade de Harvard, onde permaneceu o resto de sua vida. Faleceu em 18 de
Agosto de 1990, já no declínio de sua fama e do prestígio de sua corrente psicológica.
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A Caixa de Skinner
A nossa inclinação a descobrir significado e padrão na coincidência, quer haja um
verdadeiro significado, quer não, faz parte de uma tendência mais geral de procurar
padrões. Essa tendência é louvável e útil. Muitos eventos e características no mundo
são realmente padronizados de uma forma não aleatória, sendo proveitoso para nós, e
para os animais em geral, detectar esses padrões. A dificuldade é navegar entre
detectar um padrão aparente onde não existe nenhum, e não detectar o padrão onde
ele existe. Em grande parte, a ciência da estatística diz respeito a saber orientar-se
nessa difícil rota. Todavia, muito antes que os modernos métodos estatísticos fossem
formalizados, os humanos e até outros animais eram estatísticos intuitivos bastante
bons. Entretanto, é fácil cometer erros em ambas as direcções.
Não somos os únicos animais a procurar padrões estatísticos de não-aleatoriedade na
natureza, e não somos os únicos animais a cometer erros do tipo que poderia ser
chamado de supersticioso. Esses dois fatos são claramente demonstrados no
aparelho chamado caixa de Skinner, em referência ao famoso psicólogo americano B.
F. Skinner. Uma caixa de Skinner é um equipamento simples, mas versátil, para
estudar geralmente a psicologia de um rato ou de uma pomba. É uma caixa com uma
chave ou chaves introduzidas numa das paredes, as quais a pomba (por exemplo)
pode operar dando bicadas. Há também um aparelho de alimentação (ou de
recompensas) que é electricamente operado. Os dois estão conectados de tal modo
que a bicada da pomba tem alguma influência sobre o aparelho de alimentação. No
caso mais simples, toda vez que a pomba dá uma bicada na chave, ela ganha comida.
As pombas aprendem rapidamente a tarefa. O mesmo acontece com ratos e, em
caixas de Skinner reforçadas e adequadamente aumentadas, com os porcos.
Sabemos que a ligação causal entre a bicada na chave e a alimentação é gerada por
um aparelho eléctrico, mas a pomba não sabe. No que diz respeito à pomba, dar uma
bicada na chave bem que poderia ser uma dança da chuva. Além disso, a ligação
pode ser um elo estatístico bem fraco. O aparelho pode ser preparado para que, em
vez de cada bicada ser recompensada, apenas uma em dez bicadas receba
recompensas. Isso pode significar literalmente a cada dez bicadas. Ou, com um
arranjo diferente do aparelho, pode significar que em média uma em dez bicadas
recebe recompensas, mas em qualquer dada ocasião o número exacto de bicadas
exigido é determinado aleatoriamente. Ou talvez haja um relógio que determina o
décimo de tempo, em média, em que uma bicada vai conseguir recompensas, contudo
é impossível dizer qual será esse décimo de tempo. As pombas e os ratos aprendem a
pressionar chaves mesmo que, em nossa opinião, fosse preciso ser um bom
estatístico para detectar a relação entre causa e efeito. Podem ser treinados para um
programa em que apenas uma proporção muito pequena de bicadas seja
recompensada. É interessante observar que os hábitos aprendidos quando as bicadas
são apenas ocasionalmente recompensadas apresentam maior duração que os
hábitos aprendidos quando todas as bicadas são recompensadas: a pomba é
desencorajada menos rapidamente quando o mecanismo de recompensas é
totalmente desligado. Isso faz sentido intuitivamente, se pensarmos a respeito.
As pombas e os ratos são, portanto, estatísticos muito bons, capazes de captar ténues
leis estatísticas de padrões no seu mundo. É presumível que essa capacidade lhes
traga vantagens na natureza, assim como na caixa de Skinner. As acções de um
animal selvagem não raro são seguidas por recompensas, punições ou outros
acontecimentos importantes. A relação entre causa e efeito frequentemente não é
absoluta, e sim estatística. Se um maçarico-de-bico-torto sonda a lama com seu bico
longo e curvo, há uma certa probabilidade de que vá pegar uma minhoca. A relação
entre os eventos de sondagem e os de encontrar minhocas é estatística, mas real.
Toda uma escola de pesquisa sobre animais tem se desenvolvido em torno da assim
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chamada Teoria da Forragem Ótima (Optimal Foraging Theory). Os pássaros
selvagens demonstram ter capacidades bastante sofisticadas de avaliar,
estatisticamente, a relativa riqueza em alimentos de diferentes áreas e de dividir o seu
tempo entre as áreas de acordo com essa avaliação.
De volta ao laboratório, Skinner fundou uma grande escola de pesquisa usando caixas
de Skinner para todos os tipos de finalidades detalhadas. Depois, em 1948, ele tentou
uma genial variante da técnica padrão. Cortou completamente o elo causal entre o
comportamento e a recompensa. Preparou o aparelho para recompensar a pomba de
tempos em tempos, não importava o que o pássaro fizesse. Agora, o que os pássaros
precisavam realmente fazer era só pousar e esperar a recompensa. Mas na realidade,
não foi isso o que fizeram. Pelo contrário, em seis dentre oito casos, eles
desenvolveram - exactamente como se estivessem aprendendo um hábito
recompensado - o que Skinner chamou de comportamento supersticioso. Em que isso
precisamente consistia, variava de pomba para pomba. Um dos pássaros girava como
um pião, dando duas ou três voltas no sentido anti-horário, no intervalo entre as
recompensas. Outro pássaro repetidamente lançava a cabeça na direcção de um
determinado canto no alto da caixa. Um terceiro exibia um comportamento de atirar-se
para o alto, como se estivesse levantando uma cortina invisível com a cabeça. Dois
deles desenvolveram independentemente o hábito rítmico do "balanço do pêndulo",
oscilando a cabeça e o corpo de um lado para o outro. Eventualmente, este último
hábito deve ter se assemelhado bastante à dança de namoro de algumas aves-doparaíso. Skinner usou a palavra superstição porque os pássaros se comportavam
como se achassem que o seu movimento habitual tivesse uma influência causal sobre
o mecanismo de recompensa, quando na verdade isso não ocorria. Era o equivalente
da dança da chuva para as pombas.
Um hábito supersticioso, uma vez estabelecido, podia persistir por horas, muito tempo
depois de o mecanismo de recompensa ter sido desligado. Entretanto, os hábitos não
persistiam inalterados na forma. Num caso típico, o hábito supersticioso da pomba
começou como um movimento brusco da cabeça da posição do meio para a esquerda.
Com o passar do tempo, o movimento se tornou mais enérgico. Por fim, todo o corpo
se movia na mesma direcção, e as patas davam um ou dois passos para o lado.
Depois de muitas horas de "variação topográfica", esses passos para a esquerda se
tornaram a característica predominante do hábito. Os próprios hábitos supersticiosos
podem ter se derivado do repertório natural da espécie, mas ainda é justo afirmar que
executá-los nesse contexto, e executá-los repetidas vezes, não é natural para as
pombas.
As pombas supersticiosas de Skinner estavam se comportando como estatísticos, mas
estatísticos que tinham chegado à conclusões erróneas. Estavam alertas à
possibilidade de ligações entre os acontecimentos no seu mundo, especialmente entre
as recompensas que desejavam e as acções que tinham capacidade de empreender.
Um hábito, como impelir a cabeça para o alto num canto da gaiola, começou por
acaso. O pássaro realizava esse movimento minutos antes de o mecanismo de
recompensa entrar em acção. É bastante compreensível que o pássaro tenha
desenvolvido a hipótese especulativa de que havia uma ligação entre os dois
acontecimentos. Por isso, impeliu a cabeça para o canto mais uma vez. Sem dúvida,
pela sorte do mecanismo de sincronização de Skinner, a recompensa apareceu de
novo. Se o pássaro tivesse tentado o experimento de não impelir a cabeça para o
canto, teria descoberto que receberia recompensa de qualquer modo. Mas teria sido
necessário um estatístico melhor e mais céptico do que muitos de nós, humanos, para
tentar esse experimento.
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Skinner compara as pombas com apostadores humanos que desenvolvem pequenos
"tiques" da sorte ao jogar cartas. Esse tipo de comportamento é também um
espectáculo familiar em uma pista de bocha. Depois que a bola grande de madeira
deixou a mão do jogador, não há nada mais que ele possa fazer para estimulá-la a se
mover em direcção ao bolim, a bola-alvo. Ainda assim, jogadores experientes quase
sempre correm atrás da bola de madeira, frequentemente ainda na posição inclinada,
torcendo e virando o corpo como se para dar instruções desesperadas à bola, agora
indiferente, e muitas vezes repetindo palavras vãs de encorajamento. Uma máquina
caça-níqueis em Las Vegas é nada mais que, nada menos, que uma caixa de Skinner.
"Dar uma bicada na chave" não é representado apenas pelo ato de puxar a alavanca,
mas também é claro, pelo de colocar dinheiro na fenda. É realmente um jogo de tolos,
pois sabe-se que as probabilidades estão arrumadas a favor do cassino -- de que
outro modo o cassino conseguiria pagar suas imensas contas de electricidade? É
determinado aleatoriamente se um dado puxão na alavanca vai produzir a sorte
grande ou não. Uma receita perfeita para hábitos supersticiosos. Sem dúvida,
observando jogadores aficionados de Las Vegas, vêem-se movimentos que lembram
muito as pombas supersticiosas de Skinner. Alguns falam com a máquina. Outros lhe
fazem sinais engraçados com os dedos, acariciam-na ou lhe dão palmadinhas com as
mãos. Certa vez lhe deram palmadinhas, e ganharam a sorte grande, e disso jamais
se esqueceram. Tenho observado aficionados de computador, impacientes à espera
da resposta do servidor, comportando-se de modo semelhante, por exemplo, batendo
no terminal com os nós dos dedos.
Como podemos saber quais são os padrões aparentes genuínos, e quais os aleatórios
e sem significado? Existem métodos, e eles pertencem à ciência e ao projecto
experimental.
Um erro chamado de "falso negativo", consiste em deixar de detectar um efeito
quando ele realmente existe. Um erro "falso positivo", ao contrário, consiste em
concluir que algo está realmente acontecendo, quando na verdade não existe nada
senão aleatoriedade.
As pombas supersticiosas de Skinner cometiam erros falsos positivos. Não havia
nenhum padrão em seu mundo que ligasse verdadeiramente as suas acções aos
resultados do mecanismo de recompensa. Mas elas se comportavam como se
tivessem detectado esse padrão. Uma pomba "achava" (ou se comportava como se
achasse) que dar passos para a esquerda faria funcionar o mecanismo de
recompensa. Outra "achava" que atirar a cabeça para um canto tinha o mesmo efeito
benéfico. As duas estavam cometendo erros falso positivos. Um erro falso negativo é
cometido por uma pomba que nunca percebe que dar uma bicada na chave produz
alimentos se a luz vermelha estiver acesa, mas que uma bicada com a luz azul acesa
causa uma punição, desligando o mecanismo por dez minutos. Há um padrão
esperando por ser detectado no pequeno mundo da caixa de Skinner, porém nossa
pomba não o detecta.
Um erro falso negativo é cometido por um agricultor que deixa de perceber que há no
mundo um padrão relativo a adubar um campo para a subsequente colheita daquele
campo. Um erro falso positivo é cometido por um agricultor que pensa provocar chuva,
oferecendo sacrifícios aos deuses. Na verdade, não há nenhum padrão no seu mundo,
mas ele não descobre esse dado da realidade e persiste nos seus sacrifícios inúteis e
devastadores. De vez em quando, por acaso chuvas se seguem a rituais, e esses
raros lances de sorte ficam gravados na memória. Quando o ritual não é seguido por
chuva, assume-se que algum detalhe deu errado na cerimónia, ou que os deuses
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estão zangados por alguma outra razão: é sempre fácil encontrar uma desculpa
bastante plausível.
Texto composto de fragmentos extraídos do livro Desvendando o Arco-íris, de
Richard Dawkins, Ed. Companhia das Letras, 2000.
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