USO DE EXTRATOS VEGETAIS PARA CLARIFICAÇÃO E REMOÇÃO BACTERIOLÓGICA DE ÁGUAS CINZAS DE SISTEMA DE REUSO DOMICILIAR Grazielly dos Santos Costa¹; Ana Laura Nogueira Teles¹; Mônica Durães Braga²; José Gomes de Assis³ 1 – Engenheira Ambiental egresso das Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros, MG.; 2 – Bacharel em Ciências Biológicas (Unimontes); Mestre em Medicina Veterinária (UFV); Professora do curso de Engenharia Ambiental das Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros, MG; Coordenadora da Linha de pesquisa em qualidade de água do Grupo SARHí.; 3 – Especialista em recursos hídricos Resumo A água é um recurso indispensável na vida do homem e este deve ter consciência em preservá-la devido ela não ser mais um bem infinito e inesgotável. A reutilização pode ser feita nos diversos setores, contudo, para melhor aproveitamento destes sistemas, é preciso tornar viável a aplicação de técnicas simples de tratamento para as águas cinzas a fim de reduzir transtornos como geração de maus odores. Neste contexto, a utilização de extratos vegetais pode melhorar a qualidade destas águas. Diante disto, o objetivo analisar a eficiência do uso de extratos vegetais como alternativas para o tratamento da água cinza em sistema domiciliar de reuso. Para tanto, a metodologia empregada foi através de ensaios laboratoriais com extratos vegetais da Mangifera indica, Spondias lutea, Citrullus lanatus e Cucurbita pepo L.. Após a utilização dos extratos foram analisados: turbidez, cor e bactérias heterotróficas. Pode-se verificar potencial clarificação com uso dos extratos, assim como redução de bactérias heterotróficas. Assim, percebe-se que utilização dos extratos vegetais pode ser sim aplicável. Palavras-chave: bactérias heterotróficas; turbidez, cor USE OF PLANT EXTRACTS FOR CLARIFICATION AND BACTERIOLOGICAL REMOVAL GREYWATER REUSE SYSTEM HOME Abstract Water is an indispensable resource on human life and this must be aware in preserve it because she's no longer a well infinite and inexhaustible. Reuse can be made in various sectors, however, for better use of these systems, it is necessary to make feasible the implementation of simple techniques of treatment for greywater in order to reduce inconvenience as generation of bad odors. In this context, the use of plant extracts can improve the quality of these waters. On this, the objective to analyze the efficiency of the use of plant extracts as alternatives for the treatment of gray water in household system of reuse. To this end, the methodology employed was through laboratory testing with plant extracts of Mangifera indica, Spondias lutea, Citrullus lanatus and Cucurbita pepo l.. After the use of extracts were analyzed: turbidity, color and heterotrophic bacteria. You can check potential clarification with use of extracts, as well as reduction of heterotrophic bacteria. Thus, one can see that use of plant extracts can be if applicable. Key words: heterotrophic bacteria; turbidity, color XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos INTRODUÇÃO A água é um recurso indispensável na vida do homem e este deve ter consciência em preservá-la devido ela não ser mais um bem infinito e inesgotável. Contudo, a escassez de água em várias regiões do mundo despertou a atenção do homem para o fato de que não se pode mais continuar desperdiçando e usando os recursos hídricos indiscriminadamente. Sabidamente, a água é um bem natural e de suma importância para a existência de todos os seres vivos e de toda manutenção terrestre. De acordo com Braga et al. (2005) a água é encontrada sob várias formas disponíveis na natureza o que cobre cerca de 70% da superfície do planeta, sendo encontrada principalmente no estado líquido. A disponibilidade de água é um dos fatores que interfere na formação dos ecossistemas, já que todos os organismos necessitam de água para sua sobrevivência. É de extrema importância, para utilização dos recursos hídricos pelos organismos, que eles apresentem condições químicas e físicas adequadas. A limitação de recursos hídricos restringe muitas atividades humanas, pois todas elas dependem da disponibilização da água desde mais simples às mais complexas. O aumento populacional juntamente com as mudanças climáticas globais contribui com o aumento da demanda pelos recursos hídricos, e embora a água seja um recurso renovável a sua tendência é se deteriorar devido ao seu uso indiscriminado, o que vem comprometendo a quantidade e a qualidade das águas disponíveis para consumo nas diversas localidades. Neste sentido, surge a reutilização como medida mitigadora. Esta pode ser feita nos diversos setores industriais, comerciais, na agricultura e principalmente nos residenciais, onde a maioria das atividades realizadas são de uso não potável, o que facilita no momento do controle de reuso, sendo mais comum a reutilização das águas cinzas (água de banho, pia e maquina de lavar) para descarga dos vasos sanitários. Contudo, para melhor aproveitamento destes sistemas, é preciso tornar viável a aplicação de técnicas simples de tratamento para as águas cinzas a fim de reduzir transtornos como geração de maus odores. Neste contexto, vê-se a possibilidade da utilização de extratos vegetais para melhorar potencialmente a qualidade das águas de reuso. MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizados os extratos da abóbora moranga (Cucúrbita Máxima Duch) e melancia (Citrullus Lanas Var. Lanatus), Manga (Mangifera indica) e Cajá (Spondias lutea). XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Utilizou-se para a obtenção do extrato da manga, abobora e melancia, as semestes, e para o cajá a casca; objetivando promover a sustentabilidade ambiental, visto que se tratam de resíduos para os quais se propõe um aproveitamento. Os extratos vegetais foram secos na estufa a 35°C por período de 24hs. Em seguida foram triturados em um liquidificador e reservados em recipientes estéreis e fechados. Todos foram mantidos em local fresco e protegido da luz.. Após a aplicação dos extratos vegetais, foram repetidas as análises, sendo que cada amostra apresentava diferentes concentrações dos extratos (Amostra 1 [1g]/L, Amostra 2 [2,5g]/L e Amostra 3 [5g]/L) para verificar o quanto o índice dos parâmetros da água variou após aplicação dos extratos. Em cada amostra foi coletada uma sub-amostra para análises laboratoriais a cada 15min durante as primeiras 3 horas, após 12 hosras e após 24 horas. As análises de turbidez, cor e bactérias heterotróficas foram realizadas conforme estabelecido pelo Standard Methods for Water and Wasterwater. (APHA, 1998). Figura 01 – Ensaio laboratorial . Fonte: Próprio autor RESULTADOS Cor No primeiro momento a manga parecia ser mais eficiente no tratamento da cor, devido o extrato do cajá conferir uma coloração amarela à água da amostra, e após 15 minutos o valor da manga começou a crescer consideravelmente e os valores do cajá foram decaindo. Logo para a concentração de 1,0 grama analisando o parâmetro de cor o extrato de cajá seria mais eficiente. A comparação do resultado da cor após adição dos extratos em concentrações diferentes mostrou-se decrescente, observando cada extrato individualmente, o de manga com a concentração XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos de 1,0 grama seria indicado para o tratamento da cor da água e o de cajá com a concentração de 2,5 gramas. Os valores de cor do cajá foram elevados devido a casca do cajá apresentar uma coloração amarelada permitindo supor que esta funcionou como um corante na água. Observando-se uma estabilidade durante determinado período e após 3 horas apresentou um melhor valor. Quanto ao extrato de manga, os melhores resultados de cor foram entre 02h45min e 3h, comparando com a concentração de 1,0 grama obteve uma redução das matizes de cor. Em grande parte dos resultados obtidos a cor para abobora e melancia apresentaram acima do valor da amostra de agua bruta. Sendo que os melhores resultados foram o de melancia (308 Uc) em 24 horas e a abóbora (306 Uc) no período de 12 horas. Observa-se um crescimento quanto aos valores de cor para ambos os extratos de modo que até as 3 horas após a adição percebe-se esse aumento. 12 e 24 horas após os valores de cor para ambos os extratos caem bruscamente sendo que o extrato de melancia se evidencia como melhor para reduzir este parametro. Gráfico 01 : comparação resultados de cor 1 g/l – abobora e melancia Gráfico 02: comparação resultados de cor 1 g/l – manga e cajá. Grafico 03: comparação resultados Cor 2,5 g/l – abobora e melancia Gráfico 04: comparação resultados Cor 2,5 g/l – manga e cajá. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Gráfico 05: comparação resultados cor 5 g/l – abobora e melancia Gráfico 06: comparação resultados cor 5 g/l – manga e cajá. Turbidez Para o extrato de manga, a turbidez com melhores valores para esta concentração, sendo em grande parte inferiores ao das demais concentrações, com destaque para o valor obtido após 12 horas da adição do extrato. Para o extrato de cajá houve uma queda significativa (R2=0,8), com percentual de remoção final chegando os resultados de Turbidez dos extratos na concentração 1g/l, nota-se que o extrato de abóbora apresenta melhor resultado quando a redução de turbidez até o período de 12 horas, já o extrato de melancia ele se mostra mais eficiente 3 horas após a adição do extrato. Entre os dois extratos o que apresenta menor turbidez é o de abóbora no período de 12 horas. Comparando os dados encontrados, percebe-se que se obteve que seria o mais ideal utilizar ambos os extratos com a concentração de 5,0 gramas, pois foram os menores valores de turbidez encontrados. Comparando o extrato de Manga (154,0 NTU) na concentração de 5,0 gramas com o extrato da Moringa (67,9 NTU) esse apresentou uma turbidez elevada. Comparando o de Cajá (115,0 NTU) concentração 5,0 gramas com o da Moringa também foi considerada um alto valor. Gráfico 07: comparação resultados turbidez 1g/l – abobora e melancia Gráfico 08: comparação resultados turbidez 1g/l – manga e cajá. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Gráfico 09: comparação resultados Turbidez 2,5 g/l – abobora e melancia Gráfico 10: comparação resultados Turbidez 2,5 g/l manga e cajá. Gráfico 11: comparação resultados Turbidez 5 g/l – abobora e melancia Gráfico 12: comparação resultados Turbidez 5 g/l – manga e cajá. Remoção bacteriológica Quanto a remoção das bactérias, o extrato de abóbora teve melhor comportamento visto que apresentou os menores valores embora houvesse bastante oscilação destes conforme o decorrer do tempo. O melhor resultado para ambos os extratos foi no período de 24 horas sendo que o extrato de melancia apresentou o valor inferior ao da abóbora. Houve variancia quanto ao numero de colonias de bactérias heterotróficas para ambos os extratos, sendo que o de melancia foi o melhor, pois reduzia mais a quantidade de carga microbiana comparado ao de abóbora. Utilizando o extrato de cajá, na concentração de 5,0 gramas houve uma piora quanto a remoção de bactérias heterotróficas, pois foi impossível a contagem. Desta forma subentende-se que seja melhor o uso da concentração de 1,0 grama que foi a mais eficaz. Assim, para remover as bactérias heterotróficas, pela análise dos dados, obteve-se que o extrato de manga é o mais eficiente na remoção, sendo que na concentração de 1,0 grama reduz o número de colônias de maneira a permitir a contagem. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Gráfico 13: comparação resultados Bactérias Heterotróficas 1 g/l – abobora e melancia Gráfico 14: comparação resultados Bactérias Heterotróficas 1 g/l – manga e cajá Grafico 15: comparação resultados Bactérias Heterotróficas 2,5 g/l – abobora e melancia Gráfico 16: comparação resultados Bactérias Heterotróficas 2,5 g/l – manga e cajá. Grafico 17: comparação resultados Bactérias Heterotróficas 5g/l – abobora e melancia Gráfico 18: comparação resultados Bactérias Heterotróficas 5g/l – manga e cajá. CONCLUSÕES Conclui-se que com a utilização do cloro ocorre a remoção total das bactérias, reduzindo também cor e turbidez e neutralizando o pH da água o que comprova a sua eficiência. Para a clarificação o melhor extrato foi o do Cajá com a concentração de 5,0 gramas e para a redução da carga microbiológica foi o extrato de Manga com a concentração de 1,0 grama. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Ainda, para a o melhoramento da turbidez o melhor extrato foi o da abóbora em todas as concentrações, para a cor o melhor extrato a ser usado foi o de melancia nas concentrações de 1g/l e 2,5g/l e para a redução da carga microbiológica foi o extrato de melancia com a concentração de 2,5 e 5 g/l. Para remover as bactérias heterotróficas, pela análise dos dados, obteve-se que o extrato de manga é o mais eficiente na remoção, sendo que na concentração de 1,0 grama reduz o número de colônias de maneira a permitir a contagem. Logo, a utilização dos extratos vegetais pode ser sim aplicável, em especial o da melancia para redução da carga microbiológica da água cinza do sistema de reuso atual, porém recomenda-se a utilização de um filtro mais eficiente logo após o reservatório onde a água será tratada. Os estudos com uso de extratos vegetais continuará para fins de proporcionar melhor entendimento sobre a possibilidade de uso destes em sistemas domiciliares de reuso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA (AMERICAN PLUBLIC HEALT ASSOCIATION). Standard methods for the examination of water and wastewater, 21th edition, Washington. APHA, 2005. FERNANDES, V. M. C. Padrões para Reuso de Águas Residuárias em Ambientes Urbanos. Passo Fundo- RS, s.a. FERREIRA, F. D. Aproveitamento de águas pluviais e reuso de águas cinzas para fins não potáveis em um condomínio residencial localizado em Florianópolis- SC, 2005. 152 f. Dissertação (Monografia)- universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico Departamento de Engenharia Civil. FIORI, S. Avaliação qualitativa e quantitativa do potencial de reuso de água cinza em edifícios residenciais multifamiliares. Dissertação de Mestrado – Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, 2005. GONÇALVES, R. F. (coordenador) et al. Uso racional da água em edificações. Rio de Janeiro: ABES, 2006. GONÇALVES, R. F. et al. Gerenciamento de águas cinzas in GONÇALVES, R. F. (coordenador) et al. Uso racional da água em edificações. Rio de Janeiro: ABES, 2006. p.153-222 LEITE, A. M. F. Reuso se Água na Gestão Integrada de Recursos Hídricos, 2003. 120f. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Católica de Brasília. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos