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Aplicação da irradiação na redução da carga bacteriológica da
pimenta-do-reino e avaliação de desempenho de dosímetros de
altas doses
Rute Quelvia de Faria e Luis Tauhata
Instituto de Radioproteção e Dosimetria – IRD
INTRODUÇÃO
A Pimenta-do-Reino é um produto largamente
consumido na culinária brasileira e um dos
mais
contaminados
em
termos
microbiológicos, devido principalmente ao seu
processo
de
secagem
natural,
com
contaminação
de
até
108
microorganismos/grama.
A dosimetria de feixes em altas doses não é
bem estabelecida no Brasil e não possui
rastreabilidade metrológica em relação ao
BIPM. A maioria dos dosímetros, por exemplo
o red perspex, alanina e sulfato cérico são
importados ou de uso complexo e dispendioso.
O desenvolvimento de novos dosímetros,
como o de dicromato de potássio, para altas
doses
tem
apresentado
resultados
promissores, e poderá ser utilizado nas
comparações e no estabelecimento da
rastreabilidade metrológica.
OBJETIVO
- Avaliação do desempenho de dosímetros de
altas doses e determinação de suas incertezas
de medição.
- Estudar o efeito da redução da carga
bacteriológica da pimenta do reino usando um
feixe de 60Co.
METODOLOGIA
Os dosímetros foram calibrados, utilizando-se
um fantoma de Mix-D, com taxas de dose de
3,31.10-2 Gy.min-1 e 2,67.10-1 Gy.min
respectivamente.
Utilizou-se
também
a
Câmara de ionização de grafite, padrão, tipo
dedal, da Nuclear Enterprises, modelo 2561,
calibrada no BIPM em 7/02/2002 em Co-60
em água.
As doses absorvidas foram conferidas através
do espectrofotômetro Camspec modelo M330
com varredura do espectro entre 300 e 380
nm. Obteve-se a curva de calibração
Absorbância x Dose absorvida, para cada
dosímetro.
As amostras foram pesadas e acondicionadas
em frascos padronizados com 25 gramas. Elas
foram irradiadas numa bomba de 60Co do tipo
GammaCell, em valores de dose absorvida de
2,5; 5; 7,5 e 10 kGy. As amostras foram
analisadas em seu conteúdo bacteriológico na
forma total e discriminada. Foi obtida uma
curva de resposta, carga bacteriológica versus
dose absorvida.
As determinações microbiológicas foram
precedidas de diluições decimais (exceção
para Salmonella spp) em condições de
assepsia. As metodologias empregadas foram
as recomendadas pela APHA (DOWNES & ITO,
2001) e por HARRIGAN (1998).
- Enumeração de Bactérias Aeróbias Mesófilas:
placas com 30 a 300 UFC/g.
- Contagem de Bolores e Leveduras: placas
com 15 a 150 UFC/g.
- Determinação de Coliformes a 35°C e a
45°C: Os resultados foram expressos por
Número Mais Provável/ grama.
- Detecção de Salmonella sp: utilizou-se a
técnica recomendada pela ISO (ISO 6579:
1993).
RESULTADOS
Os
dosímetros
estudados
apresentaram
qualidade metrológica exigida para cada
classe, atendendo os requisitos de certificação
e rastreabilidade.
As amostras não demonstraram o teor de
contaminação que se esperava, devido ao fato
de ser uma pimenta-do-reino adquirida no
supermercado. Observou-se que, com dose
acima de 5,0 kGy a microbiota presente nas
amostras foi completamente eliminada.
Contagem de Bactérias Aeróbias Mesófilas
5000
(UFC/g)
4000
3000
2000
1000
0
0
2,5
5
kGy
Gráfico 1 – Redução de
mesófilas X Dose absorvida
7,5
bactérias
10
aeróbias
RESULTADOS
Os dosímetros demonstraram estabilidade no
fator de calibração e boa linearidade na
resposta em função da dose absorvida,
podendo ser utilizados na dosimetria dos
feixes de altas doses e permitem estabelecer a
rastreabilidade metrológica ao BIPM.
Os resultados parciais obtidos mostram que a
irradiação reduziu as bactérias aeróbias
mesófilas encontradas, a partir da dose de
2,5kGy, e as eliminou com doses acima de
5kGy.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
[1]HARRIGAN, W.F. Laboratory Methods in
Food Microbiology. 3rd. ed., 532 p. London:
Academic Press, 1998.
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