FARMACODINÂMICA • Relação entre a dose do fármaco e a resposta clínica • Na necessidade de tratamento farmacológico, é necessário planejar um esquema posológico que possa produzir o máximo de benefício e o mínimo de toxicidade • Requer conhecimento de: – Como as interações fármaco-receptor constituem a base para as relações entre dose e reposta nos pacientes; • – A natureza e as causas da variação na responsabilidade farmacológica; – As implicações clínicas da seletividade de ação das drogas Relação de dose-resposta graduada: – Escolher entre diversos fármacos e estabelecer as doses apropriadas de determinado fármaco, é necessário conhecer a Potência farmacológica relativa e a Eficácia máxima dos fármacos em relação ao efeito desejado 1. Potência farmacológica: concentração (EC50) ou dose (ED50) de uma droga necessária para produzir 50% do efeito máximo dessa droga – Depende, em parte, da afinidade dos receptores pelo fármaco e, em parte, da eficácia com que a interação fármaco-receptor está acoplada à resposta – Útil na escolha da dose administrada 2. Eficácia máxima: o limite da relação dose-resposta no eixo da resposta Eficácia clínica de uma droga não depende da sua potência, mas de sua eficácia máxima e de sua capacidade de atingir os receptores relevantes Capacidade de atingir os receptores depende da via de administração, absorção, distribuição pelo corpo e depuração no sangue ou de seu local de ação Útil na escolha do fármaco a ser utilizado • Variação na responsividade a fármacos – Um mesmo indivíduo pode responder diferentemente à mesmo fármaco em ocasiões diferentes durante o tratamento – Ocorre reação incomum ou idiossincrática por causa de diferenças genéticas no metabolismo do fármaco, ou por mecanismos imunológicos, incluindo reações alérgicas – Variações quantitativas na resposta a fármacos são mais importantes clinicamente e mais frequentes: • – Indivíduo hiporreativo ou hiper-reativo Alguns fármacos podem modificar a intensidade de resposta a determinada dose no decorrer da terapia – Deve considerar fatores que podem ajudar a prever a direção e a extensão de possíveis variações na responsividade • Propensão a produzir tolerância ou taquifilaxia, efeitos da idade, sexo, biotipo, estado mórbido e administração simultânea de outros medicamentos – Mecanismos gerais que podem contribuir para variações na responsividade a fármacos: – Alteração na concentração do fármaco que chega ao receptor: – Taxa de absorção de um fármaco, sua distribuição pelos compartimentos corporais e depuração no sangue diferem entre indivíduos – Modificação na concentração do fármaco que chega aos receptores altera a resposta clínica B. Variação na concentração de um ligante endógeno do receptor • Contribui para a variabilidade da resposta a antagonistas farmacológicos • Respostas variáveis apresentadas pelo mesmo fármaco em diferentes indivíduos devido a concentração variável de um ligante endógeno • Ex.: ação do propranolol nos receptores β-adrenérgicos reduz a frequência cardíaca de um paciente cujas catecolaminas endógenas estão elevadas, mas não afeta a frequência cardíaca, em repouso, de um corredor de maratona C. Alterações no número ou na função dos receptores • Alterações da responsividade a fármacos ocasionadas por aumentos ou diminuições nos números de sítios receptores ou por alterações na eficiência de acoplamento dos receptores a mecanismos efetores distais • Responsável por grande parte da variabilidade individual observada na resposta a alguns fármacos, principalmente as que atuam sobre receptores de hormônios, aminas biogênicas e neurotransmissores • Estimulado por hormônios, pelo agonista endógeno ou pelo antagonista, além do mecanismo de dessensibilização D. Alterações nos componentes da resposta distalmente ao receptor • Alterações nos processos pós-receptores constituem a classe maior e mais importante de mecanismos que produzem variações na responsividade à terapia • O médico deve conhecer as características do paciente capazes de limitar a resposta clínica, tal como idade e saúde geral, gravidade e o mecanismo fisiopatológico da doença • Uma resposta terapêutica não-satisfatória pode ser atribuída a mecanismos compensatórios no paciente, que respondem aos efeitos benéficos da droga, opondo-se a eles • Seletividade clínica: efeitos benéficos versus tóxicos dos fármacos • Nenhum fármaco causa apenas um único efeito específico • Improvável que qualquer tipo de molécula de um fármaco se ligue a apenas um tipo de molécula receptora • Os fármacos são apenas seletivos, mais do que específicos, em suas ações, visto que se ligam firmemente a alguns tipos de receptores do que a outros • A seletividade pode ser medida, ao compararmos as afinidades de ligação de um fármaco em diferentes receptores • No desenvolvimento de fármacos e na clínica médica, a seletividade é habitualmente considerada, dividindo-se os efeitos produzidos em efeitos benéficos ou terapêuticos versus efeitos tóxicos • Reconhecer qual designação usar para um efeito específico do fármaco (terapêutico ou tóxico) depende do contexto clínico em que o fármaco é usado • É importante, tanto para abordagem dos pacientes como para desenvolvimento e avaliação de novos fármacos, a análise de como os efeitos benéficos e tóxicos dos fármacos estão relacionados para aumentar a seletividade e a utilidade da terapia farmacológica • Efeitos benéficos e tóxicos mediados pelo mesmo mecanismo receptor-efetor • Muitos efeitos tóxicos graves dos fármacos usados na prática clínica representa uma extensão farmacológica direta das ações terapêuticas de um determinado fármaco • É possível evitar a toxicidade através de um manejo criterioso da dose administrada, orientado por uma cuidadosa monitorização do efeito, ajudado por medidas auxiliares • Em outros casos, pode-se evitar a toxicidade ao não administrar o fármaco, se a indicação terapêutica não for imperativa, se houver outra terapia disponível • Efeitos benéficos e tóxicos mediados por receptores idênticos, porém em tecidos diferentes ou por vias efetoras diferentes • Muitos fármacos produzem tanto seus efeitos desejados quanto efeitos adversos, ao atuarem em um único receptor • Ex.: metotrexato utilizado em tratamento da leucemia, eliminando as células neoplásicas mas também elimina células da medula óssea e mucosa gastrintestinal, devido a inibição da enzima diidrofolato redutase • Estratégias terapêuticas para evitar ou diminuir esse tipo de toxicidade • Administração do fármaco na menor dose capaz de produzir um benefício aceitável, reconhecendo-se que pode não ser obtida uma abolição completa dos sinais ou sintomas da doença Fármacos adjuvantes, que atuam através de mecanismos receptores • diferentes e produzem efeitos tóxicos diferentes, permitindo a redução da dose do primeiro fármaco, limitando sua toxicidade • Seletividade das ações do fármaco pode ser aumentada, ao manipular as concentrações disponíveis do fármaco a receptores em diferentes partes do corpo • Efeitos benéficos e tóxicos por diferentes tipos de receptores • Certos fármacos interagem com diferentes receptores, acarretando a distintas respostas podendo estas serem benéficas e tóxicas • Tais fármacos incluem agonistas e antagonistas dos receptores adrenérgicos α e β-seletivos, anti-histamínicos, agentes bloqueadores muscarínicos e hormônios esteróides seletivos de receptores nicotínicos e