MARKETING GERAL 1 Índice 1 ÍNDICE 1 2 INTRODUÇÃO 3 3 A FUNÇÃO MARKETING 4 4 NOÇÃO DE MERCADO 9 5 SEGMENTAÇÃO DO MERCADO 12 6 O POSICIONAMENTO 18 7 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES 21 8 PROCESSO DE DECISÃO 32 9 ESTUDOS DE MERCADO 36 10 SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM MARKETING. 48 11 O PRODUTO 49 12 PREÇO 60 13 A DISTRIBUIÇÃO 66 14 A POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO 77 15 A PUBLICIDADE 82 16 AS RELAÇÕES PÚBLICAS 90 17 A VENDA E OS SEUS INSTRUMENTOS 94 1 MARKETING GERAL 18 O MERCHANDISING 19 O MARKETING DIRECTO 97 104 20 ESTRATÉGIA DE MARKETING E POLÍTICA GERAL DA EMPRESA 107 21 QUESTÕES/EXERCÍCIOS 112 22 BIBLIOGRAFIA 114 2 MARKETING GERAL 2 Introdução O presente manual pretende familiarizar o formando com as ferramentas de Marketing e dar a compreender a importância do Marketing para as empresas, quais os objectivos e qual o âmbito das suas actividades. O manual encontra-se divido por temas onde são definidos os respectivos conceitos básicos de forma objectiva, simples e integrada . Os textos apresentados foram organizados de forma coerente e clara, de modo a facilitar a compreensão e a satisfação a quem assuma o desafio de os ler. 3 MARKETING GERAL 3 A Função Marketing Nas empresas surgidas no século XIX, durante a revolução industrial, a principal actividade consistia em melhorar as tarefas da produção de modo aumentar a eficiência da empresa (desenvolvimento de novas tecnologias e processos de fabrico que implicavam a necessidade de um elevado volume de capitais).⇒ Época da predominância da produção. A crise que durou de 1929 até à guerra de 1939, provocou uma inversão na concepção de gestão tida anteriormente. A preocupação passou a ser a necessidade de escoar o resultado da produção em massa. Surge por isso a necessidade de adaptar os circuitos de distribuição (desenvolvimento dos grandes armazéns), de modificar os processos de comunicação (o reclame é substituído por publicidade - as primeiras agências surgem em 1930), e de aperfeiçoar as técnicas de sondagem e inquérito de opinião. Cria-se nas empresas o serviço de vendas ⇒ Época da predominância das vendas. O aparecimento do marketing é recente. Entre o fim da 2ª guerra mundial até cerca dos anos 70, passámos de uma economia de “escassez” para uma economia de consumo. O acréscimo do rendimento “per capita”, a distribuição mais homogénea deste, o maior grau de formação dos indivíduos e um maior e mais rápido acesso à informação, provocaram transformações gerando: • Acréscimo da agressividade comercial. • Intervenção dinâmica do consumidor no mercado. • Tendência para a diminuição da vida útil dos bens. • Alterações rápidas e profundas no comportamento e motivações dos consumidores. A anterior visão dos gestores de definir a política da empresa em função da produção, i.e., a empresa era vista como o centro do universo 4 MARKETING GERAL económico, foi substituída por uma nova óptica de ser - o mercado (consumidores) passou a ser o centro do universo. Contudo, durante algum tempo o marketing confundiu-se como ” função de apoio” às vendas, actuando só após a concepção, fabrico e estabelecimento do preço do produto. As empresas tomaram consciência de que era necessário, antes de conceber ou produzir um produto, analisar as necessidades do mercado, para saberem o que produzir, para quem produzir e a que preço. Verificaram também a necessidade de conservarem uma clientela fiel, por isso tornava-se necessário criar serviços de pós-venda. Como consequência desta extensão das funções, distingue-se hoje o marketing estratégico e o marketing operacional. Marketing estratégico ⇒ Designa as funções que precedem a produção e venda do produto. • Estudo de mercado • Escolha de clientes alvo • Concepção do produto • Fixação do preço • Escolha dos canais de distribuição • Estratégia de promoção e comunicação Marketing operacional ⇒ Designa as operações de marketing posteriores à produção. • Distribuição • Estabelecimento de campanhas de promoção • Serviços pós-venda Inicialmente o marketing surgiu nas empresas produtoras de bens de grande consumo. Depois, progressivamente estendeu-se ao sector dos bens semi-duráveis, aos serviços, bens industriais, política e recentemente aos sectores e organizações não lucrativas. 5 MARKETING GERAL Uma definição generalizada de marketing do livro Mercator - Teoria e Prática do Marketing 1 é: “ O marketing é um conjunto dos métodos e dos meios de que uma organização dispõe para promover, nos públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objectivos.” Atitude de Marketing A atitude marketing caracteriza-se pela necessidade de conhecer o consumidor, para se lhe adaptar o produto / serviço e para o influenciar. Quadro I Conhecer o Consumidor Adaptar Influenciar Técnicas de Marketing Até próximo da segunda guerra mundial, o marketing era uma disciplina muito empírica. A utilização de técnicas e métodos científicos é recente. As técnicas surgem e desenvolvem-se como resposta à dificuldade que as empresas sentem em conhecer, adaptarem-se e agirem sobre o mercado. Entre outras temos: 1 • Inquéritos • Sondagens • Métodos de previsão • Estudo de painéis • Merchandising/Técnicas de promoção Lendrevie,J.; Limdon, D.; Dionísio, P.; Rodrigues,V., 1996, Mercator, Dom Quixote, Lisboa. 6 MARKETING GERAL Os Limites do Marketing Uma crítica superficial pondo em causa os métodos, censura o marketing pelo facto de não ser tão eficaz como pretendem os seus defensores. No produto Muitas vezes a inovação é só aparente. Muda-se o nome e a embalagem tornando-o mais sedutor. A vida dos produtos é também mais curta, suprimindo peças isoladas para reparação. Outros são mal testados tornando-se perigosos. No preço Algumas reduções de preços são ilusórias e alguns aumentos não significam qualidade. Na publicidade A publicidade é muito cara - consequentemente obriga a aumentar os preços. Por vezes utiliza argumentos enganadores. Pode criar ideias falsas e supérfluas. Na distribuição As técnicas de merchandising obrigam os consumidores a percorrer grandes distâncias para os obrigarem a compras por impulso. O marketing ao adoptar uma posição orientada exclusivamente para o consumidor encontra dificuldades para harmonizar diferentes interesses, por vezes antagónicos – accionistas, fornecedores, empregados, clientes, etc.). Actualmente o marketing vem sendo sujeito a críticas por pressionar o consumo, sendo visto, por isso, como o elemento mais influenciador da sociedade de consumo devido às técnicas utilizadas, em especial, a 7 MARKETING GERAL publicidade e a promoção. Deste modo, inerente ao conceito de marketing devem estar associadas a responsabilidade social e a ética do marketing. Valores como a verdade, a honestidade, a segurança (dos produtos/serviços) e a justiça devem estar sempre presentes na actuação das empresas. O conceito de marketing obriga: Quadro II Que uma organização tenha como objectivo as necessidades e interesses dos consumidores Que haja por parte da organização uma oferta diferenciada da dos seus concorrentes Que na organização todas as áreas funcionais tenham como objectivo satisfazer as necessidades e interesses dos consumidores 8 MARKETING GERAL 4 Noção de Mercado Para os comerciais, um mercado é composto pelo conjunto de compradores de um produto ou de um serviço. Para os economistas é visto como o ponto de encontro entre oferta e procura. A aplicação do termo mercado em economia, nos negócios e no marketing, leva a confronto com noções muito distintas, que convém precisar. Assim, podemos referir mercado face às seguintes realidades: • Localização geográfica (Internacional, Nacional, Regional e Local) • Sector económico de mercado • Tipo de indústria • Tipo de produto • Nível de preço • Canal de distribuição • Ponto de venda • Tipo de necessidade • Clientela e segmento de mercado Em relação ao produto podemos distinguir: Mercado genérico - todos os produtos ligados ao género da necessidade satisfeita. (ex. a decoração). Mercado principal - conjunto de produtos semelhantes e directamente concorrentes. (ex. tinta de parede). Mercado sucedâneo - conjunto de produtos de natureza diferente do produto principal, mas que satisfazem as mesmas necessidades e as mesmas motivações nas mesmas circunstâncias. (ex. papel de parede). 9 MARKETING GERAL Num mercado é necessário ter em consideração: A definição do produto / serviço Para se avaliar a importância, a estrutura e a evolução do mercado é necessário definir o produto. A escolha das unidades de medida É necessário definir em que unidades se vai medir a dimensão do mercado. De acordo com o esquema de F.Bouquerel, é possível distinguir no mercado total vários sub-mercados. Quadro III CLIENTES DA EMPRESA DA CONCORRÊNCIA POTENCIAIS CLIENTES ACTUAIS NÃO CONSUMIDORES NÃO CLIENTES MERCADO ACTUAL TOTAL RELATIVOS MERCADO ABSOLUTOS TOTAL MERCADO POTENCIALRELATIVO MERCADO POTENCIAL ABSOLUTO Atractividade de um mercado A atractividade de um mercado depende de factores como a dimensão do mercado, a estrutura, o ciclo de vida do mercado e o ambiente competitivo. 10 MARKETING GERAL A dimensão do mercado diz respeito ao volume de negócios anual do mesmo, não só no que respeita à procura efectiva mas também à procura potencial. A estrutura do mercado prende-se com a posição consolidada que um produto e seus concorrentes apresentam. O mercado automóvel é por exemplo um mercado estruturado. Quanto mais estruturado for um mercado maior será a dificuldade à entrada de novos concorrentes. O mercado tal como o produto apresenta um ciclo de vida de 4 fases: Introdução, Desenvolvimento, Maturidade e Declínio. De acordo com a fase do ciclo de vida do mercado, assim a atractividade será maior ou menor. O ambiente competitivo (número de concorrentes, poder dos concorrentes, experiência e dinâmica dos mesmos), torna alguns mercados menos atractivos do que outros. 11 MARKETING GERAL 5 SEGMENTAÇÃO DO MERCADO Segmentar um mercado consiste em dividi-lo num certo número de subconjuntos, tão homogéneos quanto possível, a fim de permitir que a empresa adapte a sua política de marketing a cada um dos subconjuntos, ou a alguns deles. A segmentação tem como objectivo fornecer produtos ou serviços melhores adaptados aos desejos dos possíveis clientes, i.e., obter em benefício da empresa a confiança e a fidelidade dos consumidores. O marketing segmentado situa-se entre o marketing de massas e o marketing individualizado. Vantagens da segmentação Uma maior eficácia O doseamento das acções comerciais adapta-se melhor às necessidades de um alvo restrito. A comunicação estabelece-se com menos dificuldade entre a empresa e os clientes alvo. Uma rentabilidade acrescida Não há dispersão das actividades comerciais tirando-se melhor partido dos investimentos efectuados. A segmentação inclui quatro etapas principais: 1. A escolha de critérios e de um método de segmentação. 2. Descrição das características de cada segmento. 3. A escolha de um ou mais segmentos. 4. Definição da política de marketing para cada um dos segmentos escolhidos. 12 MARKETING GERAL A escolha de critérios de segmentação Existem numerosas características nas pessoas que compõe o mercado e que poderão servir como sinais distintivos com o objectivo de constituir grupos homogéneos. Critérios físicos: sexo, idade, etc. Critérios sociais: solteiros, casados, etc. Critérios geográficos: habitantes das grandes cidades ou zonas rurais. Critérios sócio-profissionais: médicos, operários, etc. Critérios psicossociológicos: opiniões, atitudes, estilos de vida, etc. É necessário fundamentar o critério, i.e, ligar o produto com a escolha do critério. Descrição das características de cada segmento Uma vez escolhidos os critérios e o método de segmentação e, por consequência uma vez definidos os segmentos, é necessário conhecer as suas características para poder, em seguida, decidir qual ou quais escolher e como os tratar. A escolha de um ou mais segmentos Conhecendo a dimensão e as características principais de cada um dos segmentos de mercado, a empresa deve decidir por quais se vai interessar. Poderá concentrar-se num só ou num número reduzido de segmentos - estratégia concentrada. A empresa poderá optar por abranger um grande número, escolhendo, para cada um deles, um produto ou uma política de marketing especialmente adaptada - estratégia diferenciada. Por último, a empresa pode optar por um único produto ou serviço que satisfaça o conjunto dos clientes do mercado, sem distinguir categorias particulares - estratégia indiferenciada. 13 MARKETING GERAL Estratégia concentrada: Mais eficaz; custo elevado. É arriscada; o segmento pode diminuir ou desaparecer. Estratégia diferenciada: Acção comercial diversificada. Mais onerosa mas mais eficaz que a indiferenciada. Estratégia indiferenciada: Fácil e pouco onerosa. A prazo não tem eficácia. A escolha entre estratégia concentrada e diferenciada, é geralmente consequência de três factores. O primeiro é a dimensão dos diferentes segmentos. Para que uma empresa se decida por um segmento é necessário que este tenha uma dimensão suficiente para que seja rentável. O segundo é o grau de permeabilidade ou de abertura do segmento. Certos segmentos, mesmo com uma dimensão importante, podem não ser interessantes para a empresa, porque são fortemente atacados por um ou mais concorrentes. O terceiro factor diz respeito às características da própria empresa. Para poder concentrar-se eficazmente num segmento de mercado, a empresa deve ser capaz de se adaptar a ele. Deve ter os recursos financeiros, tecnológicos, comerciais e humanos necessários e a sua imagem deve ser compatível com as exigências do segmento em questão. Definição da política de marketing para cada um dos segmentos escolhidos. Uma vez escolhido um ou vários segmentos, resta definir para cada um deles os produtos a propor, fixar o preço, escolher os canais de distribuição, a política de publicidade e de promoção. 14 MARKETING GERAL Como Escolher os Critérios de Segmentação? A escolha de um ou mais critérios de segmentação, obriga a avaliar e comparar as qualidades e defeitos. As qualidades que deve ter um critério de segmentação são três: 1. Pertinência. 2. Mensurabilidade. 3. Valor operativo. Pertinência A pertinência significa que os segmentos que um critério de segmentação definir deverão evidenciar, nos seus comportamentos e atitudes face a um produto, características diferentes. Por exemplo o critério religião é pertinente para segmentar o mercado de contraceptivos. Só se pode escolher duas categorias: os católicos praticantes e todos os outros. A pertinência de um critério pode e deve ser julgada a priori, na base do bom senso, mas também deve ser verificada a posteriori, através de uma análise estatística das diferenças existentes entre os segmentos escolhidos. Mensurabilidade (possibilidade de medida) É necessário que um critério seja bastante fácil de medir ou pelo menos identificável para: • Enumerar os indivíduos de cada segmento. • Se possa verificar a pertinência do critério, i.e., a existência de diferenças de comportamentos e atitudes entre os segmentos. • Para se poder analisar com detalhe as características de cada segmento. Valor operativo (prático) O critério de segmentação deve ser utilizável de modo prático, para permitir ao técnico de marketing orientar os seus esforços sobre um 15 MARKETING GERAL determinado segmento relativamente à política de produto, preço, distribuição, vendas e publicidade. Os critérios demográficos, geográficos, sociais e económicos são quase sempre mensuráveis e operacionais embora, por vezes, pouco pertinentes. Os critérios de personalidade são por vezes pertinentes mas raramente mensuráveis e práticos. Os critérios de comportamento e de atitude são geralmente pertinentes e relativamente mensuráveis, mas não são directamente práticos. Quando segmentamos o mercado para escolher uma estratégia de marketing, os problemas põem-se segundo os tipos de critérios de segmentação e os métodos de divisão de mercado que escolhemos. Podem apresentar-se três situações: 1. Segmentação em função dos critérios gerais. 2. Segmentação em função de critérios específicos de comportamento ou de atitude em relação ao produto. 3. Análise tipológica multicritérios. Segmentação em função de critérios gerais As informações que dispomos sobre os segmentos, são pobres e não são muito pertinentes. Devem ser completadas através de informações sobre outras características objectivas e psicológicas dos segmentos considerados. • A dimensão do segmento. • As características objectivas de cada segmento e a repartição em relação a cada uma das características estudadas. • Conhecer as características psicológicas dos indivíduos. 16 MARKETING GERAL Segmentação em função de critérios específicos de comportamento ou atitude em relação ao produto A segmentação pode ser feita em função das quantidades consumidas, atitude favorável ou não ao produto, modo de consumo, etc. As informações são pertinentes mas nem sempre práticas. Para se determinar quais os canais de distribuição e comunicação mais adequados, temos necessidade de informações complementares, sendo necessário proceder para cada segmento a uma análise de características em termos geográficos, demográficos e socioculturais. Análise tipológica multicritérios Os segmentos são constituídos com ajuda de um método de tipologia em função de um elevado número de critérios. Neste caso, o problema já não é o de enriquecer as informações relativas a cada segmento (que já são ricas), mas sintetizar as informações relativas a cada tipo, para poder caracterizá-lo de um modo simples e operacional, em virtude de não existir homogeneidade interna total. 17 MARKETING GERAL 6 O POSICIONAMENTO O posicionamento visa situar os produtos ou serviços da empresa relativamente aos dos concorrentes. É um conjunto de características objectivas ou simbólicas que lhe são atribuídas pelo mercado. São traços salientes da «imagem» que permite ao público situar o produto e distingui-lo dos outros. O posicionamento é como que a identidade e personalidade da marca. O posicionamento de um produto comporta dois aspectos complementares. 1. A identificação - é a categoria a que o produto é associado na imaginação dos consumidores ( Universo de referência). 2. A diferenciação - consiste numa ou várias particularidades que o distinguem dos outros. As duas perspectivas do posicionamento de um produto Identificação Diferenciação De que género de produto se trata O que é que o distingue dos outros produtos do mesmo género. Se o marketing não escolhe o posicionamento do seu produto, os consumidores encarregar-se-ão disso. O posicionamento desempenha um papel importante nas decisões de compra. O posicionamento é condição necessária para assegurar a coerência do marketing-mix, i.e., as decisões a tomar sobre os 4 P’s. 18 MARKETING GERAL Natureza Uma das opções decisivas consiste em escolher a posição que se quer ocupar no segmento de mercado retido, tendo em conta a situação dos concorrentes e os desejos da clientela. O posicionamento pode ser efectuado em diversas situações. Quando o produto é novo no mercado. O produto deve ser posicionado em função das necessidades do alvo visado. Se o produto não for novo, é necessário determinar correctamente a imagem de modo a encontrar a “fórmula prometedora”. Método O posicionamento obriga a análise e tratamento de dados abundantes. Realiza-se em duas etapas. A - A recolha de dados. São necessários inquéritos qualitativos para actualizar os critérios de escolha dos consumidores. Com base nas informações anteriores, elabora-se um questionário e interroga-se uma amostra representativa do alvo visado. B- O tratamento de dados. As técnicas estatísticas da análise multidimensional de dados, permitem a obtenção de «mappings» ou mapas. Estes esquemas servem para representar o universo dos produtos ou serviços em concorrência. As estratégias Reduzidas ao essencial, podem considerar-se duas opções no caso de se prever lançar um novo produto. 1. Entrar em concorrência directa com outros. 2. Procurar distinguir-se dos rivais. 19 MARKETING GERAL O alcance do posicionamento Com o posicionamento, os responsáveis comerciais dispõem de informações muito úteis sobre o mercado. Estas informações completam a análise de segmentação, permitindo as duas operações seleccionar um alvo de clientela. Critérios de escolha de um eixo de diferenciação As expectativas dos consumidores Para que um elemento seja pertinente, ou seja conferir vantagem concorrencial, é necessário que ele corresponda a uma necessidade ou desejo do consumidor. O posicionamento dos concorrentes O público faz comparações entre produtos. Por isso, é necessário antes de escolher o posicionamento de um produto, conhecer o dos concorrentes, para podermos distinguir o nosso. Os potenciais trunfos do produto Para que um eixo de diferenciação seja eficaz é preciso que seja credível. Tem de corresponder às características funcionais ou simbólicas que o produto em questão possui. 20 MARKETING GERAL 7 Análise do Comportamento dos Consumidores Necessidades e Motivações A causa da acção para um indivíduo reagir reside nas necessidades e nas carências físicas e psíquicas. A importância das necessidades não satisfeitas Segundo Maslow, a necessidade não satisfeita é que explica o comportamento dos indivíduos. Esta necessidade orienta o indivíduo em direcção a tudo que o pode satisfazer. Assim, é conhecida uma estrutura criada por Abraham Maslow, muito utilizada em estudos clássicos de Administração. Figura 1 Pirâmide de Maslow Necessidades de Auto-realização Necessidades de Estima Necessidades de Sociais Necessidades de Segurança Necessidades Fisiológicas MASLOW, Abraham H. Motivation and Personality. Nova York: Harper & Row, 1954. 21 MARKETING GERAL Maslow desenvolveu uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas em uma hierarquia de necessidades, formando uma espécie de pirâmide: a) Necessidades fisiológicas: são as necessidades vegetativas relacionadas com a fome, o cansaço, o sono, o desejo sexual, etc. - necessidades que dizem respeito à sobrevivência mais imediata do indivíduo e da espécie, constituindo pressões fisiológicas que levam o indivíduo a buscar ciclicamente a sua satisfação. b) Necessidades de segurança: levam o indivíduo a proteger-se de qualquer perigo real ou imaginário, físico ou abstracto. A procura de segurança, a fuga ao perigo e a busca de uma estabilidade são manifestações dessas necessidades de segurança. Como as necessidades fisiológicas, as de segurança também estão relacionadas com a sobrevivência do indivíduo. c) Necessidades sociais: relacionadas à vida associativa do indivíduo com outras pessoas. A acção e a participação levam o indivíduo à adaptação social, às relações sociais e mesmo às acções conjuntas de cidadania. d) Necessidades de estima: relacionadas com o ego. Orgulho, auto-estima, auto-respeito, progresso, confiança, necessidades de reconhecimento, apreciação, admiração etc. e) Necessidades de auto-realização: relacionadas com o desejo de cumprir a tendência que cada um tem de realizar seu potencial (auto-desenvolvimento, auto-satisfação). As motivações A definição de necessidade e motivação varia de autor para autor. A noção de necessidade está ligada às necessidades fisiológicas. Quanto às 22 MARKETING GERAL motivações podemos distinguir, de acordo com o seu carácter mais ou menos inato, em primárias e secundárias. Associação das motivações com os estímulos do ambiente As motivações, desejos e necessidades podem ser activos ou lactentes. Por vezes o indivíduo esquece-as por uns tempos. Estas tensões podem ressurgir sob o efeito de processos psicológicos ou pela acção de um estímulo externo. O sinal ou estímulo que tem mais eficácia no acordar do desejo é o próprio objecto desse desejo. Conflitos entre as diferentes motivações. Pode acontecer que as motivações de um indivíduo entrem em conflito. Estas motivações constituem um verdadeiro campo de forças cuja resultante determina o seu comportamento. A preocupação da economia dos diversos recursos (dinheiro, tempo e energia física) está sempre presente, conscientemente ou não, no momento da compra. A detecção e a medida das motivações Conhecer as motivações de um indivíduo é identificar a sua natureza e medir a sua intensidade. Os estudos de motivações mostram 3 modos principais de medida. 1. Medida da motivação por inferência a partir das acções dos indivíduos Quando um indivíduo age, escolhe, podemos ver na sua escolha o indício das suas motivações. 2. Medida das motivações por entrevista Uma maior precisão na medida das motivações, pode ser obtida pedindo às pessoas que respondam a uma entrevista, no decurso da qual se tenta que elas exprimam os seus desejos e motivações. 3. Medida das motivações pelos métodos projectivos Estes testes consistem, por exemplo, em submeter as pessoas a um estímulo ambíguo (não tem sentido perfeitamente explícito), e pedir-lhes que descrevam o que vêem. Graças às entrevistas em profundidade e 23 MARKETING GERAL aos métodos projectivos o universo das motivações pode ser estudado de modo eficaz. As atitudes Segundo Katz e Stotland, uma atitude pode ser definida como uma tendência ou predisposição do indivíduo para avaliar de uma certa maneira um objecto e reagir perante ele. Uma atitude compreende 3 tipos de elementos. 1. Crenças ou elementos cognitivos São elementos de conhecimentos factuais a propósito dos objectos considerados. Podem ser erróneos ou imprecisos. 2. Sentimentos ou elementos afectivos Pode gostar-se ou não do objecto ou do que ele representa. 3. Uma tendência para agir ou elemento comportamental Esta componente comportamental nem sempre está presente, ao contrário das anteriores. A dinâmica das atitudes A noção de atitude implica a possibilidade de uma relação entre a componente cognitiva ou afectiva e a componente comportamental. O facto de se estar num estádio não implica que se passe automaticamente para o estádio seguinte. No caso das compras impulsivas, parece que o consumidor salta a etapa do estado afectivo. Quando o produto não tem interesse para o consumidor, este último não desenvolverá quaisquer sentimentos a seu respeito. Pode então imaginar-se uma das seguintes estratégias de marketing. As estratégias de promoção e as estratégias push. Incita-se o consumidor a comprar, através de uma promoção muito forte. O esquema é do tipo 1-3-2. A avaliação do consumidor virá apenas à posteriori, após experimentar o produto. As estratégias de reforço da implicação. A publicidade pode enfatizar o interesse do produto, associando-o a outros universos com mais forte implicação. 24 MARKETING GERAL A estabilidade das atitudes Modificar uma atitude inclui um custo para o indivíduo que é tanto maior quanto esta atitude se dirige a um valor forte, a uma experiência significativa, a um produto importante e uma compra arriscada. É necessário distinguir as atitudes centrais (ligadas a valores fundamentais do indivíduo) e as atitudes periféricas. Estas últimas, são menos estáveis que as primeiras. O marketing (especialmente para os produtos de grande consumo), trabalha o domínio das atitudes periféricas. A estabilidade das atitudes pode igualmente analisar-se ao nível das suas componentes. É geralmente mais fácil modificar as crenças (estado cognitivo) que os sentimentos (estado afectivo). É mais fácil modificar os sentimentos que os comportamentos. A publicidade intervém essencialmente nos 2 primeiros estados: cognitivo e afectivo. O marketing directo situa-se deliberadamente no 3º estado - o comportamental, onde é mais difícil fazer evoluir os consumidores. A coerência interna das atitudes O equilíbrio psicológico supõe uma estabilidade relativa das atitudes e a coerência interna. A teoria da dissonância cognitiva formulada por Festinger, tenta explicar este tipo de situações e o comportamento do consumidor que resulta deles. Quando dois elementos de conhecimento contraditórios estão presentes na consciência de um indivíduo, resulta uma tensão que pode traduzir-se por um estado de desconforto tal, que conduz a uma reacção por parte do consumidor. Atitudes e comportamentos Através das atitudes, espera-se compreender e prever melhor os comportamentos do consumidor. Das 3 dimensões da atitude, a componente comportamental é a mais difícil de abordar. As características permanentes dos indivíduos: 25 MARKETING GERAL Personalidade O conceito de personalidade é utilizado para designar o que diferencia os indivíduos na sua forma de reagir a uma mesma situação. Conhecer a personalidade de um indivíduo pode ser um meio de prever o seu comportamento. A análise das características dos diversos tipos de personalidade conduziu os psicólogos a elaborar listas de «traços de personalidade» e «inventários de personalidade» Exemplos baseados numa tipologia de personalidades. Pessoas que se orientam positivamente relativamente a outros. Estes indivíduos querem que se goste deles, serem apreciados e sentirem-se úteis. Pessoas que se orientam de modo agressivo relativamente a outros. Estes indivíduos procuram o sucesso a fim de serem admirados. Desconfiam dos sentimentos que duvidam ser sinceros. Pessoas que são desligadas dos outros. Estes indivíduos desejam manter a distância entre eles próprios e os outros. Exemplos baseados na utilização de um inventário de traços de personalidade. A impulsividade - qualidade daquele que se decide rapidamente pelo prazer de experimentar, sem preocupação do amanhã. A reflexão - qualidade daquele que gosta de meditar e que tem um gosto excepcional pela teoria. A imagem de si próprio A aquisição de certos produtos pode ser para um indivíduo um meio de exprimir a sua posição social. Com efeito, certos produtos como o vestuário, o automóvel, o equipamento e a decoração para o lar são, para uma pessoa, um meio de se apresentar aos outros. Esta representação de si próprio realiza-se, por um lado, através da representação que a pessoa faz dela própria (o que os psicólogos designam por imagem de si próprio) e por outro, através da representação que essa pessoa tem dos objectos que lhe são propostos (imagem dos produtos). 26 MARKETING GERAL Estas imagens dos produtos são constituídas em parte por elementos de informação sobre as características objectivas do produto (qualidade, técnica, utilidade) e em parte por representações simbólicas associadas e esse produto. Estilos de vida Uma das fraquezas da variável «personalidade» advém do facto de a sua definição não estar ligada directamente ao consumo ou ao comportamento de compra. Um tal elo pode ser realizado de dois modos diferentes. O primeiro, estudando a relação «personalidade e objecto» ou seja, a imagem de si próprio. O segundo consiste em procurar definir tipos de consumidores com os quais poderíamos identificar cada um de nós. Nesta análise parte-se de comportamentos estereotipados. Existem três grandes categorias de variáveis que permitem descrever o estilo de vida e as correntes socioculturais: as actividades, os valores pessoais e as opiniões. As actividades Nas actividades inclui-se tudo o que as pessoas fazem - trabalho, lazer, hábitos de compra. Os valores pessoais Os valores pessoais são sistemas de valores e das características de personalidade que determinam as interacções entre o indivíduo e o que o rodeia. Isto compreende aspectos psicológicos (como a personalidade) e aspectos psicossociológicos (como a percepção), feita por cada indivíduo no modo como os diferentes papéis sociais devem ser desempenhados. As opiniões As opiniões são as representações que os indivíduos fazem do seu ambiente social em geral. Por exemplo, a consciência ecológica pode influenciar o ambiente do consumo. 27 MARKETING GERAL Variáveis explicativas sociológicas e psicológicas O comportamento de compra de um indivíduo não pode ser explicado unicamente a partir das suas variáveis pessoais (necessidades, motivações, atitudes e traços de personalidade). Um indivíduo vive em interacção com outras pessoas, as quais estão ligados por relações, constituindo um grupo. Estes grupos determinam em parte o comportamento e as atitudes de cada um dos seus membros. A existência do grupo obriga a que os seus membros partilhem as mesmas crenças, valores e normas. O grupo exerce sobre os indivíduos uma pressão a fim de que estes tenham comportamentos de acordo com as suas normas. Esta coerência realiza-se de dois modos: por um lado o indivíduo tende a associar-se com as pessoas das quais aprova o comportamento. Por outro lado, se pensa poder retirar da pertença ao grupo certas vantagens, faz-se aceitar por este, adaptando o seu comportamento às normas do grupo. Os grupos, para atingirem os seus objectivos, fazem entre os seus membros uma certa divisão de trabalho; os membros do grupo têm estatutos diferentes. Se o indivíduo não é bem aceite no grupo tenderá a desviar-se das normas deste, pelo menos em privado. O carácter do consumo é determinado pelo grau de influência que o grupo exerce em cada um dos seus membros, nomeadamente nas compras com grande visibilidade. O grupo é um veículo essencial para a difusão de inovações. Grupos de referência e grupos pares Os grupos a que um indivíduo pertence não exercem todos a mesma influência. Certos grupos a que o indivíduo não pertence podem determinar, de modo muito importante, o seu comportamento. Esta dupla constatação está na origem de grupo de referência. 28 MARKETING GERAL O grupo de referência é o grupo que num determinado momento serve de referência na determinação de crenças, atitudes e comportamentos de um indivíduo, quer este lhe pertença ou não. Os grupos de referência podem ser positivos ou negativos consoante os valores sejam aprovados e imitados ou, então, rejeitados. É frequente os indivíduos serem influenciados pelos seus semelhantes - colegas, vizinhos. Este fenómeno é chamado influência do «grupo dos seus pares». Líderes de opinião Os líderes de opinião são indivíduos cujo estatuto no seu respectivo grupo é elevado e que contribuem em grande parte para o estabelecimento das normas do grupo a que pertencem. Geralmente o líder é quem mais sabe ou é de quem mais se gosta. Por isso, o líder é diferente de acordo com o assunto (p. ex. produto que se pretende lançar). Quando a coesão do grupo é muito forte, as escolhas de consumo do líder são geralmente as escolhas da maioria do grupo. As classes sociais As classes sociais são as categorias nas quais se pode decompor uma sociedade. É determinada por um conjunto complexo de elementos que determinam o estatuto e o lugar na hierarquia social. Muitas vezes, utilizamse variáveis mensuráveis (indicadores), tais como o rendimento, nível de educação, profissão, local e tipo de habitação, etc. Classe social e modo de consumo A diferenciação social em matéria de consumo não é puramente qualitativa. Em certos tipos de produtos (alimentares) as diferenças constatadas não são muito significativas, mas o mesmo não se passa com a maior parte de outros produtos. Deste modo, o consumo pode-se tornar um meio de expressão de uma diferenciação social e não apenas determinada pelo rendimento. Assim, para prever as compras de um indivíduo, temos de 29 MARKETING GERAL considerar não apenas a classe a que ele pertence, mas também a sua posição relativa nessa classe em termos de rendimentos. Consumo ostensivo e « standing» O consumo ostensivo quer dizer um consumo cuja finalidade é a demonstração da riqueza ou do estatuto social daquele que o faz. O «standing» corresponde a uma ideia de hierarquia social expressa pelo poder de compra. Classe social e locais de compra Uma classe social é determinada simultaneamente pela disponibilidade de um certo rendimento e por uma certa maneira de se comportar. As pessoas escolhem as lojas de acordo com o estatuto social das pessoas que a frequentam. Diferenciação social e modo de consumo Apesar das diferenças de consumo entre as classes sociais, existem indivíduos que pretendem fazer uma diferenciação através de um certo “ snobismo”. Por exemplo, tendo um elevado rendimento e pertencendo a uma classe social superior, andam em automóveis utilitários. A mobilidade social A mobilidade social (mudança de uma classe para outra), pode ser ascendente ou descendente. A mobilidade ascendente é acompanhada frequentemente de uma identificação muito forte com a classe de destino. As pessoas em mobilidade descendente tendem a conservar elementos, valores e hábitos da sua classe de origem. Por isso, encontramos pessoas que consomem e têm comportamentos acima da sua classe e dos seus rendimentos. As variáveis culturais Os indivíduos não diferem somente através da classe social mas também através da cultura. É este o nome dado ao conjunto de valores, normas e comportamentos que caracterizam uma sociedade. A cultura varia de país para país, de região para região e de acordo com a categoria social. 30 MARKETING GERAL Num país a linguagem pode ser a mesma, mas os meios de comunicação utilizam numerosas diferenças de acordo com o nível cultural dos seus públicos. Por isso as estratégias comerciais não podem ser exportadas directamente de um país para outro. Família e consumo O casamento produz nos seus membros uma modificação profunda no consumo. Ciclo de vida da família É conveniente estudar-se a variação da procura de certos produtos em função da fase em que a família se encontra no «ciclo de vida» familiar. Podem combinar-se as três variáveis: idade, casamento, número de filhos. A classificação seguinte é um exemplo. Jovens celibatários. Casais jovens sem filhos. Jovens pais. Casado com filhos. Casado sem filhos. Velho, só. O processo de compra familiar O estereótipo tradicional relativo à divisão do poder no seio da família dá aos pais mais poder que aos filhos, e ao marido mais poder que à esposa. Contudo nem sempre é assim. O poder de decisão dos elementos da família varia de família para família e de classe social para classe social. 31 MARKETING GERAL 8 Processo de Decisão Sendo a compra considerada como o resultado de um processo de decisão, é suposto que o indivíduo prossiga alguns objectivos. A decisão implica escolher entre diversas coisas e, implica a necessidade de informação, para se avaliar as consequências da acção. Toda a decisão implica um risco. Na decisão comparam-se as vantagens e inconvenientes das possíveis opções. O processo de decisão é automático ou rotineiro quando existe uma anterior aprendizagem. Quando a decisão tem de ser feita para um problema novo, o tempo e o esforço é tanto maior quanto maior for o risco. O processo de decisão implica 4 conceitos importantes: Figura 2 Os objectivos. A necessidade, a procura e o tratamento da informação Risco e a implicação A aprendizagem Os objectivos Satisfação e decisão O consumidor não pode calcular as consequências exactas de todas as escolhas possíveis. Além disso, a procura de informações leva tempo e o indivíduo deixará de procurar quando encontrar a informação achada por necessária. A aspiração de um indivíduo depende da experiência passada. 32 MARKETING GERAL Uma experiência de satisfação de compra positiva levará a nova aquisição e o inverso também é verdadeiro. Natureza subjectiva dos objectivos do consumidor A avaliação da satisfação trazida por um dado produto não depende unicamente das características objectivas deste. Além das características objectivas, os produtos têm um objectivo simbólico importante (significado subjectivo explorado pelo marketing - Ex. Pode significar bom gosto, pertença a um estrato social, etc.). A informação A informação é necessária para dar a conhecer e valorizar o produto. Os indivíduos buscam nos diferentes instrumentos de comunicação a informação que precisam para a tomada de decisão. O risco e a implicação O risco apercebido aquando da compra. A maior parte das compras são decididas num contexto de incerteza, portanto comportam um risco. A realidade deste risco pode ser medida pelo desvio existente entre o nível de aspiração e o nível de satisfação obtida. O risco é apercebido quando o indivíduo prevê este risco. O risco pode comportar aspectos materiais e psicológicos. O risco material corresponde por exemplo, a um perigo físico ou um risco financeiro. O risco psicológico é apercebido quando se teme desvalorizar a imagem quer face aos outros quer face a si próprio. Os riscos podem ser classificados em quatro categorias: • Os riscos sobre as performances esperadas de um produto ou serviço. • O risco de uma imagem ou risco psicológico. • O risco financeiro. • O risco físico. 33 MARKETING GERAL Os consumidores têm tendência para sobrevalorizar o risco financeiro e subestimar os riscos psicológicos e físico. Contudo, os seus comportamentos desmentem as declarações. Para confiar no risco apercebido, o consumidor tem numerosas soluções: • Confiar na experiência passada. • Confiar em marcas com fama. • Procurar mais informação. • Delegar a responsabilidade de compra em alguém. • Renunciar à compra (caso extremo). Cada indivíduo reage de modo diferente face ao risco. Esta característica é constante e marca todos os seus comportamentos. Contudo, a atitude face ao risco varia de acordo com a experiência e competência adquirida. O envolvimento dos consumidores O envolvimento está ligado à noção de risco. Quanto mais nos apercebemos do risco, mais o envolvimento é importante. Os factores dos quais depende o envolvimento dos consumidores são numerosos. Por exemplo: Tipo de produto Quanto maior o valor do produto, maior a implicação de envolvimento. O próprio consumidor e as situações de compra A compra pode envolver directamente o comprador. A experiência do consumidor O envolvimento pode variar no tempo. O grau de envolvimento pode ser um critério de segmentação. De um modo geral, o grau de envolvimento dos consumidores dos países desenvolvidos é fraco e com tendência a diminuir. Este processo tem a ver com o poder de compra. 34 MARKETING GERAL A aprendizagem ou efeito de experiência Na última etapa do processo de decisão, o consumidor compara o resultado da sua compra e consumo com o efeito que esperava. Este efeito de retorno (feedback) pode ser positivo ou negativo. Uma compra repetida que dê satisfação tende a tornar-se num hábito. Assim, as experiências vividas por um indivíduo podem traduzir-se por uma tendência para a generalização ou para a discriminação. A análise do consumidor não dispensa as normais interrogações da gestão para a aquisição da informação necessária à estratégia de marketing. O que compra? – Objecto da aquisição Porque compra? – Objectivo da compra Quem compra? – Organização da compra Como compra? – Operação de compra Quando compra? – Ocasião da compra Aonde compra? – Local da compra No que respeita ao interesse e motivação do consumidor na escolha de um determinado produto temos três modelos de comportamento: 1. Modelo de aprendizagem – em que as necessidades resultam de estímulos e impulsos que necessitam de resposta. É importante pois pode ser influenciado por estímulos e impulsos externos. 2. Modelo sociológico – baseado na teoria da imitação, segue o grupo ou força social. 3. Modelo psicológico – o consumidor é motivado por aspectos simbólicos, marca, imagem. 35 MARKETING GERAL 9 ESTUDOS DE MERCADO Os gestores dispõem de duas fontes de informação. 1. As informações internas ou primárias Provenientes de várias origens, existem na empresa alguns dados preciosos. As fontes são muitas. Documentos da contabilidade geral Estatísticas de vendas Ficheiros de clientes Ficheiros de encomendas Etc. Vantagens Custo baixo Confiança nos dados Prazos de obtenção curtos Limites Referem-se apenas à empresa. São restritos Por vezes surgem bloqueios à disponibilidade da informação 2. As informações externas ou secundárias Os dados secundários têm várias origens: As fontes INE, Publicações específicas, Publicações de organismos públicos, semi-públicos ou privados. 36 MARKETING GERAL Vantagens Custo pode ser pequeno (Ex. as revistas) Rapidez de obtenção Limites Nem sempre as informações correspondem ao que se pretende Por vezes os dados são atrasados Seriedade Verificação dos dados é fastidiosa Podem-se classificar as informações descritivas de um público em três categorias: 1. Características externas 2. Comportamentos mentais 3. Comportamentos efectivos Características externas • Número de elementos • Divisão geográfica • Critérios demográficos: sexo, idade, profissão, etc. • Outros critérios (empresa): sector de actividade, dimensão, forma jurídica 37 MARKETING GERAL Comportamentos mentais (o que as pessoas pensam) 1. Necessidades, motivações, desejos e expectativas. Ex. prestígio, afirmação, segurança, economia. 2. Notoriedade e imagem de produtos e marcas. Notoriedade – n.º de pessoas que conhece um produto. Imagem - conjunto de conhecimentos, valores e opiniões que estão associadas aos produtos e marcas. 3. Atitude global Julgamento de valor feito por um indivíduo a determinado produto. Comportamentos efectivos de um público (o que as pessoas fazem) • Comportamentos de consumo / utilização Quem consome? Homem, mulher, adultos, crianças, etc. Onde consome? Casa, viagem, etc. Quando se consome? Horas, dias da semana, época do ano, frequência. O que se consome? Produto, marca, modelo, embalagem. Para que utilizações? Como? Hábito de consumo. Quanto se consome? Kg, lt, embalagens. • Comportamentos da recolha da informação Quais as fontes de informação utilizadas? Quais os hábitos de leitura de imprensa? Quais os hábitos de ouvir rádio e ver televisão? Quais os hábitos de frequência de exposições, salões e congressos. • Comportamentos profissionais dos distribuidores Que produtos e marcas vendem? Como expõem os produtos? 38 MARKETING GERAL Quais são são os métodos de vendas? Como escolhem e negoceiam com os fornecedores? • Comportamentos dos concorrentes Que serviços ou produtos propõem? Quais os seus preços e as condições de venda? Quais os canais de distribuição que utilizam? Qual a importância e a organização da sua força de vendas? Quais os orçamentos de comunicação e como os utilizam? Os estudos quantitativos As técnicas quantitativas, aparecidas há cerca de cinquenta anos e aperfeiçoadas mais tarde graças ao uso dos computadores, distinguem-se na maneira como agarram o seu objecto no tempo. As sondagens dão uma imagem estática dos fenómenos enquanto os painéis dão uma visão dinâmica. • As sondagens Esta técnica baseia-se no raciocínio indutivo próprio das ciências experimentais: estuda-se uma amostra, para chegar ao conhecimento de certas características duma população mais ampla. A natureza das informações a recolher determina os meios empregues. O gestor deve precisar com cuidado o objecto da sua investigação, antes de: • Seleccionar a amostra. • Redigir o questionário. • Aplicar o questionário às pessoas seleccionadas. A preparação do estudo. O primeiro passo consiste em definir o objectivo. A selecção do objectivo condiciona a escolha da amostra, a amplitude do questionário e o modo de interrogar os entrevistados. O procedimento da amostragem comporta 3 decisões principais: 1. Definição da unidade de sondagem: 39 MARKETING GERAL A unidade de sondagem diz respeito à natureza das entidades sobre as quais o inquérito incidirá. Numa situação serão os indivíduos, noutras a família, etc. 2. Dimensão da amostra: Quanto maior a amostra, maior é a precisão das estimativas. A precisão estatística de uma sondagem está mais ligada à dimensão absoluta do que a relação entre a dimensão da amostra e o universo. A previsão das estimativas não varia proporcionalmente à dimensão da amostra. Isto significa que o ganho de precisão que se pode obter aumentando a dimensão da amostra, não justifica o custo suplementar que isso comportaria. 3. Selecção da amostra: 1. As amostragens aleatórias. Teoricamente é o único método válido de amostragem. Existem diversas variantes de método aleatório. • As amostragens por quotas. O método por quotas consiste em estabelecer como regra que amostra estudada deverá ter sensivelmente a mesma composição que o universo. As entrevistas devem respeitar as proporções que lhe são fixadas, tem a vantagem da economia, mas apresenta dificuldades práticas. Se o número de critérios estabelecidos para a formação de quotas é fraco, os entrevistadores poderão introduzir enviesamentos escolhendo preferencialmente certas pessoas. • O método dos itinerários. Para se limitar muitas vezes a arbitrariedade dos entrevistadores emprega-se este método ou isoladamente ou combinado com o método por quotas. Serve para evitar uma grande concentração geográfica embora na prática seja de difícil aplicação. 40 MARKETING GERAL • A amostragem arbitrária. É uma amostragem restrita de pessoas escolhidas arbitrariamente, tendo como única preocupação respeitar uma certa variedade geográfica, demográfica e social. O Questionário Para evitar que a pessoa interrogada não introduza desvios, voluntários ou involuntários, as questões devem apresentar as seguintes características: Serem compreensíveis. Serem estimulantes. Serem precisas. O questionário pode ser realizado por: • Correio - inquérito postal. • Telefone. • Face a face. Os inquéritos por sondagem não pretendem dar um conhecimento exacto da população estudada mas apenas algumas das suas características ou de alguns dos seus comportamentos. Elaboração de um questionário A elaboração de um questionário implica: 1. Apresentação – explicação do objectivo da pesquisa e a importância das respostas para o objecto em estudo. 1. O objectivo – de modo a decidir quais os dados a recolher face à finalidade do estudo. 2. O público-alvo – para adaptação da linguagem a utilizar nas perguntas. 3. O modo da recolha da informação – importante na decisão do tamanho e forma. 4. A ordem de colocação das perguntas – as perguntas devem ser agrupadas em grupos de questões denominadas blocos. As questões de um bloco são de um mesmo assunto. O primeiro bloco é 41 MARKETING GERAL destinado aos dados de identificação e os restantes aos dados do problema em estudo. 5. Validar a operacionalidade do questionário, testando-o junto de pessoas que apresentem as mesmas características da população em estudo. Reformular se necessário. As categorias de perguntas Distinguem-se 4 categorias de perguntas. 1. Abertas. 2. Fechadas. 3. Pré-formadas. 4. Escalas de atitude. As escalas de atitude podem ser representadas por adjectivos (muito bom, bom, razoável, fraco, muito fraco) ou numericamente e são designadas por escalas de Likert. O número de opções não deve ser ímpar, para evitar a tendência para a opção média de menor compromisso. Sugestões para a elaboração de um questionário - Começar pelas perguntas mais simples. - Usar uma ordem lógica no ordenamento das questões. - Informações necessárias para outras perguntas devem vir primeiro. - Não incluir duas perguntas numa. - Não utilizar questões com e/ou. - Evitar questões ambíguas. - Cada pergunta deve permitir uma só resposta. - Não fazer perguntas que induzam resposta. - Empregar linguagem simples - Questionar factos e não juízos. - As perguntas abertas devem vir no final. 42 MARKETING GERAL Erros da amostragem Os erros das sondagens podem ser de dois tipos: • Provenientes do método e dos procedimentos de amostragem utilizados a amostra não é representativa do universo. • Dimensão da amostra - é necessário introduzir o intervalo de confiança (limites entre os quais se deve encontrar o resultado real), e o limiar de confiança (a probabilidade que tem o resultado de se encontrar num dado intervalo de confiança). Erros de recolha de informação Estes, podem ser devidos ao questionário ou aos entrevistadores. Os principais tipos de inquéritos Omnibus - incidem sobre vários assuntos e fazem-se a pedido de diferentes clientes. Barómetros - são inquéritos repetitivos em que as amostras sucessivas são compostas por indivíduos diferentes. Os critérios de análise dos resultados são sociodemográficos. Painéis - são inquéritos repetitivos que diferem dos barómetros porque a amostra da população estudada é constante. Existem painéis de consumidores (seguem os comportamentos de compra), painéis de retalhistas (incidem sobre as vendas), painéis especializados (incidem sobre actividades especiais). Quadro IV Vantagens Limites Melhoram o conhecimento do A amostra nem sempre é representativa processo comercial São onerosos Permitem efectuar previsões Os levantamentos são de 2 em 2 meses Favorecem o controlo (força de e as promoções são quinzenais. É difícil vendas) avaliar uma promoção 43 MARKETING GERAL Distribuição Numérica de uma marca é a percentagem de lojas que detêm a marca considerada. Exemplo: se uma marca tem uma D.N. de 52, que dizer que 52 % das lojas comercializam a marca. Distribuição Ponderada de uma marca exprime o peso que representam as lojas detentoras desta marca nas vendas globais da categoria do produto a que essa marca pertence. Exemplo: se uma marca tem uma D.P. de 80, significa que as lojas detentoras da marca do produto realizaram no seu conjunto 80 % das vendas totais do produto em valor. Quando a D.P. é superior à D.N. significa que a marca é distribuída nas lojas cujo volume de venda (relativamente à categoria de produtos) é importante. O inverso, quer dizer que a marca é distribuída principalmente nos pequenos retalhistas. Os estudos qualitativos São pesquisas que têm por objectivo descobrir as razões de decisão de um consumidor. Nestes, há a considerar as motivações e os impedimentos. Por isso, são também conhecidos por estudos de motivação ou estudos em profundidade. Baseiam-se em técnicas de psicologia aplicada. Utilizam métodos mais indirectos do que o questionário clássico. A dimensão da amostra é muito mais reduzida do que nos estudos quantitativos. Os métodos utilizados são: • As entrevistas livres (ou em profundidade) Esta técnica consiste em não colocar questões mas deixar falar livremente o entrevistado sobre um certo tema, registando num gravador as suas declarações. O entrevistado não se deve sentir como submetido a um interrogatório. É uma técnica onerosa e não se adequa a todos os temas. 44 MARKETING GERAL • As reuniões de grupo É uma técnica exploratória que consiste em reunir um pequeno grupo de indivíduos à volta de uma mesa deixando-os falar de um tema determinado. Pode haver o efeito de liderança dentro do grupo, levando a reacções em cadeia das diversas opiniões emitidas. • Os testes projectivos Consistem em fazer falar a pessoa sobre um tema externo a ela, sobre o qual ela projecta as suas próprias ideias e a sua própria personalidade. Para cada problema é necessário um teste diferente. Distinguem-se: Os testes de associação Fazem-se associar imagens de um produto com imagens de consumidores ou o produto com palavras (geralmente adjectivos). Os testes de expressão Esta técnica consiste em solicitar às pessoas que completem uma série de frases inacabadas. Os TAT (Thematic Aperception Tests). Esta técnica consiste em levar o consumidor a detalhar uma determinada situação que lhe é dada. O estudo de atitudes É necessário primeiramente conhecer as atitudes através de testes psicológicos. Depois aprecia-se a intensidade. Diferencial semântico de Osgood. Em relação um determinado produto pede-se aos consumidores para situarem as suas respostas entre dois pólos: do favorável ao hostil. 45 MARKETING GERAL Escala aditiva de Likert. Pede-se aos consumidores que indiquem o que pensam de determinadas afirmações sobre um produto. A escala vai de concordo plenamente até completamente em desacordo. Os testes Os testes incidem sobre as variáveis do marketing-mix. Testes de produto. Servem para avaliar as qualidades, o interesse pelo produto. Testes de preços. Servem para determinar o preço psicológico do produto. Testes de publicidade. Servem para avaliar a qualidade de comunicação (mensagem, conteúdo, memorização) ou para escolha de um anúncio. Tratamento de dados Quaisquer que sejam as técnicas de inquérito utilizadas, as informações obtidas só podem ter utilidade se forem tratadas. Os métodos estatísticos agrupam-se em duas categorias: Os métodos descritivos ………….. Os métodos explicativos Os Métodos Descritivos Têm por objectivo resumir e sintetizar os dados em bruto do inquérito. Distinguem-se: Os métodos clássicos • Cálculo de percentagens • Ventilações (percentagens efectuadas sobre cruzamento de variáveis) • Cálculo de médias e desvio-padrão 46 MARKETING GERAL • Cálculo de significância estatística das diferenças observadas entre diversas médias ou percentagens Os métodos de redução de dados • Resumem um certo número de dados • Análise factorial em componentes principais • Análise das correspondências Os métodos de classificação dos indivíduos ou dos objectos Reagrupam indivíduos ou produtos / marcas num pequeno n.º de tipos em função da sua semelhança em relação a diversos critérios. • Métodos tipológicos • Análise multidimensional das semelhanças Os Métodos Explicativos Têm por objectivo medir as relações entre as variáveis dependentes e independentes. Segundo a natureza das variáveis estudadas (métricas ou não métricas) e os métodos de análise e de cálculo utilizados, distinguem-se: • Métodos de regressão linear • Métodos estatísticos de segmentação • Análise discriminativa 47 MARKETING GERAL 10 SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM MARKETING. O S. I. M. é a técnica que permite fornecer, sem atrasos, aos gestores, as informações necessárias para tomarem decisões. As necessidades de informações dentro de um serviço de marketing devem ser objecto do que se pretende. Por isso, é conveniente detalhar as mesmas. Estatística de vendas: Por produtos. Por regiões. Por clientes. Etc. Quotas de mercado: Por produtos. Grupo de produtos. Marca. Regiões. Etc. A escolha das fontes de informação A escolha das fontes de informação possíveis, internas ou externas à empresa, devem ser seleccionadas de acordo: • Disponibilidade dos dados • Custo de aquisição • Viabilidade Um S.I.M. compõe-se de vários subsistemas: • Base de dados brutos • Base de informações estatísticas que provenham dos dados iniciais • Base de modelos que tratem, por sua vez, as informações estatísticas 48 MARKETING GERAL 11 O PRODUTO A empresa foi criada e organizada à volta do produto / serviço. A percepção de um produto é muitas vezes complexa e pode diferir de um indivíduo para outro. A percepção depende da natureza dos produtos e do grau de envolvimento dos consumidores. Quanto mais complexos são os produtos, mais a sua carga simbólica ou afectiva é forte e mais as percepções são diferentes de um consumidor para outro. A percepção marketing de um produto varia não apenas de indivíduo para indivíduo, mas também se pode modificar, com o tempo, relativamente ao mesmo indivíduo (em especial com a idade). O conteúdo simbólico dos produtos. Todos os produtos têm um conteúdo mais ou menos simbólico que evolui com o tempo. O marketing utiliza continuamente os símbolos que liga à marca através da publicidade e ao produto através do design. As componentes de um produto. As características funcionais. As funcionalidades de um produto dependem: • Das características físicas: composição física, química, performances técnicas, etc. • Dos serviços que podem constituir a parte principal do produto. As características da imagem. O produto é um vector de comunicação importante. Comunica pelo seu design, pela marca, pelas qualidades ou defeitos que revela aquando da sua utilização. O conceito de marketing de um produto O conceito de marketing deve ser a resposta às questões: O que espera o consumidor? Porque é que comprará o produto? O que fará do produto? 49 MARKETING GERAL • O conceito de marketing de um produto exprime-se em termos que pertencem ao consumidor e não ao produtor. • O conceito de marketing pode ser de dupla formulação - satisfazer o comprador e o utilizador. • O conceito de marketing deve apoiar-se numa ideia forte (não se pode basear em performances diferentes ao mesmo tempo). • O conceito de marketing deve durar, embora podendo evoluir no tempo. • Quando um produto não tem concorrente directo, i.e., quando o seu conceito de marketing é original, o seu posicionamento é idêntico. • Quando existem no mercado diversos produtos com o mesmo conceito de marketing, este exprime a primeira vertente do posicionamento, i.e., a identificação com um certo universo de consumo. O conceito de marketing e a funcionalidade essencial do produto é a mesma. O posicionamento faz a diferenciação através do preço, distribuição, comunicação. • O conceito de marketing de um produto deve ser estudado e testado antes da realização e comercialização do produto. A Marca Este termo designa simultaneamente o nome e o logotipo que serve para identificar um produto ou serviço. No caso de lojas não se utiliza o nome marca, mas o de insígnia. Para o consumidor a marca garante um certo nível de qualidade. Para o produtor serve para diferenciar o produto ou serviço. A marca tira o produto do anonimato e facilita as vendas visuais. A expressão da marca. Existem diversas formas de exprimir a marca: A denominação da marca. A expressão gráfica ou sonora. O slogan. 50 MARKETING GERAL As qualidades de uma marca. A marca deve estar disponível. A marca deve facilitar o papel da comunicação. O nome da marca deve ser fácil de pronunciar, de memorizar, curto, compatível com outras marcas da empresa. A marca deve ser original. Marca de produto - designa um só produto, que o identifica claramente e para o qual tem uma promessa específica. Marca umbrella - cobre produtos variados, até mesmo gamas diferentes (Bic, Nivea, etc.). Marca de família - a marca tem semelhanças com a marca institucional (Nescafé, Nestum ). Marca caução - serve simultaneamente para dar ao consumidor a garantia de uma imagem forte e reagrupar numerosas actividades á volta de uma marca institucional. As funções da embalagem A embalagem tem funções técnicas e de marketing. 1. Funções técnicas: • Conservação / protecção. • Distribuição. Deve facilitar o transporte e a arrumação. 2. Funções de marketing: • Atracção pelas formas e pelas cores. • Informação. Composição do produto, modo de emprego, etc. • Deve facilitar a identificação do produto, distinguindo-o da concorrência. A imagem é um vector importante do posicionamento do produto. 51 MARKETING GERAL A linguagem das cores As cores desempenham um papel determinante em todas as acções de comunicação ligadas ao produto. As cores têm um sentido que varia de uma cultura para outra. Ciclo de vida dos produtos A vida de um produto pode ser analisada em diversas fases que vão do lançamento à «morte» deste. Na teoria as 4 fases do ciclo de vida estão claramente marcadas. Na prática tirando o lançamento as outras são menos evidentes. As 4 fases que se consideram normalmente são: Lançamento. Desenvolvimento. Maturidade. Declínio. A curva do ciclo de vida de um produto exprime geralmente a evolução das suas vendas. Nem todos os produtos passam por um ciclo perfeitamente uniforme. Certas etapas podem ser alongadas ou encurtadas de acordo com o mercado. Contudo, um produto pode falhar num mercado em pleno desenvolvimento ou ter sucesso num mercado em declínio. A Gama São raras as empresas que comercializam um só produto. Por exemplo, a Volvo tem viaturas de turismo, material náutico, veículos de transporte, etc. Cada uma destas classes de produtos constitui uma gama. As gamas. O número e a diferença de natureza das gamas de podem ser definidas à volta de uma mesma tecnologia, de um mesmo negócio, de um mercado ou de um segmento de mercado uma empresa reflectem o seu grau de diversificação. 52 MARKETING GERAL Uma gama é composta por um número maior ou menor de produtos que se agrupam em linhas, as quais podem ser compostas por vários modelos. A dimensão da gama não é fixada uma única vez. As gamas evoluem. Comprimento, profundidade e largura de uma gama Para referir as principais características de uma gama utilizam-se a largura, a profundidade e comprimento. A largura de uma gama mede-se pelo n.º das suas linhas de produto. (n.º de géneros diferentes de produtos oferecidos). A profundidade de uma linha corresponde ao n.º de produtos que comporta. (n.º de espécies diferentes para um determinado género). O comprimento de uma gama é o n.º total de todos os produtos diferentes que a empresa pode colocar no mercado. (n.º total de modelos de todas as linhas). Gama baixa Geralmente associa-se a gama baixa a preço baixo e má qualidade. Se por vezes é verdade muitas vezes é injusto. As estratégias de baixa gama são de quatro tipos principais. Podem ser isoladas ou associadas. 1. A gama baixa pode corresponder a uma estratégia de custo volume. Grandes volumes de produção e de vendas podem permitir baixos custos de produção e consequentemente baixos preços. 2. A gama baixa pode estar associada a uma política de redução de custos de marketing. É o caso de produtos de gama própria do distribuidor. 3. A gama baixa pode ser uma estratégia para introdução da gama, actuando como atracção para valorizar uma gama média que se pretende promover. 4. A gama baixa, pode estar posicionada para um segmento preciso. 53 MARKETING GERAL Os problemas de marketing que a gama baixa coloca são principalmente problemas de comunicação. Quando a gama é baixa é difícil fazer subir a mesma. É mais fácil descer a gama. A publicidade pode desempenhar um papel importante para os produtos de baixa gama atenuando as conotações negativas. Gama alta e luxo A comunicação é feita mais através das relações públicas e do passapalavra. O controlo da distribuição é primordial no marketing dos produtos de luxo. Os mercados de luxo são geralmente internacionais. Gama média A gama média conhece dificuldades em numerosos mercados. Durante muito tempo a gama média foi considerada uma boa posição para ocupar a maior parte dos mercados. Contudo, a tendência é para a bipolarização das compras e consequentemente, das gamas oferecidas no mercado. A análise dos produtos da gama Numa gama cada produto deve ter uma função precisa em termos financeiros e de marketing. Tipos de produtos à volta das quais se pode construir uma gama • Produtos líder - São os produtos de maior volume de vendas, geralmente mais lucrativos. • Produtos que preparam o futuro - São os produtos que substituirão os líderes ou fazem a transição entre dois líderes. 54 MARKETING GERAL • Produtos reguladores - São produtos destinados a absorver os custos fixos, compensando flutuações sazonais dos produtos líderes. • Produtos tácticos - O papel destes produtos é incomodar a concorrência, respondendo a acções destes, para conservarem as suas posições na distribuição e junto dos consumidores. A análise pelo volume de vendas Deve-se registar o volume de vendas de cada produto, classificandoos por ordem de importância. A maioria das vezes verificamos que 80 % do volume das vendas é feita por 20 % dos produtos (lei de Pareto). Esta análise deve ser complementada por um estudo da rendibilidade e da idade dos produtos. A pirâmide das idades da gama Uma gama pode ser muita nova ou demasiado velha, harmoniosa ou desequilibrada. Para analisar a estrutura de idade de uma gama, podem utilizar-se diversas abordagens: • O cálculo da idade média dos produtos. • O cálculo da idade média da gama tem interesse para comparar face aos produtos da concorrência. • A análise da gama segundo o ciclo de vida dos produtos e dos mercados. Deve-se analisar para cada produto a quota de mercado e a quota de contribuição total em cada fase do ciclo de vida, para se imaginar qual a estrutura a médio prazo. A análise dos mercados permite estudar as carteiras de produtos. A política da gama A política da gama envolve uma das duas alternativas. Simplificação da gama por eliminação de um ou vários produtos. Expansão da gama por junção de um ou de vários produtos. 55 MARKETING GERAL Uma gama curta permite em geral a especialização, a simplificação e a normalização da produção. Deste modo, geralmente os custos unitários diminuem. Esta política é arriscada pois a empresa torna-se mais vulnerável em caso de insucesso dos principais produtos. Uma gama extensa protege a empresa das eventualidades que possam surgir. A escolha desta política conduz a custos superiores aos da gestão de uma gama curta. Os gestores dispersam os seus esforços, multiplicando as despesas de produção e de administração. Desenvolvimento e Lançamento de Novos Produtos Razões que levam ao lançamento de novos produtos. 1. A inovação é o único meio eficaz para relançar a procura de um modo significativo, nomeadamente para bens de equipamento. 2. A inovação permite recuperar as margens. 3. Os distribuidores são sensíveis aos novos produtos tornando os termos de negociação normalmente favoráveis aos produtores. 4. Os novos produtos são uma arma contra a concorrência. Novo produto. Tipos de inovação. Segundo Converse só há inovação quando existem mutações tecnológicas fundamentais. Este é um dado objectivo e fisicamente identificável. Podem definir-se 4 tipos de inovações. • As variantes de produtos existentes. • As inovações puramente técnicas. • As inovações dinâmicas. • As inovações revolucionárias. Fases de Desenvolvimento De Um Novo Produto 56 MARKETING GERAL Entre a ideia e o lançamento de um produto no mercado existem várias etapas. • • • • A procura das ideias e a sua selecção A análise económica e a decisão de desenvolver o produto O desenvolvimento técnico e os estudos de marketing A definição da estratégia de marketing e preparação do lançamento AS FASES DE DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO NOVO A procura de ideias e a sua selecção Ideias de novos produtos. Primeira selecção. Análise económica e a decisão de desenvolver o produto Conceito do produto final com ou sem teste de conceito. Avaliação do mercado potencial. Estudos dos segmentos e dos alvos. Estudo dos “timings”, para produzir e comercializar o produto. Reflexão sobre a política de marketing. Elaboração das primeiras contas previsionais. Decisão. Continua-se ou não com o desenvolvimento do produto Desenvolvimento técnico e estudos de marketing Estudos de mercado ( produto, embalagem, etc.). Avaliação dos custos de produção e de distribuição. Estudos de aspectos jurídicos. Definição final do produto. Elaboração da estratégia e preparação do lançamento. Distribuição do marketing-mix. Plano de lançamento logístico. Mercado-teste. Plano de orçamentos. Plano de acções comerciais. Lançamento. 57 MARKETING GERAL Os testes Existem 3 tipos de testes 1. Testes de conceito São feitos no início, para avaliar o interesse de uma ideia de novo produto. 2. Testes de produto São realizados durante a fase de desenvolvimento, para avaliar o interesse do produto junto dos consumidores. 3. Os testes de mercado Servem para avaliar as várias hipóteses de estratégia de marketing. A difusão de novos produtos A difusão é geralmente medida através do número de pessoas ou de lares que são compradores e os utilizadores do produto num determinado momento. Não se pode confundir a difusão com a quota de mercado. Seria misturar o n.º de indivíduos que compram ou utilizam o produto com as quantidades consumidas. As estratégias de lançamento Audácia Permite a difusão mais rápida. Necessita de investimentos de marketing pesados e arriscados. Exigem meios publicitários e promocionais importantes. Campanha junto de distribuidores antes e durante o lançamento. Campanha para os consumidores desde o lançamento do produto. Colocação rápida na distribuição. Conjugação de uma política «pull e push». 58 MARKETING GERAL A prudência Esta atitude conduz o lançamento em dois tempos. Primeiro instalase o produto sem forçar os meios de marketing. Durante esta primeira fase vigia-se o comportamento - rotações, novas aquisições, etc. Limita as causas de insucesso mas, pode ser causa de insucesso pelo fraco apoio dado ao produto no lançamento. Além disso, um lançamento progressivo permite um contra ataque da concorrência. Insucessos no lançamento de novos produtos A taxa de insucesso do lançamento dos novos produtos pode estar compreendida entre 1/2 e 2/3 dos novos produtos. O que se entende por insucesso varia de empresa para empresa. Algumas das causas podem ser: • Uma má análise do mercado Ausência de estudos, estudos mal feitos ou mal interpretados. • Produto com performances insuficientes O produto não está à altura do conceito que foi definido previamente. • Erro de política de marketing Ex. O posicionamento foi errado. Falta de apoio da distribuição, subavaliação da concorrência, descoordenação na fase de lançamento 59 MARKETING GERAL 12 PREÇO OS MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DOS PREÇOS A estratégia do preço é determinada pela estratégia da empresa. Os factores a ter em conta para a elaboração de uma política de preço, agrupam-se à volta de 3 temas: Custos, procura e concorrência. Quadro V FACTORES A TER EM CONTA PARA A ELABORAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE PREÇO. Factores externos Factores internos Sensibilidade dos consumidores ao preço Importância do mercado Estratégia dos concorrentes Fornecedores Distribuidores Fiscalidade Condições de produção da empresa Segundo os produtos e o momento de compra Cálculo do mercado potencial para um certo nível de preço Agressividade em matéria de preço Custos Procura Concorrência Objectivos a atingir pela política de preço Estratégia da Empresa Constrangimentos do meio Estratégia de preço 60 MARKETING GERAL Quadro VI A DETERMINAÇÃO DO PREÇO A PARTIR DO CUSTO, DA PROCURA E DA CONCORRÊNCIA CUSTO PROCURA CONCORRÊNCIA Determinação do preço de custo total Determinação do preço psicológico Preço de referência da concorrência + uma margem - preço do custo Decisão de ser mais barato, mais caro ou idêntico = preço de venda = margem margem como evoluirão os nossos custos a este preço, qual é o volume potencial que se nos abre? Como pode evoluir a nossa posição concorrencial PREÇO DE VENDA Que rendibilidade? Sobre o preço de custo ? Sobre o capital investido? Na fixação do preço de venda a partir dos custos, utilizam-se frequentemente dois métodos: “FULL COST “ - é a técnica mais simples. Calcula-se o custo total (custos directos + indirectos). A este custo total unitário acrescenta-se uma margem líquida. “DIRECT COSTING” - parte-se do custo variável e acrescenta-se-lhe uma margem que cubra as despesas de estrutura + o lucro que se pretende. A evolução dos preços de custo Os preços de custo podem variar sob a influência de factores externos (custo das matérias primas) e de factores internos. 61 MARKETING GERAL Curva de experiência Designa-se por curva de experiência a tendência de evolução do preço de custo em função da experiência da empresa. O custo unitário total de um produto decresce numa percentagem constante cada vez que a produção acumulada desse produto é multiplicada por dois. A percentagem pode variar entre 10 e 25 %. Três causas explicam o efeito de experiência. • • As economias de escala e o efeito da dimensão do produtor. O efeito da aprendizagem ligada à melhoria dos factores de produtividade. • A inovação e a substituição capital / trabalho. Fabrica-se o produto de modo mais económico, modificando a sua concepção, as suas componentes e a sua realização. O efeito da experiência tem influência sobretudo na diminuição dos custos de produção. Cálculo de ponto morto Entende-se por custos variáveis todos os custos que variam proporcionalmente às quantidades produzidas e vendidas, como os custos das matérias-primas e a parte variável da remuneração dos vendedores. Os custos fixos são os que não são proporcionais às quantidades. São os custos necessários suportar, mesmo que a produção e as vendas parem. O ponto morto é o nível de actividade no qual a empresa equilibra a sua exploração. O ponto morto é atingido quando as vendas cobrem os custos variáveis e o conjunto dos custos fixos, i.e., a margem sobre os custos variáveis é igual à soma dos custos fixos. Calcula-se o ponto morto dividindo o total dos C.F. (custos fixos) pela margem sobre custos variáveis. Ponto morto económico em Quantidades. = Custos Fixos (CF)./ (Preço venda (P) - Custo venda unitário (Cv)) Ponto morto económico em Valor = C.F. / Margem ( P. - C.v unitário / P ) 62 MARKETING GERAL A Procura e os Preços As quantidades variam em função do preço. A elasticidade (e) pode ser negativa, nula ou positiva. e < 0 . A procura diminui quando os preços aumentam. Mas, nem sempre assim acontece. Perante um aumento de preço o consumidor pode comprar mais para armazenar o produto. Além disso, é necessário que a variação do preço seja superior a um limite de sensibilidade que varia segundo os consumidores e os produtos. e = 0 . A procura é constante qualquer que seja o preço, tratando-se de procura inelástica. É o caso de produtos em que a necessidade é imperiosa e o produto seja insubstituível. e > 0 . Um aumento de preço conduz a um aumento da procura. São casos excepcionais e geralmente o preço está associado à imagem. Um preço muito baixo pode conotar-se com uma imagem de má qualidade. A sensibilidade dos consumidores ao preço Os consumidores não conhecem exactamente os preços mas interpretam-nos para decidir o seu comportamento. O consumidor arruma os preços em diversas categorias para chegar à decisão: O preço é: Inabordável. Não compro. Caro. Justifica-se? Razoável. Compro. Barato. Compro imediatamente, mas será que presta? A sensibilidade do consumidor aos preços depende de factores diversos. Entre outros temos: • O montante da compra 63 MARKETING GERAL Somos sensíveis ao preço de uma compra importante, mas a a sensibilidade nem sempre é proporcional ao montante da compra. Ése menos sensível ao preço de um elemento isolado se estiver incluído num montante global do que se for comprado de forma isolada. • A sensibilidade ao preço depende da percepção do risco associada à decisão de compra Sucede geralmente em produtos de ocasião • A sensibilidade ao preço depende do valor da imagem Associa-se o preço à imagem do produto • A sensibilidade ao preço depende da possibilidade de encontrar produtos de substituição A existência de produtos para comparação de preços torna-nos mais sensíveis a estes • A sensibilidade ao preço é mais fraca quando o custo é suportado total ou parcialmente por outrem A relação qualidade / preço É um caso importante de análise da sensibilidade dos consumidores e da sua percepção dos preços. A um preço mais elevado está associado uma qualidade superior. A existência e a intensidade da relação qualidade/preço, depende também da coerência do preço fixado com a imagem de marca do produto e do distribuidor. Preços mágicos e arredondados Os preços arredondados são os que terminam em zeros. Os preços mágicos são os inferiores a um preço arredondado. Estes preços parecem ser atraentes, embora ainda não tenha sido verdadeiramente demonstrado. As decisões sobre os preços. O preço é uma variável do marketing-mix pouco aproveitada. A fixação e a análise de preços geralmente são feitas para os novos produtos. 64 MARKETING GERAL A formação dos preços no mercado. As situações de preços que uma empresa encontra no mercado condicionam o seu comportamento. O controlo dos preços pelos produtores. O controlo do preço pelo produtor é variável. Geralmente é o distribuidor que estabelece o preço. A fixação do preço de um novo produto Quando é necessário fixar o preço de um novo produto, a escolha é feita entre duas políticas opostas. 1. A política de desnatação (óptica do lucro unitário) Consiste em fixar um preço unitário elevado. É possível utilizar esta política quando a inovação é significativa em termos de diferenciação face à concorrência. A política de desnatação é um modo de explorar as diferenças de elasticidade de preço nos segmentos de mercado. Muitas vezes o preço vai gradualmente diminuindo para penetrar em outros segmentos de mercado. 2. A política de penetração Consiste em fixar um preço baixo para um novo produto, na esperança de vender grandes quantidades e de obter uma quota de mercado significativa. Supõe que a elasticidade da procura ao preço seja muito elevada e importantes economias de escala. Pode ser um meio para desencorajar a concorrência, provocando a abertura do mercado às «massas». 65 MARKETING GERAL 13 A DISTRIBUIÇÃO A distribuição é o conjunto das actividades efectuadas pelo produtor e geralmente por outras empresas intermediárias, para conduzir o produto até ao consumidor. Figura 3 Assumir Assumir Risco Risco Informação Informação Promoção Promoção Financiamento Financiamento Contacto Contacto Distribuição Distribuição Física Física Negociação Negociação As funções da distribuição para produtos: Transporte - leva os produtos da produção até ao lugar do consumo. O fraccionamento - permite reduzir os lotes em proporções mais pequenas, de acordo com as necessidades do cliente. O sortido - consiste reunir num mesmo intermediário várias espécies de produtos, de maneira a apresentar uma escolha diversificada adaptada às necessidades do consumidor. A armazenagem - retenção do produto para rectificar o desfasamento entre os períodos de produção e os momentos de consumo. A informação - que circula nos dois sentidos. Do distribuidor para o consumidor e do consumidor para o produtor. 66 MARKETING GERAL A evolução dos circuitos de distribuição A procura de maiores racionalidades económicas nos circuitos de distribuição e simultaneamente a luta de poder pelo seu controlo, tem feito evoluir esses circuitos. É possível identificar, para além dos circuitos tradicionais novas formas de organização. Os sistemas verticais de marketing. Os sistemas horizontais de marketing. Os sistemas verticais de marketing são circuitos centralizados e profissionalmente geridos, de forma a reduzir os custos de exploração e ter o maior impacto possível sobre o mercado. Os sistemas verticais podem ser integrados, controlados e contratuais. No sistema integrado os diferentes níveis de produção e distribuição pertencem à mesma empresa. Ex. lojas Atlantis, Robbialac, Vista Alegre. No sistema controlado existe uma coordenação entre os diferentes níveis, que não resulta de uma participação em capital, mas da predominância de uma das partes do sistema. Ex. uma empresa produtora líder, pode obter a cooperação com o distribuidor como, por exemplo, em merchandising. No sistema contratual existe uma coordenação de programas de acções através de uma base contratual. Por Ex. o franchising. O franchising é composto por 3 elementos: • O direito de utilizar uma marca e a sua sinalética. • A partilha de uma experiência e de um Know-how posto à disposição pelo franchisador. • Um conjunto de produtos, serviços ou tecnologias. É possível distinguir 3 formas de franchising: • Franchising de distribuição. • Franchising de serviços. • Franchising industrial. 67 MARKETING GERAL Figura 4 Maior Integrado Integrado Os Osdiferentes diferentesníveis níveisde deprodução produçãoee Distribuição pertencem Distribuição pertencemààmesma mesma empresa empresa Contratual Contratual Grau Grau de de Controlo Controlo Existe Existeuma umacoordenação coordenaçãode deprogramas programas de acções através de de acções através decontrato contrato (franchising) (franchising) Controlado Controlado Coordenação Coordenaçãoentre entreos osdiferentes diferentesníveis níveis Predominância Predominânciade deuma umadas daspartes partesdo dosistema sistema (cooperação (cooperaçãomerchandising) merchandising) Menor Os sistemas horizontais de marketing são constituídos através de alianças provisórias ou permanentes entre várias empresas que trabalham no mesmo sector e no mesmo nível. CANAL E O CIRCUITO DE DISTRIBUIÇÃO O canal de distribuição representa uma sucessão de intermediários. O circuito de distribuição é constituído pelo conjunto de canais. A profundidade de um circuito de distribuição mede-se pelo n.º de níveis de intermediários que constituem o circuito. Os circuitos de distribuição de acordo com o n.º de canais podem ser: Extracurtos Curtos Longos 68 MARKETING GERAL O papel dos intermediários Os intermediários têm efeitos positivos e negativos. Os efeitos Positivos A diminuição do n.º de transacções faz baixar os custos de distribuição física. O intermediário melhora as trocas e permite ao produtor ganhar tempo. Os intermediários podem partilhar com os produtores custos financeiros e marketing. Os efeitos Positivos O aumento do n.º de intermediários conduz a um aumento dos custos de distribuição e por consequência a um aumento dos preços do produto. A intervenção dos intermediários afasta os retalhistas dos produtores, deixando estes de ter controlo na política de marketing. Os principais critérios de análise do comércio As empresas de comércio podem classificar-se de acordo com vários critérios. De acordo com o tipo de venda Grosso, retalho ou integrado. De acordo com o método de venda Venda com entrega imediata - com vendedores ou em livre- serviço. 69 MARKETING GERAL Venda com entrega diferida - por correspondência, por amostra, com orçamento, etc. De acordo com o local de venda Venda na loja, ao domicílio, em mercados e na fábrica. De acordo com o sortido Comércio alimentar e não alimentar, especializado e não especializado. No comércio não alimentar distinguem-se: Grandes armazéns - são uma forma de comércio em maturidade ou em declínio Lojas de variedade Venda por correspondência Centros comerciais - grandes superfícies generalistas. Lojas especializadas Cadeias de franchising Outras cadeias Dimensão da superfície de venda Hipermercados - área ≥ 2.500 m2 Supermercados - área de 400 a 2.500 m 2 Livre-serviços - área de 50 a 399 m2 Grau de independência Pequeno comércio independente, comércio associado, comércio integrado ou concentrado. No comércio não alimentar distinguem-se: Grandes armazéns - são uma forma de comércio em maturidade ou em declínio Lojas de variedade Centros comerciais - grandes superfícies generalistas. Lojas especializadas Cadeias de franchising Venda por correspondência Outras cadeias 70 MARKETING GERAL A política de marketing dos distribuidores Os grandes grupos de distribuição moderna utilizam abordagens e técnicas de marketing idênticas às dos produtores. A localização Numa perspectiva de sucesso do ponto de venda é necessário a escolha de uma boa localização que implica analisar - potencial da zona, intensidade concorrencial, circulação (rodoviária e pedestre ) e à existência de pólos de atracção. A política de sortido É possível definir 4 tipos de estratégias de sortido (André Tordjman). Defensiva - sortido longo e pouco profundo. Ocupação de espaço. Ofensiva - sortido estreito mas profundo. Desempanagem - sortido estreito e pouco profundo. Atracção - sortido largo e profundo. A política de marca dos distribuidores Existem duas grandes políticas de marcas dos distribuidores. Monomarca ou várias marcas com um sortido exclusivo Multimarca. Ao venderem marcas dos produtores os distribuidores entram em concorrência entre si com produtos e marcas idênticas. Perante uma qualidade de serviço idêntica, o preço torna-se o critério de escolha para o consumidor. A venda sob a marca de distribuidor é uma forma de evitar a concorrência pelos preços e tentar fidelizar os clientes. Por isso, os distribuidores têm desenvolvido marcas de distribuição (marcas próprias). Podemos distinguir três tipos. Produtos brancos- não têm marca mas apenas um logotipo de identificação. Alegam o preço mais barato por ausência de publicidade e embalagens sofisticadas. Produtos de marca do distribuidor- o nome do distribuidor garante uma certa qualidade dos produtos. 71 MARKETING GERAL Produtos de marcas diversas - são marcas exclusivas do distribuidor mas que não têm o seu nome. A política de preços A variável preço é que preocupa mais os distribuidores multimarca. Podem utilizar-se duas estratégias: 1. Afrontamento directo pelos preços com reflexos no conceito de loja e nos lucros. 2. Afrontamento indirecto, apresentando produtos não comparáveis .ou serviços diferentes. A política de serviços Os serviços são entendidos como meio de diferenciação da concorrência e elemento de atracção. Quadro VII Estratégias de Serviços ESTRATÉGIA VANTAGENS INCONVENIENTES Satisfaz parte da clientela Difícil controlar os custos Os não clientes pagam Preços baixos. Satisfaz a outra parte da clientela Não capitaliza sobre uma imagem de serviço Só satisfaz a clientela de preço Escolha pelo consumidor. O serviço só é pago por quem compra O serviço pode ser fonte de lucro A concorrência faz-se sobre os produtos e serviços. Os preços são transparentes. O serviço já não é desculpa para as margens elevadas INTEGRADO O serviço aparece integrado no preço do produto LIMITADO Oferta mínima de serviço OPCIONAL O serviço tem valor autónomo do produto 72 MARKETING GERAL Tipos de Serviços Serviço de conforto - Antes – aconselhamento na venda Serviços financeiros - Durante – crédito, dinheiro plástico Serviços técnicos - Após– entregas, serviço pós-venda A política de comunicação A comunicação de um distribuidor geralmente organiza-se tendo em vista 3 objectivos complementares: 1. Construir e promover a imagem da insígnia a nível nacional. 2. Criar tráfego na loja. 3. Aumentar a compra média por cliente. Os conflitos entre produtores e distribuidores Os produtores e distribuidores têm papéis complementares e objectivos comuns, mas simultaneamente existem conflitos resultantes de políticas contraditórias e interesses divergentes. Os conflitos podem ter como causas: • Condições comerciais (descontos e prazos de pagamento) • Política de marcas • Política de preços • Desejo de exclusividade em marcas líderes • Recusa de venda de produtos Para ultrapassar estes conflitos, produtores e distribuidores devem encontrar áreas onde ambos têm vantagens - logística, merchandising, promoção e publicidade. 73 MARKETING GERAL A logística comercial Figura 5 EXPEDIÇÃO EXPEDIÇÃO ENTREGAS Funções da Logística APROVISIONAMENTO APROVISIONAMENTO ARMAZENAGEM ARMAZENAGEM Designa-se por logística comercial a escolha dos meios destinados a executar todas as actividades materiais da distribuição. A logística subdividese em 4 funções: 1. As entregas • Centralização das encomendas. • Gestão da frota de transporte. • Programação das entregas. 2. A expedição • Descarga das mercadorias recebidas. • Colocação em reserva. • Carregamento das encomendas. 3. A armazenagem • Localização dos armazéns. • Arrumação dos stocks. 74 MARKETING GERAL 4. O aprovisionamento • Escolha do material. • Custo de stocks, etc. Política de Avaliação e Escolha de Canal A escolha pode-se classificar sob três rubricas: 1. Os factores próprios do mercado 2. Os factores inerentes ao próprio produto 3. Os factores próprios da empresa Critérios para definir o Canal que mais interessa 1. Potenciais Clientes – Zona de influência, distribuição numérica e em valor 2. Poder negocial do canal 3. Custo logístico – stock e transporte 4. Custo do contacto comercial 5. Capacidade em assegurar níveis de serviço 6. Coerência entre a imagem do canal e a imagem procurada 7. Controlo exercido sobre os retalhistas 8. Preço deve ser coerente com o posicionamento do fornecedor 9. Motivação 10. Solvabilidade 11. Fluxo de informações 12. Compatibilidade entre canais 13. Montante do capital necessário 75 MARKETING GERAL Figura 6 Analisar Analisarnecessidades necessidadesdo doConsumidor Consumidor Estabelecer Estabelecerobjectivos objectivospara paraoocanal canal Identificar Identificaralternativas alternativas Avaliar Avaliaralternativas alternativas Distribuição Distribuição Intensiva Intensiva Distribuição Distribuição Selectiva Selectiva Distribuição Distribuição Exclusiva Exclusiva Distribuição Intensiva – o produto está disponível no maior número de pontos de venda. Distribuição Selectiva – o produto está disponível em um número restrito de distribuidores, podendo o produtor reduzir custos de distribuição e manter uma boa imagem de marca e de produto. Distribuição Exclusiva - o produto está disponível em um número reduzido de pontos de venda. O produtor controla, assim, o preço e está disponível para dar um maior apoio ao intermediário. 76 MARKETING GERAL 14 A POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO É necessário o estabelecimento de uma comunicação entre a empresa e o público para dar a conhecer os produtos, para atrair clientes, para dar um sentido favorável à empresa, etc. A comunicação formal é uma das variáveis do marketing-mix, mas as outras variáveis também comunicam através da comunicação informal. O movimento de circulação da informação pode ser representado do seguinte modo: Figura 7 Canais de Comunicação Codificação Descodificação Emissor (a empresa) Receptor (o público) Rectroacção As questões do sistema de comunicação Lasswell resumiu o processo de comunicação em torno de cinco perguntas. Quem comunica? Que fontes? 77 MARKETING GERAL \As fontes de comunicação podem ser muitas e diversificadas. Os produtos, a publicidade, o pessoal da empresa, os jornalistas, as associações de consumidores,etc Quais as fontes que dominamos e quais as que não dominamos? Quais as imagens dessas fontes e qual o seu impacto na comunicação? A quem se comunica? Quais os alvos? A comunicação está suficientemente dirigida? O quê? Que mensagem? Como? Através de que canal ou canais? Os canais valorizam a mensagem? Com que resultado? Os objectivos da comunicação foram alcançados? Características que a comunicação deve ter: A fonte deve ser atraente, credível (de reconhecida confiança e competência). A mensagem deve ser concebida em torno de uma promessa (proposition), atraente (selling) e única (unique) - U.S.P. A mensagem deve ser criativa, visível entre a concorrência, essencial e repetitiva. A promessa contida na mensagem deve respeitar: A verdade do produto. A verdade da empresa. A verdade dos consumidores. Não deve ser aquém das expectativas. 78 MARKETING GERAL POLÍTICA GLOBAL DE COMUNICAÇÃO A comunicação global deve ser considerada a dois níveis: 1. A comunicação global ao nível do marketing, i.e, o mix da comunicação fazer a melhor escolha entre os meios de comunicação disponíveis. 2. A comunicação global ao nível da empresa, i.e., a comunicação interna e institucional. Para diferenciar os diversos meios de comunicação utiliza-se frequentemente a separação de comunicação nos “ media - designada above the line” , e “ fora dos media - designada below the line “de acordo com o quadro a seguir. Quadro VIII ABOVE E BELOW THE LINE Investimentos publicitários • imprensa • Tv • Outdoors • Rádio • Cinema Investimentos de promoção / outros • Marketing directo • Sponsoring, mecenato • Relações públicas • Salões,feiras, etc. • Promoções Nos media ou Above the line Fora dos media ou Below the line Privilegiar as despesas com os media é acentuar o esforço pull, é desenvolver uma imagem a médio e longo prazo. Estimular a força de vendas e a distribuição, é utilizar uma estratégia bellow the line, ou seja push. 79 MARKETING GERAL Para definir um bom mix de comunicação, é necessário analisar a importância relativa das fontes de comunicação, qual a estratégia a privilegiar, qual o conteúdo informativo, etc. Figura 8 A ARQUITECTURA DE UMA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO Os Quatro Subsistemas SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO Ser reconhecido para ser conhecido Política de nomes e de marcas Sistema de identificação visual e sonora: logotipo, linha gráfica SISTEMA DE COMUNICAÇÃO COMERCIAL SISTEMA DE COMUNICAÇÃO DE PERTENÇA Comunicar para partilhar valores e interesses comuns Comunicação externa. Comunicação institucional Comunicação financeira Comunicação de recrutamento Comunicação interna Comunicação biunívoca com os consumidores Comunicar para vender Publicidade produtos e marcas Promoção de vendas Marketing directo SISTEMA DE AUDITORIA E CONTROLO ORGANIZAR FEEDBACK O sistema de identificação: Compreende todos os meios destinados a facilitar o reconhecimento da empresa e dos seus produtos: nomes, marcas, logotipos, produtos, etc. O sistema de comunicação comercial: É a comunicação de marketing ou da empresa quando os objectivos são estritamente comerciais: a publicidade, a promoção, etc. 80 MARKETING GERAL O sistema de comunicação de pertença: Não visa promover o produto, a empresa, mas favorecer a cooperação e a adesão no interior da empresa, com os seus parceiros de negócio ou do meio envolvente. O sistema de auditoria de controlo: Para que a comunicação seja eficaz é preciso: • Uma vigilância atenta dos mercados, da tecnologia, da concorrência. • Medir sistematicamente os efeitos da comunicação através do “ feedback” Quadro IX AS ETAPAS DA ELABORAÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO 1.Auditoria de Comunicação 2. Definição de uma Política Global da Comunicação 3. Da Estratégia de Marketing à Estratégia de Comunicação 4. Mix da Comunicação 5. Concepção dos Programas de Comunicação Diagnóstico sobre os 4 Subsistemas Hierarquização dos principais problemas da comunicação Objectivo da imagem a médio/longo prazo Definição do papel da comunicação de marketing na comunicação global da empresa Definição do papel da comunicação no marketing-mix Objectivos da comunicação Alvos da comunicação Escolha de um conceito ou eixo da comunicação Avaliar entre os diferentes meios de comunicação a utilizar Estratégia de investimento – orçamento global e a sua repartição Publicidade nos media Promoção, merchandising, etc. Relações Públicas, mecenato 6. Análise dos Resultados e Correcção dos Desvios 81 MARKETING GERAL 15 A PUBLICIDADE A publicidade apresenta formas distintas, sendo por isso agrupada segundo a natureza dos suportes ou segundo o objecto das mensagens. Segundo a natureza dos suportes: A publicidade nos media. A publicidade com cupão resposta (direct response advertising). A publicidade directa ou direct mail. Telepublicidade - SMS A publicidade na Net – Web mail, Banner A publicidade no ponto de venda - PLV Segundo o objecto da mensagem: A publicidade ao produto. A publicidade institucional ou de empresa. As agências de publicidade Durante muito tempo as agências de publicidade eram apenas corretoras de espaço. Com o desenvolvimento da publicidade moderna, as agências tomaram a seu cargo o conjunto dos problemas da comunicação, passando a oferecer um serviço completo. As agências têm cinco funções principais: 1- Aconselhamento estratégico - elaborar a estratégia de comunicação. 2- Criar as mensagens. 3- Propor planos de media - escolha dos media, dos suportes e calendarização. 4- Comprar o espaço. 5- Produzir e controlar as campanhas. 82 MARKETING GERAL Uma agência normalmente é constituída por: • Director • Os Accounts - são a ligação dos anunciantes no seio da agência. • Director de contacto. • Director de contas. Supervisor de contas. Account. • Os criativos - funcionam normalmente em equipa. • O copy - redactor dos textos e slogans. • O visualizador - ocupa-se das imagens. • O especialista dos media. O planner. Quadro X A ESTRATÉGIA DE PUBLICIDADE Estratégia de marketing ↓ Mix da comunicação ↓ Objectivos publicitários ↓ Alvos Estratégia de criação Estratégia de media Distribuição do orçamento ↓ Plano de campanha ↓ Realização ↓ Controlo 83 MARKETING GERAL CHECK LIST PARA UMA ESTRATÉGIA DE PUBLICIDADE 1. Relembrar a estratégia de marketing e os dados de base - elementos do mercado, da concorrência e da distribuição. 2. Sintetizar a análise da comunicação concorrente no sector - marcas, posicionamento, orçamentos, quotas, investimentos. 3. Quais os limites orçamentais? 4. Qual o papel da comunicação na estratégia de marketing? Qual é o elemento motor da estratégia de marketing? É a comunicação ou esta vem depois do preço ou da distribui0ção? 5. Qual o mix de comunicação? A estratégia será mais push ou pull? 6. Quais os objectivos a estabelecer para a publicidade? Fazer saber, fazer gostar ou agir? 7. Quais os alvos? Definir a vários níveis, alvos finais ,intermédios, etc. 8. Que estratégia de criação? Qual o conceito publicitário? Deverá apoiar-se na utilização do produto, na imagem de marca, etc.? 9. A definição da estratégia dos media. Que medias utilizar, que suportes, que cobertura, que repetição, que ritmos? 10. Qual o plano de campanha? 11. Que métodos utilizar para medir a eficácia? Estratégia de marketing / Estratégia de publicidade Cada elemento importante da estratégia de marketing deve corresponder em termos de estratégia de publicidade. 84 MARKETING GERAL Quadro XI As Correspondências Marketing - Publicidade NÍVEIS Marketing Objectivos Publicidade Marketing Alvos Publicidade Marketing Mix Posicionamento Comunicação Marketing Comunicação DEFINIÇÕES Conquistar uma quota de mercado Obter um certo volume de vendas Fazer conhecer Fazer gostar Fazer agir Os alvos são o conjunto das pessoas susceptíveis de comprar Compreendem 2 tipos de pessoas: Clientes actuais (fidelização). Clientes novos ( conquista). Os alvos publicitários são as pessoas com as quais é preciso comunicar: clientes actuais, potenciais e influenciadores Para ir de encontro a outros alvos pode-se utilizar as relações públicas, as promoções e o marketing directo O marketing-mix é a política que traçamos sobre os 4 P’s, hierarquizando as suas funções O mix da comunicação é a escolha que fazemos sobre os instrumentos de comunicação a utilizar. Above ou below the line O posicionamento de marketing é o lugar que queremos dar ao produto no mercado ( princípio de identificação) contra uma concorrência com uma imagem específica (princípio de diferenciação) O posicionamento publicitário corresponde à componente imagem do posicionamento de marketing A ESTRATÉGIA DE CRIAÇÃO Existem 3 fases para a criação da estratégia de criação: • O briefing do gestor de marketing à agência. • A copy strategy. • A avaliação pelo gestor dos projectos da mensagem. 85 MARKETING GERAL Copy strategy A copy strategy deve responder às perguntas: Qual o alvo? Qual deverá ser o benefício ao consumidor? Sobre que suportes se poderá apoiar? Qual deverá ser o tom da mensagem? A copy strategy obriga a um consenso entre o cliente e a agência, obriga ainda a respeitar uma ordem lógica e serve, a posteriori, para avaliar os projectos de mensagem. As mensagens feitas pelos criativos designam-se por «roughs» para os anúncios de imprensa e por «story-boards» para os destinados à televisão ou cinema. Os critérios de avaliação da mensagem Podem-se utilizar 3 critérios. 1. A conformidade da estratégia - a mensagem segue a direcção preconizada pelo copy strategy? 2. As qualidades da comunicação - compreensão da mensagem, atribuição da mensagem à marca, etc. 3. A realização da mensagem - o projecto será fácil de produzir? Custo, rapidez, etc. Por fim devem-se utilizar os pré-testes para avaliação do story-board. A escolha dos media Um media tem duas funções essenciais: Alcançar um alvo e valorizar uma mensagem. Por isso, utilizam-se critérios de avaliação. Critérios de acessibilidade - Legislação Custo Prazos de produção 86 MARKETING GERAL Critérios de cobertura - Poder do media ( volume de audiência), Cobertura (é o n.º de pessoas que podem ser alcançadas pela publicidade e que pertencem ao alvo). Afinidade (mede a proximidade entre a audiência de um media e um alvo). O poder de repetição (é a possibilidade de obter uma grande frequência de exposição num mínimo de tempo). Custo por contacto útil. A escolha dos suportes Preparar um plano de meios é escolher uma combinação de suportes de acordo com critérios quantitativos e qualitativos e construir um calendário de inserções. Os critérios quantitativos da análise de suportes • Difusão - Nº de exemplares realmente vendidos. • Taxa de circulação - É o n.º médio de leitores por exemplar difundido. • Audiência - É o n.º total de leitores, auditores ou espectadores. • O.T.S. (opportunity to see) - O n.º de OTS é a soma do n.º de contactos efectuados em cada inserção. • A cobertura - é o n.º ou % das pessoas que são expostas, pelo menos uma vez, a uma campanha. • Frequência ou repetição média - é o n.º médio de contactos por pessoa do alvo exposto à campanha. Um ponto do G.R.P. «Gross Rating Point» é dado para 1% de penetração sobre o alvo. • Custo por mil (CPM) - É o custo de 1000 contactos sobre o alvo. • A duplicação - é a audiência comum a dois media. Os critérios qualitativos Contexto redactorial, imagem do suporte, qualidade (papel, audição), etc. 87 MARKETING GERAL Orçamentos e controlo Para a determinação do orçamento podem-se utilizar vários métodos: O orçamento da publicidade é uma percentagem das vendas. O orçamento é estabelecido em relação à concorrência. O orçamento é função das disponibilidades. O orçamento é definido a partir dos objectivos e dos meios publicitários. O controlo da eficácia 1. As avaliações devem fazer-se com base em objectivos precisos, fixados antes da campanha. Os objectivos devem ser quantitativos e sub-divididos segundo a natureza - objectivos de notoriedade, de imagem e comportamentais. Avaliação da notoriedade. Notoriedade espontânea - é a % de pessoas que citam de forma espontânea a marca. Notoriedade assistida - calcula-se apresentando às pessoas inquiridas uma lista de marcas para estas dizerem quais as que conhecem. Top of mind - é o n.º de pessoas que citam a marca em primeiro lugar. Avaliação da imagem. Não há uma imagem, mas sim uma multiplicidade de imagens de acordo com o número de indivíduos. Geralmente utiliza-se a avaliação pela imagem recebida face à pretendida. Avaliação comportamental. Esta avaliação pode medir-se pelo n.º de cupões devolvidos, volume de compras, etc. 88 MARKETING GERAL 2. A avaliação da eficácia da publicidade deve ser sistemática e em condições comparáveis. 3. As avaliações devem ser feitas em condições objectivas. Critérios utilizados nos pós-testes. Critérios de memorização (espontânea, assistida), critérios de reconhecimento (n.º de confusões ou referências à marca), critérios de aprovação, critérios de comportamento (compra, repetição da compra). 89 MARKETING GERAL 16 AS RELAÇÕES PÚBLICAS A origem das relações públicas. Nos primórdios da civilização humana podemos encontrar exemplos de relações públicas, mas é no início do século XX com Rockfeller que esta disciplina regista um passo importante. Este multimilionário do petróleo tinha uma má imagem junto dos seus concorrentes. Por isso, decidiu contratar um assessor de imprensa “ Ivy Lee”, para lhe melhorar a imagem. As relações públicas, na sua essência, surgem como um imperativo de informar o público, ajudando ou estimulando a formação de opiniões para que este formule juízos de valor positivos sobre a empresa, etc. Noção e objectivos das relações públicas Noção Não há uniformidade no que se refere à interpretação de relações públicas. O seu objectivo não é vender um produto, mas delinear uma imagem favorável de uma empresa, ou melhorá-la se necessário. As relações públicas visam estabelecer e manter o melhor entendimento mútuo entre a organização e os seus públicos. Objectivos Os principais objectivos das relações públicas são: • Criar ou aumentar a notoriedade de uma empresa. • Aumentar a credibilidade. • Estimular a força de vendas e os distribuidores. • Aumentar o conhecimento, compreensão e aceitação públicas pelas actividades da empresa. 90 MARKETING GERAL • Relevar os contributos da empresa para o desenvolvimento do país ou região. • Orientar a gestão das empresas de acordo com o interesse do público. • Atrair investidores. • Criar um sentimento de pertença. • Partilhar valores comuns entre os trabalhadores. Os tipos de comunicação de empresa A comunicação da empresa é utilizada principalmente em dois casos. 1. A comunicação da empresa dirigida a alvos não comerciais. Por exemplo, poderes oficiais, associações de consumidores, mercado financeiro, etc. 2. A comunicação da empresa dirigida a alvos comerciais. Neste caso pode substituir a publicidade. Instrumentos da comunicação da empresa Entre outros podemos encontrar o design para a sinalética, o mecenato, o patrocínio. A preparação de um plano de relações públicas. Para desenvolver uma estratégia de relações públicas eficaz de uma empresa, esta deverá: Conhecer com rigor o seu meio envolvente. Identificar os seus diferentes públicos. Identificar o tipo de informação que eles necessitam. Seleccionar os meios mais adequados para os atingir. Estabelecer um plano de acções coerente com os objectivos visados. 91 MARKETING GERAL Quadro XII FACTORES QUE CONCORREM PARA A IMAGEM DA EMPRESA Escritórios, Fábricas, pontos de venda Suportes Físicos Pessoal em Contacto Organização Factores de Imagem Visual Acções de Comunicação Suportes de comunicação Dirigentes, quadros Recepcionistas, porteiros Atendimento a clientes Reclamações Serviço Pós-venda Vendedores Estrutura e organização Missão da empresa Valores comuns partilhados Responsabilidade perante o mercado Nome da empresa, marcas, logótipo, slogan Sinalética – instalações, veículos Montras, expositores Material estacionário Publicidade Força de vendas Promoção de vendas Marketing directo Anúncios, brochuras, cartazes, etc. OS PÚBLICOS DE UMA ORGANIZAÇÂO Públicos internos Accionistas Gestores Quadros Trabalhadores Públicos externos Consumidores Distribuidores Prescritores Fornecedores Líderes de opinião Comunidade financeira Sindicatos Associações patronais Comunidade local Órgãos de soberania Órgãos de comunicação social Público em geral 92 MARKETING GERAL São inúmeros os meios de que uma empresa dispõe para veicular a sua imagem e influenciar os seus públicos. Contactos pessoais - encontros, reuniões, etc. Eventos - concursos, exposições, feiras, salões, etc. Notícias - conferências de imprensa, press release. Publicações - Relatório anual, manual de acolhimento, artigos em revistas, etc. Patrocínio. Mecenato. Actividades de serviço público - protecção de espécies, causas sociais, etc. Um plano de relações públicas deve articular os diversos objectivos com os públicos e os meios para atingir os objectivos. Nos objectivos, os principais são: notoriedade, confiança, estimulação, informação, envolvimento. 93 MARKETING GERAL 17 A VENDA E OS SEUS INSTRUMENTOS Para a maior parte das empresas, o objectivo final do marketing é vender os seus produtos de forma rentável, mantendo com os clientes uma relação de longa duração. Os instrumentos de venda podem ser agrupados em 4 categorias - a força de vendas, o merchandising, a promoção de vendas e o marketing directo. A força de vendas A força de vendas de uma empresa é formada pelo conjunto de pessoas que têm como missão principal vender os produtos da empresa. Durante anos os vendedores foram preparados com técnicas de venda para «obrigar» o cliente a comprar os produtos/serviços. Este tipo de venda conhecida por «hard selling» ocupava a maior parte do tempo da venda na apresentação e no fecho. O novo modelo baseia-se na conquista de confiança do cliente e na detecção das suas necessidades. Esta abordagem significa que o vendedor deve ter com os clientes uma relação de tipo conselheiro. Figura 9 O velho modelo de vendas de acordo com o tempo gasto na venda. 10% Relacionar 20% Qualificar 30% Apresentar 40% Fecho 94 MARKETING GERAL Figura 10 O novo modelo de venda. 40% Confiança 30% Necessidades 20% Apresentação 10% Fecho A função dos vendedores A um vendedor podem ser atribuídas todas ou algumas das seguintes tarefas. • Prospecção - detectar os potenciais clientes com interesse. • A informação e a comunicação visando os destinatários - a comunicação pessoal por ser interactiva tem mais força. • Preparação e execução de propostas. • Ajuda à revenda - apoiar e aconselhar o cliente em matéria de merchandising e de promoções. • Serviço pós-venda. • Transmissor de informações - cliente ⇔ empresa. A divisão de tarefas entre os vendedores pode fazer-se segundo 4 critérios: 1. Sectores geográficos 2. Especialização por produto 3. Especialização por cliente 4. Especialização por missões O estatuto dos vendedores Existem muitas maneiras de designar o vendedor: técnico comercial, consultor de vendas, delegados comerciais, etc. Mas, existem apenas três categorias de estatutos: 95 MARKETING GERAL Vendedores exclusivos, comissionistas não exclusivos, contratados a prazo. As formas mais habituais de remuneração são. • O salário fixo • A comissão • O salário fixo mais prémios Animação, controlo e avaliação do vendedor Dadas as características particulares da venda, é necessário: • A fixação de objectivos (por quotas, percentual, etc.) • A animação (kits de demonstração, manual de vendas, etc.) e • Avaliação do trabalho (qualitativo e quantitativo). 96 MARKETING GERAL 18 O MERCHANDISING Designa-se por este termo todas as técnicas comerciais graças às quais se apresentam os artigos aos eventuais clientes, em condições que favorecem as compras. 3 Tipos de Merchandising: M. de Sedução – Estimular as compras por impulso M. de Optimização – Optimizar o espaço de venda dos produtos (coerência de sortido, produtos complementares) M. De Gestão – Rentabilizar ao máximo espaço e produtos O merchandising de um produto abrange: • O local onde será vendido o produto dentro da loja • A importância da superfície de venda (linear) que lhe será atribuída • Quantidade de produto a colocar nas prateleiras • Modo de disposição do produto • Material de apresentação a utilizar (prateleiras, armários, paletas) • Tipo de material de sinalização e de publicidade O objectivo de merchandising visto pelo produtor, é maximizar o volume das suas vendas em detrimento dos produtos concorrentes. O objectivo do distribuidor é mais vasto - interessa-lhe a venda de todos os produtos e não esta ou aquela marca. O que lhe interessa é maximizar a rendibilidade dos investimentos - vender os produtos de maior margem e fazer uma rotação rápida dos stocks para reduzir os custos financeiros de financiamento. 97 MARKETING GERAL A arrumação da loja A arrumação da loja visa não só criar um ambiente e dar uma imagem atraente à loja, mas também tirar o melhor partido do espaço de venda. Por isso, a disposição das secções é feita para “ obrigar” os clientes a circularem no maior número de lugares favorecendo as compras. Deste modo, o sortido é distinguido em três categorias: 1. Os artigos muito procurados, com fracas margens brutas. 2. Os produtos muito conhecidos dos clientes com margens médias. 3. Os artigos que se compram por impulso e cujas margens são elevadas. Nos espaços livres colocam-se os artigos comprados por impulso. Figura 11 Loja - Modelos de Layout “one way model” “grid model” “island model” A loja a implantação das secções está dependente: • • • • Objectivos da empresa – imagem ou volume de vendas Limitações técnicas – dimensões, geometria do espaço Comportamento dos consumidores – clientes irregulares, frequência, classe social Circulação dos clientes 98 MARKETING GERAL Atmosfera da Loja A Atmosfera influencia as decisões de Compra. Para a atmosfera da loja contribui: • Iluminação • Temperatura • Aromas • Música • Montra • Cores • Simpatia A Loja deve: • Modificar o Comportamento • Estimular psicologicamente • Afectar percepções e imagem do cliente • Proporcionar reacções desejadas pelos clientes O Linear Nos estabelecimentos de livre-serviço, a maior parte dos produtos de grande consumo estão colocados em móveis, denominados gôndolas, que comportam várias prateleiras. Denomina-se linear no solo o comprimento total das gôndolas atribuídas a um produto específico ou a uma categoria de produtos. Denomina-se linear desenvolvido o comprimento total das prateleiras. O linear de vendas de um produto desempenha um duplo papel 1. Papel de armazenagem Se um produto dispuser de um linear insuficiente em relação às suas vendas, ou estará em ruptura frequente de stock, ou serão necessários reabastecimentos frequentes. 99 MARKETING GERAL 2. Papel de atracção visual e de incitamento à compra Quanto maior for a superfície de venda ocupada por um produto, mais hipóteses terá de ser visto pelo cliente. A disposição dos artigos nas estantes de venda. Uma vez localizadas as secções, repartem-se os produtos ao longo dos expositores, em função da: • Estética. • Comodidade para o cliente. • Dificuldade de trabalho para o pessoal de vendas. • Maximização de certos resultados - volume de negócios, margem bruta, rotação de stocks, etc. Distribuição ideal do produto no linear Quando se atinge a maior volume vendas / m2 - (produtividade) Quando se atinge a maior rendibilidade margem bruta / m2 Critérios para o cálculo do espaço de um produto 1. Em função do volume de vendas 2. Em função das quotas de mercado 3. Em função da margem bruta 4. Em função da rotação do produto A promoção de vendas O termo promoção de vendas significa um conjunto de operações limitadas no tempo e que tem por fim aumentar as vendas, através de uma vantagem. Se a vantagem for dirigida ao consumidor, diz-se promoção consumidor, se for dirigida ao distribuidor, diz-se promoção - distribuidor. A promoção de vendas distingue-se da publicidade por ser limitada no tempo e não é repetitiva, pois suscita a compra no momento. Enquanto a publicidade visa transformar as atitudes dos consumidores, a promoção de vendas actua ao nível do comportamento imediato dos indivíduos. 100 MARKETING GERAL Vantagens da promoção de vendas • É um excelente meio para diferenciar produtos tornados banais aos olhos dos consumidores mais indiferentes. • É mais flexível que a publicidade e suscita a tenção dos consumidores nas lojas. • Permite num curto espaço de tempo aumentar o volume de vendas. Os objectivos da promoção de vendas Entre outros, podemos destacar: • Levar à primeira compra aquando do lançamento de um novo produto • “ Obrigar “ a entrar em linha, i.e., o referenciamento na loja • Para modificar a imagem • Para responder a acções da concorrência • Relançamento de vendas • Aumentar a rotação de stocks • Superar um efeito de declive sazonal Os principais meios de promoção As promoções de vendas estão sujeitas a regulamentações, mas podem ser utilizados diversos processos de acordo com o alvo visado. Acção sobre os consumidores Redução directa do preço “Couponing” ou bónus de redução Reembolso diferido sobre apresentação das provas de compra Desconto por quantidade Concursos, jogos e sorteios Destaque do produto - mise en avant - geralmente com demonstração ou prova 101 MARKETING GERAL Acção sobre os distribuidores Descontos Prémios em produto, prémios em dinheiro, comparticipação nos custos de campanhas Viagens de acordo com a realização dos objectivos Decisão, preparação e execução de uma promoção Dos meios promocionais descritos deverá ser escolhido o que melhor se adapta aos objectivos da promoção. Geralmente, os profissionais do marketing consideram-na pouco estimulante do ponto de vista intelectual. Por outro lado, obrigam a grandes tarefas especialmente logísticas e administrativas. Uma promoção para ter êxito, deve ser preparada e executada até ao mínimo detalhe e, exige uma coordenação perfeita de todos os intervenientes, nomeadamente da força de vendas. Quadro XIII ETAPAS DE UMA OPERAÇÃO DE PROMOÇÃO ESCOLHA DAS MODALIDADES PRECISAS DA OPERAÇÃO VERIFICAÇÃO DA EXEQUIBILIDADE DA OPERAÇÃO Tema geral, regulamentos, criatividade de acordo com o tipo de promoção Aspectos jurídicos, materiais e logísticos Orçamentos Escolha do período Planificação das produções, fornecedores, Agência de promoção e força de vendas ESTABELECIMENTO DO PLANO APRESENTAÇÃO À FORÇA Explicação de toda a operação DE VENDAS UTILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA MEDIR A EFICÁCIA DA OPERAÇÃO 10 2 MARKETING GERAL A medição de uma operação promocional consiste em medir o grau de eficácia dos objectivos. Por exemplo: Aumento de vendas, aumento da notoriedade da marca, n.º de consumidores que compraram pela 1ª vez. Para se efectuar este tipo de medição, utilizam-se os mapas de vendas e os inquéritos junto dos consumidores. Para além da medição dos efeitos de uma operação promocional face aos seus objectivos, convém avaliar a rendibilidade financeira da operação. 103 MARKETING GERAL 19 O MARKETING DIRECTO O Marketing Directo é um sistema interactivo de marketing em que o Gestor de Marketing (GM) estabelece relações directas com o consumidor, através de uma comunicação interactiva. • É um marketing de resposta • É um marketing de diálogo • É um marketing personalizado • É um marketing de relacionamento Objectivo do Marketing Directo Detectar novos clientes ou estabelecer uma relação directa c/ clientes actuais ou potenciais Principais Aplicações • Pesquisa/prospecção • Identificação de clientes potenciais • Conquista de novos clientes • Divulgação/promoção/venda • Rentabilização do serviço de vendas • Gerar tráfego no ponto de venda • Fidelização de clientes • Induzir à experimentação de produtos Os 7 Mandamentos do Direct Marketing (Bob Stone) 1. Colocar a principal vantagem em destaque 2. Enumerar as vantagens secundárias 3. Salientar o benefício para o cliente 4. Reforçar com exemplos práticos 5. Dizer o que tem a perder se não responder 6. Resumir de forma diferente 7. Incitar à resposta imediata 10 4 MARKETING GERAL As principais técnicas do marketing directo O correio directo, direct mail vulgo mailing O telemarketing A venda telemática - videotexto O direct response advertising A venda por correspondência- VPC. Pode ser por catálogos, clubes e «one shot» A Internet – Webmail, Banner, etc. Constituição e gestão da base de dados Todas as acções de Marketing Directo implicam a existência de uam base de dados actualizada. Uma base de dados agrega vários ficheiros informáticos (lista nominativa de indivíduos com os dados complementares de cada um ). As fontes que servem para a constituição de uma base de dados são: Fontes internas da empresa. Listas de livre acesso. Sociedades especializadas no aluguer de ficheiros. Troca de ficheiros com outras empresas. Mass-media, através de cupão resposta (Direct Response Advertising) Informação que deve constar num ficheiro de base de dados Um ficheiro deve conter o máximo de informações úteis sobre cada indivíduo - características gerais dos indivíduos e informações das relações dos indivíduos com a empresa( frequência das compras, volume de compras, última compra, etc.). A gestão e utilização da base de dados As bases de dados podem ser utilizadas como suporte das operações de marketing directo ou para estudo dos clientes. O ficheiro da base de dados serve para obter listas nominativas de indivíduos a quem se pretende enviar a informação. Se o ficheiro for pobre 105 MARKETING GERAL em informação individual, não é possível segmentar acções de marketing directo. As acções passam a ser indiferenciadas. Meios de comunicação O marketing directo utiliza vários meios de comunicação: Os mass media - geralmente revistas com cupão resposta. São também utilizados para formar base de dados. O mailing - o mais utilizado, em que a carta e o envelope são as peças mais importantes para despertar a curiosidade e reforçar a credibilidade da empresa. O telemarketing - feito pelo telefone, é um meio de comunicação interactivo em que o entrevistador segue um script para conduzir o diálogo. A Internet - utilizando o E-mail como canal de comunicação com o cliente actual ou potencial, com autorização expressa deste. 10 6 MARKETING GERAL 20 ESTRATÉGIA DE MARKETING E POLÍTICA GERAL DA EMPRESA Política - é um conjunto de decisões e de regras de conduta adoptadas a priori, durante um determinado período de tempo, com vista a atingir certos objectivos gerais. Estratégia - é também um conjunto de meios de acção utilizados conjuntamente, para atingir certos objectivos. Mas, distingue-se de uma política por ser conflitual, no sentido que é dirigida contra certos adversários. Uma estratégia de marketing pode ter diferentes graus de generalidade. Pode referir-se ao nível da actividade global da empresa ou, a um nível mais baixo, a um segmento de mercado. Plano - é uma lista precisa de acções, acompanhada das datas de execução, dos custos, da descrição dos meios que exigem e, muitas vezes, a designação dos responsáveis. Portfólio de actividades da empresa. O portfólio de uma empresa diz respeito às suas actividades actuais e potenciais. Nos domínios em que a empresa está presente, o problema consiste em decidir a importância de cada um deles, em termos financeiros, materiais e humanos. Para as actividades potenciais, a empresa deverá fazer uma escolha entre elas, fixando a importância dos recursos que lhes deverão ser atribuídos. 107 MARKETING GERAL Quadro XIV ETAPAS DA ELABORAÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE MARKETING FIXAÇÃO DE OBJECTIVOS GERAIS ANÁLISE/DIAGNÓSTICO Externo Interno Mercado Empresa Opções Estratégicas Fundamentais Alvos / Objectivos Fontes de mercado Posicionamento Marketingmix Avaliação Previsional da Estratégia POSIÇÃO NO MERCADO A posição de líder Ser líder é deter uma quota de mercado claramente superior à de muitos concorrentes. Quadro XV VANTAGENS Custos de produção inferiores em função de economias de escala e ganhos de produtividade decorrentes da experiência acumulada. Maior notoriedade e imagem mais forte junto do público geral. INCONVENIENTES Riscos de dimensão, rigidez e imobilismo de gestão. Sentimentos de desconfiança, inveja e hostilidade que podem suscitar. Maior gressividade na comunicação graças aos orçamentos mais elevados. Maior poder de negociação. Capacidade de influenciar o comportamento dos concorrentes. 10 8 MARKETING GERAL Uma empresa / produto para ser líder no mercado normalmente preenche uma das seguintes condições: • Ter sido o primeiro a aparecer no mercado. • Ter sido o primeiro a adoptar uma estratégia mais de penetração que de desnatação. • Dispor de recursos tecnológicos, financeiros e comerciais superiores aos seus concorrentes. • Dispor de patentes ou segredos de fabricação que protegem contra as imitações. A posição de co-líder A posição de co-líder consiste em deter uma quota de grandeza da mesma ordem de grandeza que o principal ou principais concorrentes. A posição de challenger A posição de desafio é quando um produto / empresa, ocupando a 2ª posição no mercado atrás de um líder único, procura ultrapassá-lo. A posição de seguidor Quando uma empresa / produto ocupando o 2º lugar de quota de mercado, se resigna em ocupar o lugar atrás do líder, alinhando as suas decisões pelas do líder. Prossegue um objectivo de coexistência pacífica. A posição de especialista ou de nicho Quando uma marca sobrevive de maneira rentável sem que detenha uma quota importante num dado nicho. ANÁLISE EXTERNA A análise externa consiste em descrever e analisar o mercado no qual se situa ou situará o produto cuja estratégia de marketing se está a elaborar. Não necessita de ser exaustiva e detalhada. Deve sim, cingir-se aos traços pertinentes e importantes do mercado. 109 MARKETING GERAL Principais rubricas de análise externa • Traços relevantes do meio envolvente: Tecnológico. Económico. Legal. Sociocultural. • Dimensão, estrutura e tendências de evolução do mercado: Volume de vendas, ventilado por produtos. Número e características dos compradores, utilizadores e consumidores. Segmentação do mercado. • Comportamento de consumo e de compra: Quem consome, onde, quando, como? Quem compra, onde, quando, que quantidades e sob que influência? • Motivações, atitudes e critérios de escolha: Principais motivações. Critérios de escolha das marcas. Influência dos retalhistas, do preço, etc. • Distribuição: Número e características dos retalhistas. Repartição das vendas por canais. Política de preços praticada. Motivações e atitudes dos intermediários. 110 MARKETING GERAL • Concorrência: Principais concorrentes. Quais as quotas e a evolução? Qual a notoriedade e a imagem? Quais os traços salientes da estratégia. As conclusões da análise externa são agrupadas em ameaças e oportunidades. A ANÁLISE INTERNA A segunda etapa da análise / diagnóstico da situação é a análise interna que diz respeito aos recursos de que a empresa dispõe e às dificuldades e fraquezas que limitam a sua evolução. Principais rubricas da análise interna • Recursos financeiros disponíveis • Competência e meios industriais e tecnológicos da empresa Qualidade dos produtos. Nível de custos face à concorrência. Etc. • Eficácia dos serviços comerciais Avaliação sob o aspecto quantitativo e qualitativo da força de vendas e colaboradores da área comercial. • Quota de mercado relativa • Atitudes dos compradores, consumidores e prescritores face ao produto • Posição da empresa na distribuição No final da análise interna, deverá ser elaborado um balanço sintético dos principais pontos fortes e fracos da empresa face aos seus concorrentes no mercado considerado. 111 MARKETING GERAL 21 QUESTÕES/EXERCÍCIOS 1. De acordo com as funções, distinga Marketing Operacional de Marketing Estratégico. 2. Que critérios se utilizam para distinguir os diferentes mercados? 3. Refira, comentando, os factores de atractividade de um mercado. 4. Qual o objectivo e as vantagens de segmentação do mercado? 5. Explique as actividades que envolvem o processo de segmentação do mercado. 6. Na segmentação do mercado os critérios utilizados devem obedecer a determinadas qualidades. Quais são? 7. O posicionamento é como a identidade e a personalidade da marca. Refira, comentando, os aspectos complementares que comporta. 8. As características sociais, culturais e estilos de vida influenciam nas decisões do consumidor. Comente. 9. Qual o processo típico de compra? Refira as características de cada conceito. 10. Como classifica as informações descritivas de um púbico? 11. Explique os principais erros de amostragem de uma sondagem? 12. Qual o conceito de marketing de um produto? 13. Quais as formas como se pode exprimir uma marca e que qualidades deve possuir? 14. Explique a importância do ciclo de vida do produto na estratégia de marketing? 15. Como se define uma gama de produtos e como pode ser referida? 16. Que abordagem utilizaria para analisar a estrutura da idade de uma gama? 17. Refira as estratégias básicas de lançamento de novos produtos. 11 2 MARKETING GERAL 18. Numa estratégia de colocação de preços que factores devem ser considerados? 19. Explique a estratégia de preços face ao ciclo de vida do produto. 20. Quando deve ser aplicada uma decisão de break-even a uma estratégia de preço? 21. Comente a importância da distribuição na economia nacional e mundial. 22. Refira vantagens e inconvenientes das diferentes estratégias de serviços. 23. Como avalia um Marketer a escolha do melhor canal de distribuição? 24. Quais são os principais objectivos de uma comunicação integrada de marketing? 25. Explique a diferença entre uma estratégica de comunicação pull e push ? 26. Para o cálculo do espaço a atribuir a um produto utilizam-se alguns critérios. Refira os mesmos. 27. Quais os objectivos e as vantagens da promoção de vendas? 28. Refira, explicando, os principais instrumentos do marketing directo. 29. Explique a diferença entre política, estratégia e plano de marketing de uma empresa. 30. Comente a frase: “ a análise externa e interna e a sua importância para a definição da estratégia de uma empresa”. 113 MARKETING GERAL 22 BIBLIOGRAFIA Beirolas, M., Almeida, R. – Merchandising, a Nova Técnica de Marketing. Texto Editora, 1992. Bourdieu, Pierre; Gostos de Classe e Estilos de Vida, São Paulo, Ática, 1982. Brochand, Bernard; Lendrevie, Jacques; Viecente Rodrigues, Joaquim; Dionísio, Pedro; Publicitor, Publicações Dom Quixote, 1ªedição, 1999. JONES, Susan K, Estratégia Criativa em Marketing Directo, Makron Books, 1993. Kotler, P.; Armstrong,G. Principles of Marketing, Prentice Hall, 8Th edition, 1999. Lendrevie, J.; Lindon, D; Dionísio, Pedro ; Rodrigues, V. , Mercator Teoria e Prática do Marketing, Publicações D.Quixote, 7.ª edição,Lisboa 1998. Rodrigues, D., Gestão de Vendas na Óptica de Marketing, Edições Sílabo, 1ª edição, Lisboa, 1999. 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