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05/10/2010
BACTÉRIAS ANAERÓBIAS
FISIOLOGIA E PATOGENICIDADE
Prof. Vânia Lúcia da Silva
Crescimento em condições de baixo
potencial redox, relacionado com reduzida
concentração de O2
SÉCULO XIX
PASTEUR
MUNDO ANAERÓBIO
Epidemiologia
Ecossistemas como solo, pântanos, sedimentos de lagos e rios, esgotos.
Quase todos os sítios habitados do corpo:
- trato gastrintestinal (especialmente no cólon)
- trato geniturinário
- pele
- cavidade oral (mucosa e superfície dentária)
Grupo ecologicamente significativo da microbiota residente
Em alguns sítios - 1000:1
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Divisão atual dos microrganismos quanto à sua necessidade de oxigênio
Aeróbios
Anaeróbios obrigatórios
Obrigatórios
Microaerófilos
Anaeróbios Facultativos
Só crescem em ausência de
oxigênio atmosférico. Podem
apresentar diferentes graus de
tolerância ao oxigênio, o que
torna o grupo heterogêneo.
Aerotolerantes
Extremamente
sensíveis
Fisiologia dos Microrganismos Anaeróbios
FERMENTAÇÃO X RESPIRAÇÃO
FERMENTAÇÃO: constitui a classe de reações biológicas de oxidação-redução
produtoras de energia, nas quais compostos orgânicos servem como os aceptores
finais de elétrons. Não envolve cadeia respiratória - Processo de menor rendimento
energético.
Oxidação parcial do substrato
RESPIRAÇÃO: processo de produção de energia em que os elétrons de um substrato
oxidável são transferidos por uma série de reações de óxido-redução para um receptor
de elétrons exógeno. Processo mais eficiente de produção de energia.
Oxidação completa do substrato
RESPIRAÇÃO ANAERÓBIA: constitui a classe de oxidações biológicas em que um
composto inorgânico diferente do oxigênio (sulfato, nitrato, carbonato) ou mesmo um
composto orgânico (fumarato) é o aceptor final de elétrons.
MICRORGANISMO ANAERÓBIO:
RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA
OU FERMENTAÇÃO????
Bactérias anaeróbias associadas ao homem são predominantemente
microrganismos FERMENTADORES
Enorme diversidade de substratos que podem ser utilizados
CONDIÇ
CONDIÇÕES DO MEIO
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Porque o oxigênio é letal para os anaeróbios?
Incapacidade de eliminação ou capacidade limitada de
eliminar produtos do metabolismo do oxigênio molecular.
Redução do Oxigênio
O2 + e- = O2- (ânion superóxido)
O2 + 2 e- = H2O2 (peróxido de hidrogênio)
O2 + 3 e- = H2O + OH- (radical hidroxila)
O2 + 4 e- = H2O (água – redução total)
Espécies Reativas do Oxigênio (EROs)
Fluxo de EROs em
eucariotos e procariotos
aeróbios
Fluxo de EROs em
procariotos
anaeróbios
Estratégia de defesa (macrófagos)
Oxidação e lipídios,
proteínas e DNA
MORTE
CELULAR
Estratégias de defesa: mecanismos antioxidantes
Superóxido Dismutase (SOD): Presente
microrganismos eucariotos (plantas e animais).
em
arqueobactérias,
eubactérias
e
Catalases e Peroxidases: Enzima presente em bactérias, fungos, plantas, animais
superiores, cuja principal função é proteger as células dos efeitos tóxicos do H2O2
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Aeróbios estritos:
- atividade de catalase/peroxidase
- atividade de SOD
Anaeróbios aerotolerantes:
- pouca atividade de SOD
- pouca atividade de catalase/peroxidase
Anaeróbios extremamente sensíveis:
- baixos, indetectáveis ou nenhuma atividade de
catalase/peroxidase ou SOD
Implicações da tolerância ao oxigênio para os
anaeróbios
Capacidade do anaeróbio tolerar pequenas concentrações de oxigênio pode
ser um pré requisito para sua patogenicidade;
SODs, catalases e peroxidases => fatores de virulência
- Proteção dos anaeróbios contra os danos causados pelo oxigênio;
- Mecanismo de escape do sistema imunológico – imunidade inata
Patogenicidade dos microrganismos anaeróbios
Fatores de Virulência dos anaeróbios
• Fatores relacionados à colonização bacteriana (fímbrias, adesinas)
• Polissacarídeos capsulares
• Lipopolissacarídeos (LPS)
• Enzimas hidrolíticas (hialuronidases, colagenases, lipases, hemolisinas)
• Exotoxinas (toxina botulínica, toxina tetânica);
• Componentes que degradam proteínas do complemento - (podem inibir tanto a
quimiotaxia, como a opsonização)
• Ácidos graxos de cadeia curta – poderiam inibir a proliferação de células T e induzir
apoptose em macrófagos, por diferentes estímulos.
• Mecanismos protetores contra alterações ambientais, relacionados à sensibilidade ao
oxigênio (SODs, catalases, peroxidases).
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A maioria dos microrganismos encontrados em infecções anaeróbicas
são de origem endógena => fazem parte da nossa microbiota residente =>
caráter anfibiôntico
(exceção Clostridium botulinum e Clostridium tetani => exógenos)
Condições favoráveis para o estabelecimento de infecções anaeróbicas
A perda do suprimento sanguíneo em qualquer tecido pode induzir uma hipóxia local
estabelecendo assim um potencial de oxido-redução mais baixo, permitindo o
estabelecimento dos anaeróbios.
Rompimento da barreira anatômica por trauma.
Corpos estranhos, queimaduras.
Baixa na imunidade.
Algumas vezes, microrganismos anaeróbios facultativos podem auxiliar o
estabelecimentos dos anaeróbios, pelo consumo de pequenas concentrações de oxigênio
presente naquele sítio.
As infecções anaeróbicas podem apresentar-se de 2 maneiras:
- Coleção de anaeróbios facultativos e anaeróbios obrigatórios;
- Coleção de uma ou mais espécies de anaeróbios obrigatórios.
Infecções produzidas por anaeróbios caracterizam-se por:
• Supuração;
• Formação de gás com odor fétido;
• Formação de abscessos;
• Destruição tecidual;
• Geralmente polimicrobiana
Abscessos cerebrais
• Anaeróbios
- Mais freqüentes: Bacteroides, Fusobacterium, Peptostreptococcus
- Menos freqüentes: Clostridium, Actinomyces
• Não – anaeróbios
- Streptococcus, Staphylococcus, Haemophilus, Actinobacillus
• Fatores de risco: sinusite, otite, infecções orais, infecções pulmonares,
endocardite, bacteremia.
Empiema subdural
• Anaeróbios
- Bacteroides, Fusobacterium, Clostridium, Actinomyces...
• Não – anaeróbios
- Streptococcus, Staphylococcus, Haemophilus
• Fatores de risco: sinusite, otite, meningite, neurocirurgias, infecções
orais, infecções pulmonares, infecções faringotonsilares, bacteremia.
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Infecções orofaciais e odontogênicas
• Anaeróbios
-Bacteroides,
Actinomyces...
Fusobacterium,
Peptostreptococcus,
Prevotella,
Porphyromonas,
• Não – anaeróbios
- Streptococcus do grupo viridans
• Fatores de risco: infecções de canal radicular, abscessos periapicais, cáries dentais,
gengivite, periodontite, trauma ou cirurgia oral.
Otite média crônica
• Anaeróbios
- Bacteroides, Fusobacterium, Peptostreptococcus, Veilonella,
Clostridium
• Não – anaeróbios
- Pseudomonas, Enterobacteriaceae, Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenzae, Moxarella catarralis, Streptococcus pyogenes.
• Fatores de risco: Otite média aguda, obstrução da trompa de Eustáquio, mastoidite
(infecção viral do mastoide – osso atrás do ouvido), colesteatoma (similar a um cisto
infectado no ouvido médio), abscessos peridurais cerebrais e meningites.
Sinusite crônica
• Anaeróbios
- Peptostreptococcus, Bacteroides, Fusobacterium, Eubacterium, Actinomyces.
• Não – anaeróbios
- Streptococcus, Staphylococcus aureus, Haemophilus, pneumococos e Enterobacteriaceae
• Fatores de risco: sinusite aguda, anormalidades anatômicas (desvio de septo, etc),
introdução de corpos estranhos a cavidade nasal, tumores, infecções orais.
Angina de Vincent
Infecção que se manifesta-se como faringite em crianças e adultos jovens. Ocorre a
formação de lesão com pseudomembrana, ulceração e necrose. A doença geralmente
evolui para embolia pulmonar séptica, abscessos pulmonares, abscessos de fígado, etc.
• Anaeróbios
- Fusobacterium necrophorum é o patógeno chave, particularmente quando as
complicações resultam em sepse.
• Não – anaeróbios
- Espiroquetas e outras bactérias podem estar associadas
• Não são conhecidos fatores de risco.
Bacteremia
• Anaeróbios
- Bacteroides, Clostridium e cocos anaeróbicos em 5 a 15% das hemoculturas positivas.
• Fatores de risco: traumas e infecções no trato gastrintestinal, infecções no trato genital
feminino, doenças vasculares, manipulação dental, infecções do trato respiratório superior e
com menor freqüência infecções do trato respiratório inferior.
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Endocardites
• Anaeróbios
- 1 a 15% dos casos: Bacteroides, Peptostreptococcus, Fusobacterium necrophorum,
Clostridium e Propionibacterium.
• Fatores de risco: traumas e infecções no trato gastrintestinal, infecções no trato genital
feminino, doenças vasculares, manipulação dental, infecções do trato respiratório superior e
com menor freqüência infecções do trato respiratório inferior.
Abscessos pulmonares
• Infecções comunitárias:
- Anaeróbios: microbiota indígena (Bacteroides, Fusobacterium,
Peptostreptococcus, Clostridium, Eubacterium, Actinomyces...)
- Não-anaeróbios: Streptococcus do grupo viridans
• Infecções hospitalares:
- Anaeróbios: microbiota indígena (Bacteroides, Fusobacterium,
Peptostreptococcus, Clostridium, Eubacterium, Actinomyces)
- Não-anaeróbios: Streptococcus viridans, Staphylococcus aureus,
Enterobacteriaceae, Pseudomonas aeruginosa...
• Fatores de risco: gengivite, periodontite, neoplasias pulmonares,
corpos estranhos introduzidos, embolia pulmonar, embolia séptica,
sepse intra-abdominal...
Abscessos de fígado (envolvimento de anaeróbios – aproximadamente 50%)
• Anaeróbios
- Peptostreptococcus, Bacteroides, Fusobacterium, Actinomyces.
• Não – anaeróbios
- Streptococcus viridans, Enterococcus, bastonetes
Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus.
Gram
negativos
entéricos,
• Fatores de risco: infecções de trato biliar, bacteremia, peritonite, infecções intraabdominais, abscessos periretais, traumas da cavidade intra-abdominal...
Infecções de trato biliar
• Anaeróbios:
- Bacteroides, Clostridium, Peptostreptococcus, Clostridium...
- Não-anaeróbios: Enterobacteriaceae (especialmente E.
Enterococcus, Streptococcus viridans, Staphylococcus aureus.
coli),
• Fatores de risco: cálculo biliar, inflamação aguda...
Abscessos intra-abdominais e peritonites
• Anaeróbios
- Peptostreptococcus, Bacteroides, Fusobacterium, Clostridium.
• Não – anaeróbios
- Streptococcus viridans, Enterococcus, bastonetes
Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus.
Gram
negativos
entéricos,
• Fatores de risco: cirurgia gastrintestinal, supuração de feridas, doença inflamatória de
intestino, isquemia intestinal, pancreatite, traumas da cavidade intra-abdominal.
Outras manifestações clínicas envolvendo anaeróbios
• Apendicite, abscessos renais, endometrites, inflamações pélvicas, abscessos tuboovarianos, aborto séptico, infecções secundárias em feridas, infecções de pele e tecidos
moles, osteomielite, artrite purulenta, tétano, botulismo.
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Abscesso periretal
Aborto séptico
Vaginose
Gangrena gasosa
Abscesso de folículo piloso
Infecção de ferida de
mordidas
Gangrena vascular
Necrose de feridas
Abscesso
peri-aureolar
Fasciíte necrosante
Úlcera em pés diabéticos
Tétano
Botulismo
Isolamento e identificação de
bactérias anaeróbias
Rotina laboratorial de
identificação preliminar
Meios
seletivos
(anaerobiose)
Características
morfo-coloniais
Teste
respiratório
Microaerofilia
Anaerobiose
Cultura
pura
GRAM
Aerobiose
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Microaerofilia
O método da vela nos
permite obter uma
atmosfera de 6-7% de
Oxigênio no interior
da jarra quando a
vela se apaga.
Isolamento e identificação de
bactérias anaeróbias
Rotina laboratorial de
identificação específica
Métodos manuais e automatizados
Identificação manual
Características bioquímicas e fisiológicas
- Catalase
- Indol
- Motilidade
- Produção de H2S
- Hidrólise da esculina
- Esporulação
- Resistência ao calor
- Fermentação de carboidratos
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Identificação semi-automatizada
Rapid ID 32A
Identificação semi-automatizada
Controle de qualidade no laboratório
de microbiologia de anaeróbios
- Colheita do espécime
- Meio de preservação
- Transporte
- Processamento das amostras
- Método de anaerobiose
- Contaminação microbiana
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Métodos físicos e químicos para
cultivo de bactérias anaeróbias
Jarra anaeróbica
X
Câmara anaeróbica
Método físico
90% Nitrogênio, 10% CO2
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Método
químico
Jarra
Gas Pak®
O gerador Gas Pak® ativado pelo acréscimo de
água é colocado dentro da jarra hermeticamente
fechada. Gera, por reação química, CO2 e H2 que é
captado por catalisadores para formação de H2O e
livrar o sistema de O2
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Método químico e físico
Câmara Anaeróbica
85% Nitrogênio,
10% Hidrogênio,
5% CO2
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