FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-FAMERP Gabriela Zanqueta Monteiro Adesão Farmacológica dos Pacientes com Doença Renal Crônica em Tratamento Dialítico São José do Rio Preto 2016 Gabriela Zanqueta Monteiro Adesão Farmacológica dos Pacientes com Doença Renal Crônica em Tratamento Dialítico Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto para obtenção do grau de Enfermeiro. Orientadora: Profª. Drª. Claudia Bernardi Cesarino São José do Rio Preto 2016 FICHA CATALOGRÁFICA Monteiro, Gabriela Zanqueta Adesão Farmacológica dos Pacientes com Doença Renal Crônica em Tratamento Dialítico / Gabriela Zanqueta Monteiro - São José do Rio Preto, 2016. 13 p. Monografia (TCC) - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto Orientadora: Profª. Drª. Claudia Bernardi Cesarino 1. Insuficiência renal crônica; 2. Diálise renal; 3. Tratamento; 4. Adesão. Monteiro, Gabriela Zanqueta FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – AUTARQUIA ESTADUAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E SAÚDE COLETIVA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Banca Examinadora Trabalho de Conclusão de Curso para Obtenção do Grau de Enfermeiro DATA: 05/12/2016. ORIENTADOR: Profª. Drª Claudia Bernardi Cesarino 1ª EXAMINADOR: Profª. Drª Clea Rodrigues 2ª EXAMINADOR: Enfª Doutoranda Daniele Ribeiro São José do Rio Preto 2016 SUMÁRIO Dedicatória ...............................................................................................................................i Agradecimentos ..................................................................................................................... ii Epígrafe ................................................................................................................................. iii Lista de Tabelas e Quadros ....................................................................................................iv Resumo ................................................................................................................................... v Abstract ..................................................................................................................................vi Introdução ............................................................................................................................... 1 Objetivo .................................................................................................................................. 5 Material e Método...................................................................................................................6 Resultados ............................................................................................................................... 7 Discussão ................................................................................................................................ 8 Conclusão.............................................................................................................................. 11 Referências............................................................................................................................ 12 i Dedicatória Dedico este trabalho à todos que direta ou indiretamente contribuíram para que eu concluísse esta jornada. ii Agradecimentos Agradeço primeiramente ao Autor da minha vida, meu Senhor Deus, que pelo Seu amor e misericórida me guiou e me sustentou para que assim pudesse finalizar mais uma etapa da minha vida, me dando sabedoria e fortalecendo minha fé dia após dia. Agradeço aos meus pais Antonio e Jacqueline que sempre deram tudo de si para que eu tivesse uma profissão, me apoiando em cada decisão e me incentivando em todos os caminhos escolhidos. Não menos importante, agradeço em especial ao meu irmão Henrique, que sempre foi meu maior exemplo como estudante. Obrigada por me ajudar em cada detalhe, pela sua paciência e esforço em me explicar todas as coisas as quais tinha dificuldade em aprender. Obrigada por ser meu professor particular em tempo integral. À minha orientadora Profa Dra Claudia Cesarino que teve papel fundamental na elaboração deste trabalho. Às minhas queridas professoras, sem exceção, tendo cada uma delas uma participação especial na minha vida e na minha formação, me servindo como exemplo de profissionais. Aos meus colegas pelo companheirismo e parceria em momentos bons e ruins da minha vida acadêmica À Famerp pela oportunidade de me acolher durante esses quatro anos me oferecendo o ensino que hoje eu posso exercer. iii Epígrafe “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia n’Ele, e o mais Ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. Descansa no Senhor e espera n’Ele.” (Salmos 37:5-7) iv Lista de Tabelas Tabela 1. Percentuais referentes às variáveis qualitativas dos pacientes com Doença Renal Crônica em hemodiálise e a presença ou não de rigidez arterial. São José do Rio Preto/SP, 2016. ....................................................................................................................................... 7 v Resumo Introdução: A adesão ao tratamento medicamentoso do paciente em terapia hemodialítica é um processo difícil, sendo um desafio para os profissionais da saúde. O retardo da progressão da Doença Renal Crônica (DRC) e a prevenção das doenças cardiovasculares é uma realidade possível de ser alcançada por meio da adesão ao tratamento medicamentoso e do acompanhamento rigoroso desses pacientes. A rigidez arterial é uma das medidas que tem sido identificada como preditor independente de eventos cardiovasculares. Objetivo: Avaliar a adesão medicamentosa dos pacientes com DRC em tratamento hemodialítico e correlacionar adesão medicamentosa desses pacientes com e sem rigidez arterial. Casuística e Métodos: Estudo descritivo, transversal e quantitativo realizado com 180 pacientes com DRC em hemodiálise no hospital de ensino do interior do noroeste paulista. Utilizou como instrumentos para coleta de dados: entrevista semi-estruturada e questionário de Morisky-Green. A rigidez arterial foi medida com aparelho Dyna-MAPA, sendo procedimento não-invasivo, em que considerou rigidez quando score era maior ou igual a 10. Foram aplicados os testes de associação qui-quadrado e de Mann-Whitney com nível de significância quando o valor de P<0,05. Resultados: Dos 180 pacientes com DRC em tratamento de hemodiálise pesquisados 98 (54,5%) apresentaram adesão ao tratamento medicamentoso e 82 (45,5%) não demonstraram adesão. Quando comparado a adesão medicamentosa dos pacientes com rigidez arterial e sem rigidez arterial não houve associação da adesão medicamentosa e rigidez arterial, pois apresentaram adesão 63(55,26%) sem rigidez arterial e 35(53,03%) com rigidez (P=0,772). Verificou-se que o tempo de tratamento é maior para pacientes com rigidez arterial e quanto maior o nível de orientação e grau de estudo, maior adesão e menor número de pacientes com rigidez arterial. Conclusão: Espera-se que este estudo possa contribuir com propostas de intervenções na melhora da adesão desses pacientes com DRC em tratamento de hemodiálise, já que quase metade destes pacientes não tiveram adesão ao tratamento medicamentoso, sendo necessário implantar estratégias que proporcionem uma melhor qualidade de vida. Palavras Chave: Insuficiência renal crônica; Diálise renal; Tratamento; Adesão. vi Abstract Introduction: Adherence to drug treatment of patient undergoing hemodialysis therapy is a difficult process; a challenge for health professionals. The delay of progression of Chronic Kidney Disease (CKD) and cardiovascular disease prevention can be a possible reality to achieve through adherence to drug treatment and careful follow-up of these patients. Arterial stiffness is one of the measures that has been identified as an independent predictor of cardiovascular events. Objective: To evaluate the adherence to drug therapy of patients with CKD undergoing hemodialysis and to correlate drug adherence of patients with and without arterial stiffness. Casuistics and Methods: Descriptive, transversal and quantitative study with 180 patients with CKD undergoing hemodialysis in a school hospital of Northwest São Paulo state. A semi-structured interview and Morisky-Green questionnaire were used as instruments for data collection. Dyna-MAPA device was used to measure arterial stiffness; considered non-invasive procedure when stiffness score was greater or equal to 10. Chi-square association tests and Mann-Whitney test were applied with significance level when P value was <0.05. Results: Out of the 180 patients with CKD undergoing hemodialysis treatment, 98 (54.5%) presented adherence to drug treatment and 82 (45.5%) showed no adhesion. When compared to drug adherence of patients with arterial stiffness and without arterial stiffness, no association between drug adherence and arterial stiffness was observed , since 63 (55.26%) presented adhesion without arterial stiffness, and 35 (53.03%) with stiffness (P = 0.772). It was observed that the time of treatment was longer for patients with arterial stiffness and the higher the level of orientation and degree of study, increased the adhesion and a smaller amount of patients with arterial stiffness. Conclusion: It is expected that this study can contribute to proposals for interventions in improving adherence of patients with CKD undergoing hemodialysis treatment, since almost half of these patients had no adherence to drug treatment, therefore, to implement strategies that will provide better quality of life. Keywords: Chronic Kidney Disease; Hemodialysis Therapy; Treatment; Arterial Stiffness. 1 Introdução Os rins são órgãos de extrema importância para a realização da homeostase do corpo humano. Logo, quando há a diminuição progressiva da função renal, pode existir um comprometimento de praticamente todos os órgãos. A perda das funções endócrinas, excretórias e regulatórias do rim, junto com a diminuição da filtração glomerular são fatores que estabelecem a doença renal crônica (DRC). A filtração glomerular, quando atinge um valor igual ou menor que 15ml/min/1,73m² certifica que a doença já está no estágio avançado, que é denominado como falência funcional renal. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) adota uma definição de DRC como sendo uma injúria presente por um período igual ou superior a três meses, com alterações funcionais do rim e com diminuição do filtrado glomerular. (1) As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) vem ganhando espaço nos estudos atualmente. Elas são responsáveis por aproximadamente 60% das causas de morte no mundo, o que afeta cerca de 35 milhões de indivíduos por ano. Estudos ainda constatam que para a próxima década haja um aumento de 17% na mortalidade causada por esses tipos de doenças, que são algumas delas a Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, DRC, entre outras. (2) No geral, a DRC é silenciosa e evolui por meses ou anos, o que faz com que o organismo só apresente alguma disfunção ou sinais e sintomas quando a doença já atingiu cerca de 70% do néfrons. (3) Trata-se de uma doença que vai se prolongando com o tempo e a sua evolução, na maioria dos casos, é assintomática. (2) 2 Os fatores que mais contribuem para que a DRC seja uma grande epidemia são o fato do tempo de vida mais prolongado de indivíduos com diabetes e hipertensão, obesidade, tabagista, sedentarismo e o uso exagerado do sal. (4) A DRC já é considerada um problema de saúde pública mundial. Segundo estudos, cerca de 90% dos casos ja diagnosticados ocorrem em países desenvolvidos. No Brasil, esse crescimento da população portadora dessa doença crônica não é diferente. A falência funcional renal está aumentando dia-a-dia, o prognóstico não é bom e o tratamento tem um custo altíssimo. São gastos de aproximadamente 1,4 bilhões de reais em tratamento dialítico em todo o Brasil, onde 120.000 pessoas são beneficiadas com esse tratamento. (1)(2) Logo após o fechamento do diagnóstico de DRC, o nefrologista deve avaliar o paciente em todos os seus aspectos que estão relacionados com a enfermidade, tais como estágio da doença renal, complicações e comorbidades (principalmente as cardiovasculares), a velocidade da diminuição da taxa de filtração glomerular (TGF) e as doenças de base do paciente, que resultam no atraso da progressão da DRC.(5)(6)(7) O tratamento da DRC vai depender do resultado desses aspectos avaliados pelo nefrologista, que vão mostrar a evolução da doença. No início, o tratamento pode ser conservador, que são medidas terapêuticas dietéticas e medicamentosas. Em um estágio mais avançado, o tratamento vai necessitar de sessões de diálise, sendo a diálise peritoneal, a hemodiálise (cerca de 89,4% dos casos) e o transplante renal. (7) Porém, ao se falar de medidas terapêuticas medicamentosas entra um grande obstáculo. A não adesão ao tratamento farmacológico implica em um resultado final nem sempre desejado. Essa não aderência aos fármacos é um frequente problema durante o tratamento e tem como consequências a parte social, econômica e médica, além de 3 comprometer também o sistema de saúde e os profissionais. As pessoas com DRC teriam que assumir um conjunto de deveres que vão desde a aceitação da doença, da programação e os horários da diálise até o uso prolongado e contínuo de medicamentos, além da restrição alimentar e de líquidos. (3)(8) Pacientes em hemodiálise são os que mais recebem medicações quando comparados aos outros pacientes não dialíticos. Esse grupo de pacientes nem sempre seguem as recomendações oferecidas pelo médico. Sabe-se que a não adesão ao tratamento adequado resulta em implicações na qualidade de vida do paciente. (9) As dificuldades demonstradas em um estudo mostram que a não adesão ao tratamento da DRC se deve aos aspectos: emocionais, não adesão total ao tratamento medicamentoso, alimentação e hábitos de vida não saudáveis. Para o Estado e os profissionais de saúde é um grande desafio lutar conta essa não adesão ao tratamento, pois para aumentar a taxa de adesão e a qualidade de vida do paciente, depende de implementações de programas multidisciplinares para que se tenha um resultado mais eficaz. (10) A medida da rigidez arterial tem sido identificada como preditor independente de eventos cardiovasculares, que de acordo com pesquisador tem utilizado as medidas de rigidez arterial por meio das medidas de velocidade de onda de pulso e da complacência carotídea para identificar os pacientes de maior risco entre algumas populações especiais, como portadores de apnéia do sono, tabagistas, diabéticos, renais crônicos ou hipertensos mais graves. Entretanto, para caracterizar a adesão dos pacientes ao tratamento prescrito são utilizados métodos de avaliação, sendo estes denominados diretos e indiretos. Os métodos 4 diretos possibilitam o avaliador a detectar, por meio de fluidos biológicos, a presença de medicamentos ou algum produto da sua metabolização. Já os métodos indiretos abordam um processo de medidas feitos por meio de: entrevista ou informações coletadas do paciente, familiares ou profissionais de saúde, análise do resultado do tratamento, aplicação do Teste de Morisky-Green, entre outros. (3)(11) 5 Objetivo Avaliar a adesão ao tratamento farmacológico em pacientes com doença renal crônica (DRC) em tratamento de hemodiálise e correlacionar adesão medicamentosa dos pacientes com e sem rigidez arterial. 6 Casuística e Método Estudo de corte transversal, descritivo-analítico, cujo desenho se propõe a coletar informações sobre a adesão medicamentosa dos pacientes com DRC em tratamento dialítico com fatores sociodemográficos e clínicos e utilizar esses dados para intervenções educativas, com objetivo de melhorar as práticas de atenção à saúde dos pacientes com DRC. Participaram deste estudo amostra representativa de 180 pacientes em tratamento de hemodiálise na Unidade de Nefrologia do Hospital de Base de São José do Rio Preto. Este estudo foi realizado no período de agosto de 2015 a agosto de 2016. Os critérios de inclusão foram: adultos maiores de 18 anos, com diagnóstico de doença renal crônica terminal (Fase 5), em tratamento de hemodiálise, de ambos os sexos, que não apresentasse incapacidade mental e que concordassem em participar do estudo assinando o Termo de Consentimento Pós-Esclarecido (TCE). Foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados a entrevista semi-estruturada para identificar as variáveis sociodemográficas (sexo, idade, estado civil, ocupação e nível econômico), as variáveis clínicas ( peso, altura, índice massa corpórea, pressão arterial), o teste de Morisky-Green para medir a adesão ao tratamento medicamentoso. Este teste é composto por quatro perguntas: 1. Você, alguma vez esquece de tomar seu remédio? 2. Você, às vezes é descuidado quanto ao horário de tomar seu remédio? 3. Quando você se sente bem, alguma vez, você deixou de tomar seu remédio? 4. Quando você se sente mal com o remédio, às vezes, deixa de tomá-lo? De acordo com o protocolo do teste, considerase adesão ao tratamento o paciente que obtiver pontuação máxima de quatro pontos e não adesão aqueles pacientes que obtiverem 3 pontos ou menos. Os dados coletados foram transferidos para uma planilha eletrônica no programa Microsoft® Excel. Para as variáveis categorizadas foi utilizado o teste de associação qui-quadrado e para as variáveis quantitativas foi aplicado o teste nãoparamétrico de Mann-Whitney, sendo adotado como nível de significância o valor de P<0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FAMERP CAAE: 46445715.3.0000.5415 e está de acordo com a Resolução 436/2011 do Conselho Nacional de Pesquisa. 7 Resultados Dos 180 pacientes com DRC em tratamento de hemodiálise que participaram deste estudo quase a metade desta amostra 45,55% não teve adesão ao tratamento farmacológico, com média de tratamento hemodialítico de cinco anos (40 meses), 85,55% dos pacientes tiveram orientação sobre o tratamento e com média de anos de estudo 7 anos (Tabela 1). Tabela 1. Percentuais referentes às variáveis qualitativas dos pacientes com Doença Renal Crônica em hemodiálise e a presença ou não de rigidez arterial. São José do Rio Preto/SP, 2016. Rigidez arterial Variáveis quantitativas Anos de estudo2 Não (N=114) Sim (N=66) ± Md ± Md Valor P1 8,31±4,73 8,00 6,50±4,33 6,00 0,943 49,68±36,47 37,50 51,28±44,75 41,00 0,014 Tempo de tratamento (meses)2 Variáveis qualitativas Adesão N % N % Não (N=82) 51 44,74 31 46,97 Sim (N=98) 63 55,26 35 53,03 Não Sim Não Hábitos de vida Valor P1 0,772 Sim Orientação N % N % Não (N=26) 13 11,40 13 19,70 101 88,60 53 80,30 Sim (N=154) ¹ Valor P referente ao teste t para amostrar independentes a P<0,05. ² Valor referente ao teste de Mann-Whitney a P<0,05. Valor P1 0,133 8 Discussão Partindo da análise das variáveis qualitativas, a primeira destas são os “anos de estudo”. Pacientes com maior tempo de estudo devem apresentar maior grau de instrução e, consequentemente, melhores graus de compreensão sobre instruções realizadas em consultas com profissionais de saúde, condição própria de saúde e significado da doença renal crônica e suas consequências. Desse modo, poder-se-ia elaborar a ideia de que pacientes com maior tempo de estudo são aqueles que controlam melhor seus fatores de risco, compreendem a importância do tratamento proposto e seguem instruções dos profissionais de saúde, oferecendo menor impacto da doença renal e possíveis comorbidades sobre o sistema vascular. Logo, pacientes com mais anos de estudo seriam aqueles cuja rigidez arterial em teoria seria menor. No entanto, o estudo realizado da variável em questão não obteve significância estatística para afirmação ou negação da relação da variável - anos de estudo com a rigidez arterial. Comparado à literatura, essa variável quantitativa também não obteve associação significativa14. Já na análise da variável quantitativa “tempo de tratamento”, observamos relação da mesma com a rigidez arterial. O tempo de tratamento é maior à medida que se observa a presença de rigidez arterial. A relação possui significância estatística e constitui um resultado esperado. Tempo de tratamento maior é esperado em pacientes cuja rigidez arterial reflete uma vasculatura com maior comprometimento por diversos fatores, a citar a própria doença renal crônica, bem como outras possíveis comorbidades associadas à mesma como diabetes melitus, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias, glomerulonefrites e vasculites, entre outras. 9 Progredindo à análise das variáveis qualitativas, não se obteve significância estatística para as variáveis “orientação” e “adesão”. Partindo da análise realizada para a variável “anos de estudo”, esbarra-se aqui em vieses semelhantes e intimamente relacionados. Pacientes cujo grau de escolaridade é menor, como já supracitado, geralmente compreendem orientações de modo aquém ao esperado. Esperar-se-ia, assim, que tais pacientes apresentassem rigidez arterial presente pelos motivos já expostos. Além disso, para a variável “adesão”, deve-se levar em consideração a adesão em qual tipo de tratamento proposto. O fato de o estudo ter sido realizado em um hospital de alta complexidade geralmente se associa a pacientes com múltiplas comorbidades que podem ou não estar controladas e possivelmente são associadas à doença renal crônica e sua progressão. Ainda assim e apesar da falta de suporte estatístico, espera-se que pacientes com maior adesão ao tratamento proposto apresente com menor frequência rigidez arterial. Quanto as orientações sobre o tratamento a maioria relatou ter tido, contradizendo o estudo que destaca a falta de informação e o desconhecimento dos fatores estressores do tratamento em hemodiálise. A adesão ao tratamento de hemodiálise é considerada comprometida devido a todos esses fatores já discutidos acima, consequentemente os mesmos influenciam diretamente na realização desse tratamento dessa população do renal crônico considerado complexo e vital. Quanto à adesão ao tratamento farmacológico desses pacientes foi possível avaliar que 45,55% não não apresenta adesão ao tratamento farmacológico, de acordo com o instrumento de pesquisa aplicado Morisky-Green, estando de acordo com achados da 10 pesquisa, com percentual semelhante de 54,7%21. Neste mesmo estudo foi considerado como principal fator para a não adesão o esquecimento, porém na nossa pesquisa não avaliamos o principal fator para não adesão ao tratamento farmacológico. Segundo a literatura, a mortalidade cardiovascular é apontada como a principal causa de morte na DRC, devido à calcificação progressiva da camada média das grandes arterias, o que leva à rigidez arterial12. Estudos epidemiológicos indicaram que a rigidez arterial é um fator de risco considerável para eventos e mortalidade cardiovascular em portadores de DRC13. 11 Conclusão Os resultados deste estudo possibilitaram concluir alta prevalência de não adesão ao tratamento farmacológico em pacientes com doença renal crônica em tratamento de hemodiálise e não houve associação da adesão farmacológica dos pacientes com e sem rigidez arterial. Apesar de a maioria ter recebido orientação e apoio da equipe multidisciplinar, a abordagem educativa deve ser estimulada continuamente por ser a melhor estratégia para melhorar a adesão ao tratamento farmacólogico. Os pacientes com doença renal crônica necessitam assumir suas responsabilidades, cooperar com a equipe e ter adesão ao tratamento, diminuindo assim a morbidade e mortalidade durante o tratamento de hemodiálise e melhorando sua qualidade de vida. Verificou o impacto do tempo de tratamento do doente renal crônico com a presença de rigidez arterial. Assim, os achados do presente estudo fornecem subsídios para intervenções da equipe multidisciplinar na melhoria da qualidade de vida desses pacientes 12 Referências (1) Bastos MG, Bregman R, Kirsztajn GM. Doença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Rev Assoc Med Bras 2010; 56(2): 248-53. (2) Magalhães Jr HM. Consulta pública nº 16, de 21 de agosto de 2013 [Internet]. Brasil: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde; 2013 [atualizado em 21 de agosto de 2013; citado em 3 de abril de 2016]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2013/cop0016_21_08_2013.html (3) Ribeiro PRS, Batista TS. Adesão ao tratamento farmacológico anti-hipertensivo de pacientes em hemodiálise. Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2015;36(2):201-212. (4) De Medeiros MCWC, de Sá MPC. Adherence of the carriers of chronic renal disease to the conservative treatment. Rev Rene, Fortaleza, 2011 jan/mar; 12(1):65-72. (5) Madeiro A C, Machado PDLC, Bonfim IM, Braqueais AR, Lima FET. Adesão de portadores de insuficiência renal crônica ao tratamento de hemodiálise. Acta Paul Enferm. 2010;23(4):546-51. (6) Maldaner CR, Beuter M, Brondani CM, Budó MLD, Pauletto MR. Fatores que influenciam a adesão ao tratamento na doença crônica: o doente em terapia hemodialítica. Rev Gauch Enferm. 2008;29(4):647-53. (7) Oshiro ML, Castro LLC, Cymrot R. Fatores para não adesão ao programa de controle da hipertensão arterial em Campo Grande, MS. Rev Cienc Farm Basica Apl. 2010;31(1):95-100. (8) Pinheiro J. Autonomia e aderência na pessoa com doença renal crônica. Rev. bioét (Impr.) 2011; 19(1): 219 – 29. 13 (9) Huertas-Vieco MP, Pérez-García R, Albalate M, de Sequera P, Ortega M, Puerta M, et al. Psychosocial factors and adherence to drug treatment in patients on chronic haemodialysis. Nefrologia 2014;34(6):737-42. (10) Dosse C, Cesarino CB, Martin JFV, Castedo MCA. Fatores associados à não adesão dos pacientes ao tratamento de hipertensão arterial. Rev Latino-am Enfermagem 2009 março-abril; 17. (11) Magnabosco P, Teraoka EC, de Oliveira EM, Felipe EA, Freitas D, Marchi-Alves LM. Análise comparativa da não adesão ao tratamento medicamentoso da hipertensão arterial sistêmica em população urbana e rural. Rev. Latino-Am. Enfermagem, jan.-fev. 2015;23(1):20-7. (12) László, A., Reusz, G., & Nemcsik, J. Ambulatory arterial stiffness in chronic kidney disease: A methodological review. Hypertension Research. (2016). 39(4), 192-198. (13) Taal MW. Current Opinion in Nephrology and Hypertension. (2014). Mar;23(2):16973. (14) Adesão ao tratamento farmacológico de pacientes em hemodiálise, Vanessa Sgnaolin; Ana Elizabeth Prado Lima Figueiredo. Pontificia Universidade Catolica do Rio Grande do Sul – PUC/RS J. Bras. Nefrol. vol.34 no.2 São Paulo April/June 2012.