Universidade Federal do Rio Grande Do Sul

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS
CONSIDERADAS MEDICINAIS COMO RECURSO POTENCIAL NO CONTROLE DE
ENDOPARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS
Dissertação de Mestrado
Ricardo Gutierrez Oliveira
PORTO ALEGRE, 2003.
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS
CONSIDERADAS MEDICINAIS COMO RECURSO POTENCIAL NO CONTROLE DE
ENDOPARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS
Autor: Ricardo Gutierrez Oliveira
Dissertação apresentada como requisito para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências
Veterinárias, na especialidade de Medicina
Veterinária Preventiva.
Orientador: Prof. Dr. José Maria Wiest.
Co-orientador:
Prof.
Marchionatti Avancini.
PORTO ALEGRE, 2003.
Dr.
César
Augusto
2
O48a Oliveira, Ricardo Gutierrez
Avaliação “in vivo” da ação anti-helmíntica de plantas
consideradas medicinais como recurso potencial no controle de
endoparasitos gastrintestinais de ovinos / Ricardo Gutierrez
Oliveira. – Porto Alegre: UFRGS, 2003.
153 f.; il. – Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária,
Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Porto
Alegre, BR-RS, 2003. José Maria Wiest, Orient.
1. Plantas medicinais 2. Parasitologia veterinária:
Ovinos 3. Anti-helmínticos 4. Etnoveterinária I. Wiest, José
Maria, Orient. II Título.
CDD 619.4
Catalogação na fonte
Preparada pela Biblioteca da Faculdade de
Medicina Veterinária da UFRGS
3
Autor: Ricardo Gutierrez Oliveira
AVALIAÇÃO “IN VIVO” DA AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE PLANTAS
CONSIDERADAS MEDICINAIS COMO RECURSO POTENCIAL NO CONTROLE DE
ENDOPARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS.
Aprovado em 20 de agosto de 2003.
APROVADO POR:
PROF. DR. JOSÉ MARIA WIEST.
Orientador e Presidente da Comissão
PROF. DR. FLÁVIO ANTONIO PACHECO DE ARAÚJO
Membro da Comissão
PROFª. DRª. INGRID BERGMAN INCHAUSTI DE BARROS
Membro da Comissão
PROFª. DRª. NARA AMÉLIA DA ROSA FARIAS
Membro da Comissão
4
Aos meus avós
Silvino e Haidee (in memorian)
Antônio e Guilhermina (in memorian)
A minha tia
Viviane Gutierres (in memorian)
5
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. José Maria Wiest, ao Prof. Dr. César Augusto Marchionatti Avancini e
a Profª. Dra. Mary Jane Tweedie de Mattos Gomes pela orientação, amizade e serenidade
durante a realização deste trabalho.
Ao médico veterinário Yderzio Luiz Vianna Filho pelo conhecimento e
desprendimento no trabalho de análise estatística do experimento.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS.
Ao Programa RS-RURAL / SAA-RS pela seleção e financiamento do projeto, e aos
parceiros participantes; a EMATER-RS, em especial os colegas Luis Trindade, Marcelo
Machado, Oldemar Weiller, Jorge Lunardi, Caroline Velloso, Silvino Ramos e Ernani
Schwengber; a UFPEL, e os colegas Nara Farias, Jerônimo Ruas, Joziani Dias e Tatiana
Pesenti; a COCEARGS, e os colegas, Dário de Melo, Luciana Honorato, Ricardo Diel e Celso
Silva; e a bióloga Silvia Marodin.
Aos agricultores das 7 comunidades rurais participantes, que demandaram esta
pesquisa, em especial aos 19 agricultores entrevistados, reais detentores do conhecimento
trabalhado.
Aos professores e bolsistas do Setor de Helmintoses da Faculdade de Veterinária da
UFRGS, Rita Hoffman, Eduardo Sisson, Cristina Fialho, Mayra Seibert, Aline Gouvêa e
Veronica pelo apoio e convívio.
Aos colegas e bolsistas do Laboratório de Higiene de Alimentos - ICTA, Alexandre
Aspereza, Raquel Czamanski, Heloisa Carvalho, Saionara Wagner, Ângela Antunes, Dalton
Greco, Fabiana Cruz, Patrícia Barraco, Alessandra Sffair, Marilene e Giovani Girolometto
pelo apoio e convívio.
Ao Programa de Pós-Graduação da Emater-RS que possibilitou minha participação
neste trabalho e em especial aos colegas Nilton de Bem, Francisco Caporal, Lino de David,
Décio Cotrin, Gisele Almeida, José Severo, Carmen Lúcia, Johana Aragão e colegas do DRH,
Mariléia Borralho e colegas da Biblioteca, e aos colegas da Regional Metropolitana.
Aos amigos Denise Brigido, Eduardo Moraes, Marcelo Maronna, Carlos Lessa, Atila
Soares, Edgardo Velho, Ronaldo Bica, Natanael Brandão, João Valdai, Wilson Jaeger e
Wilmar Goulart, pela inestimável contribuição a este trabalho.
A minha esposa Liane Azevedo, pela paciência e companheirismo, e a sua família,
em especial, a Dona Nara Azevedo.
Aos meus pais, Nei Oliveira e Diana Oliveira, meus irmãos, Rogério Oliveira e
Rafael Oliveira e as minhas cunhadas, Laura Martinez e Natália Luft.
6
APRESENTAÇÃO
A realização desta pesquisa, como requisito para constituição de uma dissertação de
mestrado, está relacionada à sub-área e especialidade do conhecimento Medicina Veterinária
Preventiva. Conforme Avancini (2002), esta especialidade se caracteriza pela interação com
diversos campos de saberes e conhecimentos buscando uma visão holística e sistêmica sobre a
realidade sanitária, visando evitar a ocorrência, ou interromper a evolução, de enfermidades
nos animais e nos seres humanos.
O objetivo geral deste trabalho foi o de avaliar se espécies vegetais, mais
especificamente plantas consideradas medicinais pelo saber popular tradicional, podem ser
usadas como recurso potencial no controle de endoparasitos de ovinos (redução na produção
de ovos contribuindo com menores níveis de contaminação nas pastagens e redução de
helmintos adultos proporcionando uma menor espoliação verminótica no hospedeiro), na ótica
da agricultura familiar e com ênfase no desenvolvimento rural sustentável. Acrescido a isto,
pretendeu-se verificar se essas plantas podem ser usadas como produtos alternativos ou
complementares aos anti-helmínticos de origem sintético-laboratorial.
As inúmeras vezes, ao longo da minha trajetória como extensionista rural, em que
fiquei sem respostas a demanda de produtores rurais, em especial de agricultores familiares,
de alternativas acessíveis sob o ponto de vista econômico e ambientalmente adequadas no
controle das enfermidades dos animais domésticos e o contato com inúmeros casos de sucesso
de tratamentos a base de plantas consideradas medicinais que não tinham sido desenvolvidas
segundo as regras do método científico, foram fatores que me motivaram a realizar esta
pesquisa através do Programa de Pós-Graduação da Emater-RS. Acrescente-se a isto, a
possibilidade de capacitação técnico-científica e a de auxiliar na importante tarefa de criar
redes de cooperação e apoio entre entidades de pesquisa e de extensão rural.
O Programa de Pós-Graduação da EMATER/RS (Associação Riograndense de
Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural) está justificado na complexidade
da realidade na qual está inserido o trabalho de extensão rural e assistência técnica e, a
necessidade de respostas adequadas para que a empresa cumpra sua missão e seus objetivos.
Para tanto é necessário qualificação e constante aprimoramento dos seus profissionais. Tal
constatação remete a adoção e a manutenção de um programa que incentive e instrumentalize
os empregados para o atendimento das demandas próprias da natureza e da abrangência do
trabalho desenvolvido (EMATER, 2001).
7
A EMATER/RS, instituição de extensão rural oficial do Estado do Rio Grande do
Sul, tem como Missão: promover a construção do desenvolvimento rural sustentável, com
base nos princípios da Agroecologia, através de ações de assistência técnica e de extensão
rural e mediante processos educativos e participativos, objetivando o fortalecimento da
agricultura familiar e suas organizações, de modo a incentivar o pleno exercício da cidadania
e a melhoria da qualidade de vida.
Esta missão está orientada por cinco objetivos principais:
a) sustentabilidade – Buscar um crescente apoio à conservação, a manutenção e ao
manejo de agroecossistemas sustentáveis, de modo que, apesar das restrições
ecológicas e das pressões socioeconômicas, possam ser alcançados e mantidos
níveis adequados de produção agrícola.
b) estabilidade – Atuar de forma conjunta com os agricultores familiares e suas
organizações, com o objetivo de integrar os recursos disponíveis localmente e
outros que estejam ao alcance dos mesmos, com vistas a obter uma estabilidade
na produção que sejam compatível com as condições ambientais, econômicas e
socioculturais predominantes.
c) produtividade – Apoiar os agricultores familiares na seleção de tecnologias de
produção capazes de reduzir riscos e otimizar o uso de recursos internos, de
modo a alcançar, na totalidade dos sistemas agrícolas, níveis de produtividade
compatíveis com a preservação do equilíbrio ecológico.
d) equidade – Contribuir para a consolidação de estratégias associativas que
fortaleçam os laços de solidariedade e que propiciem a justa distribuição do
produto gerado nos agroecossistemas, de modo que atenda requisitos de
segurança alimentar e de geração de renda para todas as famílias envolvidas.
e) qualidade de vida – Agir interativamente nas áreas econômicas, sociocultural e
ambiental, de forma a maximizar o emprego e gerar renda desconcentradamente,
promovendo a defesa da biodiversidade e da diversidade cultural, o incremento
da oferta de produtos “limpos”, a soberania alimentar e a qualidade de vida da
população (EMATER, 2002b).
Esta dissertação, desta forma, buscou em sua construção, seguir como norte a Missão
da Instituição a que pertenço, tendo como balizadores os cinco objetivos acima listados que
orientam esta missão.
Informo também, que a presente pesquisa é um subprojeto do projeto de pesquisa
“Validação de tecnologias agroecológicas para controle de mamite, endoparasitos e
8
ectoparasitos em bovinocultura leiteira, através da utilização de plantas medicinais, nas
Regiões da Grande Porto Alegre e Noroeste do Rio Grande do Sul” construído e apresentado
pelas seguintes entidades: EMATER, COCEARGS (Cooperativa de Prestação de Serviços
Técnicos Ltda.), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e UFPEL
(Universidade Federal de Pelotas) ao Programa RS-Rural/SAA-RS, quando do edital
003/2001 de seleção de projetos de pesquisa por demanda, tendo sido aprovado seu
financiamento no dia 11 de novembro de 2001(TRINDADE et al., 2001). Este subprojeto,
aqui apresentado como a dissertação “Avaliação “in vivo” da ação de plantas consideradas
medicinais como recurso potencial no controle de endoparasitos gastrintestinais de ovinos”
além do aporte financeiro do RS-Rural, também obteve o fundamental suporte técnico e
operacional das quatro entidades acima citadas.
O objetivo geral do projeto de pesquisa apresentado ao RS-Rural é o de demonstrar a
eficácia da utilização de plantas medicinais no controle de mamite e parasitoses, em
bovinocultura leiteira, nas condições da agricultura familiar, nas regiões da Grande Porto
Alegre e Noroeste do RS. Deste modo as extrações vegetais avaliadas poderão ser
recomendadas para prevenção da ocorrência ou interrupção da evolução de enfermidades,
significando maior renda familiar, menor dependência de insumos externos e preservação
ambiental.
Entre os objetivos específicos do referido projeto de pesquisa, os que convergem
com os desta dissertação são:
a) resgatar as experiências e saberes locais sobre a utilização de plantas medicinais,
priorizando as espécies que serão avaliadas;
b) avaliar a presença e a intensidade de atividade antiparasitária de extrações de
plantas medicinais em endoparasitos gastrintestinais de ruminantes;
c) elaborar e divulgar um plano de controle sanitário, com a participação dos
beneficiários diretos da pesquisa, com base na apropriação dos resultados;
d) introduzir, nas comunidades, áreas coletivas de cultivo das plantas medicinais
com
eficácia
testada
experimentalmente
na
pesquisa,
evitando
ações
exclusivamente extrativistas.
Reafirmo ser de suma importância destacar a inserção desta dissertação no projeto do
RS-Rural, para o entendimento de atitudes e informações que serão apresentadas durante o
transcorrer deste trabalho.
9
HIERARQUIA DA PESQUISA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – CNPq e PPGCV (Resolução n.º 02/00)
1 - Grande Área: CIÊNCIAS AGRÁRIAS
(CNPq 5.00.00.00 - 4)
2 - Área: MEDICINA VETERINÁRIA
(CNPq 5.05.00.00 –7)
3 - Sub-área – MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA
(CNPq 5.05.02.00-0 e PPGCV, Res. N.º 02/00)
4 - Especialidade: MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA
(PPGCV, Res. N.º 02/00)
5. Linha de Pesquisa: SANEAMENTO APLICADO EM SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL
(PPGCV, Res. N.º 02/00)
10
RESUMO
Com o objetivo de verificar a eficácia de plantas medicinais como recurso potencial no
controle de endoparasitos de ovinos, na ótica da agricultura familiar e com ênfase no
desenvolvimento rural sustentável, realizou-se levantamento de informações empíricas
relativas ao saber popular tradicional de plantas consideradas medicinais. Utilizou-se
entrevistas com questionários semi-estruturados com 19 usuários tradicionais destas plantas.
Essas pessoas foram indicadas pelos participantes de reuniões realizadas em 7 comunidades
rurais tendo como referência seu conhecimento do uso e manipulação de plantas em saúde
humana e animal. Nas entrevistas foram citadas 14 plantas utilizadas como anti-helmínticas
de uso individual e outras 7 como anti-helmínticas com uso composto com algumas de uso
individual. Destas avaliou-se o potencial anti-helmíntico do decocto da Campomanesia
guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell.; do decocto
do Polygonum punctatum Ell.; da planta seca do Chenopodium ambrosioides L.; do macerado
hidroalcoólico do Allium sativum L. e incluiu-se um anti-helmíntico sintético a base de
ivermectin como referência. Utilizou-se 6 grupos de 8 ovinos infectados naturalmente nos
quais após o tratamento realizou-se o Teste de Redução de OPG associado a Coprocultura e o
Teste Controlado. Verificou-se nas condições do experimento que o uso do decocto da
Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum
Ell. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea
e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia,
Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; o uso do decocto do Polygonum punctatum Ell.,
apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do
gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia,
Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; o uso da planta seca do Chenopodium
ambrosioides L. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília
Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros
Haemonchus, Ostertagia, Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides; o uso do macerado
hidroalcoólico do Allium sativum L. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da
Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos
adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides e o uso do
ivermectin apresentou eficácia na redução da produção de ovos da Superfamília
Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de helmintos adultos dos gêneros
Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia, Strongyloides, Oesophagostomun e Trichuris.
Observou-se também que os cordeiros ganharam peso mesmo com alta carga parasitária,
quando mantidos sob uma dieta de 18,8 % de proteína e livres de reinfecção de endoparasitos.
Os resultados obtidos na presente pesquisa permitem concluir que a redução na produção de
ovos (contribuindo com menores níveis de contaminação nas pastagens) e a redução de
helmintos adultos (proporcionando uma menor espoliação verminótica no hospedeiro)
alcançados através do uso do decocto da Campomanesia guazumifolia (Camb) Berg. +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell., do decocto do Polygonum punctatum Ell.,
da planta seca do Chenopodium ambrosioides L. e da maceração hidroalcoólica do Allium
sativum L. qualificam estas plantas medicinais como recursos potenciais disponíveis no
controle integrado dos endoparasitos de ovinos.
11
ABSTRACT
With the objective of verify the efficacy of the medicinal plants like a potential recourse in the
control of endoparasitos of the ovines, into the familiar agriculture vision, with emphasis in a
supportable rural development, was made a survey of empiric informations, in the traditional
popular knowledge, about the plants considered medicinal. Was utilized interviews with semi
structural questionnaire with 19 persons that traditionally use this plants. This persons were
indicated by the participants of the reunions realized in 7 rural communities had with
reference their knowledge about the use and manipulation of plants in human and animal
health. In the interview 14 plants were cited in order of to be utilized as anthelmintic it plant
individual used, and 7 others as anthelmintic with compost use with some of individual use.
From this was made an evaluation about the potential anthelmintic of the decocto of
Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum
Ell.; of the decocto of the Polygonum punctatum Ell.; the dry plant of the Chenopodium
ambrosioides L.; of the hidroalcoholic macerated of Allium sativum L. and also was including
the synthetic anthelmintic based in ivermectin as reference. Was used 6 groups of 8 infected
sheeps, in which after the treatment, was realized the Reduction Test of FEC associated with
coprocultura and Controlled Test. Was verificated in the experiment conditions that the use of
the decocto of Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. +
Polygonum punctatum Ell. showed efficacy in the reduction of eggs production of the
Superfamily Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and in the reduction of
the adults helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; the
use of the decocto of Polygonum punctatum Ell. showed efficacy in the reduction of eggs
production of the Superfamily Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and
in the reduction of the adults helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e
Strongyloides; the use of the dry plant of the Chenopodium ambrosioides L. showed efficacy
in the reduction of eggs production of the Superfamily Trichostrongyloidea and in the generus
of Strongyloides, and in the reduction of the adults helmintos a generus of Haemonchus,
Ostertagia, Cooperia Trichostrongylus e Strongyloides; the use of hidroalcoholic macerate of
Allium sativum L. showed efficacy in the reduction of eggs production of the Superfamily
Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and in the reduction of the adults
helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e Strongyloides; and the use
of ivermectin showed efficacy in the reduction of eggs production of the Superfamily
Trichostrongyloidea and in the generus of Strongyloides, and in the reduction of the adults
helmintos a generus of Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia, Strongyloides,
Oesophagostomun e Trichuris. Was observed that the lambs fattening, even so with the high
parasitary charge when were maintained with a diet of 18,8 % of proteins and free of
reinfection. The results obtained in this present research permit the conclusion that the
reduction in the eggs production and in the reduction of adults helmintics reached with the
use of decocto of Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. + Eugenia uniflora L. +
Polygonum punctatum Ell., the decocto of Polygonum punctatum Ell, the dry plant of the
Chenopodium ambrosioides L and the hidroalcoholic macerate of Allium sativum L.
qualifying this medicinal plants as a potential recourse available in the integrate control of
endoparasitos of the ovines.
12
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos
grupos Controle e 1 e a eficácia do tratamento........................................................................ 72
TABELA 2 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 1.........................................73
TABELA 3 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos
grupos Controle e 2 e a eficácia do tratamento.........................................................................74
TABELA 4 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 2.........................................74
TABELA 5 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos grupos
Controle e 3 e a eficácia do tratamento......................................................................................76
TABELA 6 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 3.........................................76
TABELA 7 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos grupos
Controle e 4 e a eficácia do tratamento......................................................................................78
TABELA 8 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 4.........................................78
TABELA 9 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de OPG dos grupos
Controle e 5 e a eficácia do tratamento......................................................................................80
TABELA 10 – Resultado das coproculturas dos grupos Controle e 5.......................................80
TABELA 11 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 1 e a eficácia do tratamento.........82
TABELA 12 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 2 e a eficácia do tratamento.........83
TABELA 13 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 3 e a eficácia do tratamento.........84
TABELA 14 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 4 e a eficácia do tratamento.........85
TABELA 15 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no abomaso dos ovinos dos grupos Controle e 5 e a eficácia do tratamento.........86
TABELA 16 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 1 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................87
TABELA 17 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 2 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................88
13
TABELA 18 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 3 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................89
TABELA 19 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 4 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................90
TABELA 20 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino delgado dos ovinos dos grupos Controle e 5 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................91
TABELA 21 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 1 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................92
TABELA 22 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 2 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................93
TABELA 23 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 3 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................94
TABELA 24 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 4 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................95
TABELA 25 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens dos helmintos
encontrados no intestino grosso dos ovinos dos grupos Controle e 5 e a eficácia do
tratamento...................................................................................................................................96
TABELA 26 – Médias (valores mínimos e máximos) do peso dos ovinos dos
grupos Controle, 1, 2, 3, 4, e 5 no dia da chegada dos animais, no dia zero e 14
dias após o tratamento e a média total por dia de pesagem......................................................97
14
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg..................................................
62
FIGURA 2 – Eugenia uniflora L........................................................................................
64
FIGURA 3 – Polygonum punctatum Ell.............................................................................
66
FIGURA 4 – Chenopodium ambrosioides L......................................................................
68
FIGURA 5 – Allium sativum L...........................................................................................
70
15
1
1.1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 17
Justificativa...................................................................................................... 17
2
2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
2.5.1
2.6
2.7
2.7.1
2.7.2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................
Desenvolvimento rural sustentável: a busca da sustentabilidade...............
Agricultura familiar........................................................................................
Conhecimento popular e seu resgate: Etnometodologia.............................
Plantas medicinais...........................................................................................
Etnoveterinária................................................................................................
Plantas anti-helmínticas....................................................................................
Controle de endoparasitos..............................................................................
Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica.....................................
Teste de Redução de OPG e Coprocultura........................................................
Teste Controlado...............................................................................................
20
20
22
24
26
33
35
41
50
51
51
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
3.7
3.8
3.8.1
3.8.2
3.9
3.10
3.10.1
3.10.2
3.10.3
MATERIAL E MÉTODOS............................................................................
Seleção das plantas através de entrevistas....................................................
Modalidades de extração................................................................................
Animais............................................................................................................
Procedência dos animais.................................................................................
Seleção dos animais.........................................................................................
Alimentação dos animais................................................................................
Delineamento experimental............................................................................
Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica.....................................
Teste de Redução de OPG e Coprocultura........................................................
Teste Controlado...............................................................................................
Exames parasitológicos...................................................................................
Análise estatística............................................................................................
Transformação dos dados..................................................................................
Nível de significância........................................................................................
Análise de resultados........................................................................................
53
53
54
54
54
55
55
55
57
57
57
58
58
58
58
58
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................
Descrição e análise dos resultados.................................................................
Entrevistas.........................................................................................................
Plantas selecionadas..........................................................................................
Modo de utilização das plantas.........................................................................
Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica...........................................
Teste de Redução de OPG e Coprocultura.......................................................
Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................
4.1.2.1.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2...................
4.1.2.1.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3.............
4.1.2.1.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.................................
4.1.2.1.5 Avaliação da aplicação do ivermectin – Grupo 5.............................................
Teste Controlado...............................................................................................
4.1.2.2
4.1.2.2.1 Abomaso...........................................................................................................
4.1.2.2.1.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................
59
59
59
61
70
72
72
4
4.1
4.1.1
4.1.1.1
4.1.1.2
4.1.2
4.1.2.1
4.1.2.1.1
72
74
76
78
80
82
82
82
16
4.2.2
4.2.3
4.2.4
4.2.5
Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2...................
Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3.............
Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.................................
Avaliação da aplicação do ivermectin – Grupo 5.............................................
Intestino delgado
Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................
Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2...................
Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3.............
Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.................................
Avaliação da aplicação do ivermectin – Grupo 5.............................................
Intestino grosso................................................................................................
Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1...........................
Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2...................
Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3.............
Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.................................
Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.............................................
Peso...................................................................................................................
Comparação de resultados.............................................................................
Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia uniflora L. + Polygonum
punctatum Ell. – Grupo 1..................................................................................
Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2..............................................................
Chenopodium ambrosioides L. – Grupo 3........................................................
Allium sativum L. – Grupo 4............................................................................
Ivermectin – Grupo 5........................................................................................
5
CONCLUSÕES............................................................................................... 103
6
RECOMENDAÇÕES / SUGESTÕES.......................................................... 105
4.1.2.2.1.2
4.1.2.2.1.3
4.1.2.2.1.4
4.1.2.2.1.5
4.1.2.2.2
4.1.2.2.2.1
4.1.2.2.2.2
4.1.2.2.2.3
4.1.2.2.2.4
4.1.2.2.2.5
4.1.2.2.3
4.1.2.2.3.1
4.1.2.2.3.2
4.1.2.2.3.3
4.1.2.2.3.4
4.1.2.2.3.5
4.1.3
4.2
4.2.1
REFÊRENCIAS..................................................................................................................
83
84
85
86
87
87
88
89
90
91
92
92
93
94
95
96
97
99
99
100
100
101
102
106
APÊNDICE A – Instruções e roteiro para realização das reuniões e entrevistas................. 116
ANEXO A – Entrevistas com usuários tradicionais de plantas medicinais.................... 118
APÊNDICE B – Resultado da contagem do número de ovos por grama da Superfamília
Trichostrongyloidea.................................................................................. 141
APÊNDICE C - Resultado da contagem do número de ovos por grama do gênero
Strongyloides............................................................................................. 143
APÊNDICE D –Resultado da contagem da carga parasitária do abomaso.......................... 145
APÊNDICE E – Resultado da contagem da carga parasitária do intestino delgado............ 147
APÊNDICE F – Resultado da contagem da carga parasitária do intestino grosso............... 149
APÊNDICE G –Resultado da pesagem dos animais............................................................ 151
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
A ovinocultura gaúcha apresentou nas últimas décadas um enorme declínio do seu
rebanho, apontando para uma redução de mais de 50% no número de cabeças, de 12.500.000
cabeças da década de 80, para 5.868.652 em 1994. Nos anos oitenta havia em torno de 40.000
criadores empregando diretamente no setor 100.000 pessoas e indiretamente um grande
número de trabalhadores ligados às cooperativas, indústrias, transporte, produtos veterinários,
comércio de artigos de lã, curtumes e frigoríficos. Destes criadores, 70 % se enquadram como
agricultores familiares o que reforça a importante função social desta atividade
(DORNELLES, 2002). Na última década, esta tendência de redução do rebanho manteve-se,
mas em níveis menores do que apontado anteriormente. Atualmente o Estado do Rio Grande
do Sul conta com aproximadamente 4.645.484 cabeças de ovinos (ANUALPEC, 2002).
Já o rebanho ovino brasileiro manteve-se estável nesta última década. De um total de
15.223.834 cabeças no ano de 1993, conta atualmente com 15.106.832 cabeças. Esta
estabilidade ocorreu devido ao aumento dos rebanhos das Regiões Norte, 287.222 cabeças em
1993 para 437.466 em 2002, da Centro Oeste, 509.730 cabeças em 1993 para 721.310 cabeças
e principalmente da Nordeste, 6.946.045 cabeças para 8.181.434 cabeças em 2002,
compensando a redução dos rebanhos das Regiões Sudeste, de 415.497 cabeças para 393.587
e principalmente da Sul, de 7.065.339 para 5373.035 (ANUALPEC, 2002).
Conforme Gomes et al. (1997), dentre os motivos que contribuíram para este quadro
de redução do rebanho ovino gaúcho, destacam-se quatro:
a) queda dos preços da lã no mercado internacional, ocasionando um forte impacto
na rentabilidade da atividade, por tratar-se de rebanho formado por raças laneiras ou
de dupla aptidão;
b) avanço das lavouras de arroz e soja nas áreas de pastoreio na região sul do estado;
c) baixo consumo da carne ovina no país, resultado de uma cadeia produtiva que
desconsiderou o potencial da carne ovina tratando-a como um subproduto, quando os
preços da lã estavam altos, espaço ocupado hoje pela carne de suínos e de aves. O
consumo per capita brasileiro de carne ovina é de 0,7 kg/hab/ano, contra os 11
kg/hab/ano no Uruguai e de 26,5 kg/hab/ano na Nova Zelândia;
d) intensificação dos sistemas de produção com a conseqüente aglomeração dos
animais, levou a um aumento dos problemas sanitários, acarretando incremento nos
18
custos de produção da atividade, em especial, no item medicamentos, com os antihelmínticos.
Apesar deste quadro a ovinocultura gaúcha continua ocupando importante espaço
dentro do contexto econômico social do setor primário do Estado, podendo crescer com o
atual aumento do preço da lã (U$ 2,00 / Kg), com campanhas que visam aumentar o consumo
da carne ovina e com alternativas de menor custo na prevenção e controle das enfermidades
dos ovinos.
A importância econômica da verminose e do uso de medicação anti-helmíntica como
uma ferramenta no seu controle já é por demais conhecida, não só na ovinocultura, como nos
demais sistemas de produção que incluem ruminantes tais como os bovinos e caprinos. Cabe
ressaltar que este tratamento é um complemento ao controle da verminose, não sendo um
substituto do manejo adequado. Acrescido a isto, diversas pesquisas indicam que muitos
destes medicamentos industriais, não têm produzido os resultados sanitários esperados
(LANUSSE, 1994).
Conforme Waller (1996), os sistemas de produção animal que requerem uso
freqüente de anti-helmínticos para suprimir os parasitos são tão ecologicamente
desbalanceados que inevitavelmente ficarão à margem, devido aos resíduos ou à seleção para
resistência parasitária múltipla. É tarefa dos parasitologistas veterinários desenvolver
recomendações de controle de verminose que sejam sustentáveis, incorporando técnicas
apropriadas para cada tipo de sistema de produção. Estas recomendações devem ser testadas a
campo, em larga escala, para mostrar que o sistema funciona na prática. Este será o grande
desafio dos parasitologistas veterinários, extensionistas e produtores neste século que inicia.
Ainda segundo o autor acima citado, formas alternativas de controle de parasitos com
métodos não químicos estão sendo investigados ativamente para tornarem-se alternativas
econômicas e práticas em um futuro próximo.
Conforme Dimander (2003), o novo milênio traz como marca o movimento em
direção a uma agricultura orgânica, que faz com que haja um aumento considerável no
desenvolvimento de formas alternativas de controle de endoparasitos, que contemplam um
vasto arsenal de recursos (manejo de pastagens, controle biológico, animais ou raças
geneticamente resistentes, vacinas-resposta imunológica, plantas medicinais, entre outros)
para a construção de um controle integrado da verminose.
Existe atualmente uma enorme demanda mundial na construção de contextos que
proporcionem um desenvolvimento sustentável, ou seja, um desenvolvimento que satisfaça as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações poderem
19
satisfazer suas próprias necessidades. Parte-se do reconhecimento da insustentabilidade do
atual modelo de desenvolvimento das sociedades contemporâneas, pois tal padrão levou ao
desencadeamento de crises econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais. O novo
conceito de desenvolvimento reforça a necessidade da adequação dos atuais sistemas a uma
agricultura sustentável, com uma baixa dependência de insumos comerciais e o uso de
recursos renováveis localmente (ALMEIDA, 1998).
Estes sistemas de produção, incluindo a ovinocultura, estão presentes em importante
parcela das terras ocupadas pela agricultura familiar, foco desta pesquisa. De acordo com o
Censo agropecuário 1995/96 do IBGE (1998), no Brasil são 4.139.369 estabelecimentos de
agricultores familiares, correspondendo a 85,2 % do total de estabelecimentos e ocupando
30,5 % da área total. Estas unidades familiares, além de atenderem melhor aos interesses
sociais do país, são mais produtivas, asseguram melhor a preservação ambiental e são
economicamente viáveis (BRASIL, 2000).
O uso de recursos da medicina tradicional é amplamente utilizado por grande parcela
da população mundial, tanto em humanos como em animais, em face de seu reduzido custo e
dos resultados apresentados no enfrentamento de enfermidades no cotidiano de várias
gerações, conforme indica a Organização Mundial da Saúde (FARNSWORTH et al., 1989).
Dentre estes recursos utilizados pela medicina tradicional, as plantas medicinais fazem parte
do arsenal utilizado devido ao grande poder terapêutico que representam (AKERELE, 1988).
Nesta direção pesquisas em etnoveterinária nos mostram o uso de inúmeras plantas
medicinais na prevenção e controle de doenças dos animais. Dentre elas, várias com
comprovada atividade anti-helmíntica in vitro e in vivo, em uso por inúmeras comunidades
compostas de agricultores familiares, por características peculiares desta enorme parcela de
produtores.
Desta forma, o objetivo geral da presente pesquisa foi verificar a eficácia de plantas
medicinais como recurso potencial no controle de endoparasitos de ovinos, na ótica da
agricultura familiar e com ênfase no desenvolvimento rural sustentável. Os objetivos
específicos foram prospectar através de entrevistas, com questionário semi-estruturado,
aplicado junto a usuários tradicionais de plantas medicinais, quatro plantas com indicação
anti-helmíntica e verificar a eficácia anti-helmíntica destas plantas medicinais em
endoparasitos gastrintestinais de ovinos.
20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Desenvolvimento rural sustentável: a busca da sustentabilidade
A noção de desenvolvimento rural sustentável tem como uma de suas premissas
fundamentais o reconhecimento da “insustentabilidade”, ou inadequação econômica, social e
ambiental do padrão de desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Esta noção nasce
da compreensão da finitude dos recursos naturais bem como das injustiças sociais provocadas
pelo modelo de desenvolvimento vigente na maioria dos países (ALMEIDA, 1998).
De acordo com esta compreensão do esgotamento do padrão de desenvolvimento
tecnológico do pós-guerra, foi criado no sul do Brasil, em 1994, o Programa Tecnologia e
Desenvolvimento Rural Sustentável (P.T.D.R.S.), composto por entidades públicas de ensino,
pesquisa e de extensão (Embrapa; UFRGS; Fepagro; Emater/RS e Pref. Mun. de Porto
Alegre), e por organizações não-governamentais (Rede de Tecnologias Alternativas / Sul e
Programa de Cooperação em Agroecologia / RS), que em seus documentos apontam para a
crescente preocupação com os impactos do padrão contemporâneo do desenvolvimento
tecnológico na agricultura, e que estaria sendo caracterizado pelo uso intensivo, muitas vezes
predatório, dos recursos naturais, além de forte dependência de mercadorias agroindustriais
incorporadas ao processo produtivo em função da estruturação tecnológica da agricultura
então consagrada. Essa preocupação foi reafirmada pela constatação de que em diversas
regiões agrárias do mundo os impactos deste padrão de desenvolvimento têm sido perversos
em termos de seletividade social, perda de autonomia produtiva, dependência tecnológica e,
em muitos casos, até mesmo a redução efetiva dos níveis de bem-estar social, sendo
igualmente responsáveis por sérias conseqüências ambientais, com repercussões em diversas
esferas da vida social (AVANCINI, 2002).
Conforme Oliveira (2002), para uma melhor compreensão do significado de
“desenvolvimento sustentável” é importante trabalharmos com os conceitos formadores desta
expressão: a palavra “desenvolvimento” significa retirar o invólucro, desenvolver-se, ou seja,
sair do envolvimento de uma situação existente para outra situação diferente, rompendo as
amarras, os condicionantes naturais ou constituídos que impedem a mudança. Durante vários
anos seu significado esteve associado à idéia de crescimento. O autor argumenta que o
crescimento está relacionado com o incremento quantitativo da escala física, enquanto o
desenvolvimento é a melhora qualitativa ou o desabrochar das potencialidades. Atualmente
diferencia-se crescimento de desenvolvimento, considerando este último um melhoramento da
21
qualidade de vida, sem necessariamente causar um aumento na quantidade de recursos
consumidos. Uma comunidade pode crescer sem desenvolver, ou desenvolver sem crescer.
Para o significado da palavra “sustentável” encontraremos que é tudo aquilo que é
capaz de ser suportado, mantido. A sustentabilidade vem do latim sustentare que significa
suster, suportar, conservar em bom estado, manter, resistir. Em português significa impedir a
ruína, resistir, manter, conservar a mesma posição, manter o nível apropriado (OLIVEIRA,
2002).
De acordo com Deponti (2001), “desenvolvimento sustentável” é um novo projeto
social que promove a transformação econômica, tecnológica, política, ambiental do atual
modelo de desenvolvimento para que as necessidades básicas sejam satisfeitas, tanto das
presentes como das futuras gerações, procurando não degradar o meio natural e os recursos
humanos e, assim, apresentar maiores condições de manutenção do sistema ao longo do
tempo.
Conforme Altieri (1989) sustentabilidade é a habilidade de um agroecossistema em
manter a produção através do tempo, em face de distúrbios ecológicos e pressões
socioeconômicas de longo prazo. A idéia chave se baseia na noção de sustentabilidade como
característica de um processo que pode manter-se indefinidamente. E, seu fundamento é dado
pelo conceito de equilíbrio em relação às capacidades e limitações existentes.
Segundo Guzmann (1999) apud Caporal e Costabeber (2001), a “sustentabilidade faz
parte de um processo de busca permanente de estratégias de desenvolvimento que
qualifiquem a ação e a interação humana nos ecossistemas”. Este processo deve ser orientado
por certas condições tais como: rupturas das formas de dependência que colocam em perigo
os mecanismos de reprodução, sejam estas de natureza ecológica, socioeconômica e/ou
política; utilização daqueles recursos que permitam que os ciclos de materiais e energias
existentes no agroecossistema sejam os mais parcimoniosos possíveis; utilização dos impactos
benéficos que se derivam dos ambientes ecológicos, econômico, social e político existentes
nos distintos níveis (desde a propriedade rural até a sociedade maior); não alteração
substantiva do meio ambiente quando tais mudanças, através da trama da vida, podem
provocar transformações significativas nos fluxos de materiais e energia que permitem o
funcionamento do ecossistema, o que significa a tolerância ou aceitação de condições
biofísicas em muitos casos adversas; estabelecimentos dos mecanismos biótipos de
regeneração de materiais deteriorados, para permitir a manutenção em longo prazo das
capacidades produtivas dos agroecossistemas; valorização, regeneração e ou criação de
conhecimentos locais, para a sua utilização como elementos de criatividade, que melhorem a
22
qualidade de vida da população, definida desde sua própria identidade local; estabelecimento
de circuitos curtos para o consumo de mercadorias, que permitam uma melhoria da qualidade
de vida da população local e uma progressiva expansão espacial, segundo os acordos
participativos alcançados por sua forma de ação social coletiva e potenciação da
biodiversidade, tanto biológica como sociocultural”.
Esta busca da sustentabilidade seria alcançada através de uma agricultura sustentável,
que é conceituada como, segundo Gliessmann (1990) apud Caporal e Costabeber (2001), “sob
o ponto de vista agroecológico é aquela que, partindo de uma compreensão holística dos
agroecossistemas, seja capaz de atender, de maneira integrada, aos seguintes critérios: uma
baixa dependência de insumos comerciais; o uso de recursos renováveis localmente
acessíveis; a utilização dos impactos benéficos ou benignos do meio ambiente local; a
aceitação e/ou tolerância das condições locais, ao invés da dependência da intensa alteração
ou controle do meio ambiente; a manutenção em longo prazo da capacidade produtiva; a
preservação da diversidade biológica e cultural; a utilização do conhecimento e da cultura da
população local e a produção de mercadorias para o consumo interno e para a exportação”.
Conforme Avancini (2002), a capacidade institucional para promover uma
agricultura sustentável seria ainda muito débil e, muitas das tecnologias disponíveis têm
dificuldades para serem implantadas. Como ressaltam Navarro e Almeida (1997) apud
Avancini (2002), as ofertas tecnológicas propriamente alternativas (ao padrão dominante) são
ainda poucas e limitadas, residindo aí um amplo e desafiador campo de investigação e de
esforços institucionais, particularmente nas agências de pesquisa.
2.2 Agricultura familiar
Segundo Ribeiro (2002), as definições que melhor permitem compreender o que
significa unidade de produção familiar, ou a chamada “agricultura familiar”, a aborda como
um modo peculiar de exploração da terra, ou seja, que possui formas de condução das
atividades e da vida na unidade de produção, ligadas a lógica da reprodução e sobrevivência
da família. Ribeiro (1997) apud Ribeiro (2002), afirma que agricultor familiar é aquele que
constrói toda a sua estratégia de sobrevivência e multiplicação dos bens que possui a partir da
família. Carmo e Salles (1998) apud Ribeiro (2002), por sua vez, afirmam que o
funcionamento da exploração familiar passa necessariamente pela família, enquanto elemento
básico da gestão financeira e do trabalho disponível internamente na unidade do conjunto
familiar. Acrescentam que as decisões sobre a renda líquida obtida com a venda da produção,
23
fruto do trabalho da família, pouco tem a ver com a categoria lucro “puro” de uma empresa,
representada pela diferença entre renda bruta e custo total. Estas características organizariam a
lógica de funcionamento das unidades familiares. A comercialização das mercadorias e
produtos disponíveis da propriedade é feita obedecendo a necessidades, vontades, anseios e os
projetos da família e não obedecendo rigorosamente a épocas de melhor preço ou de melhor
oferta dos produtos. Estas características são extremamente importantes para a compreensão
da lógica de produção dos agricultores familiares, que são diferenciadas da agricultura
patronal e capitalista.
A definição de agricultura familiar brasileira atende a três características essenciais:
a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são executados
por indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou de casamento;
b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família;
c) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à
família, e é em seu interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou
aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva (FAO / INCRA, 1996).
De acordo com o Censo Agropecuário 1995/96 do IBGE (1998), existem no Brasil
4.859.864 estabelecimentos rurais ocupando uma área de 353,6 milhões de hectares. Destes
4.139.369 são de agricultores familiares, correspondendo a 85,2 % dos estabelecimentos e
ocupando 30,5 % da área total. Na Região Sul são 907.635 estabelecimentos de agricultores
familiares, que representam 90,5 % de todos os estabelecimentos da região, ocupando 43,8 %
da área e produzindo 57,1 % do VBP (Valor Bruto da Produção). A área média dos
estabelecimentos familiares no Brasil é de 26 ha, enquanto que a patronal é de 433 ha. Na
Região Sul a área média dos estabelecimentos familiares é de 21 ha, e a dos estabelecimentos
patronais é de 283 ha.
A Renda Total por hectare demonstra que a agricultura familiar é mais eficiente que
a patronal, produzindo uma média de R$ 104,00 /ha/ano contra apenas R$ 44,00 /ha/ano dos
agricultores patronais. Na Região Sul o quadro se mantém, enquanto a Renda Total por
hectare da agricultura familiar é de R$ 241,00 a Renda Total dos estabelecimentos patronais é
de R$ 99,00/ ha /ano. A agricultura familiar é a principal geradora de postos de trabalho no
meio rural brasileiro. Mesmo dispondo de apenas 30% da área, é responsável por 76,9 % do
Pessoal Ocupado (PO). Dos 17,3 milhões de postos ocupados na agricultura brasileira,
13.780.201 estão empregados na agricultura familiar. Na Região Sul a agricultura familiar
ocupa 84 % da mão de obra utilizada na agricultura, que corresponde a 2.839.972 de pessoas
24
ocupadas. Estes números demonstram as enormes vantagens da agricultura familiar
comparativamente às grandes propriedades rurais (BRASIL, 2000).
O acesso à tecnologia apresenta grande variação tanto entre agricultores familiares e
patronais, quanto entre os agricultores de diferentes regiões. Entre os agricultores familiares,
apenas 16,7 % utilizam assistência técnica contra 43,5 % entre os patronais. Dentre os
agricultores familiares da região Sul 47,2 % utilizam assistência técnica, ou seja, os demais
52,8 % dos agricultores não utilizam esta assistência, correspondendo a 479.231
estabelecimentos (BRASIL, 2000). Em especial estes agricultores desenvolveram, ao longo
dos anos, práticas e conhecimentos para resolver os problemas do seu dia a dia. Estas práticas
têm sido utilizadas há vários anos, sendo testadas com erros e acertos, frente às diferentes
realidades encontradas em cada momento de sua história, gerando um precioso acúmulo de
conhecimentos que não pode ser desconsiderado (MEJIA, 1985).
O equívoco histórico de restringir ou atribuir as dificuldades vividas pelos
agricultores familiares às formas “atrasadas” de produção e comercialização que praticam,
encaminham geralmente a uma intervenção técnica que as modifique. As intervenções
técnicas se resumem a aspectos de renda, produção e produtividade. Embora ninguém negue a
importância destes aspectos, nem sempre eles têm para as sociedades rurais a mesma
relevância que possuem para os técnicos. Aspirações de produção, renda e produtividades
mais elevadas certamente fazem parte dos seus interesses, mas podem não ser o centro do seu
sistema de vida e produção. Não se pode restringir as formas de produção a um padrão único,
ideal e hegemônico que desconsidera os conhecimentos frutos da vivência e as maneiras
alternativas de produção, isto é, só a tecnologia levada pela extensão e assistência técnica (e,
por conseguinte, fruto da pesquisa científica) é que pode modificar a realidade encontrada. Ao
colocarem os agricultores familiares como atrasados, significa reconhecer, e interpretar como
verdade, que o seu único caminho para se desenvolver é se transformar em agroindustrializado, o que não tem se constituído em realidade (RIBEIRO, 2002).
2.3 Conhecimento popular e seu resgate: etnometodologia
Segundo Mejia (1985), o conhecimento prático camponês se expressa em uma
variedade de práticas e raciocínios, que as populações rurais vem desenvolvendo para resolver
problemas concretos da vida cotidiana. Estas práticas foram aprendidas através da experiência
e erro, ao longo dos anos, e vão se transmitindo de uma geração a outra. Este conhecimento,
em muitos casos, é produto de uma larga tradição histórica, que também se nutre e se refaz de
25
acordo com as circunstâncias que enfrentam as populações em cada dia da sua existência.
Assim, este conhecimento se converte em ferramenta segura e ao alcance para resolver os
problemas diários, sem ter que depender do uso de elementos estranhos.
Conforme “O que é Ciência” (2003), o conhecimento popular, ou senso comum,
geralmente típico do camponês, é transmitido de geração em geração por meio da educação
informal e baseado em imitação e experiência pessoal. Este conhecimento não difere do
conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que o
diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos para se obter o "saber". Pode-se
dizer que o conhecimento popular é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que
se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: é o saber que prevalece em
nossas vidas diárias, aquele que é sem comprovação ou estudo, sem a aplicação de um estudo
(método) mais cuidadoso e sem se haver refletido sobre algo que é afirmado como verdade.
Segundo Camargo (1998), o uso de plantas medicinais no combate a parasitos, ou
seja, os mecanismos de defesa contra as verminoses criados pelos componentes de uma
comunidade, são representados pelas formas de comportamento herdadas de seus
antepassados, somadas aos novos conhecimentos que vão sendo adquiridos dentro dos grupos
sociais a que passam a pertencer. Sabe-se que a influência indígena deixou profundas marcas
nas diferentes áreas da nossa cultura, notadamente na medicina popular, quando esta
permanece viva e atuante em todas as camadas sociais e culturais das sociedades
contemporâneas. Desta forma, a medicina popular, sendo dinâmica e nunca estática, vai se
modificando espontaneamente, influenciada não só pelos meios intelectualizados e de
comunicação, como também pelo entrelaçamento de traços culturais entre habitantes de um
mesmo grupo social.
Singh e Ali (1989) realizaram trabalho de resgate do uso tradicional de plantas junto
a habitantes do distrito de Achegar, Índia. Como resultado, obtiveram 47 plantas com uso na
medicina popular, que foram coletadas e identificadas, dentre elas, a Azadirachta indica,
utilizada como anti-helmíntico. Os autores destacam a importância do uso de plantas
medicinais para a sobrevivência de comunidades rurais na Índia, enfatizando que o resgate do
conhecimento tradicional do uso de plantas medicinais deveria ser sistematicamente
documentado, antes de ser perdido pela rápida redução dos cultivos tradicionais e recursos
naturais, devido à urbanização e industrialização das áreas rurais.
O resgate do conhecimento popular vem merecendo crescente atenção por parte de
pesquisadores, tendo este procedimento recebido diversas denominações, como exemplo o
termo etnometodologia. Entende-se por “etno” a maneira como um membro de uma
26
comunidade, baseado em conhecimentos de senso comum, compreende e explica seu mundo
circundante. A etnometodologia referir-se-ia, pois, a “um estudo sobre a organização do
conhecimento de um membro sobre suas atividades ordinárias; sobre o seu próprio
empreendimento organizado, onde o conhecimento é tratado por nós como parte do mesmo
ambiente que ali também organiza” (HAGUETE, 1990).
Segundo Silva (1998), etnometodologia é uma corrente da sociologia americana,
surgida na Califórnia nos anos 60. A obra de Harold Garfinkel, “Studies in Ethnomethodoly”
é considerada como o marco inicial nesta corrente. Ela provoca uma reviravolta na sociologia
tradicional, pois, além da concepção singular da construção social, ataca exatamente a
maneira como os dados são recolhidos e tratados. Para a etnometodologia a abordagem
quantitativa, que só se preocupa com a entrada e a saída dos dados sem observar o processo
como eles são construídos, não reflete adequadamente o modo de construção da realidade. O
corpus da pesquisa etnometodológica é o conjunto dos etnométodos, isto é, os métodos de que
todo indivíduo, erudito ou não, se utiliza para interpretar e pôr em ação na rotina de suas
atividades práticas cotidianas a fim de reconhecer seu mundo, tornando-o familiar ao mesmo
tempo em que o vai construindo.
A palavra etnometodologia significa o estudo dos etnométodos, e não uma
metodologia específica da etnologia. Na verdade, a etnometodologia é o estudo dos métodos
de que todo indivíduo se utiliza para descrever, interpretar e construir o mundo social. A
etnometodologia se propõe a privilegiar as abordagens microssociais dos fenômenos, dando
maior importância à compreensão do que à explicação. Enquanto a sociologia tradicional
despreza as descrições que os atores/autores fazem dos fatos sociais que os cercam,
entendendo que essas descrições são por demais vagas, a etnometodologia valoriza
exatamente essas interpretações que passam a ser o objeto essencial da pesquisa (SILVA,
1998).
Conforme Avancini (2002), o método de seleção dos informantes, que são indivíduos
tidos como possuidores do vocabulário mais extenso acerca do sistema social e cultural local
do que os outros membros da comunidade, estão na dependência do modo de distribuição do
conhecimento popular na população.
2.4 Plantas Medicinais
Conforme Poser e Mentz (2001) o homem primitivo, ao procurar plantas para seu
sustento, foi descobrindo plantas com ação tóxica ou medicinal, dando início a uma
27
sistematização empírica dos seres vivos, de acordo com o uso que podia fazer deles. Indícios
do uso de plantas medicinais foram encontradas nas mais antigas civilizações.
Segundo Schenckel et al. (2001), até o século XIX, os recursos terapêuticos eram
constituídos predominantemente por plantas e extratos vegetais. Isso pode ser ilustrado pela
Farmacopéia Geral para o Reino e Domínios de Portugal, de 1794, na qual, entre os produtos
chamados simplices constam 30 produtos de origem mineral, 11 produtos de origem animal e
cerca de 400 espécies vegetais. Ou seja, as plantas medicinais e seus extrativos constituíam a
maioria dos medicamentos, que naquela época pouco se diferenciavam dos remédios
utilizados na medicina popular, sendo que muitas das espécies resistiram à ação do tempo e da
crítica científica, estando presentes em farmacopéias mais recentes.
Conforme Lorenzi e Matos (2002), os principais alicerces de toda a tradição no uso
de plantas medicinais no Brasil foram fundados através da contribuição dos escravos, com o
uso de plantas trazidas do continente africano. Também do conhecimento dos europeus sobre
o uso de plantas, que foram induzidos a testar usos similares para as espécies nativas
proximamente relacionadas com as plantas conhecidas no velho mundo e principalmente com
a grande quantidade de plantas medicinais usadas pelas inúmeras tribos indígenas que aqui
viviam, que por intermédio dos pajés, foram transmitindo e aprimorando seus conhecimentos
e usos de geração em geração.
Ainda segundo os autores (op. cit.), até o século XX o Brasil era um país
essencialmente rural, com amplo uso da flora medicinal. Com o início da industrialização e
subseqüente urbanização do país, o conhecimento tradicional passou a ser posto em segundo
plano. O acesso a medicamentos sintéticos e o pouco cuidado com a comprovação das
propriedades farmacológicas das plantas tornou o conhecimento da flora medicinal sinônimo
de atraso tecnológico, e muitas vezes charlatanismo. As novas tendências mundiais de
preocupação com a diversidade, e com um desenvolvimento sustentável, trouxeram novos
“ares” ao estudo das plantas medicinais brasileiras. Novas linhas de pesquisa foram
estabelecidas em universidades brasileiras, algumas delas buscando bases mais sólidas para a
validação científica do uso de plantas medicinais.
Segundo Oliveira e Akisue (2000), planta medicinal é todo vegetal que contém em
um ou vários de seus órgãos substâncias que podem ser empregadas para fins terapêuticos ou
precursores de substâncias utilizadas para tais fins. Chamam-se de parte usada do vegetal os
órgãos vegetais nos quais estas substâncias ocorrem em quantidades maiores, e por esta razão,
são empregadas como matéria prima do medicamento. Droga vegetal é a planta ou suas partes
que, após sofrerem processo de coleta, preparo e conservação (secagem, estabilização),
28
justifiquem seu emprego na preparação de medicamentos. Uma das características da droga
corresponde à presença de princípios ativos, que são substâncias quimicamente definidas, nas
matérias primas e nos fitoterápicos responsáveis pelos efeitos terapêuticos desses materiais.
Segundo Farnsworth et al. (1989), a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima
que 80% da população mundial utiliza, primeiramente, os recursos da medicina tradicional
para seus cuidados primários de saúde. Medicamentos derivados de plantas nativas, tanto
preparadas a domicílio ou mesmo prescritos por “curadores” tradicionais são amplamente
utilizados para o tratamento de uma variedade de problemas.
Para a Organização Mundial da Saúde (1980), cuidados primários de saúde ou
atenção primária em saúde foi definida na 30ª Assembléia Mundial de Saúde, celebrada em
1978, em Alma-Ata, União Soviética, como sendo: “A assistência sanitária essencial (básica),
fundada em métodos e tecnologias práticas, cientificamente assegurados, socialmente
aceitáveis e economicamente sustentáveis, postos ao alcance universal dos indivíduos, das
famílias e da comunidade mediante sua participação plena a um custo suportável para a
comunidade e o país em todas e em cada uma das etapas de desenvolvimento com espírito de
autoresponsabilidade e autodesenvolvimento”.
Ainda para a Organização Mundial da Saúde (OMS), dentre as características
reunidas na atenção primária em saúde destacam-se: se propor a atender e resolver os
problemas de saúde da comunidade em seu âmbito e com a participação de seus membros; ter
caráter preventivo, buscando superar as causas que produzem as distintas enfermidades; estar
centrada nas pessoas e suas capacidades, cultura e potencialidades; realiza-se a partir da
participação da comunidade, sendo ela que deve tomar as decisões e colocar em marcha às
ações e utiliza conhecimentos e recursos locais disponíveis e que são parte do universo
cultural e social da comunidade. Aqui, é onde as plantas medicinais aparecem como um dos
mais valiosos potenciais de todos os povos do mundo (KOSSMANN; VICENT, 2001).
Segundo Lorenzi e Matos (2002), a OMS, visando diminuir o número de excluídos
dos sistemas governamentais de saúde, recomenda aos órgãos responsáveis pela saúde pública
de cada país, que:
a) procedam a levantamentos regionais das plantas usadas na medicina popular
tradicional e identifique-as botanicamente;
b) estimulem e recomendem o uso daquelas que tiverem comprovadas eficácia e
segurança terapêuticas;
c) desaconselhem o emprego das práticas da medicina popular consideradas inúteis
ou prejudiciais;
29
d) desenvolvam programas que permitam cultivar e utilizar as plantas selecionadas
na forma de preparações dotadas de eficácia, segurança e qualidade.
Para o atendimento destas recomendações é preciso conhecer bem as plantas
medicinais de cada região, o que significa decidir ingressar em um novo universo vasto e
variado para descobrir que as plantas podem realmente ajudar a recuperação e a manutenção
do bem estar de nossos semelhantes, o que nos levará a repensar os conceitos de saúde, de
doença e dos tratamentos secularmente estabelecidos e, através do contato com a riqueza e a
diversidade da cultura popular, exigir de nós mesmos, uma maior abertura de nossas mentes, e
a deixar de lado o tipo de estrutura de pensamento linear, onde só cabe uma verdade.
As plantas têm sido tradicionalmente usadas por populações de todos os continentes
no controle de diversas doenças e pragas. O mercado atual de fitofármacos e fitoterápicos é da
ordem de US$ 9 a 11 bilhões por ano, sendo que mais de 13.000 plantas são mundialmente
usadas como fármacos ou fontes de fármacos (TYLER, 1994 apud FRANÇA, 2001).
Baseada nestes fatos, a Organização Mundial de Saúde advoga o estudo de plantas
medicinais como fonte de medicamentos fazendo parte de seu programa “Saúde para todos no
ano 2000” (ELISABETSKY, 1987).
Segundo Castro et al. (1993), é bem provável que das cerca de 120.000 espécies
vegetais existentes no Brasil pelo menos a metade tenha alguma propriedade terapêutica útil à
população. No entanto, nem 1% dessas espécies com potencial foi motivo de estudos
adequados. Muitas substâncias exclusivas de plantas brasileiras já foram patenteadas por
empresas ou órgãos governamentais estrangeiros, que encontram nesta matéria prima
medicamentos em menor tempo e com custos inferiores aos medicamentos sintéticos.
As pesquisas em plantas medicinais progrediram no objetivo de verificar a natureza
química e biológica das drogas nelas existentes. Historicamente, contudo, o produto planta
medicinal, ou em senso comum “o produto natural”, como objeto substancial da
farmacognosia, está direcionado e conectado ao conhecimento popular de seu uso e o acesso a
essas informações é essencialmente interdisciplinar, incluindo, além das ciências biomédicas,
a antropologia, a sociologia médica e a lingüística (LABADIE et al., 1989 apud SOUZA,
1998).
Bakhiet e Adam (1995) comentam que, há uma crescente preocupação das
comunidades científica e médica com relação à importância das plantas medicinais nos
sistemas de saúde dos países em desenvolvimento. Projetos científicos têm sido realizados
para esclarecer os fenômenos curativos associados aos remédios tradicionais bem como para
identificar tecnologias simples que pudessem produzir remédios a custos reduzidos.
30
Os mesmos autores citam inúmeros constituintes químicos das plantas e os
relacionam ao emprego para diferentes propósitos, como atividade cardiovascular e nervosa,
antimicrobiana, anti-helmíntica, estrogênica, galactogênica, inseticida e outras. Entretanto,
advertem que a superdosagem de produtos a base de plantas pode causar reações tóxicas em
animais e humanos.
De acordo com Castro et al. (1993) e Oliveira e Akissue (2000), as formas de
extração galênica freqüentemente utilizadas pela população são:
a) infusão: preparação utilizada para todas as partes de plantas medicinais ricas em
componentes voláteis, aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela
ação combinada da água e do calor prolongado. No caso de plantas com grande
quantidade dessas substâncias ou facilmente degradáveis, recomenda-se a
maceração, que seria a infusão a frio. Normalmente, trata-se de partes tenras das
plantas, tais como flores, botões e folhas. As infusões são obtidas, fervendo-se a água
necessária, que é derramada sobre a erva já separada e picada, colocada noutro
recipiente. De modo geral, utiliza-se uma colher de sopa de erva fresca para uma
xícara de água. Após a mistura, o recipiente permanece tampado por um tempo
variável entre 10 e 15 minutos. O infuso, coado logo após o término do repouso,
deve ser utilizado no mesmo dia da preparação.
b) decocção: do latim decoctio, operação a fazer ferver em um líquido a substância
da qual se quer extrair os princípios solúveis. Preparação normalmente utilizada para
as ervas não aromáticas (que contêm princípios estáveis ao calor) e para as drogas
vegetais constituídas por sementes, raízes, cascas e outras partes de maior resistência
à ação da água quente. Numa decocção, coloca-se à parte da planta na quantidade
prescrita de água fervente, cobre-se e deixa-se ferver, em fogo baixo, por 10 a 20
minutos. Após o cozimento, deixa-se em repouso por 15 minutos e côa-se.
c) maceração: do latim maceratio, submeter um corpo sólido à ação de um líquido.
Preparação (realizada a frio) que consiste em colocar a parte da planta medicinal
dentro de um recipiente contendo álcool, óleo, água, ou outro líquido extrator.
Folhas, flores e outras partes tenras são picadas e ficam macerando por 10 a 12 horas,
enquanto partes mais duras ficam macerando por 18 a 24 horas. O recipiente
permanece em lugar fresco, protegido da luz solar direta, podendo ser agitado
periodicamente. Findo o tempo previsto, filtra-se o líquido e pode-se acrescentar uma
quantidade de diluente (liquido extrator), se achar necessário, para obter um volume
31
final desejado. Plantas com possibilidade de fermentações não devem ser preparadas
desta forma.
Segundo Simões et al. (1988), a postura de menosprezo dos profissionais de saúde
com relação à utilização das plantas medicinais começou a mudar nas últimas décadas. Esta
mudança ocorre devido às expectativas exageradas em relação aos produtos da grande
indústria, os efeitos indesejáveis causados pelo uso correto ou não dos medicamentos
produzidos sob o manto científico, o reconhecimento de que novos medicamentos derivados
das pesquisas com plantas utilizadas na medicina popular apresentam perspectivas inegáveis e
o reconhecimento de que atualmente amplas camadas da população não têm acesso aos
medicamentos.
Elisabetsky e Posey (1986) apud Avancini (2002), mostraram que a relação entre
produtos estudados e produtos colocados no mercado cai de 22.900:1 (produtos sintéticos)
para 400:1, com produtos naturais. Além do valor comercial dos princípios químicos das
plantas, existe o valor comercial do cultivo e emprego da mão-de-obra agrícola. Avalia que no
caso da China existem 400.000 hectares aproveitados para o plantio de plantas medicinais,
permitindo a existência de 800 indústrias farmacêuticas nacionais (80.000 trabalhadores
produzindo cerca de 2.000 variedades de medicamentos), deve existir aproximadamente
220.000 pessoas envolvidas com o plantio, processamento e distribuição de plantas
medicinais.
A valorização do potencial da medicina tradicional e o conseqüente uso das plantas
medicinais vem sendo enfatizado como um dos suportes que fundamentam a sustentabilidade
(EHLHERS, 1996).
De acordo com o marco referencial para as ações sociais da EMATER/RS (2002a), a
utilização das plantas medicinais faz parte da cultura popular do Estado. Diversas são as
experiências populares que utilizam plantas medicinais no Rio Grande do Sul, evidenciando
em seu uso vários enfoques: o econômico, como forma de geração de renda, através da
produção e comercialização de plantas medicinais; o antropológico, pois é parte da cultura do
povo gaúcho que precisa ser resgatada e valorizada; o ecológico, sob ponto de vista da
valorização e preservação da nossa biodiversidade; o pedagógico, no sentido que serve como
instrumento para trabalhar e discutir diversas outras questões relacionadas à saúde e ao meio
ambiente, bem como o reforço à organização social; e, ainda, o enfoque terapêutico, pela sua
utilização como opção de tratamento de diversos transtornos da saúde. Além disso, também é
crescente o interesse de Universidades e Órgãos de pesquisa do Estado em ampliar o
conhecimento nesta área.
32
Em 2001, o Governo do Estado/RS lançou a Política Intersetorial de Plantas
Medicinais,
atendendo
a
uma
reivindicação
dos
movimentos
populares,
órgãos
governamentais e não governamentais, instituições universitárias e de pesquisa. Dessa forma
o Governo do Estado reconhece o uso das plantas medicinais como opção terapêutica legítima
e com enorme potencialidade de contribuir no suprimento de medicamentos para os usuários
do SUS (Sistema Único de Saúde), passando a valorizar tanto o conhecimento histórico e
científico acumulado na área, como as informações historicamente construídas pela cultura
popular.
Destaca-se aqui alguns princípios da Política de Plantas Medicinais desse Estado:
a) o uso e a preservação de recursos naturais de modo sustentável e a manutenção
do patrimônio genético nacional, são fatores fundamentais para a garantia da
soberania, defesa da vida e ruptura da dependência tecnológica;
b) o conhecimento tradicional/popular sobre plantas medicinais, sua manipulação e
uso, devem ser resgatados, protegidos, respeitados e validados cientificamente
como prática de saúde no SUS;
c) a construção do conhecimento e a pesquisa sobre plantas medicinais devem
estabelecer uma relação dialética entre o saber científico e o tradicional/popular;
d) os princípios da Agroecologia devem orientar a produção de plantas medicinais.
A EMATER/RS faz parte da Comissão Intersetorial responsabilizada por
acompanhar a implementação desta política. Cabe a EMATER/RS resgatar, valorizar,
promover e qualificar iniciativas em plantas medicinais.
Para tanto, propõem-se que o trabalho seja realizado com os seguintes objetivos:
a) resgatar e valorizar as plantas medicinais e a utilização das mesmas;
b) promover e orientar sobre o cultivo, proteção e propagação das espécies de
plantas medicinais;
c) orientar sobre a utilização de plantas medicinais;
d) qualificar as experiências/iniciativas com plantas medicinais, através de
capacitação para técnicos e agricultores;
e) elaborar material educativo para subsidiar o trabalho com plantas medicinais;
f) participar da construção e implementação da Política Intersetorial de Plantas
Medicinais do RS.
33
2.5 Etnoveterinária
Segundo McCorkle (1986), a etnoveterinária é definida como a investigação
sistemática e aplicação prática do conhecimento popular, da teoria e da prática, dentro de uma
visão holística e comparativa, onde os sistemas de produção animal seriam abordados nos
seus aspectos ecológicos, socioeconômicos, culturais, políticos, históricos, entre outros. O
objetivo prático da etnoveterinária seria incrementar saúde e produção animal através da
pesquisa e do desenvolvimento de alternativas sustentáveis, culturalmente aceitáveis e
economicamente viáveis a partir do conhecimento popular local acerca da anatomia,
fisiologia, etiologia, diagnósticos, terapêutica, epidemiologia e técnicas de manejo das
diferentes espécies de animais.
O princípio superior da etnoveterinária é o reconhecimento da complexidade de
variáveis que influenciam a saúde animal. Esta área de estudo é recente e tem crescido
enormemente nas duas últimas décadas, surgindo a partir de projetos interdisciplinares na área
da produção animal nos países em desenvolvimento. Este tipo de conhecimento empírico
sobre agroecologia e medicina foi elaborado e transmitido oralmente através de gerações e
continuam a ser desenvolvidos ou modificados pelos grupos locais a medida em que mudam
as circunstâncias sociais, econômicas, ecológicas, demográficas e outras (MATHIAS et al.,
1996).
Para De Maar (1992), o enfoque na medicina veterinária deveria ser revisto,
explorando-se em que medida seria possível integrar o velho, ou não ortodoxo, com o novo e
o desenvolvido cientificamente. A simples crença nas curas populares, que podem ser
charlatanismo, deveriam ser evitadas, mas também não se poderia ignorar simplesmente todo
tratamento que não tenha sido desenvolvido segundo as regras do método científico. O autor
comenta que os antigos práticos veterinários alternativos tinham os mesmos problemas e
desejos dos veterinários modernos, ou seja, proteger os animais das enfermidades e aliviar seu
sofrimento. Suas práticas teriam sido levadas a cabo durante séculos, sendo elaboradas com
erros e acertos e aperfeiçoadas por sucessivas gerações e transmitidas por elas como um saber
valioso. O fato de estas práticas terem sobrevivido por tantos anos deveria ser um indício
eloqüente de que estes métodos foram suficientemente testados, determinando-se assim sua
importância e sua permanência no cotidiano da atenção à saúde animal.
Conforme Schilhorn Van Veen (1997) o crescente interesse das sociedades
ocidentais em práticas da medicina veterinária tradicional através da utilização de alternativas
não convencionais, tais como, as plantas medicinais, a homeopatia, a acupuntura, dentre
34
outras, pode ser medido pelo reconhecimento concedido durante a Convenção Anual da
Associação Americana de Medicina Veterinária em 1996, classificando-as como modalidades
a serem oferecidas em um contexto válido na relação veterinário / cliente / paciente. Ainda
conforme o autor, melhores benefícios com estas práticas são alcançadas com um controle
integrado das doenças similar ao aplicado na agricultura e que um melhor conhecimento da
fisiologia e da epidemiologia podem explicar tratamentos que inicialmente poderiam parecer
irracionais. Conclui afirmando que há um ressurgimento no interesse do uso de plantas
medicinais.
Malik et al. (1996) listam inúmeras plantas medicinais, mostrando que a literatura
científica sobre o potencial das plantas para prática veterinária na Índia é ampla e crescente.
Esta ênfase dos autores para a etnobotânica deve-se ao fato de que as plantas provavelmente
sejam o principal recurso, na ótica etnoveterinária indiana, empregados na atenção à saúde
animal. Os produtores acreditam que as plantas, que são geralmente nativas da própria região,
ajudam a prevenir ou tratar doenças nos animais. Dependendo da anormalidade, uma única
planta ou uma combinação destas pode ser utilizada sozinha ou juntamente com outros
ingredientes. As plantas são administradas secas ou frescas, ou na forma de infusões ou
decocções. Os autores relatam práticas tradicionais, a base de plantas medicinais, no
tratamento de enfermidades comuns, como abscessos, feridas, mastite, problemas oftálmicos e
gastrintestinais, ectoparasitismo e problemas reprodutivos como retenção de placenta e
infecções uterinas.
Anjaria (1996) afirma que existem entre 60 a 80 pequenas indústrias na Índia
produzindo remédios veterinários a base de plantas medicinais e, que o crescimento da
indústria nacional também cria empregos e estimula a economia local. A exportação destes
remédios teria um futuro promissor, visto que o consumo de medicamentos naturais para uso
humano e veterinário no ocidente está aumentando. No entanto, é necessário o
desenvolvimento da legislação para regularizar e padronizar o processamento e a qualidade
das formulações tradicionais, assim como a pesquisa científica para identificar e validar esta
terapêutica tradicional. Ainda conforme o autor, (op.cit.) de 2.500 plantas citadas em revisão
bibliográfica, que abrangeu o período de 1950-1975, somente 1,9% passaram por triagem
clínica e a maioria não foi investigada além de triagens preliminares.
Em estudo realizado por Gutkoski et al. (1998) com pequenos produtores na
localidade da Solidão, em Maquiné (RS), observou-se que frente a uma situação de
isolamento e escassez de recursos técnicos existe uma riqueza de percepções e conhecimentos
sobre a saúde animal e o manejo das criações. No tratamento das enfermidades mais citadas
35
como a mamite, verminose, ectoparasitos e infecções, são utilizadas drogas comerciais e,
principalmente, remédios caseiros à base de plantas e outros ingredientes como sal e vinagre.
Segundo os entrevistados, estes remédios são tidos como eficazes e seguros. Praticamente em
todas as propriedades observou-se o cultivo de plantas medicinais, que seriam utilizadas em
problemas de saúde das pessoas e dos animais.
A pesquisa de Mesquita et al. (1998), efetuada por alunos do curso de Medicina
Veterinária da UNIFENAS (MG), revelou o largo emprego de fitoterápicos no tratamento de
enfermidades dos animais. Entre as plantas mais utilizadas foram citados a “carqueja”, o
“barbatimão”, a “goiabeira” e a “erva-de-são-joão”. A maioria das plantas eram utilizadas no
estado fresco (75,11%); 45,41% empregavam folhas e para 48,31% dos entrevistados o modo
de preparo mais utilizado era o decocto. As plantas eram utilizadas no tratamento de enterites,
ferimentos, retenção de placenta e verminose. A maioria dos entrevistados obtinha efeitos
desejados e não observou efeitos colaterais.
Roepke (1996) relata um repertório de recursos terapêuticos utilizados pelos nativos
da África Oriental para o tratamento de enfermidades nos animais, incluindo antifúngicos,
antivirais,
anti-helmínticos,
hemoparasiticidas,
ectoparasiticidas,
anti-hemorrágicos,
catárticos, laxantes, antiofídicos e galactágogos.
De Maar (1992) remete a etnoveterinária indicando caminhos para esta relação de
conhecimentos acadêmicos, científicos, com o conhecimento tradicional popular.
2.5.1 Plantas anti-helmínticas
Segundo Alawa et al. (2003), atualmente, há um crescente interesse mundial em
etnomedicina e etnoveterinária, em especial, naquelas práticas relacionadas ao uso de plantas
medicinais em tratamento de várias doenças. Nos países desenvolvidos, este movimento está
ligado à produção de animais livres de resíduos de substâncias químicas industriais e a
necessidade de descobrir substâncias terapêuticas novas de origem natural com baixa
toxicidade para homens e animais. Ainda segundo os autores, em países do terceiro mundo, o
uso do recurso de anti-helmínticos químicos, pelos fazendeiros pobres é cada vez mais difícil,
em função do seu alto custo, isto conduz ao uso crescente da medicina etnoveterinária pelos
pequenos produtores de gado. Desta forma, práticas veterinárias tradicionais continuam
cumprindo importante papel em sanidade animal, sendo usadas na maioria dos países em
desenvolvimento. E como são partes integrantes da cultura das pessoas, não é provável que
seu uso mude significativamente com o passar dos anos.
36
Para Aurvalle (1985), deve-se abandonar as drogas químicas sintéticas utilizadas
como coadjuvantes nas criações animais e substituí-las por métodos naturais de controle. O
emprego de plantas oferece possibilidades extraordinárias para o controle de moléstias. A
autora cita exemplo de controle de doenças parasitárias com plantas medicinas, como a
experiência realizada na Estação Experimental de Sendany (Ásia), em 1947, na qual os porcos
parasitados, quando receberam pedaços da bananeira misturados a ração apresentaram
decréscimo do parasitismo. O pesquisador Caberá (1984) apud Aurvalle (1985) obteve
resultados surpreendentes com a utilização de “fumo” em corda no controle de carrapatos em
bovinos. Idris (1982) apud Aurvalle (1985) comprovou a atividade anti-helmíntica da
Artemisia herba alba, no tratamento de parasitoses em caprinos. Os animais infectados
receberam 2, 10 ou 30 gramas de Artemisia e se recuperaram rapidamente, o apetite voltou ao
normal, as fezes não apresentaram mais ovos de parasito nem formas adultas foram
encontradas no abomaso ou lesões significativas nos órgãos.
Booth et al. (1993) descrevem as alterações ocorridas em períodos de crise
econômica no tratamento anti-helmíntico utilizado em uma comunidade rural na Guatemala.
O Allium sativum L. e o Chenopodium ambrosioides L. eram utilizados conjuntamente com
drogas comerciais. Os autores relatam que em períodos de crise econômica aumenta a
utilização das plantas e decresce o uso de produtos comerciais no tratamento anti-helmíntico.
Segundo Sharma (1993) um preparo anti-helmíntico comercial do ayurvedic (sistema
de medicina tradicional hindu), chamado Jantana, foi utilizado em uma triagem de 26 bovinos
com infecções mistas entre suave e moderada de Haemonchus spp., Strongyloides spp.,
Trichostrongylus spp. e Nematodirus spp.. A contagem de OPG nas fezes, que estava entre
300-1.400 no dia do tratamento, foi reduzida a zero, 7 dias depois. Jantana é um pó de ervas
encontrado na forma de cápsulas de gelatina, 10 g é a dose para adultos e 5 g para animais
jovens. Este preparo é vendido na Índia como um anti-helmíntico de amplo espectro. Alguns
constituintes do pó são Artemisia maritima, Brassica nigra, Cassia lanceolata, Vernonia
anthelmintica, Cuprium sulphas e Embelia ripes. Nenhum efeito colateral foi relatado como
resultante do tratamento.
De acordo com Mathias-Mundy e McCorkle (1995), nem todas as práticas
etnoveterinárias provaram ser eficazes ou ser a solução ideal para os problemas de saúde
animal. Por outro lado, a literatura indica claramente que em várias áreas da medicina
etnoveterinária há amplo espaço de aplicação destes conhecimentos. Segundo os autores
incluí-se nesta área o tratamento de endoparasitos. E descrevem que testes a campo e em
laboratório tem confirmado a eficácia de várias plantas de uso na medicina veterinária
37
tradicional no controle de endoparasitos, citando que na Nigéria, experimentos com seis
plantas mostraram significativa atividade contra Trichostrongylus spp. em ratos; na América
Latina o uso de Senécio sp. e sementes de Cucurbita maxima contra parasitos gastrintestinais
demonstraram sua eficácia.
Para Hammond et al. (1997), as plantas com propriedades anti-helmínticas
representam uma alternativa tradicional, sustentável e ecologicamente aceitável aos antihelmínticos comerciais. No futuro, algumas plantas poderão ter um papel importante no
controle de helmintos em animais nos trópicos. No entanto, os autores comentam que são
necessárias triagens in vivo para suprir a falta de comprovação científica de espécies
atualmente utilizadas, identificando-se espécies que tenham eficácia e desenvolver estratégias
para sua utilização.
Segundo Camargo (1998), não obstante o grande progresso em terapêutica das
verminoses intestinais, a medicina popular procura resolver este problema através do uso de
plantas medicinais, às quais são atribuídas propriedades anti-helmínticas. Entre os fatores que
justificam o uso de plantas medicinais no meio popular, destaca-se o baixo nível sócioeconômico de certas comunidades.
Lans e Brown (1998), utilizando-se de metodologias de resgate etnoveterinário,
catalogaram 76 plantas utilizadas em terapêutica veterinária em Trinidad e Tobago. As plantas
são utilizadas predominantemente para endoparasitos e doenças da reprodução e dentre as de
uso anti-helmíntico destaca-se a Azidarachta indica, a Petiveria alliacea, a Ruellia tuberosa e
a Stachytarpheta jamaicensis. Estas plantas são utilizadas em bovinos, ovinos e caprinos nas
forma de infuso, decocto e “in natura”.
Guarrera (1999) descreve que realizou coleta de informações com 28 famílias de
fazendeiros e pastores da região Central da Itália a respeito das memórias e noticias do uso
continuado de plantas com efeito anti-helmíntico. O resultado desta coleta foi uma lista com
51 plantas, sendo que a Ruta graveolens, Cucurbita maxima, Artemisia absinthium e o Allium
sativum eram as mais usualmente utilizadas.
Athanasiadou et al. (2001) relatam que ministrar o extrato do “quebracho” (73% de
tanino condensado, 19% de fenóis simples e 8% de água) durante 3 dias reduz o parasitismo
intestinal em ovinos. Os ovinos infectados com T. colubriformis e N. battus e tratados com
extrato de “quebracho” a 8% tiveram redução da contagem de ovos nas fezes e redução
significativa da carga parasitária quando comparados aos animais do grupo controle. O
mesmo autor, Athanasiadou et al. (2000a), já havia demonstrado o efeito anti-helmíntico do
extrato da planta “quebracho” em uma população adulta de T. colubriformis. A administração
38
de extrato de “quebracho” durante três dias a ovelhas 28 dias após a infecção, reduziu a
contagem de ovos nas fezes, a população de vermes adultos e a fecundidade de T.
colubriformis, quando comparado com o grupo controle parasitado.
Alawa et al. (2003) testou a Vernonia amygdalina e a Annona senegalensis, duas
plantas usadas como anti-helmínticas por pequenos produtores da Nigéria, em seus rebanhos,
e listadas por vários autores por seu potencial anti-helmíntico. Os autores realizaram testes in
vitro de atividade anti-helmíntica usando ovos de Haemonchus contortus. O extrato de V.
amygdalina não demonstrou atividade significativa nos testes realizados, já o extrato de A.
senegalensis mostrou significativa inibição do crescimento de larvas, na concentração de 7,1
mg/ml. Os autores concordam com os curandeiros locais e pequenos produtores que
consideram que a planta A senegalensis é efetiva como anti-helmíntica, e concluem que os
resultados indicam promissora atividade anti-helmíntica da mesma, especialmente com o uso
da planta inteira como utilizada pelos fazendeiros.
Em estudos realizados no Brasil, Amorim et al. (1987) sugerem que se utilize como
critério de avaliação, para levantamento do potencial anti-helmíntico de plantas brasileiras, a
infecção por oxiurídeos no camundongo, que tem sido explorada como modelo de estudo da
quimioterapia anti-helmíntica. Neste trabalho avaliam a atividade anti-helmíntica de nove
espécies de plantas pelo método critico controlado em camundongos albinos naturalmente
infectados por oxiurídeos (Syphacia obvoelata e Aspiculuris tetraptera). Extratos brutos das
plantas a 5% em água foram aplicados na dose de 2 g/kg durante 3 dias consecutivos, com o
seguinte resultado em termos de redução do número de vermes: “cipó-cravo”, 57,2%; “frutade-conde”, 43,4%; “alho”, 20,3%; “romã”, 19,7%; “camomila”, 17,1%; “picão”, 12,9%;
“losna”, 12,7%; “abóbora” (semente), 12,3% e “hortelã”, 10,6%.
Em outro trabalho sobre a atividade anti-helmíntica de plantas empregadas na
medicina popular para o tratamento de verminoses, Amorim et al. (1989), revelaram que na
triagem in vivo da atividade anti-helmíntica de 17 extratos aquosos brutos (chá e suco) em
camundongos naturalmente infectados com oxiurídeos (Syphacia obvelata e Aspiculuris
tetraptera) observaram um percentual de vermes eliminados de 52,1% para o chá a 5% da
folha da bananeira prata-maçã (Musa acuminata x Musa balbesiana) e 13,8% para o chá a 5%
da casca do caule do “jatobá” (Hymenaea courbaril). O extrato aquoso bruto (EAB) do pó da
casca do caule do “cipó-cravo” (Tynnanthus fascilatus), obtido a partir da infusão a 3%,
causou um índice elevado de mortalidade in vitro (61 a 100%, nas concentrações
compreendidas entre 0.2 e 6 mg/ml) em larvas de primeiro estádio de estrongilídeos
39
intestinais de eqüino. O EAB obtido a frio (4ºC por 24 h) nas concentrações de 2.5 a 15
mg/ml não afetou as larvas infectantes de primeiro estágio (L1).
Posteriormente, Amorim et al. (1996) verificaram a atividade anti-helmíntica in vitro
de extratos aquosos sobre larvas de nematódeos gastrintestinais de bovinos. O infuso a 5%
das folhas da “fruta-do-conde” (Annona squamosa) produziu mortalidade expressiva na
concentração de 5 mg/ml. O infuso a 5% do epicarpo de “romã” (Punica granatum) produziu
mortalidade parasitária de 24% na concentração de 0.625 mg/ml e 80% em concentrações
superiores (1.25, 2.5 e 5 mg/ml). Os autores afirmaram que estes estudos abrem perspectivas
para a possibilidade do emprego de extratos vegetais no controle de helmintoses em animais.
Hirschmann e Arias (1990) resgataram, através de entrevistas junto a agricultores da
Serra do Cipó, Lapinha e Vespasiano, distantes aproximadamente 100 km de Belo Horizonte,
Minas Gerais, o uso de 22 espécies de plantas com propósitos medicinais. Destas plantas nove
eram utilizadas como anti-helmínticas destacando-se a Carica papaya, a “erva-de-santamaria” (Chenopodium ambrosioides) e a “hortelã” (Mentha sp.). O autor chama a atenção da
necessidade de um rápido resgate da farmacopéia local pelas perdas de diferentes
ecossistemas e do conhecimento do uso de produtos a base das plantas, descrevendo-o como
quase perdido entre a população jovem.
Vieira et al. (1991) avaliaram a eficácia anti-helmíntica das plantas Anona squamosa
e
Mormodica
charantia
em
caprinos
naturalmente
infectados
com
nematódeos
gastrintestinais. As plantas foram administradas na forma de suco, durante quatro dias
consecutivos. A eficácia observada na eliminação de nematódeos adultos, através de
necropsia, foi de 18 % para a A. squamosa. A M. charantia não apresentou eficácia na
redução da carga parasitária dos caprinos.
Segundo Menezes et al. (1992), para o controle de parasitoses gastrintestinais que é
realizada principalmente através de anti-helmínticos sintéticos, as plantas representam
candidatas naturais, como fontes alternativas, visto que elas possuem, contra o ataque de
patógenos, mecanismos de defesa baseados na produção de compostos específicos que lhe
conferem resistência.
Pereira et al. (1993) identificaram através de entrevistas, com informantes
qualificados, 22 espécies vegetais utilizadas como vermífugas em caprinos por pequenos
agricultores de Ouricuri/Pe. Foram testadas as eficácias da “mamona” (Ricinus communis L.)
e da “babosa” (Aloe sp.) em caprinos naturalmente infectados, obtendo ambas as plantas uma
eficiência de 63,2% para Haemonchus spp.. Para o Oesophagostomun spp., a eficiência no
grupo tratado com “mamona” foi de 87,5% e no tratado com “babosa” de 62,5%.
40
Oliveira et al. (1997) comprovaram a atividade anti-helmíntica da bananeira (Musa
sp.) fornecendo folhas frescas ad libitum a bezerros naturalmente parasitados por
Haemonchus spp., Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp.. O
percentual de eficácia, avaliado pela contagem do número de ovos por grama (OPG) e
coproculturas, foi de 100%, para os quatro gêneros, no terceiro dia de tratamento.
Em outro estudo, Oliveira (1997) pesquisou a ação anti-helmíntica da bananeira
(Musa sp.) em caprinos (Capra hircus) naturalmente parasitados com Haemonchus spp.,
Cooperia spp., Trichostrongylus spp., e Oesophagostomum spp.. Ao grupo teste foram
fornecidas folhas frescas de bananeira ad libitum e ao grupo controle Brachiaria
purpurascens igualmente ad libitum. A atividade anti-helmíntica da bananeira foi verificada
através de exames coprológicos e necropsia. O número médio do OPG diminuiu em todos os
caprinos do grupo teste, enquanto houve um aumento acentuado em metade dos caprinos do
grupo controle. O número médio do OPG por coleta reduziu significativamente no grupo
teste. A coprocultura demonstrou redução da quantidade de L3 nos quatro gêneros no grupo
teste, e um grande aumento de L3 de Trichostrongylus spp. e Oesophagostomun spp. nos
caprinos do grupo controle. O efeito anti-helmíntico da bananeira foi significativo para as
formas imaturas de Oesophagostomun spp. e para Haemonchus spp. na fase de
desenvolvimento parasitário compreendido entre a ovopostura e L3. No Teste Controlado o
percentual de eficácia da folha de bananeira foi de 70,4% para Oesophagostomun spp., de
65,4% para Trichostrongylus spp., de 59,55% para Cooperia spp. e de 57,1% para
Haemonchus spp..
Girão et al. (1998) relacionaram 54 espécies de plantas utilizadas no tratamento de
animais domésticos, através da aplicação de questionários junto a criadores nos municípios de
Monsenhor Gil, Campo Maior e Castelo do Piauí, PI. Destas, quinze foram citadas para o
tratamento da verminose: abóbora (Cucurbita moschata), bucha-paulista (Luffa operculata),
batata-de-purga (Operculina sp.), crista-de-galo (Heliotropium sp.), hortelã (Mentha sp.),
mamoeiro (Carica papaya), mamona (Ricinus communis), maria-mole (Senna alata),
mastruço (Chenopodium ambrosioides), melão-de-são-caetano (Momordica charantia),
milone (não identificada), pau-de-leite (Plumeria sp.), pinhão-branco (Jatropha curcas),
vassourinha (Scoparia dulcis) e velame (Croton sp.). Nos Testes de Redução de OPG, em
fezes de caprinos infectados naturalmente por nematódeos gastrintestinais, os resultados
apresentaram uma tendência de redução do OPG no sétimo dia após a administração do
extrato das plantas.
41
Batista et al. (1999) testaram, in vitro, a atividade de inibição da eclosão e da
motilidade de larvas do nematódeo Haemonchus contortus das plantas Spigelia anthelmia e
Momordica charantia. Os resultados foram analisados pela comparação das médias de ovos
eclodidos e larvas imóveis, sendo usado o teste de Duncam a um nível de 5% de significância.
A dose inibidora de eclosão de ovos foi de 0,173 mg/ml para S. anthelmia e 0,101 mg/ml para
M. charantia. No teste de imobilização de larvas foram usadas concentrações de 1.000, 500,
250 e 125 mg/ml, sendo que S. anthelmia foi mais efetiva, na imobilização de larvas, do que
M. charantia nas concentrações maiores. Não houve diferença significativa entre os efeitos
das concentrações de M. charantia, enquanto o efeito de S. anthelmia aumentou com a
concentração desta planta. Portanto S. anthelmia tem o efeito dependente da dose, enquanto o
efeito M. charantia não varia com a concentração. Os autores indicam estudos adicionais in
vivo para ratificar a validação científica, demonstrada in vitro neste experimento.
2.6 Controle de endoparasitos
Os nematódeos parasitos ocorrem ao longo do trato gastrintestinal de ruminantes
desde o abomaso (Haemonchus spp., Ostertagia spp., Trichostrongylus axei) e intestino
delgado (Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp.) até o intestino grosso
(Oesophagostomun spp. e Trichuris spp.). Durante a evolução biológica dessas espécies de
nematódeos, foi desenvolvido um equilíbrio na relação hospedeiro-parasito em animais em
pastoreio, em diferentes zonas climáticas. Contudo, com o advento da intensificação da
produção animal, o impacto do parasitismo por nematódeos foi sentido mais profundamente
pelos hospedeiros. Esse impacto é afetado pela espécie, pela quantidade de parasitos
ingeridos, pela idade e pela espécie de hospedeiro (EMERY et al., 1996).
Segundo Horton (1990), programas adequados de controle antiparasitário são
cruciais para a eficiência de sistemas produtivos. A importância econômica do parasitismo
em produção animal tem sido amplamente demonstrada e, talvez por essa razão, os avanços
mais significativos em quimioterapia antiparasitária têm surgido da área de saúde animal ao
invés de provir da medicina humana.
Do ponto de vista de produção, a mortalidade por parasitos é a forma mais extremada
economicamente de reduzir a produtividade. Entretanto, também são muito importantes as
perdas ocasionadas diretamente por menor produção tanto em lã, carne e leite dos animais
doentes e indiretamente o efeito sobre as suas crias (ENTROCASSO, 1994).
42
Conforme Lanusse (1994), as perdas por parasitismo clínico e subclínico
representam só uma parte do impacto econômico total da enfermidade parasitária em
produção animal. Uma significativa porção destas perdas econômicas é atribuída aos
investimentos em medidas de controle. O fracasso no controle antiparasitário tem uma
importância econômica de enorme transcendência em países onde a criação de ovinos é
expressiva e as condições climáticas e características de exploração favorecem uma elevada
ocorrência do parasitismo. Então, o entendimento do comportamento farmacológico das
drogas anti-helmínticas e sua integração com a informação epidemiológica disponível são
fundamentais para otimizar a eficiência do controle parasitário.
O controle preventivo baseado na epidemiologia dos parasitos foi primeiramente
introduzido por Gordon (1948) apud Alves-Branco (1997), que o denominou de tratamento
estratégico. O objetivo principal desta abordagem, segundo o autor, seria a redução da
contaminação das pastagens e, como objetivo secundário, o tratamento terapêutico. Ainda
conforme Gordon (op.cit.) o conceito de controle integrado tem sua origem na área agrícola,
onde foi desenvolvido há muitos anos. O controle integrado visa controlar os parasitos, não
somente através do emprego de produtos químicos, mas também de outras alternativas
disponíveis.
De acordo com Steffan (1997), um programa de controle integrado não compete
com a utilização dos anti-helmínticos sintéticos e sim o incorpora como uma ferramenta
complementar, não fundamental, tentando inclusive prolongar sua vida útil através do seu
uso estratégico nos sistemas de produção.
Conforme Lanusse (1994), um anti-helmíntico ideal deveria reunir as seguintes
propriedades:
a) amplo espectro de atividade antiparasitária, um custo razoavelmente baixo e uma
dose que não produza efeitos indesejáveis nos animais tratados (grande margem
terapêutica);
b) flexibilidade para sua formulação e facilidade de administração;
c) apresentar baixos índices de resíduos tissulares que permitam um curto período de
carência, antes que a carne e o leite de animais tratados possam ser destinados ao
consumo humano.
Ainda conforme o autor, o controle da enfermidade parasitária deve ser a síntese dos
conhecimentos adquiridos através de estudos diagnósticos, ecológicos, econômicos e sociais,
enfocada a aplicação local da tecnologia disponível. A esse tipo de conceito de controle das
parasitoses, tendem as mais modernas ações de luta a helmintos que afetam a saúde e
43
produção animal. Acrescentou também que os problemas na produção gerados pelos
nematódeos gastrintestinais são dependentes do manejo utilizado, o que faz com que sua
ocorrência esteja condicionada a cada sistema produtivo em particular. Dentro deste contexto
poderiam existir diversas estratégias de controle, como sistemas produtivos (bovinos de
carne/leite e ovinos entre outros) e suas variações (extensivo, semi-intensivo e intensivo).
Segundo Barcellos et al. (1999) e Echevarria (1996a), o objetivo de programas de
controle de verminose é o de reduzir ou eliminar os efeitos adversos dos parasitos através de
métodos práticos e econômicos. Os autores descrevem outra divisão entre os tipos de
controle:
a) curativo, emergencial ou terapêutico: os animais são medicados quando estão
apresentando alguns sinais clínicos de parasitismo ou ocorrem mortes. Nesta
condição os animais já sofreram a conseqüência do parasitismo e os parasitos adultos
já provocaram a contaminação do meio ambiente;
b) supressivo: os animais são medicados com curtos intervalos que variam entre 15 a
45 dias. Pode ser utilizado durante curtos períodos como um meio de evitar perdas
durante épocas conhecidas por serem favoráveis para a transmissão parasitária.
Regimes que utilizam deste tipo de tratamento tem demonstrado um aumento da
produção animal devido a uma redução da população parasitária. Entretanto, estes
programas acentuam a pressão de seleção de estirpes resistentes aos anti-helmínticos
e apresentam um elevado custo com medicamentos;
c) estratégico: é baseado na epidemiologia dos helmintos. Este tipo de controle
objetiva administrar anti-helmínticos quando os parasitos estão em seu menor
número na pastagem, ou em épocas em que o clima estiver proporcionando as piores
condições de sobrevivência dos estádios de vida livre. Baseia-se na aplicação de
tratamentos anti-helmínticos antes que se espere um aumento significativo da
população de parasitos, em épocas do ano pré-determinadas;
d) tático: baseia-se no manejo dos animais, utiliza-se medicação anti-helmíntica antes
da rotação de potreiros, em períodos de alta concentração de animais, quando da
compra de animais, entre outros;
e) regular: o uso de medicação anti-helmíntica está baseado no resultado dos exames
laboratoriais. Utiliza-se usualmente a contagem de ovos de nematódeos
gastrintestinais e coprocultura. Deve-se coletar de 10 a 15 amostras por potreiro e por
faixa etária. Este tipo de controle tem seu uso restrito, face às limitações encontradas
em algumas regiões de acesso a laboratórios veterinários.
44
Vieira (1999) cita que além das dosificações estratégicas, recomenda-se as seguintes
medidas de manejo como auxiliares no controle da verminose em pequenos ruminantes:
limpeza e desinfecção das instalações; manter as fezes em locais distantes dos animais e se
possível construir esterqueiras na propriedade; evitar superlotação das pastagens; separar os
animais por faixa etária; vermífugar os animais ao trocar de área; não introduzir no rebanho
animais provenientes de outras propriedades, antes de serem vermifugados e manter os
animais no aprisco no mínimo até 12 horas após a vermifugação.
O mesmo autor descreve “práticas de manejo que visam a descontaminação das
pastagens, que associadas à aplicação de anti-helmínticos, auxiliam no controle dos
nematódeos gastrintestinais:
a) pastejo combinado com diferentes espécies animais – A maioria dos nematódeos
que parasitam caprinos e ovinos não ocorrem em bovinos e eqüinos, com exceção do
Trichostrongylus axei. Desta forma utilizando-se diferentes espécies animais esperase que as larvas de nematódeos provenientes de uma espécie animal sejam destruídas
no trato digestivo, ao serem ingeridas por outro hospedeiro, promovendo desta forma
a redução do nível de parasitismo no rebanho;
b) pastejo alternado entre animais imunologicamente resistentes e da mesma espécie
– Os animais jovens são sabidamente mais suscetíveis aos efeitos patogênicos da
nematodeose gastrintestinal. Desta forma recomenda-se que esta categoria animal,
após vermifugada, seja colocada em pastagem descontaminada, que posteriormente
será utilizada pela categoria mais resistente aos nematódeos gastrintestinais, que são
os adultos;
c) descanso da pastagem – A sobrevivência de larvas infectantes nas pastagens é
limitada pelas condições de baixa umidade, alta ou baixa temperatura e inimigos
naturais (COSTA, 1982 apud VIEIRA, 1999). Desta forma devemos estabelecer um
período de descanso das pastagens que vise reduzir a contaminação ambiental não
perdendo de vista as perdas na qualidade da forragem;
d) rotação das áreas de pastejo com restolhos culturais – A utilização para pastejo de
áreas após as colheitas das culturas anuais, praticamente sem contaminação, deve ser
precedido da vermifugação dos animais para manter os níveis de infecção destas
áreas baixos por mais tempo”.
Comum a todos os programas de controle de verminose, o uso de medicação antihelmíntica, encontra nas populações de helmintos, aqueles que tem a habilidade de sobreviver
aos efeitos de um dado composto químico. Esta habilidade de sobreviver a futuras exposições
45
a uma droga desafiante pode ser transmitida aos seus descendentes desenvolvendo indivíduos
resistentes (ECHEVARRIA, 1996b).
A resistência anti-helmíntica, que é o aumento significativo da capacidade da
população sobreviver a sucessivas aplicações do anti-helmíntico, apresenta alguns fatores que
a predispõem:
a) freqüência do tratamento: quanto maior a freqüência de tratamentos, com a
conseqüente eliminação dos helmintos suscetíveis, maior é a seleção de indivíduos
resistentes;
b) dose utilizada: erros de avaliação do peso dos animais, aparelhagem de medicação
inadequada e ou desregulada e doses inadequadas indicadas pelos laboratórios
fabricantes são alguns dos motivos que levam ao uso de sub doses no rebanho;
c) uso contínuo de anti-helmínticos pertencentes à mesma classe de drogas:
alternância de nomes comerciais dos produtos com o mesmo princípio químico não
alterando as diferentes classes de anti-helmínticos (BARCELLOS et al., 1999).
Conforme Herd (1996), problemas relacionados à resistência e ecotoxicidade
enfatizam a necessidade de serem implementados programas integrados de controle de
parasitos em animais em pastoreio. Estes programas objetivam assegurar a saúde e a
segurança de organismos vivos por meio de controles parasitários melhorados, conservação
de recursos, incluindo drogas, e a proteção do ambiente. Controles racionais e inovadores para
bovinos, ovinos e caprinos estão disponíveis em muitos paises, mas raramente difundidos ou
aplicados no campo. Ainda conforme o autor programas de controle irracionais parecem ser a
regra com produtores sendo pressionados a usar excessivamente compostos antiparasitários.
A ecotoxicidade dos produtos químicos utilizados como anti-helmínticos é uma
realidade, pois são excretados nas fezes, persistem no bolo fecal por um período longo e são
letais ou subletais a uma variedade de insetos benéficos que colonizam o bolo fecal. Os
efeitos adversos das avermectinas nas fezes incluem mortalidade dos estádios larvares e
adultos, interferência com a alimentação dos insetos, dentre outros.
Os insetos auxiliam em atividades como dispersão das fezes, reciclagem de
nutrientes, aeração do solo, formação de húmus, percolação da água, produtividade das
pastagens e controle de nematódeos. Eles também asseguram que a área de pastagem não seja
reduzida drasticamente pelo acúmulo de fezes. Os efeitos adversos das avermectinas também
são encontrados nas minhocas, nos coleópteros, na degradação das fezes e seu impacto sobre
a agricultura necessitam de trabalhos mais conclusivos. O autor conclui afirmando que
nenhuma catástrofe ecológica em pastagens foi atribuída ao uso de avermectinas, entretanto, é
46
importante notar que os processos biológicos são lentos e seus efeitos imprevisíveis em longo
prazo. Um exemplo é a resistência anti-helmíntica, que pode interferir com o controle dos
parasitos por muitos anos, sem que seja notada pelos produtores. Geralmente a resistência está
avançada quando efeitos catastróficos como a alta mortalidade de animais tratados ocorre. O
laboratório Merial, fabricante do ivermectin, estimou que a concentração de ivermectin nos
dejetos acumulados de bovinos e ovinos não é maior que 0,02 ppm. Essa estimativa, contudo,
não reflete a realidade. Os resíduos de ivermectin nas fezes bovinas são 1000 vezes maior e
sua degradação ou dissociação é mínima por semanas ou meses (HERD, 1996).
Conforme Waller (1996) é agora aceito universalmente que não é mais possível ter
confiança total no uso de anti-helmínticos para controlar os nematódeos de ruminantes. Uma
conseqüência indesejável do uso intensivo de anti-helmínticos é o acúmulo de resíduos nos
produtos de origem animal e o possível efeito em organismos não alvos no meio ambiente.
Sem considerar a importância desses fatos, preocupações com o aumento da resistência antihelmíntica levaram pesquisadores da Austrália a desenvolverem e promoverem programas
regionais de controle das verminoses focados no manejo adequado dos anti-helmínticos
disponíveis.
Ainda conforme o autor, com a ameaça da resistência anti-helmíntica, resíduos
químicos e ecotoxicidade, outros métodos não químicos de controle de parasitos estão sendo
investigados ativamente. Espera-se que eles se tornem alternativas econômicas e práticas e/ou
auxiliares do controle em um futuro próximo. Isto significa que o controle de parasitos não
será restrito à integração de tratamentos anti-helmínticos e manejo de pastagens, mas
constituído por uma variedade de opções e será análogo ao controle integrado de pragas usado
na agricultura.
Segundo Alawa et al. (2003), as doenças parasitárias permanecem como o principal
empecilho ao aumento da produtividade da pecuária em qualquer uma das zonas
agroecológicas e sistemas de produção na África, e os nematódeos gastrintestinais são o fator
econômico mais importante em pecuária ao longo do mundo. Os pecuaristas geralmente
obtêm significativos benefícios com o uso de anti-helmínticos controlando parasitoses, mas
em especial, nos países de terceiro mundo, o acesso a este recurso não está disponível a
grande parcela dos pequenos produtores em função de seu alto custo.
O alto custo dos medicamentos anti-helmínticos, e o aparecimento de resistência
anti-helmíntica, impulsionam pesquisas de formas alternativas de controle do parasitismo
gastrintestinal de pequenos ruminantes (MELO et al., 2003a).
47
A possibilidade de uso do controle biológico na profilaxia das verminoses é uma
alternativa promissora. Para isto, agentes biológicos com ação sobre ovos e larvas seriam
aplicados na pastagem ou administrado aos animais em épocas estratégicas a serem definidas
de acordo com a epidemiologia das verminoses e a biologia dos agentes. Eles então
exerceriam sua ação sobre os ovos e larvas, promovendo a redução da contaminação através
de mecanismos que possam determinar a mortalidade dos ovos ou larvas ou interferir em
funções vitais que ocasionem alterações no comportamento larval (PADILHA, 1996).
Melo et al. (2003a) pesquisaram o controle biológico desses parasitos usando fungos
nematófagos. Estes fungos podem atuar nos ovos, nas larvas em desenvolvimento ou nas
larvas infectantes. Eles vivem na matéria orgânica do solo, onde desenvolveram relações
parasíticas ou predatórias com os nematódeos. Conídios de Monacrosporium thaumasium
foram administrados por via oral a caprinos para verificar a viabilidade desse fungo
nematófago após passagem pelo trato gastrintestinal. Houve uma redução média de 79,24%
no número de larvas infectantes de Haemonchus contortus provenientes de coproculturas
preparadas com fezes coletadas 24 horas após a administração do fungo. Constatou o autor
que o fungo M. thaumasium manteve atividade predatória sobre H. contortus, após passagem
através do trato gastrintestinal de caprinos. Mota et al. (1999) testaram a atividade predatória
de fungos nematófagos das espécies Arthrobotrys conoides e Monascrosporium thaumasium
sobre larvas infectantes de H. contortus constatando que ambos desenvolvem atividade
predatória sobre as larvas, sendo que a espécie M. thaumasium demonstrou ser mais eficaz
nos testes in vitro.
Dentre as formas alternativas que buscam minimizar a parasitose ovina e reduzir as
perdas produtivas geradas por esta, encontra-se o uso de animais ou raças geneticamente
resistentes a parasitos gastrintestinais. Por exemplo, Nunes et al. (1999) observaram que
existe variabilidade genética na raça Crioula lanada e que a seleção para resistência a
endoparasitos em cordeiros não afeta negativamente as características de pesos e ganhos de
pesos. Também Bricarello et al. (1999) concluíram que cordeiros da raça Corriedale foram
mais suscetíveis do que os cordeiros da raça Crioula lanada a infecção natural pelo
Haemonchus contortus em condições de pastejo, indicando maior resistência desta raça ovina
a este endoparasito. Thomaz-Soccol et al. (2002) apresentaram em seu estudo resultados que
indicam uma maior resistência dos ovinos deslanados em relação aos ovinos lanados frente a
parasitose gastrintestinal.
De acordo com Dimander et al. (2003), em vários países europeus o novo milênio
traz como marca um movimento em direção à agricultura orgânica. Na Suécia a meta é que no
48
final de 2005, 20% do gado seja produzido organicamente. Chama a atenção o fato de que o
uso preventivo de anti-helmínticos químicos sintéticos neste sistema de produção é proibido.
Desta forma, têm aumentado consideravelmente as pesquisas de formas alternativas de
controle dos endoparasitos. O autor realizou um experimento com terneiros entre 6 e 9 meses
de idade, que receberam uma dose infectante de larvas de terceiro estágio de
aproximadamente 5.000 Ostertagia ostertagia e 5.000 Cooperia oncophora, sendo colocados
então em pastagem. Foram avaliadas através de exames parasitológicos (OPG e coprocultura),
as diferenças entre os grupos controle, um grupo tratado com o fungo nematófago
Duddingtonia flagrans e um grupo mantido em condições de pastoreio rotativo. Durante três
anos o experimento foi repetido com o autor concluindo que é possível, nas condições de
clima e pastagens suecas, montar um eficiente e sustentável controle de parasitos sem o uso
de anti-helmínticos, utilizando-se pastoreio rotativo, previamente pastoreado com gado
adulto. E que o controle biológico com o fungo nematófago Duddingtonia flagrans também
provou benefícios, mas sua eficácia foi prejudicada em períodos de alta precipitação
pluviométrica.
No Brasil, segundo Herd (1996) dentre as opções que poderão auxiliar na redução de
efeitos indesejáveis dos compostos químicos usados no controle das verminoses estão
incluídos o controle biológico com o uso de microrganismos que possam ocasionar
mortalidade nos ovos em desenvolvimento e larvas antes que elas migrem às pastagens; a
identificação de marcadores genéticos para resistência e o uso destes marcadores na tomada
de decisões de cruzamentos, o desenvolvimento de práticas de manejo que contribuam com o
aumento da imunidade, que poderá ser obtido com melhorias na nutrição, tratamentos para
manipular a resposta imunológica ou vacinas.
As vacinas contra nematódeos de ruminantes já são uma possibilidade real de em
curto prazo estarem disponíveis comercialmente. O desafio, agora, é descobrir imunógenos
que possam produzir imunidade cruzada e desenvolver métodos que possam otimizar a
apresentação dos antígenos ao sistema imunológico dos hospedeiros (MURRAY, 1989 apud
WALLER, 1996). O produto final deverá ser eficiente contra várias espécies de vermes, e
deve conter 3-5 antígenos parasitários. A vacina precisa também ser simples de administrar e
barato o suficiente para competir com a adoção de tecnologias que ela substituiria, ou os quais
será integrada (EMERY, 1996).
Na
relação
hospedeiro/parasito,
o
desenvolvimento
de
imunidade
está,
habitualmente, associado a uma exposição prévia ao parasito e não à idade em si. Armour
(1985) apud Bianchin (1996) comenta que a imunidade adquirida contra a maioria dos
49
nematódeos, principalmente os gastrintestinais, é um processo que se desenvolve de forma
relativamente vagarosa e que, muitas vezes, requer um ano completo antes que qualquer
imunidade significante se faça presente. Esta imunidade adquirida pode ser quebrada por
várias formas: aumento do OPG no periparto; problemas nutricionais; pelo estresse de longas
caminhadas ou transporte de animais; pela administração de esteróides de efeito duradouro e
pela administração de anti-helmínticos que pode causar uma supressão temporária da resposta
imunológica (BIANCHIN, 1996).
Ainda segundo o autor, na estação chuvosa existe maior disponibilidade de larvas
infectantes nas pastagens, com piques no início e final da mesma, e que a Cooperia spp. é a
mais resistente ao período seco do ano. Concluiu que a temperatura não é o fator limitante ao
desenvolvimento e sobrevivência de larvas infectantes nas pastagens e, sim, a precipitação
pluviométrica. Animais sujeitos a uma criação mais intensiva são forçados a se alimentar sem
muita seletividade e próximos aos bolos fecais. Isto faz com que adquiram cargas maiores de
helmintos, o que, somado ao fator nutricional, leva a uma quebra de imunidade ou mesmo que
esta não seja adquirida.
Os produtores, muitas vezes, relutam ao uso de alternativas de programas de controle
integrados, apesar dos benefícios que possam ser obtidos. Contudo, se a resistência antihelmíntica se tornar um grande problema dentro da exploração pecuária e se o público
consumidor brasileiro aprender a demandar por produtos com menores quantidades e/ou livres
de resíduos químicos, então, o enfoque de controle integrado talvez possa influenciar os
criadores a adotarem estratégias alternativas (BIANCHIN, 1996).
De acordo com Pessoa et al. (2002) os nematódeos gastrintestinais são um dos
fatores limitantes para uma eficiente produção de pequenos ruminantes. No controle destes
nematódeos utiliza-se normalmente anti-helmínticos sintéticos. O surgimento de nematódeos
resistentes aos anti-helmínticos sintéticos estimulou pesquisas de alternativas ao seu uso, e
dentre elas estão as plantas medicinais. De acordo com as circunstâncias e, dependendo de sua
eficácia, as plantas medicinais oferecem uma alternativa que pode superar este problema além
de serem sustentáveis e ambientalmente aceitáveis. Trabalhos indicam que vários óleos
essenciais, e seus constituintes, possuem comprovada atividade anti-helmíntica (GARG,
1997; HAMMOND, 1997 apud PESSOA et al., 2002).
50
2.7 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica
Segundo Vercruysse et al. (2001), a necessidade de harmonizar mundialmente as
exigências de requerimentos técnicos para registro de produtos veterinários é uma realidade
sob o ponto de vista das indústrias multinacionais de produtos da Medicina Veterinária, em
função dos altos custos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, e a preocupação
da sociedade com o uso de animais em experimentos. Ainda conforme o autor, a
harmonização de exigências de dados técnicos deve, com o passar do tempo, racionalizar o
desenvolvimento de novos produtos, potencialmente reduzir os altos custos em pesquisa e
desenvolvimento, e facilitar a avaliação das autoridades responsáveis pela fiscalização dos
produtos. Isto deve, em troca, aumentar a necessária disponibilidade de novos medicamentos
que beneficiem aos produtores rurais e profissionais da área.
Com este pensamento foi lançado “A Cooperação Internacional de Harmonização de
Requerimentos Técnicos para Registro de Produtos da Medicina Veterinária” (VICH). O
VICH é um programa internacional de cooperação entre autoridades reguladoras e de
indústrias de saúde animal da União Européia, do Japão, dos Estados Unidos, da Austrália e
da Nova Zelândia que cuidam de harmonizar os requerimentos técnicos para registro de
produtos usados em Medicina Veterinária, incluindo produtos veterinários farmacêuticos e
biológicos. O VICH foi estabelecido sobre os auspícios do Escritório Internacional de
Epizotiases (OIE), e pela Organização Mundial de Saúde Animal. Este programa gerou o
Guia Internacional de Avaliação de Anti-helmínticos, documento que não se propõe a
estabelecer regras rígidas, mas faz claras recomendações do padrão mínimo necessário para
testagem de produtos anti-helmínticos. Para os veterinários e produtores rurais a
harmonização de procedimentos deste Guia deve significar um rápido acesso a antihelmínticos de uso veterinário mais seguros e efetivos (VERCRUYSSE et al., 2001).
Nas instâncias do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul), foi aprovado o
Regulamento Técnico para Registro de Produtos Antiparasitários de Uso Veterinário cuja
responsabilidade de implementação em seus respectivos países estão ao encargo do Servicio
Nacional de Sanidad Animal (Secretária de Agricultura e Pesca e Alimentação) na Argentina,
do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Secretária de Defesa Agropecuária) no
Brasil, do Ministério da Agricultura e Ganaderia no Paraguai e do Ministério de Agricultura e
Pesca no Uruguai. Este Regulamento visa padronizar regulamentos específicos que assegurem
que os produtos antiparasitários a serem registrados em cada país sejam controlados por um
único regulamento (MERCOSUL, 1996).
51
Desta forma, adotou-se no presente experimento as recomendações de testes
constantes nestes guias, por se tratarem de referência na testagem dos produtos de origem
sintético-laboratorial disponíveis no mercado.
2.7.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura
O Teste de Redução de OPG é um método prático e rápido, que não requer o
sacrifício dos animais, podendo desta forma ser implementado em nível de propriedade para
determinação da eficácia dos produtos utilizados. Pode ser realizado em ruminantes, cavalos,
suínos e com todos os anti-helmínticos e todas as espécies de nematódeos, cujos ovos são
eliminados nas fezes (ECHEVARRIA, 1996b).
Este teste apresenta alguns fatores intervenientes que exigem prudência na
interpretação de seus resultados, tais como: a contagem de ovos não reflete necessariamente o
número de helmintos adultos existentes nos animais, em virtude da reação do hospedeiro e as
características próprias de cada espécie; quando existe mais de uma espécie de nematódeo,
podem ocorrer interações entre elas, principalmente se parasitam o mesmo órgão; o OPG só
fornece informações da população de helmintos adultos, não detectando as formas imaturas;
os nematódeos que parasitam animais adultos, portadores de certo grau de resistência, põe
relativamente poucos ovos em comparação com os que parasitam animais jovens, já que estes
últimos são mais sensíveis ao parasitismo; e finalmente, para interpretar a relação que existe
entre a contagem de ovos e os helmintos adultos, deve-se levar em conta as experiências
locais; além disto, há de considerar-se a nutrição, o manejo e as condições clínicas dos
animais (UENO; GUTIERRES, 1983).
No caso de infecções mistas, é necessário que se faça coprocultura para a obtenção
das larvas infectantes e identificação do(s) gênero(s), pois através da contagem de ovos não é
possível identificá-los. Esta identificação poderá indicar que gênero se destaca na população
helmíntica (ECHEVARRIA, 1996b).
2.7.2 Teste Controlado
Como sugerido em Mercosul (1996) e Vercruysse et al. (2001), o Teste Controlado é
o procedimento mais confiável para a determinação da eficácia de anti-helmínticos em
ruminantes. Testes anti-helmínticos com este delineamento são realizados com infecções
induzidas artificialmente ou em animais portadores de infecção naturalmente adquiridas
52
(usualmente avaliados quanto ao estágio adulto). As infecções naturais são desejáveis porque
os animais naturalmente infectados abrigarão, provavelmente, a variedade e a quantidade de
parasitas nativos do local. Os animais a serem empregados no teste devem ser examinados
individualmente com base em exame de fezes e de coproculturas para determinação dos
gêneros de nematódeos presentes, sendo recomendado que as médias das contagens
individuais do número de ovos de helmintos por grama de fezes dos grupos seja no mínimo de
500 ovos. Com base nos resultados observados, os animais serão distribuídos em grupos, um
deles o controle, sem tratamento, com um mínimo de seis animais. A eficácia é determinada
por comparação da diferença do número de helmintos recuperados à necropsia parasitológica
nos grupos medicados e controle.
Segundo Ueno e Gutierres (1983), este é o método de maior confiança para
determinar-se à eficácia de anti-helmínticos em ruminantes. Vercruysse et al. (2001) afirma
ser o teste mais usado e aceito quando o número da amostra é o mesmo.
53
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Seleção das plantas através de entrevistas
A seleção das plantas para este experimento foi realizada através de entrevistas com
questionários semi-estruturados, aplicados a usuários tradicionais de plantas por eles
consideradas medicinais. Estas pessoas foram indicadas pelos participantes de reuniões
realizadas em 7 comunidades rurais que os citaram como referência no conhecimento do uso e
manipulação desta “matéria médica”.
As comunidades foram escolhidas pelo fato de terem sido estas as que demandaram
ao Programa RS-Rural o projeto de pesquisa “Validação de tecnologias agroecológicas para
controle de mamite, endoparasitos e ectoparasitos em bovinocultura leiteira, através da
utilização de plantas medicinais, nas Regiões da Grande Porto Alegre e Noroeste do Rio
Grande do Sul” conforme relatado na apresentação deste trabalho. Estas reuniões foram
coordenadas e executadas pelos técnicos da EMATER/RS e COCEARGS, e objetivaram
motivar e preparar as comunidades para a realização das entrevistas, bem como, possibilitar
que os participantes indicassem os usuários tradicionais de plantas para uso humano e/ou
animal, reconhecidos pela comunidade.
As reuniões foram realizadas no Assentamento São Domingos, no município de
Garruchos; na APLESETE - Associação dos Produtores de Leite de Sete de Setembro, no
município de Sete de Setembro; no Assentamento Filhos de Sepé, no município de Viamão;
no Assentamento Lagoa do Junco, no município de Tapes; no Assentamento Capela, no
município de Nova Santa Rita e nos Assentamentos Integração Gaúcha e Padre Josimo no
município de Eldorado do Sul.
Os resultados de natureza etnometodológica referente ao uso de plantas foram
colhidos e registrados seguindo indicações de Elisabetsky (1987), Lipp (1989), Hedberg
(1990), Crom (1983) adaptado por Amoroso (1996). O questionário com questões semiestruturadas constituído segundo Thiollent (1982), consta como Apêndice A deste trabalho.
As quatro plantas mencionadas com mais freqüência, e que apresentaram uma
descrição precisa do seu modo de utilização nas entrevistas, foram selecionadas, atendendo-se
prioritariamente à disponibilidade de acesso destas plantas.
O modo de utilização destas plantas medicinais para os ovinos foi referenciado pelas
informações recolhidas dos usuários tradicionais, tendo sido indicadas as formas de decocto e
macerado hidroalcoólico.
54
A coleta do material botânico, realizada por Ramos e Marodin (2003), com a
obtenção das partes vegetativas e reprodutivas ocorreu junto às casas dos informantes ou em
lugares próximos. Posteriormente cada material foi herborizado, com o auxilio de prensa e
jornal e catalogado conforme metodologia aplicada em taxonomia vegetal, com posterior
identificação botânica.
3.2 Modalidades de Extração
A escolha dos modos extrativos utilizados nesta pesquisa baseou-se nas informações
etnográficas que indicaram serem estes os modos tradicionalmente usados pelos agricultores
familiares, o que possibilita o retorno da informação quanto a suas ações biológicas, avaliadas
pelo método científico moderno (AVANCINI, 2002). As formas de extração, decocto e
maceração hidroalcoólica estão descritas no item 2.4, quanto às quantidades e procedimentos
estão descritos no item 3.7.
3.3 Animais
Para o experimento foram utilizados 48 ovinos, machos, sem raça definida (SRD),
com peso vivo médio de 23 kg, entre seis e sete meses de idade e naturalmente parasitados
por nematódeos gastrintestinais. O uso de 48 animais no experimento baseou-se na formação
de seis grupos de oito animais. Como o número mínimo de animais participantes de cada
grupo recomendado por Vercruysse et al. (2001) é de seis, trabalhou-se com uma margem de
segurança de dois animais a mais por grupo, prevendo-se perdas de animais em função da alta
carga parasitária.
3.4 Procedência dos animais
Os animais participantes do experimento foram oriundos de uma propriedade da
Sucessão Mathias Azambuja Velho situada na RST 101 km 62, no município de Mostardas,
RS. O rebanho ovino da propriedade é de aproximadamente 1.000 cabeças, criado em sistema
integrado com bovinos e alimentado exclusivamente através do pastoreio de campo nativo.
Esta propriedade está localizada à beira da Lagoa dos Patos, tratando-se de áreas de campos
de várzeas alagadiças. Apresenta historicamente altos índices de verminose em seu rebanho,
só sendo possível a manutenção deste sistema de produção, através do estabelecimento de um
55
programa de controle de verminose pelo veterinário responsável pela propriedade. Assim,
estabeleceu-se de comum acordo com o proprietário e este técnico o não tratamento do lote de
animais alvo do experimento durante um período mínimo de 60 dias (na última medicação
anti-helmíntica foi aplicado produto a base de Closantel), e a permanência destes animais em
um mesmo piquete.
3.5 Seleção dos animais
Para a seleção dos animais participantes do experimento, amostras fecais foram
coletadas diretamente da ampola retal de 60 ovinos, armazenadas em sacos plásticos
identificados e conservadas em isopor com gelo. No Setor de Helmintoses da Faculdade de
Veterinária da UFRGS foram realizados os seguintes exames: Método de Gordon & Whitlock
modificado com a câmara de McMaster (OPG), no qual os animais que participariam do
experimento deveriam apresentar um número de ovos por grama igual ou superior a 500; e
Roberts O’ Sullivan (coprocultura) conforme descrito em Ueno e Gutierres (1983).
Os resultados apresentados indicaram que os animais estavam aptos a participar do
projeto.
3.6 Alimentação dos animais
Os animais receberam como fonte alimentar feno de alfafa e ração peletizada
contendo 20 % PB, 1,1 % CA, 0,6 % P e 70 % de NDT. A alimentação era fornecida duas
vezes ao dia conforme indicado por Kyriazakis et al. (1996) apud Athanassiadou et al. (2001),
para reduzir o desperdício, durante os 52 dias do período do experimento. A quantidade diária
fornecida foi de 950 gramas de ração peletizada por ovino e de 400 gramas de feno de alfafa
por ovino. Estas quantias são superiores às necessidades nutricionais de ovinos em
crescimento, pensando-se na espoliação causada pela alta carga verminótica dos animais. Os
animais tinham acesso permanente à água.
3.7 Delineamento experimental
Supra Lã Cabanha Laminado (SUPRA )
56
O experimento ocorreu em uma propriedade situada no município de Arroio dos
Ratos, distante 70 km de Porto Alegre. Os 48 animais foram confinados e arraçoados em um
galpão com piso de cimento, que foi coberto com maravalha sendo esta trocada de 3 em 3
dias.
Os animais foram identificados através de brincos numerados, pesados, e amostras
fecais individuais foram coletadas um dia após a chegada. Os animais permaneceram neste
regime por 34 dias, para a adaptação ao ambiente e à alimentação, e só depois deste período
foi iniciado o experimento propriamente dito.
Os animais foram divididos em 6 grupos de 8 animais através de sorteio
(amostragem aleatória simples). Em 4 dos grupos utilizou-se uma planta ou um pool de
plantas com potencial anti-helmíntico. Em um grupo utilizou-se um anti-helmíntico sintético e
o sexto grupo recebeu placebo (controle).
No grupo 1 – os ovinos receberam Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”)
Família botânica: Polygonaceae + Eugenia uniflora L. (“pitangueira”) Família botânica:
Myrtaceae + Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. (“sete-capotes”) Família botânica:
Myrtaceae.
Utilizou-se 130 gramas de cada planta (2 maços), que foram fragmentadas e fervidas
(durante 5 minutos) em 6 litros de água, que após a fervura foi reconstituída. A mistura foi
utilizada por via oral, na dose de 250 ml por dia, por ovino, durante três dias.
No grupo 2 – os ovinos receberam Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”)
Família botânica: Polygonaceae.
A planta verde macerada foi fervida, e a relação foi de 0,5 kg da planta por litro de
água. Cada ovino recebeu 50 ml, via oral, em dose única.
No grupo 3 – os ovinos receberam Chenopodium ambrosioides L. (“erva-de-santamaria”) Família botânica: Chenopodiaceae.
A planta seca (galho com sementes e folhas) foi moída e misturada na ração, sendo
administrada em dose única de 7,5 gramas por ovino.
No grupo 4 – os ovinos receberam Allium sativum L. (“alho”) Família botânica:
Liliaceae.
Foram macerados 160 gramas de Allium sativum (seis alhos) e colocados em uma
garrafa contendo 600 ml de aguardente de cana, deixando-se macerar por um período de dois
dias. O macerado foi utilizado via oral, em duas doses de 25 ml, por ovino, com intervalo de
12 horas.
57
No grupo 5 - os ovinos receberam um anti-helmíntico sintético de amplo espectro, à
base de ivermectin , administrado oralmente, na dose de 0,2 mg/kg. A escolha deste antihelmíntico sintético deveu-se a quatro motivos: por tratar-se de anti-helmíntico dos mais
utilizados entre os ovinocultores (MATTOS et al. 1997); por tratar-se de anti-helmíntico de
amplo espectro; por não fazer parte dos produtos utilizados nos últimos seis meses no rebanho
de origem dos animais participantes do experimento; e pela disponibilidade do referido antihelmíntico no Laboratório de Helmintoses da Faculdade de Veterinária da UFRGS.
A atividade anti-helmíntica foi avaliada in vivo através dos seguintes critérios:
contagem do número de ovos por grama (OPG), para verificar a redução do número de ovos;
coproculturas, para identificar os gêneros de nematódeos presentes (larvas infectantes); e
necropsia dos animais para avaliar a carga parasitária dos diferentes grupos. Quando da
realização das necropsias, reduziu-se o número de animais dos seis grupos, através de sorteio
(amostragem aleatória simples), de oito para seis ovinos (VERCRUYSSE et al., 2001).
3.8 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica
3.8.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura
O Teste se baseia na comparação da redução de OPG do grupo não tratado
(controle) com os grupos de animais tratados (1 a 5), sete e quatorze dias após o tratamento.
Utiliza-se a média aritmética do OPG dos grupos. A eficácia foi calculada pela fórmula:
Eficácia = OPG médio do grupo controle – OPG médio do grupo tratado x 100
OPG médio do grupo controle
Como este experimento se trata de uma infecção mista, realizou-se coprocultura para
obtenção das larvas infectantes e identificação do gênero dos helmintos.
3.8.2 Teste Controlado
O Teste baseia-se na comparação do número de parasitos adultos recolhidos,
contados e identificados na necropsia dos animais do grupo não tratado (controle) com os
grupos de animais medicados (1 a 5). Utiliza-se a média aritmética dos parasitos dos grupos.
A eficácia do tratamento é determinada pela fórmula:
Eficácia = média de nematódeos do grupo controle – média de nematódeos do grupo tratado x 100
média de nematódeos do grupo controle
Ivomec
Solução Oral (MSD Agvet).
58
3.9 Exames parasitológicos
Os exames parasitológicos foram realizados no Laboratório de Helmintologia, do
Setor de Helmintoses da Faculdade de Veterinária da UFRGS.
Amostras fecais foram colhidas diretamente da ampola retal dos animais. Nestas
amostras foram realizados exames coprológicos individuais, pelo Método de Gordon &
Whitlock modificado com a câmara de McMaster, descrita por Ueno e Gutierres (1983). Os
resultados dos exames coprológicos foram dados em número de ovos por grama de fezes
(OPG). Coproculturas foram realizadas em pool, misturando amostras fecais dos animais de
cada grupo experimental, segundo o Método de Roberts e O’Sullivan, descrita por Ueno e
Gutierres (1983). A identificação e contagem dos helmintos adultos colhidos em necropsia
foram realizadas seguindo os critérios descritos por Ueno e Gutierres (1983).
3.10 Análise estatística
3.10.1 Transformação dos dados
Aos dados originais encontrados para OPG e carga parasitária foram somadas dez
unidades a cada observação para o aproveitamento estatístico de todos os resultados (inclusive
o 0). Aos dados originais somados de dez foi realizada uma transformação em log10.
3.10.2 Nível de significância
Foi determinado um p = 0,95.
3.10.3 Análise de resultados
Os resultados foram analisados através do Teste de Análise de Variância (ANOVA)
– Teste F de Fischer. Nos casos onde se encontrou diferença significativa foi utilizado o Teste
de Duncan (Amplitude Mínima Significativa – AMS) com um p= 0,95.
59
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Descrição e análise dos resultados
4.1.1 Entrevistas
Segundo Almeida (1989), a entrevista é um método de obter informações através de
uma conversa profissional com um indivíduo para fins de pesquisa. Difere da conversa pelo
fato de ser deliberadamente planejada. A entrevista é essencialmente uma forma de interação
humana e pode ser realizada a partir de um questionário semi-elaborado conforme utilizado
nesta pesquisa.
Nas situações onde o trabalho de campo deve ser realizado sobre a habilidade de
poucos indivíduos, entrevistas com informantes-chave, combinadas com observação, podem
ser usadas com grande resultado (BECKER, 1958; LIIP, 1988 apud AVANCINI, 2002).
Assim, referenciado no conhecimento do uso e manipulação de plantas medicinais, as
reuniões realizadas nas 7 comunidades indicaram os informantes, que deveriam ser
entrevistados para a escolha das plantas utilizadas no experimento:
a) Assentamento São Domingos, no município de Garruchos, indicados 4
informantes;
b) APLESETE - Associação dos Produtores de Leite de Sete de Setembro, no
município de Sete de Setembro, indicados 6 informantes;
c) Assentamento Filhos de Sepé, no município de Viamão, indicados 3 informantes;
d) Assentamento Lagoa do Junco, no município de Tapes, indicado 1 informante;
e) Assentamento Capela, no município de Nova Santa Rita, indicado 1 informante;
f) Assentamento Integração Gaúcha, no município de Eldorado do Sul, indicados 3
informantes;
g) Assentamento Padre Josimo, no município de Eldorado do Sul, indicado 1
informante.
Estes informantes foram entrevistados (ANEXO - A) no período de 10/05/2002 a
12/06/2002, sendo que 10 entrevistas foram realizadas pelos técnicos da Emater, na Região de
Santa Rosa:
a) o Méd. Vet. Marcelo Machado (6 entrevistas);
b) o Méd. Vet. Oldemar Heck Weiller (4 entrevistas).
60
E 9 entrevistas foram realizadas pelos técnicos da Coceargs, na Região
Metropolitana:
a) o Méd. Vet. Dário Milanez de Mello (1 entrevista);
b) a Méd. Vet. Luciana Honorato (4 entrevistas);
c) o Eng. Agr. Ricardo Diel (3 entrevistas)
d) o Téc. Agric. Celso Alves da Silva (1 entrevista)
A escolha desta amostra intencional esta justificada, conforme Thiollent (1996) apud
Avancini (2002), pois esta trata de um pequeno número de pessoas que são escolhidas
intencionalmente em função da relevância que elas apresentam em relação a um determinado
assunto, pela representatividade social dentro da situação considerada.
Nas entrevistas com os informantes foram citadas 14 plantas utilizadas como antihelmínticas de uso individual:
a) Allium sativum L. (“alho”);
b) Chenopodium ambrosioides L. (“erva-de-santa-maria”);
c) “pimenta do reino” (taxonomia não realizada);
d) “erva mate” (taxonomia não realizada);
e) Musa paradisíaca L. (“bananeira”);
f) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”);
g) Carica quercifolia Solms (“mamão-do-mato”);
h) “uva-do-japão” (taxonomia não realizada);
i) Manihot esculenta Crantz (“mandioca” - folhas);
j) “mamão” (taxonomia não realizada);
k) Casearia sylvestris Sw. (“pau-de-bugre”);
l) “goiabeira” (taxonomia não realizada);
m) “baleeira” (taxonomia não realizada);
n) “abóbora” (semente) (taxonomia não realizada).
Outras 7 utilizadas como anti-helmínticas foram citadas com uso em mistura com
algumas de uso individual:
a) “marcela” (taxonomia não realizada) + “hortelã” (taxonomia não realizada) +
Chenopodium ambrosioides (“erva-de-santa-maria”);
b) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”) + Eugenia uniflora (“pitangueira”)
+ Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. (“sete-capotes”);
61
c) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”) + Chenopodium ambrosioides
(“erva-de-santa-maria”) + “catinga-de-mulata” (taxonomia não realizada) +
“hortelã branca” (taxonomia não realizada);
d) “hortelã branca” (taxonomia não realizada) + sabão caseiro;
e) “pimenta preta” (taxonomia não realizada) + sal + Allium sativum L. (“alho”).
Apóiam os resultados obtidos nesta pesquisa o estudo realizado por Hirschmann e
Arias (1990), que utilizando-se de entrevistas realizadas com agricultores, resgataram o uso
de 22 espécies de plantas com propósitos medicinais. Dessas, nove eram utilizadas como antihelmínticas, destacando-se a “erva-de-santa-maria” e a “hortelã”. Pereira et al. (1993)
também identificaram, através de entrevistas com “informantes qualificados”, 22 espécies
vegetais utilizadas como vermífugos por pequenos agricultores, das quais foram testadas as
eficiências frente a endoparasitos, da “mamona” e da “babosa” obtendo resultados de até
87,5% de eficácia. Em um estudo realizado através de entrevistas com pequenos produtores,
Gutkoski et al. (1998) observaram que frente a uma situação de isolamento e escassez de
recursos, os remédios caseiros a base de plantas são os mais utilizados no tratamento das
enfermidades, dentre elas, a verminose.
4.1.1.1 Plantas selecionadas
A priorização das plantas ficou a cargo dos técnicos que realizaram as entrevistas,
pois além do relatado nas mesmas, acumularam impressões, fruto da observação do seu
entorno, algumas vezes não verbalizadas pelo informante, que podem ser consideradas no
momento da escolha das plantas a serem utilizadas. Conforme Thiollent (1996) apud Avancini
(2002) o princípio da intencionalidade, apresentado nestas amostras, seria adequado ao
contexto da pesquisa social com ênfase nos aspectos qualitativos, e que, portanto, exigem um
tratamento qualitativo na interpretação do material captado.
As plantas utilizadas para testagem de seu potencial anti-helmíntico, selecionadas a
partir dos critérios descritos no item 3.1, estão descritas abaixo.
62
A)
Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. ("sete-capotes”)
Eugenia uniflora L. (“pitangueira”)
+
+
Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”).
a) Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. ("sete-capotes”)
Figura 1. Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg *
Família botânica: MYRTACEAE
Nome científico: Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg
Sinônimos: Britoa guazumaefolia (Cambess.) Legr. Britoa guazumifolia (Cambess.) Legr.
Psidium guazumifolium Cambess.
Nome popular: “sete-capotes”, “capoteira”, “sete-capas”, “sete-casacas”, “guabirobeira”,
“araçazeiro-grande” e “araça-do-mato”.
*
Fonte: Disponível em:<http:www.cepen.com.br>
63
Local de coleta: município de Sete de Setembro, RS.
Descrição botânica: árvore decídua, de pequeno porte, de até 15 m de altura, com fustes
curtos, tortuosos e canelados, com até 30 cm de diâmetro. Casca cinza-clara, descamante e
sedosa. Folhas simples, opostas, oblongo-lanceoladas, rugosas, de até 15 cm de comprimento
por até 7 cm de largura. Flores isoladas, brancas, de 4 cm de diâmetro, pentâmeras. Frutos do
tipo baga, globoso, pubescente, de aproximadamente 3 cm de diâmetro, de cor verde –
amarelada. A floração ocorre em outubro-novembro e a frutificação entre março e maio.
Origem: nativa do Rio Grande do Sul
Distribuição geográfica: Argentina e Brasil (Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de
Janeiro até o Rio Grande do Sul)
Uso: fruto comestível ao natural ou processado com alto teor vitamínico. Os frutos são
também avidamente consumidos por várias espécies de pássaros por essa razão é planta
indispensável nos reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas
degradadas de preservação permanente. Madeira médio-pesada, usada em carpintaria e com
fins energéticos. Apropriada para paisagismo em áreas pequenas (BACKES; IRGANG,
2002).
64
b) Eugenia uniflora L. (“pitangueira”)
Figura 2. Eugenia uniflora L.*
Família botânica: MYRTACEAE
Nome científico: Eugenia uniflora L.
Nomes populares: “pitanga-graúda”, “pitanga-miúda”, “pitanga”, “pitangueira”, “pitangavermelha”, “pitanga-roxa”, “pitanga-branca”, “pitanga-rósea”, “yba-pitanga”, “ginja”,
“pitanga do mato” e “mangaripé”.
Local de coleta: Assentamento São Domingos no município de Garruchos, RS.
Descrição botânica: altura de 6-12 m, dotada de copa mais ou menos piramidal. Tronco
tortuoso e um pouco sulcado, de 30-50 cm de diâmetro com casca descamante em placas
irregulares. Folhas simples, levemente discolores, glabras, brilhantes na face superior, de 3-7
cm de comprimento por 1-3 cm de largura. Flores solitárias ou em grupos de 2-3 nas axilas da
extremidade dos ramos. Fruto drupa globosa achatada e sulcada, glabra, brilhante, vermelha,
amarela ou preta quando madura, de polpa carnosa e comestível, contendo 1-2 sementes. A
floração ocorre entre agosto e novembro e a frutificação entre outubro e janeiro. Planta
*
Fonte: Disponível em:<http:www.cepen.com.br>
65
semidecídua, heliófita, seletiva higrófita, muito freqüente em solos úmidos de regiões acima
de 700 m de altitude. Sua freqüência é maior nos planaltos do sul do país, onde pode chegar a
representar a espécie dominante dos extratos inferiores. É igualmente abundante em solos
aluviais da faixa litorânea, aonde chega a formar agrupamentos quase puros. Rebrota
intensamente das raízes e produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis
(LORENZI, 1998).
Origem: nativa do Rio Grande do Sul
Distribuição geográfica: Argentina, Uruguai e Brasil, do Rio Grande do Sul até Minas
Gerais, na floresta semidecídua do planalto e da bacia do rio Paraná.
Composição química: óleo essencial, tanto na folha como nos frutos, vários sesquiterpenos,
além de taninos, pigmentos flavonóides e antocianicos, saponinas, sais minerais e um pouco
de vitamina C.
Uso: Suas folhas e frutos são empregadas na medicina caseira por serem consideradas
excitantes,
febrífugas,
aromáticas,
anti-reumáticas
e
antidisentéricas.
A
literatura
etnofarmacológica recomenda a infusão de uma colher das de sopa de folhas bem picadas em
uma xícara nos casos de diarréias, verminoses e febres. Contra bronquite, tosse, febre,
ansiedade, hipertensão arterial e verminose é indicado o extrato alcoólico, preparado com
duas colheres das de sopa de folhas picadas e deixadas em maceração durante 7 dias em uma
xícara das médias com álcool de cereais a 70%, que deve ser ministrado na dose de 10 gotas
diluídas em água, duas vezes ao dia. Vários ensaios farmacológicos feitos com o extrato das
folhas desta planta permitiram evidenciar as seguintes propriedades: atividade inibitória da
enzima xantina-oxidase por ação dos flavonóides presentes em suas folhas e atividade
antibacteriana contra alguns agentes patogênicos (LORENZI; MATOS, 2002).
Segundo Backes e Irgang (2002) é utilizada como ornamental e frutífera. Os frutos
são consumidos ao natural ou processados. Uso medicinal amplo: antidiarréico,
hipoglicemiante, diurético, antifebril e anti-reumático. A madeira branca, pesada e dura é
usada como cabo de ferramentas e lenha. Conforme Franco e Fontana (2002), o chá das
folhas, em infusão, é tradicionalmente usado para diarréias, cólicas, febres e irritação. Pode-se
fazer xarope adicionando mel ou açúcar, para a tosse, bronquite e doenças respiratórias. Usase contra o reumatismo, gota e artrite e para baixar a pressão.
66
B) Polygonum punctatum Ell. (“erva-de-bicho”)
Figura 3. Polygonum punctatum Ell.*
Família botânica: POLYGONACEAE
Nome cientifico: Polygonum punctatum Ell.
Sinônimos: Persicaria punctata Small
Nome popular: “erva-de-bicho”, “persicaria”, “pimenta-do-brejo” e “pimenta-da-água”.
Local de coleta: município de Sete de Setembro, RS.
Descrição botânica: planta herbácea anual ou perene, ramificada, com ramos radicantes na
parte inferior, eretos na superior, com até 50cm de altura, glabros ou levemente pilosos,
geralmente avermelhadas. Folhas inteiras, alternas, lanceoladas, de até 15 cm de comprimento
e 1,8 cm de altura, curto-pecioladas, com pelos nas margens e sobre as nervuras; ócrea
cilíndrica de 1 a 2 cm de comprimento, ciliada na margem. Flores hermafroditas, pentâmeras,
monoclamídeas, actinomorfas, branco a rosadas, pequenas, reunidas em várias inflorescências
*
Fonte: Castro et al 1993
67
do tipo racemo espiciforme, interrompido. Fruto do tipo aquênio, lenticular ou trígono. Possui
o perigônio coberto de glândulas escuras (Lorenzi, 2000).
Origem: nativa do Rio Grande do Sul
Distribuição geográfica: espécie comum nas Américas. Planta aquática, ocorre em banhados,
rios e lagos. Pelo seu crescimento vigoroso e infestante, é considerada indesejável em áreas
agrícolas e canais de drenagem no sul do país.
Composição química: presença de flavonóides e taninos em grandes quantidades, ácido
gálico e óleo essencial contendo um aldeído que confere sabor picante à erva. As ações
antidiarréica e anti-hemorroidal são atribuídas aos elevados teores de taninos e flavonóides
(SIMÕES et al., 1988). Conforme Lorenzi e Matos (2002) na sua composição química,
destaca-se a presença de flavonóides, saponinas, taninos, ácidos orgânicos, fitosterina,
pelargonidina, quercetina, luteoolina, rutina e óleo essencial que contém o poligodial, um
diálcool sesquiterpênico tóxico para fungos e dotado de propriedades antiinflamatória e
analgésica compatível com as ações preconizadas para esta planta, pela medicina tradicional.
Usos: é amplamente utilizada na medicina caseira como adstringente, estimulante, diurética,
antigonorréica, anti-hemorroidal e vermicida sendo utilizada localmente, contra úlceras de
pele, erisipela e artrite. Internamente é empregada contra diarréia, parasitoses intestinais,
astenia e indisposição. É considerada abortiva, não sendo utilizada em gestantes (LORENZI;
MATOS, 2002). Conforme Simões et al. (1988) é usada internamente, como diurética e
antidiarréica. Externamente, como anti-reumática e anti-hemorroidal.
Conforme Castro et al. (1993) é uma planta com indicação de uso contra úlceras, diarréias
sanguíneas e congestões cerebrais. È antitérmica, estimulante, diurética e vermicida. Tem
poder adstringente, cicatrizante, anti-hemorroidal.
68
C) Chenopodium ambrosioides L. (“erva-de-santa-maria”).
Figura 4. Chenopodium ambrosioides L.
Família botânica: CHENOPODIACEA
Nome científico: Chenopodium ambrosioides L
Nome popular: “erva-de-santa-maria”, “quenopódio”, “mastruço”, “mentruz”, “mentrusto”,
“cravinho do mato”, “erva-formigueira”, “paico”, “apazote”, “chá-dos-jesuitas”, “matacobra”, “erva-das-cobras”, “erva-santa”, “lombrigueira” e “ambrósia-do-méxico”.
Local de coleta: Assentamento São Domingos no município de Garruchos, RS.
Descrição botânica: erva perene ou anual muito ramificada, com até 1 m de altura. Folhas
simples, alternas, pecioladas, de tamanhos diferentes, sendo menores e mais finas na parte
superior da planta. Flores pequenas, verdes, dispostas em espigas axilares densas. Frutos
muito pequenos do tipo aquênio, esféricos, pretos, ricos em óleo e muito numerosos,
geralmente confundidos com sementes. Toda a planta tem cheiro forte, desagradável e
característico, sua florescência ocorre no verão (LORENZI; MATOS, 2002).
Fonte: Disponível em:<http:www.cepen.com.br>
69
Origem: americana cultivada
Distribuição geográfica: espécie considerada cosmopolita, originária da América Central e
do Sul, ocorre espontânea no estado em beira de estradas, terrenos abandonados, sendo
também cultivada (SIMÕES et al., 1988).
Composição química: a planta contém óleo essencial rico em ascaridol (60 a 70 %), pcimeno, 2-terpinemo, l-limonemo e metadieno (MERCK ÍNDEX, 1976 apud CAMARGO,
1998). As folhas fornecem, por arraste de vapor, até 9,2% de óleo essencial com até 60% de
ascaridol, enquanto dos frutos se obtêm até 20% deste óleo com 80 a 90 % de ascaridol, que é
o principio ativo anti-helmíntico da planta.
Usos: o Chenopodium ambrosioides L. vem sendo usado desde os remotos tempos da
América. Segundo Pardal (1937) apud Camargo (1998) já era usado na América desde o
México até o Rio da Prata e conhecido pelos Astecas como “epazotl”. De acordo com Vogel
(1973) apud Camargo (1998) os maias já utilizavam essa planta como vermífugo. No Brasil,
século XVII, Piso (1948) apud Camargo (1998), estudando as plantas usadas na medicina
indígena, encontrou o Chenopodium ambrosioides empregado como vermífugo.
Nos levantamentos da O.M.S. esta planta esta relacionada como uma das mais
utilizadas entre os remédios tradicionais do mundo inteiro. Na medicina popular brasileira é
tida como estomáquica, anti-reumática e anti-helmíntica. O óleo-de-quenopódio, como era
conhecido o óleo essencial obtido por hidrodestilação desta planta em fase de produção de
sementes, foi muito usado durante décadas, pelas famílias brasileiras para eliminar vermes
intestinais, especialmente Ascaris lumbricoides em mistura com o óleo-de-rícino (LORENZI;
MATOS, 2002).
70
D) Allium sativum L. (“alho”)
Figura 5. Allium sativum L.*
Família botânica: LILIACEAE
Nome científico: Allium sativum L.
Nome popular: “alho”, “alho comum” e “alho-manso”.
Local de colheita: Assentamento Integração Gaúcha no município de Eldorado do Sul, RS.
Descrição botânica: erva bulbosa, pequena, de cheiro forte e característico, perene, com
bulbo formado de 8-12 bulbilhos (dentes). Folhas lineares e longas. Flores brancas ou
avermelhadas, dispostas em umbela longo-pedunculada. O fruto é uma cápsula loculicida com
1 a 2 sementes em cada loja (LORENZI; MATOS, 2002).
Origem: Ásia
Distribuição geográfica: é largamente cultivado em todo o mundo para uso como
condimento de alimentos.
*
Fonte: Castro et al 1993
71
Composição química: o Allium sativum L. contém a aliina, proteínas, ácidos graxos,
carboidratos, flavonóides, vitaminas A, B1, B2, C e adenosina. A teoria mais aceita para
explicar suas atividades biológicas baseia-se na reatividade apresentada pela alicina
(composto originado através da hidrólise da aliina) e por alguns dos seus produtos de
degradação frente a grupamentos sulfidrila de proteínas, uma vez que foi demonstrado in vitro
que a alicina inibe um grande número de enzimas, cujos sítios ativos contem cisteína
(HEINZMANN, 2001).
De acordo com Lorenzi e Matos (2002), o óleo essencial obtido do bulbo, contém
cerca de 52 constituintes voláteis instáveis, quase todos derivados orgânicos do enxofre,
principalmente, o ajoeno, alicina e aliina que se degradam mais lentamente em meio ácido, o
que explica o melhor efeito do Allium sativum L. quando associado a sucos de frutas ácidas
como o limão e outras.
Uso: Conforme Lorenzi e Matos (2002), o Allium sativum L. vem sendo utilizado na medicina
tradicional desde a mais remota antiguidade, para evitar ou curar numerosos males, desde
perturbações do aparelho digestivo, verminoses, edema, gripe, trombose, arteriosclerose e
infecções da pele e das mucosas na forma de macerado, chá, xarope e tintura ou mesmo por
ingestão dos dentes recentemente cortados. Segundo Heinzmann (2001) é consumido como
alimento e como medicamento desde a antigüidade; é nativo do sudoeste da Sibéria, onde
teria se distribuído pela Europa através das cruzadas. Na Idade Média, era utilizado no
tratamento de uma série de doenças, principalmente contra parasitas da epiderme. No século
XIX, Pasteur relatou sua atividade antibacteriana.
4.1.1.2 Modo de utilização das plantas
A escolha dos modos extrativos utilizados nesta pesquisa baseou-se nas informações
etnográficas que indicaram serem estes modos tradicionalmente usados pelos agricultores
familiares entrevistados. Das plantas selecionadas três foram descritas com seu uso individual
(grupo 2, grupo 3 e grupo 4) e um quarto grupo foi descrito com o uso de um pool de três
plantas (grupo 1).
As dosagens referidas para bovinos foram adaptadas para a espécie ovina, levandose em consideração o parâmetro peso. Os terneiros referidos no levantamento foram
considerados como de 100 Kg e os ovinos apresentaram peso médio ao redor de 25 kg. Assim
adotou-se a relação de ¼ da dose referida para terneiros no uso para os ovinos.
A forma de utilização está descrita no item 3.7.
72
4.1.2 Testes para avaliação da atividade anti-helmíntica
4.1.2.1 Teste de Redução de OPG e Coprocultura
Os resultados das médias das contagens do número de ovos por grama (OPG) e das
coproculturas, obtidos através de exames coprológicos no experimento estão resumidos nas
Tabelas 1 a 10. Os valores individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados nos
APÊNDICES B e C.
4.1.2.1.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia
uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.
Tabela 1 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes
(OPG) dos grupos Controle e 1 e a eficácia em porcentagem do tratamento.
GRUPO
Controle
Superfamília/Gênero
0
1
D I A
2
14
Trichostrongyloidea 7.818,75 A 7.331,25 A 8.975,00 A 8.918,75 A 7.300,00 A
(2550-14800) (1900-11800) (5100-16200)
1
7
(900-15400)
(1200-16800)
Trichostrongyloidea 12.037,50A 12.562,50A 13.418,75A 4.656,25 A 2.662,50 B
(1200-30000) (4100-53850)
Eficácia
(900-65400)
(150-11700)
(100-9200)
- 71,35 %
- 49,51 %
47,79 %
63,52 %
Controle
Strongyloides
975,00 a
(0-4800)
743,75 a
(0-3600)
725,00 a
(0-2400)
1556,25 a
(0-9800)
512,50 a
(0-2200)
1
Strongyloides
562,50 a
(0-1500)
243,75 a
(0-1050)
331,25 a
(0-900)
187,50 b
(0-800)
68,75 a
(0-450)
67,22 %
54,31 %
87,95 %
86,58 %
Eficácia
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.
73
Tabela 2 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos Controle e 1.
D I A
GRUPO
GÊNEROS
Controle
Haemonchus
Ostertagia
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
0
80
17
1
2
1
50
21
23
2
2
2
76
1
2
21
-
7
83
1
16
-
14
77
3
16
4
1
Haemonchus
Ostertagia
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
93
3
4
-
95
1
2
1
1
93
1
1
3
2
97
3
-
45
4
8
41
2
Os resultados da Tabela 1 demonstram que para a Superfamília Trichostrongyloidea,
o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de OPG, de 47,79 % e 63,52
%, respectivamente, 7 e 14 dias após sua aplicação, quando confrontado com o grupo
controle. O resultado apresentado no 14º dia mostrou diferença muito significativa entre as
médias dos grupos tratado e controle. A Tabela 2 indica que a redução do OPG apresentada
no grupo tratado no 14º dia deva ter ocorrido nos helmintos do gênero Haemonchus.
No grupo 1, realizou-se avaliação da eficácia durante os dias do tratamento (dias 1 e
2), pois tratava-se do grupo com indicação de uso do tratamento por mais de um dia. Os
resultados demonstraram não haver eficácia para a Superfamília Trichostrongyloidea nos
primeiros dois dias de aplicação do produto, tampouco houve diferença significativa entre os
três primeiros dias, indicando a necessidade do uso pelo período utilizado. Os resultados da
Tabela 1 demonstram que para o Strongyloides spp. o tratamento apresentou uma eficácia
sobre a redução do número de OPG de 87,95 % e 86,58 %, respectivamente, 7 e 14 dias após
sua aplicação, quando comparado com o grupo controle. O resultado apresentado no 7º dia
mostrou diferença significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo controle. A
eficácia foi de 67,22 % e 54,31 %, um e dois dias após a primeira aplicação do produto,
demonstrando uma ação mais imediata deste tratamento sobre este gênero. Apesar destes
resultados não houve diferença significativa entre os três primeiros dias.
Observou-se redução muito significativa na produção de ovos, não encontrando-se
referências ao uso da mistura destas três plantas como anti-helmínticas.
74
4.1.2.1.2. Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.
Tabela 3 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes
(OPG) dos grupos Controle e 2 e a eficácia em porcentagem do tratamento.
0
D I A
7
14
Trichostrongyloidea
7.818,75A
(2550-14800)
8.918,75 A
(900-15400)
7.300,00 A
(1200-16800)
Trichostrongyloidea
12.700,00 A
(1700-29200)
11.993,75 A
(1700-23800)
6.237,50 A
(1050-18150)
- 34,47 %
14,55 %
GRUPO
Superfamília/Gênero
Controle
2
Eficácia
Controle
Strongyloides
975,00 a
(0-4800)
1.556,25 a
(0-9800)
512,50 a
(0-2200)
2
Strongyloides
737,50 a
(0-1800)
550,00 a
(100-1100)
525,00 a
(0-1600)
64,65%
- 2,43 %
Eficácia
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.
Tabela 4 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos Controle e 2.
GRUPO
Controle
2
GÊNEROS
0
D I A
7
14
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
80
17
1
2
83
1
16
-
77
3
16
4
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
79
2
2
12
2
3
92
4
1
1
2
-
94
5
1
75
Os resultados apresentados na Tabela 3 demonstram que para os helmintos da
Superfamília Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia na redução do
número de ovos por grama de 14,55 % no décimo quarto dia após sua aplicação, quando
confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença
significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
A Tabela 4 indica que a redução do OPG apresentada no grupo tratado no décimo
quarto dia deva ter ocorrido nos helmintos do gênero Ostertagia, Trichostrongylus e
principalmente Cooperia.
Os resultados apresentados na Tabela 3 demonstram que para os helmintos
Strongyloides o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de ovos por
grama de 64,65 % no sétimo dia após sua aplicação quando confrontado com o grupo
controle. No décimo quarto dia o tratamento não apresentou eficácia. O tratamento pode ter
causado um efeito temporário na redução da postura dos helmintos, como já foi citado por
Vercruysse et al. (2001). A comparação das médias não mostrou diferença significativa entre
o grupo controle e o grupo tratado.
Infere-se nas condições do experimento que houve redução na produção de ovos. Em
conformidade aos dados ora apresentados Castro et al. (1993) e Lorenzi e Matos (2002)
descrevem o Polygonum punctatum Ell. como sendo utilizado popularmente como antihelmíntico.
Apóiam os dados obtidos neste experimento a redução da contagem de OPG, descrita
por Athanasiadou et al. (2001), em ovinos infectados com Trichostrongylus colubriformis,
quando tratados durante três dias, com o extrato do “quebracho” rico em tanino, quando
comparados com o grupo controle. Paolini et al. (2003) descrevem a redução da contagem de
OPG de caprinos tratados com o extrato do “quebracho”, parasitados com Haemonchus
contortus e concluem que esta ação não está associada à redução de carga parasitária e sim a
redução da fecundidade das fêmeas.
76
4.1.2.1.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3
Tabela 5 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes
(OPG) dos grupos Controle e 3 e a eficácia em porcentagem do tratamento.
D I A
GRUPO
Superfamília/Gênero
Controle
3
0
7
14
Trichostrongyloidea
7.818,75 A
(2550-14800)
8.918,75 A
(900-15400)
7.300,00 A
(1200-16800)
Trichostrongyloidea
5.556,25 A
(700-10600)
4.193,75 A
(900-9100)
3.812,50 B
(0-14000)
52,97 %
47,50 %
Eficácia
Controle
Strongyloides
975,00 a
(0-4800)
1.556,25 a
(0-9800)
512,50 a
(0-2200)
3
Strongyloides
525,00 a
(0-2000)
193,75 b
(0-750)
493,75 a
(0-2600)
87,55 %
3,65 %
Eficácia
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.
Tabela 6 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos controle e 3.
D I A
GRUPO
Controle
3
GÊNEROS
0
7
14
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
80
17
1
2
83
1
16
-
77
3
16
4
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
65
5
1
27
2
87
1
1
10
1
87
4
3
6
77
Os resultados apresentados na Tabela 5 demonstram que para os helmintos da
Superfamília Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do
número de ovos por grama de 52,97 % no sétimo dia e de 47,50 % no décimo quarto dia após
sua aplicação, quando confrontado com o grupo controle. O resultado apresentado no décimo
quarto dia mostrou diferença muito significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo
controle.
A Tabela 6 indica que a redução de OPG apresentada no grupo tratado no sétimo e
décimo quarto dia provavelmente tenha ocorrido nos helmintos do gênero Cooperia.
Os resultados apresentados na Tabela 5 demonstram que para os helmintos
Strongyloides o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de ovos por
grama de 87,55 % no sétimo dia e de 3,65 % no décimo quarto dia após sua aplicação, quando
confrontado com o grupo controle. O tratamento pode ter causado um efeito temporário na
redução da postura dos helmintos, como já foi citado por Vercruysse et al. (2001). O resultado
apresentado no sétimo dia mostrou diferença significativa entre as médias do grupo tratado e
do grupo controle.
Infere-se nas condições do experimento que houve redução muito significativa na
produção de ovos. Em conformidade aos dados ora apresentados Munssynski (1953),
Camargo (1998), Simões et al. (1988), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e
Vicent (2001) descrevem o potencial anti-helmíntico do Chenopodium ambrosioides através
do uso da parte aérea da planta.
Adicionalmente, Ketzis (2000) testou o óleo do Chenopodium ambrosioides frente a
uma infecção por Haemonchus contortus em cabras. In vitro o óleo foi 100 % efetivo na
inibição do desenvolvimento de ovos do Haemonchus contortus.
Pesquisas realizadas por Amorim et al. (1987) com extratos de folhas de
Chenopodium ambrosioides sobre larvas de primeiro e terceiro estádios de nematóides
estrongilídeos de eqüinos e sobre oxiurídeos Syphacia obvela e Aspiculuris tetraptera de
camundongos naturalmente infectados não demonstraram a atividade anti-helmíntica desta
espécie vegetal. Estas informações discordam do observado no presente estudo provavelmente
por tratar-se de espécies animais e gêneros de helmintos diferentes.
78
4.1.2.1.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.
Tabela 7 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes
(OPG) dos grupos Controle e 4 e a eficácia em porcentagem do tratamento.
GRUPO
D I A
Superfamília/Gênero
0
7
14
Controle
Trichostrongyloidea
7.818,75A
(2550-14800)
8.918,75 A
(900-15400)
7.300,00 A
(1200-16800)
4
Trichostrongyloidea
19.125A
(4900-32000)
8.812,50 A
(800-21000)
3.331,25 B
(200-9450)
1,19 %
54,36 %
Eficácia
Controle
Strongyloides
975,00a
(0-4800)
1.556,25a
(0-9800)
512,50 a
(0-2200)
4
Strongyloides
493,75a
(0-2600)
462,50b
(0-3000)
312,50 a
(0-1800)
70,28 %
39,02 %
Eficácia
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.
Tabela 8 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos controle e 4.
D I A
GRUPO
Controle
4
GÊNEROS
0
7
14
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
80
17
1
2
83
1
16
-
77
3
16
4
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
94
5
1
96
4
90
3
4
3
79
Os resultados apresentados na Tabela 7 demonstram que para os helmintos da
Superfamília Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do
número de ovos por grama de 1,19% no sétimo dia e de 54,36% no décimo quarto dia após
sua aplicação, quando confrontado com o grupo controle. O resultado apresentado no décimo
quarto dia mostrou diferença muito significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo
controle.
Os resultados apresentados na Tabela 7 demonstram que para os helmintos
Strongyloides o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de ovos por
grama de 70,28 % no sétimo dia e de 39,02 % no décimo quarto dia após sua aplicação,
quando confrontado com o grupo controle.
Infere-se nas condições do experimento que houve redução muito significativa na
produção de ovos. Em conformidade aos dados ora apresentados Musnsynski (1953), Chiej
(1983), Pereira e Melo (1988), Castro et al. (1993), Camargo (1998), Santos et al. (1999),
Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem o Allium
sativum como agente anti-helmíntico.
Os resultados obtidos no presente experimento se assemelham aos relatados por
Pereira e Melo (1988), que verificaram que o Allium sativum apresentava eficácia sobre
Strongyloides em caprinos.
80
4.1.2.1.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.
Tabela 9 – Médias (valores mínimos e máximos) das contagens de ovos por grama de fezes
(OPG) dos grupos Controle e 5 e a eficácia em porcentagem do tratamento.
DIA
GRUPO
Superfamília/Gênero
Controle
5
0
7
14
Trichostrongyloidea
7.818,75A
(2550-14800)
8.918,75 A
(900-15400)
7.300,00 A
(1200-16800)
Trichostrongyloidea
9.706,25 A
(900-24300)
5.500,00 A
(0-23500)
38,33 %
637,50 C
(0-2300)
91,26 %
Controle
Strongyloides
975,00a
(0-4800)
1.556,25 a
(0-9800)
512,50 a
(0-2200)
5
Strongyloides
525,00a
(0-1950)
Eficácia
100,00 b
12,50 a
(0-400)
(0-100)
Eficácia
93,57 %
97,56 %
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
A Tabela subseqüente oferece subsídios para análise da Tabela anterior.
Tabela 10 – Resultado das coproculturas, expresso em porcentagem, dos grupos Controle e 5.
GRUPO
Controle
5
D I A
7
GÊNEROS
0
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
80
17
1
2
83
1
16
-
77
3
16
4
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Cooperia
Strongyloides
Oesophagostomun
95
1
1
3
100
-
100
-
14
81
Os resultados apresentados na Tabela 9 demonstram que para a Superfamília
Trichostrongyloidea, o tratamento apresentou uma eficácia sobre a redução do número de
ovos por grama de 38,33 % no sétimo dia e de 91,26 % no décimo quarto dia após sua
aplicação, quando comparado com o grupo controle. O resultado apresentado no décimo
quarto dia mostrou diferença muito significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo
controle.
Na Tabela 10, são demonstrados os resultados obtidos nas coproculturas do grupo
medicado com ivermectin, indicando que no sétimo e décimo quarto dia só foram
identificadas larvas de Haemonchus.
Em relação ao gênero Strongyloides verificou-se na Tabela 9 uma eficácia sobre a
redução do número de ovos por grama de 93,57 % no sétimo dia e de 97,56 % no décimo
quarto dia após sua aplicação quando confrontado com o grupo controle. Houve diferença
significativa entre as médias do grupo tratado e do grupo controle no sétimo dia.
Os resultados encontrados neste experimento se assemelham aos relatados por
Mattos et al. (1992) que verificaram que o uso do ivermectin em cordeiros naturalmente
parasitados por Haemonchus spp. apresentou baixa eficácia no Teste de Redução de OPG.
Também Mattos et al. (2002) observaram em ovinos parasitados naturalmente por
Haemonchus spp., e medicados com ivermectin, redução de apenas 17% do número de OPG
(100% Haemonchus spp. na Coprocultura) quando comparados com o grupo controle.
Ramos et al. (2002) utilizando-se do Teste de Redução de OPG, na avaliação da
eficácia do ivermectin, em 65 rebanhos ovinos do Estado de Santa Catarina, também
encontraram resultados semelhantes ao deste trabalho, 77% dos rebanhos testados
apresentavam resistência anti-helmíntica de endoparasitos gastrintestinais (somente
identificadas larvas de Haemonchus spp.).
Melo et al. (2003b) utilizando-se do Teste de Redução de OPG avaliaram a eficácia
do ivermectin em ovinos, encontrando em 58,8% das fazendas pesquisadas, nematódeos do
gênero Haemonchus resistentes.
Os dados ora apresentados divergem em parte de Pinheiro et al. (1997) que
encontraram aos cinco e dez dias após tratamento, na mesma dose utilizada, 100% de redução
na ovopostura dos endoparasitos de ovinos.
82
4.1.2.2 Teste Controlado
4.1.2.2.1 Abomaso
Os resultados das médias das contagens da carga parasitária total do abomaso obtidos
através da necropsia no experimento estão resumidos nas Tabelas 11 a 15. Os valores
individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados no APÊNDICE D.
4.1.2.2.1.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.
Tabela 11–Resultados médios (máximo e mínimo) da contagem do número de machos,
fêmeas e carga parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e
Trichostrongylus spp. do grupo Controle e grupo 1 encontrados no abomaso dos
ovinos na necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em
porcentagem.
Haemonchus spp.
Grupo
Macho
Fêmea
Ostertagia spp.
Total Macho
Controle 211,67 191,67 403,33a 83,33
1
Fêmea
Total
Macho Fêmea Total
10,00 50,00
60,00a
(60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200) (160-340)
(0-20)
(0-90)
(0-110)
238,33 141,67 380,00a 46,67
68,33
5,00
30,00
35,00a
(0-500)
(0-160)
(0-50)
(0-80)
(0-350)
(0-830)
(0-160)
156,67 240,00a
Trichostrongylus spp.
115,00b
(0-320)
(0-30)
Eficácia
5,79%
52,08%
41,67%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 11 demonstram que o tratamento do grupo 1
apresentou uma eficácia de 5,79 %, 52,08 % e 41,67 % sobre os gêneros Haemonchus,
Ostertagia e Trichostrongylus, respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A
comparação das médias mostrou diferença muito significativa entre o grupo controle e o
grupo tratado frente ao gênero Ostertagia.
Houve redução muito significativa de helmintos adultos, não sendo encontradas
referências ao uso da mistura destas três plantas como anti-helmínticas.
83
4.1.2.2.1.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.
Tabela 12 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do
grupo Controle e grupo 2 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a
eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Haemonchus spp.
Grupo
Macho
Controle 211,67
Fêmea
Total
191,67 403,33a
(60-570) (40-560) (100-1130)
2
Ostertagia spp.
Macho
Total
Macho Fêmea Total
83,33
156,67
(30-140)
(70-200)
(160-340)
(0-20)
(0-90)
(0-110)
80,00
186,67a
13,33 30,00
43,33a
(30-190)
(70-470)
(0-40)
(10-70)
196,67
233,33 430,00a 106,67
(0-630)
(0-840)
(0-1470)
Fêmea
Trichostrongylus spp.
(30-280)
240,00a 10,00 50,00
(0-70)
60,00a
Eficácia
- 6,61%
22,22%
27,78%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 12 demonstram que o tratamento do grupo 2
apresentou uma eficácia de 22,22 % e 27,78 % sobre os gêneros Ostertagia e
Trichostrongylus, respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A comparação
das médias não mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
Em conformidade aos dados ora apresentados, de redução de helmintos adultos,
Castro et al. (1993) e Lorenzi e Matos (2002) descrevem o Polygonum punctatum Ell. como
sendo utilizado popularmente como anti-helmíntico.
4.1.2.2.1.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3.
Tabela 13 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do
grupo Controle e grupo 3 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a
eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Haemonchus spp.
Grupo
Macho
Controle 211,67
Fêmea
Total
Ostertagia spp.
Macho
191,67 403,33a 83,33
(60-570) (40-560) (100-1130) (30-140)
3
178,33 113,33
(0-700)
(0-540)
291,67a 66,67
(0-1240)
(10-130)
Fêmea
156,67
(70-200)
86,67
(0-190)
Total
Trichostrongylus spp.
Macho
240,00a 10,00
Fêmea
Total
50,00
60,00a
(0-20)
(0-90)
(0-110)
153,33a 16,67
48,33
65,00a
(10-310)
(0-90)
(0-110)
(160-340)
(0-60)
Eficácia
27,69%
36,11%
-8,33%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 13 demonstram que o tratamento do grupo 3
apresentou uma eficácia de 27,69 % e 36,11 % sobre os gêneros Haemonchus e Ostertagia,
respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não
mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
Infere-se nas condições do experimento que houve redução de helmintos adultos no
abomaso. Em conformidade aos dados ora apresentados Munssynski (1953), Camargo (1998),
Simões et al. (1988), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001)
descrevem o potencial anti-helmíntico do Chenopodium ambrosioides através do uso da parte
aérea da planta.
Contrariando em parte os dados ora apresentados Ketzis (2000) testou in vivo a
planta fresca do Chenopodium ambrosioides em várias doses frente a uma infecção de
Haemonchus contortus em cabras não obtendo redução do número de vermes adultos.
85
4.1.2.2.1.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. - Grupo 4.
Tabela 14 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do
grupo Controle e grupo 4 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a
eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Haemonchus spp.
Grupo
Macho
Controle 211,67
Ostertagia spp.
Fêmea Total
Macho
Fêmea
191,67 403,33a
83,33
156,67
(60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200)
4
220,00
255,00 475,00a
(0-450)
(0-640)
(0-990)
Trichostrongylus spp.
Total
Macho
Fêmea Total
240,00a
10,00
50,00
60,00a
(160-340)
(0-20)
(0-90)
(0-110)
41,67
88,33
130,00a
8,33
38,33
46,67a
(10-100)
(0-270)
(10-370)
(0-50)
(0-200)
(0-250)
Eficácia
- 17,77%
45,83%
22,22%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 14 demonstram que o tratamento do grupo 4
apresentou uma eficácia de 45,83 % e 22,22 % sobre os gêneros Ostertagia e
Trichostrongylus, respectivamente, quando confrontado com o grupo controle. A comparação
das médias não mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
Infere-se nas condições do experimento que houve redução de helmintos adultos no
abomaso. Em conformidade aos dados ora apresentados Musnsynski (1953), Chiej (1983),
Pereira e Melo (1988), Castro et al. (1993), Camargo (1998), Santos et al. (1999), Cravo
(2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem o Allium sativum
como agente anti-helmíntico. Santos et al. (1999) avaliaram o efeito do extrato alcoólico do
Allium sativum sobre larvas de terceiro estágio de nematódeos gastrintestinais em seis
diferentes concentrações. Foram realizadas coproculturas em triplicata, coletadas de caprinos
infectados naturalmente, e que foram tratadas para cada concentração dos extratos. Os
resultados mostraram uma redução do número de larvas dos gêneros Haemonchus e
Trichostrongylus em 100% nas concentrações 1448,75 mg/ml e 905,47 mg/ml do extrato
alcoólico. A conclusão foi que o extrato alcoólico do Allium sativum teve um efeito antihelmíntico in vitro. Adicionalmente, Amorim (1987) avaliou através do método crítico
controlado o efeito anti-helmíntico do Allium sativum em camundongos naturalmente
infectados com Syphacia obvelata e Aspiculuris tetraptera obtendo um percentual de
oxiurídeos eliminados de 20,3 % com a utilização de três aplicações por via intragástrica.
86
4.1.2.2.1.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.
Tabela 15 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Haemonchus spp., Ostertagia spp. e Trichostrongylus spp. do
grupo Controle e grupo 5 encontrados no abomaso dos ovinos na necropsia e a
eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Haemonchus spp.
Grupo
Macho
Controle 211,67
Fêmea Total
Ostertagia spp.
Macho
191,67 403,33a 83,33
Fêmea Total
156,67
Macho Fêmea Total
240,00a 10,00
(60-570) (40-560) (100-1130) (30-140) (70-200) (160-340)
5
Trichostrongylus spp.
(0-20)
50,00
60,00a
(0-90)
(0-110)
208,33
210,00 418,33a 1,67
0,00
1,67c
0,00
0,00
0,00b
(0-700)
(0-410)
(0-0)
(0-10)
(0-0)
(0-0)
(0-0)
(0-1050)
(0-10)
Eficácia
-3,72%
99,31%
100,00%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 15 demonstram que o tratamento do grupo 5
apresentou uma eficácia de 99,31 % e 100 % sobre os gêneros Ostertagia e Trichostrongylus,
respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.
A comparação das médias mostrou diferença muito significativa entre o grupo
controle e o grupo tratado frente aos gêneros Ostertagia e Trichostrongylus.
Em conformidade aos dados ora apresentados Pinheiro et al. (1997) encontraram
eficácia de 100% na redução de helmintos do gênero Ostertagia com o mesmo tratamento
utilizado neste experimento. Melo et al. (2003b) encontraram em 10 (58,8%) fazendas de
criação de ovinos pesquisadas nematódeos do gênero Haemonchus resistentes a ivermectin, a
semelhança do aqui encontrado.
87
4.1.2.2.2 Intestino delgado
Os resultados médios da contagem da carga parasitária total do intestino delgado
obtidos através da necropsia no experimento estão resumidos nas Tabelas 16 a 20. Os valores
individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados no APÊNDICE E.
4.1.2.2.2.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.
Tabela 16 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do
grupo Controle e grupo 1 encontrados no intestino delgado dos ovinos na
necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em
porcentagem.
Cooperia spp.
Grupo
Macho
Fêmea
Total
Trichostrongylus spp.
Macho
Fêmea
Total
835,00 1.025,00a
55,00
55,00a
(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460)
(0-190)
(0-190)
Controle 3.663,33 5.771,67 9.435,00a 190,00
1
750,00
1.150,00 1.900,00a 125,00
(90-2140) (20-3150)
(110-5290)
(10-640)
Fêmea Total
Strongyloides spp.
146,67
271,67a
5,00
5,00b
(0-460)
(10-1100)
(0-30)
(0-30)
Eficácia
79,86%
73,50%
90,91%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 16 demonstram que o tratamento do grupo 1
apresentou uma eficácia de 79,86 %, 73,50 % e 90,91 % sobre os gêneros Cooperia,
Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente, quando confrontado com o grupo
controle. A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o
grupo tratado frente ao gênero Strongyloides.
No presente estudo, observou-se que houve redução significativa de helmintos
adultos, não sendo encontradas referências ao uso da mistura destas três plantas como antihelmínticas. Resultados semelhantes foram alcançados por Oliveira (1997) no Teste
Controlado, através do uso de folhas frescas de Musa sp. em caprinos (Capra hircus) com
idade entre três e cinco meses, durante 25 dias. O percentual de eficácia encontrado foi de
59,55% para Cooperia spp. e de 65,4% para Trichostrongylus spp..
88
4.1.2.2.2.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.
Tabela 17 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do
grupo Controle e grupo 2 encontrados no intestino delgado dos ovinos na
necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em
porcentagem.
Cooperia spp.
Grupo
Macho
Fêmea
Controle 3.663,33 5.771,67
Trichostrongylus spp.
Total
Macho Fêmea
Total
Strongyloides spp.
Fêmea
9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a 55,00
(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460) (0-190)
2
1.203,33 1.408,33
2.611,67a 188,33 581,67
(60-2870)
(240-5270)
(180-2400)
(0-950)
(0-2230)
770,00a 16,67
(0-3180) (0-100)
Total
55,00a
(0-190)
16,67b
(0-100)
Eficácia
72,32%
24,88%
69,70%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 17 demonstram que o tratamento do grupo 2
apresentou uma eficácia de 72,32 %, 24,88 % e 69,70 % sobre os gêneros Cooperia,
Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.
A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o grupo
tratado frente ao gênero Strongyloides.
Artigos publicados por Castro et al. (1993) e Lorenzi e Mattos (2002) descrevem o
uso do Polygonum punctatum Ell. como anti-helmíntico, concordando com os resultados ora
apresentados, em que nas condições do experimento houve redução significativa de helmintos
adultos no intestino delgado.
Adicionalmente, apóiam os dados obtidos neste experimento pesquisas realizadas por
Athanasiadou et al. (2000a), Athanasiadou et al. (2000b) e Athanasiadou et al. (2001) que
observaram que o uso do extrato do “quebracho” (73% de tanino condensado), administrado
durante três dias, a ovinos infectados com Trichostrongylus colubriformis alcançaram
significativa redução do OPG e da carga parasitária.
89
4.1.2.2.2.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3.
Tabela 18 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do
grupo Controle e grupo 3 encontrados no intestino delgado dos ovinos na
necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em
porcentagem.
Cooperia spp.
Grupo
Macho
Fêmea
Trichostrongylus spp.
Total
Macho
Controle 3.663,33 5.771,67 9.435,00a 190,00
Fêmea
835,00 1.025,00a
(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170)
3
Total
(40-2460)
1.036,67 1.433,33 2.470,00b 101,67
335,00
436,67a
(0-5100)
(0-580)
(0-820)
(0-6200)
(0-11300)
(0-260)
Strongyloides spp.
Fêmea
Total
55,00
55,00a
(0-190)
(0-190)
3,33
3,33b
(0-10)
(0-10)
Eficácia
73,82%
57,40%
93,94%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 18 demonstram que o tratamento do grupo 3
apresentou uma eficácia de 73,82 %, 57,40 % e 93,94 % sobre os gêneros Cooperia,
Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.
A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o
grupo tratado frente ao gênero Strongyloides e diferença muito significativa entre o grupo
controle e o grupo tratado frente ao gênero Cooperia.
Munssynski (1953), Simões et al. (1988), Camargo (1998), Cravo (2000), Garcia e
Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem o potencial anti-helmíntico do
Chenopodium ambrosioides através do uso da parte aérea da planta, o que coincide com os
resultados do presente experimento demonstrando que houve redução significativa de
helmintos adultos no intestino delgado.
90
4.1.2.2.2.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.
Tabela 19 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do
grupo Controle e grupo 4 encontrados no intestino delgado dos ovinos na
necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em
porcentagem.
Cooperia spp.
Grupo
Macho
Fêmea
Total
Macho
Fêmea
Strongyloides spp.
Total Fêmea
Total
9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a
55,00
55,00a
(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460)
(0-190)
(0-190)
Controle 3.663,33 5.771,67
4
Trichostrongylus spp.
1.233,33 1.965,00
3.198,33a 113,33
195,00 308,33a
1,67
1,67b
(30-2620)
(100-7500) (0-350)
(0-660)
(0-10)
(0-10)
(70-5140)
(0-800)
Eficácia
66,10%
69,92%
96,97%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 19 demonstram que o tratamento do grupo 4
apresentou uma eficácia de 66,10 %, 69,92 % e 96,97 % sobre os gêneros Cooperia,
Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.
A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o
grupo tratado frente ao gênero Strongyloides.
O presente experimento demonstra que houve redução significativa de helmintos
adultos no intestino delgado, confirmando a ação anti-helmíntica do Allium sativum
anteriormente relatada por Musnsynski (1953), Chiej (1983), Camargo (1988), Pereira e Melo
(1988), Castro et al. (1993), Santos et al. (1999), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e
Kossmann e Vicent (2001) que o descrevem como agente anti-helmíntico.
Santos et al. (1999) avaliaram o efeito do extrato alcoólico do Allium sativum sobre
larvas de terceiro estágio de nematódeos gastrintestinais em seis diferentes concentrações.
Foram realizadas coproculturas em triplicata, cada uma com 2 g de fezes, coletadas de
caprinos infectados naturalmente, e que foram tratadas para cada concentração dos extratos.
Os resultados mostraram uma redução do número de larvas do gênero Trichostrongylus em
100% nas concentrações 1448,75 mg/ml e 905,47 mg/ml do extrato alcoólico. Para as demais
concentrações o percentual de redução do número de larvas variou de 29,92 a 99,85. A
conclusão foi que o extrato alcoólico do alho teve um efeito anti-helmíntico in vitro.
91
4.1.2.2.2.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.
Tabela 20 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Cooperia spp., Trichostrongylus spp. e Strongyloides spp. do
grupo Controle e grupo 5 encontrados no intestino delgado dos ovinos na
necropsia e a eficácia sobre a carga parasitária total do tratamento em
porcentagem.
Cooperia spp.
Grupo
Macho
Fêmea
Total
Macho
Strongyloides spp.
Fêmea Total Fêmea
Total
9.435,00a 190,00 835,00 1.025,00a
55,00
55,00a
(70-7180) (400-11360) (470-18540) (10-520) (30-2170) (40-2460)
(0-190)
(0-190)
6,67b
0,00
0,00b
(0-20)
(0-0)
(0-0)
Controle 3.663,33 5.771,67
5
Trichostrongylus spp.
106,67
180,00
286,67c
0,00
6,67
(0-450)
(0-850)
(0-1300)
(0-0)
(0-20)
Eficácia
96,96%
99,35%
100%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 20 demonstram que o tratamento do grupo 5
apresentou uma eficácia de 96,96 %, 99,35 % e 100 % sobre os gêneros Cooperia,
Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente, quando confrontado com o grupo controle.
A comparação das médias mostrou diferença significativa entre o grupo controle e o
grupo tratado frente aos gêneros Strongyloides e Trichostrongylus e diferença muito
significativa entre o grupo controle e o grupo tratado frente ao gênero Cooperia.
A utilização do ivermectin foi relatada por Pinheiro et al. (1997) que demonstraram
que este princípio ativo mostrou uma eficácia de 100% sobre Cooperia spp.. Bevilaqua e
Melo (1999) em estudo realizado em rebanhos ovinos de três diferentes fazendas encontraram
eficácia de 100% do ivermectin no controle dos parasitos Trichostrongylus spp. e
Strongyloides spp.. Estes resultados se assemelham ao observado no presente experimento.
92
4.1.2.2.3 Intestino Grosso
Os resultados das médias das contagens da carga parasitária total do intestino grosso
obtidos através da necropsia no experimento estão resumidos nas Tabelas 21 a 25. Os valores
individuais dos parâmetros avaliados estão apresentados no APÊNDICE F.
4.1.2.2.3.1 Avaliação da aplicação da mistura Campomanesia guazumifolia (Camb.) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell. – Grupo 1.
Tabela 21 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. do grupo Controle e
grupo 1 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia
sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Oesophagostomun spp.
Grupo
Controle
1
Macho
Fêmea
Total
Trichuris spp.
Macho
Fêmea
Total
25,00
38,33
63,33a
1,67
3,33
(0-90)
(0-100)
(0-170)
(0-10)
(0-20)
(0-20)
5,00a
41,67
71,67
113,33a
1,67
3,33
5,00a
(0-180)
(0-220)
(0-300)
(0-10)
(0-10)
(0-20)
Eficácia
-78,95%
0%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 21 demonstram que para os helmintos do
gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 1 não apresentou eficácia quando
confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença
significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
No presente estudo, observou-se que não houve redução de helmintos adultos no
hospedeiro, não sendo encontradas referências ao uso da mistura destas três plantas como
anti-helmínticas.
93
4.1.2.2.3.2 Avaliação da aplicação do Polygonum punctatum Ell. – Grupo 2.
Tabela 22 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. do grupo Controle e
grupo 2 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia
sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Oesophagostomun spp.
Trichuris spp.
Grupo
Macho
Fêmea
Controle
25,00
38,33
63,33a
1,67
3,33
5,00a
(0-90)
(0-100)
(0-170)
(0-10)
(0-20)
(0-20)
2
Total
Macho
Fêmea
Total
260,00
380,00
640,00a
6,67
18,33
25,00a
(0-1060)
(0-1560)
(0-2620)
(0-40)
(0-80)
(0-120)
Eficácia
-910%
-400%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 22 demonstram que para os helmintos do
gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 2 não apresentou eficácia quando
confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença
significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
Infere-se nas condições do experimento que não houve redução de helmintos adultos
no hospedeiro. Os dados ora apresentados divergem de Castro et al. (1993) e Lorenzi e Matos
(2002) que descrevem o Polygonum punctatum Ell. como utilizado popularmente como antihelmíntico.
94
4.1.2.2.3.3 Avaliação da aplicação do Chenopodium ambrosioides – Grupo 3.
Tabela 23 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. dos grupos Controle
e grupo 3 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia
sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Oesophagostomun spp.
Grupo
Macho
Controle
25,00
38,33
63,33a
(0-90)
(0-100)
(0-170)
123,33
125,00
248,33a
(0-700)
(0-600)
(0-2620)
3
Fêmea
Total
Trichuris spp.
Macho
Fêmea
Total
1,67
3,33
5,00a
(0-10)
(0-20)
(0-20)
3,33
11,67
15,00a
(0-10)
(0-40)
(0-120)
Eficácia
-292,11%
-200 %
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 23 demonstram que para os helmintos do
gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 3 não apresentou eficácia quando
confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença
significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
Infere-se nas condições do experimento que não houve redução de helmintos adultos
no intestino grosso do hospedeiro. Contrariando os dados ora apresentados Munssynski
(1953), Simões et al. (1988), Camargo (1998), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e
Kossmann e Vicent (2001) descrevem o potencial anti-helmíntico do Chenopodium
ambrosioides através do uso da parte aérea da planta.
95
4.1.2.2.3.4 Avaliação da aplicação do Allium sativum L. – Grupo 4.
Tabela 24 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. dos grupos Controle
e grupo 4 encontrados no intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia
sobre a carga parasitária total do tratamento em porcentagem.
Oesophagostomun spp.
Grupo
Macho
Controle
4
Fêmea
Total
Trichuris spp.
Macho
Fêmea
Total
25,00
38,33
63,33a
1,67
3,33
5,00a
(0-90)
(0-100)
(0-170)
(0-10)
(0-20)
(0-20)
56,67
66,67
123,33a
1,67
8,33
10,00a
(0-240)
(0-200)
(0-410)
(0-10)
(0-50)
(0-60)
Eficácia
-94,74%
-100 %
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 24 demonstram que para os helmintos do
gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 4 não apresentou eficácia quando
confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença
significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
Infere-se nas condições do experimento que não houve redução de helmintos adultos
no intestino grosso do hospedeiro. Em desacordo com os resultados ora apresentados
Musnsynski (1953), Chiej (1983), Pereira e Melo (1988), Castro et al. (1993), Camargo
(1998), Santos et al. (1999), Cravo (2000), Garcia e Lunardi (2001) e Kossmann e Vicent
(2001) descrevem o Allium sativum como agente anti-helmíntico.
Em contraposição aos dados ora apresentados Santos et al. (1999) avaliaram o efeito
do extrato alcoólico do Allium sativum sobre larvas de terceiro estágio de nematódeos
gastrintestinais em seis diferentes concentrações. Foram realizadas coproculturas em
triplicata, cada uma com 2 g de fezes, coletadas de caprinos infectados naturalmente, e que
foram tratadas para cada concentração dos extratos. Os resultados mostraram uma redução do
número de larvas do gênero Oesophagostomun em 100% nas concentrações 1448,75 mg/ml e
905,47 mg/ml do extrato alcoólico. Para as demais concentrações o percentual de redução do
número de larvas variou de 29,92 a 99,85 %. Ao autores concluíram que o extrato alcoólico
do Allium sativum teve um efeito anti-helmíntico in vitro.
96
4.1.2.2.3.5 Avaliação da aplicação do Ivermectin – Grupo 5.
Tabela 25 – Resultados médios (máximo e mínimo) do número de machos, fêmeas e carga
parasitária total de Oesophagostomun spp. e Trichuris spp. dos grupos Controle
e grupo 5 encontrados no Intestino grosso dos ovinos na necropsia e a eficácia
do tratamento sobre a carga parasitária total em porcentagem.
Oesophagostomun spp.
Trichuris spp.
Grupo
Macho
Controle
25,00
38,33
63,33a
1,67
3,33
5,00a
(0-90)
(0-100)
(0-170)
(0-10)
(0-20)
(0-20)
0,00
0,00
0,00a
0,00
0,00
0,00a
(0-0)
(0-0)
(0-0)
(0-0)
(0-0)
(0-0)
5
Fêmea
Total
Macho
Fêmea
Total
Eficácia
100%
100%
Médias com letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre
tratamentos (P<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 25 demonstram que para os helmintos do
gênero Oesophagostomun e Trichuris o tratamento do grupo 5 apresentou eficácia de 100 %
quando confrontado com o grupo controle. A comparação das médias não mostrou diferença
significativa entre o grupo controle e o grupo tratado.
Em conformidade aos dados ora apresentados Pinheiro et al. (1997) encontraram
eficácia de 100% na redução de helmintos do gênero Oesophagostomun com o mesmo
tratamento utilizado neste experimento.
97
4.1.3 Peso
Tabela 26 – Resultados médios (máximo e mínimo) do peso dos ovinos dos grupos controle,
1, 2, 3, 4 e 5 na chegada dos animais (23/5), 26 dias após a chegada (no dia zero)
e 40 dias após a chegada (14 dias após o tratamento) e a média total por dia de
pesagem.
Data
Grupos
Chegada-23/05
26 dias após-18/06
40 dias após-02/07
Controle
25,00 a
(22-34)
27,44 a
(23,5-37)
28,56 a
(24-39,5)
1
22,06 a
(18,5-29)
24,13 a
(17-32)
25,00 a
(18,5-33,5)
2
22,56 a
(20-25,5)
24,25 a
(21-27)
24,94 a
(22,5-28)
3
24,44 a
(21-31,5)
27,63 a
(24,5-36,5)
27,94 a
(23-38,5)
4
23,69 a
(20,5-26)
26,69 a
(18-30)
27,81 a
(21-31)
5
23,38 a
(20,5-28)
26,38 a
(21,5-31,5)
28,00 a
(24-31)
Média Total
23,50 A
26,10 B
27,00 B
Médias com letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa
entre tratamentos (P<0,05).
Médias Totais com letras maiúsculas diferentes na mesma linha indicam diferença
significativa entre tratamentos (P< 0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 26 não demonstraram um efeito dos
tratamentos sobre o parâmetro peso dos grupos tratados, pois estes não diferiram
significativamente do grupo controle. Encontrou-se diferença muito significativa entre a
média total de peso dos grupos entre o dia da chegada-23/05 e o dia zero-18/06.
De acordo com Holmes (1987) apud Bricarello (1999) o parâmetro ganho de peso
não é um bom indicador para avaliar as condições corpóreas em animais parasitados, mesmo
sendo amplamente utilizado. A quantidade de água no organismo, bem como a composição da
carcaça, encontram-se geralmente alteradas nessas infecções, influenciando diretamente o
peso e conduzindo a interpretações errôneas.
98
Baseados em Holmes (1985) apud Bricarello (1999) de que o parasitismo
gastrintestinal pode resultar na diminuição do peso corporal seguido de alterações na
composição corporal, redução na quantidade e qualidade da produção de lã e desempenho
reprodutivo, esperava-se perda de peso dos animais participantes do experimento durante o
período de sua chegada (23/5) e o início do tratamento (dia zero) e nos animais do grupo
controle até a última pesagem (14 dias após o tratamento) em função da alta carga parasitária
apresentada pelos ovinos.
Os resultados apresentados na Tabela 26 de ganhos de peso em todos os grupos nas
diferentes datas de pesagem e o resultado das médias totais dos dias de pesagem,
demonstrando um aumento muito significativo entre os dias da chegada e 26 dias após
contrariaram esta expectativa.
Este resultado pode ser explicado pela dieta adequada fornecida aos animais durante
o experimento, associado ao fato dos ovinos não estarem sujeitos a reinfecção verminótica.
Segundo Ueno & Gutierres (1983) animais bem nutridos, ainda que sendo portadores de
helmintos em número relativamente grande, geralmente não apresentam sinais clínicos.
Entretanto, em animais mal nutridos e com um mesmo grau de infecção, constata-se a
exaltação de sinais clínicos. Holmes (1985) apud Bricarello (1999) afirmou que a dieta
protéica pode influenciar na capacidade do hospedeiro de suportar os efeitos fisiopatológicos
da infecção. Abbott et al. (1986) apud Bricarello (1999) ao avaliarem cordeiros de três meses
de idade submetidos a dois níveis nutricionais, observaram que os animais que receberam
uma dieta com baixa proteína (8,8%), resistiram menos aos efeitos patogênicos da infecção
com 350 L3 de H. contortus / kg de peso vivo, do que os cordeiros que receberam uma dieta
de alta proteína (16,9%). Houtert et al. (1995) concluem que dietas ricas em proteínas
reduzem as perdas atribuídas as infecções de nematódeos em cordeiros em pastoreio. Desta
forma a dieta utilizada no experimento com 18,8 % de proteína teria contribuído para este
aumento de peso apresentado.
99
4.2 Comparação de resultados
Nesta seção serão apresentados comparativamente os resultados alcançados pelas
plantas nos testes aplicados.
4.2.1 Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum
Ell.
Não foram encontradas referências do uso do decocto destas três plantas para
nenhuma atividade terapêutica, embora Lans e Brown (1998) reconheçam que certas plantas
são usadas em combinações. Etkins (1993) apud Lans e Brown (1998) explica que ocorrem
interações entre os complexos constituintes químicos de uma mistura de plantas podendo
incrementar a bioatividade dos compostos.
Encontrou-se apenas referência ao uso individual da Eugenia uniflora L. e do
Polygonum punctatum Ell.. O uso da Eugenia uniflora L. como antidiarréico foi citado por
Lorenzi e Matos (2002), Backes e Irgang (2002) e por Franco e Fontana (2002). Seu emprego
contra parasitoses intestinais através de infusão e extrato alcoólico foi descrito por Lorenzi e
Matos (2002). O uso popular do Polygonum punctatum Ell. como anti-helmíntico foi descrito
por Castro et al. (1993) e por Lorenzi e Matos (2002).
Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma
redução de helmintos adultos no abomaso de 52,08% e de 41,67 % dos gêneros Ostertagia e
Trichostrongylus, respectivamente. No intestino delgado de 79,86 %, de 73,50 % e de 90,91
% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides respectivamente.
No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na
produção de ovos de 47,79 % e de 63,52% no sétimo e no décimo quarto dia,
respectivamente,
após
sua
aplicação,
frente
aos
helmintos
da
Superfamília
Trichostrongyloidea (a coprocultura indica que a redução apresentada no grupo tratado deva
ter ocorrido nos helmintos do gênero Haemonchus, o que não se confirma no Teste
Controlado) e de 87,95 % e de 86,58 % no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente,
após sua aplicação para os helmintos Strongyloides spp.
100
4.2.2 Polygonum punctatum Ell.
O uso popular do Polygonum punctatum Ell. como anti-helmíntico foi descrito por
Castro et al. (1993) e por Lorenzi e Matos (2002).
Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma
redução de helmintos adultos no abomaso de 22,22% e de 27,78 % dos gêneros Ostertagia e
Trichostrongylus, respectivamente. No intestino delgado de 72,32 %, de 24,88 % e de 69,70
% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente.
No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na
produção de ovos de 14,55 % no décimo quarto dia após sua aplicação frente aos helmintos da
Superfamília Trichostrongyloidea (a coprocultura indica que a redução apresentada no grupo
tratado deva ter ocorrido nos helmintos do gênero Ostertagia, Trichostrongylus e
principalmente Cooperia, que se confirma no Teste Controlado) e de 64,65 % no sétimo dia
após sua aplicação para os helmintos do gênero Strongyloides.
4.2.3 Chenopodium ambrosioides L.
Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma
redução de helmintos adultos no abomaso de 27,69 % e de 36,11% dos gêneros Haemonchus
e Ostertagia, respectivamente. No intestino delgado a redução foi de 73,82 %, de 57,40 % e
de 93,94% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente.
No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na
produção de ovos de 52,97 % e de 47,50% no sétimo e no décimo quarto dia após sua
aplicação frente aos helmintos da Superfamília Trichostrongyloidea (a coprocultura indica
que a redução de postura apresentada no grupo tratado deva ter ocorrido nos helmintos do
gênero Cooperia, que se confirma parcialmente no Teste Controlado) e de 87,55 % e de 3,65
% no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente, após sua aplicação para os helmintos
Strongyloides.
Em conformidade com os dados apresentados Munssynski (1953), Simões et al.
(1988), Camargo (1998), Golin [2000], Cravo (2000) e Kossmann e Vicent (2001) descrevem
que a ação anti-helmíntica do Chenopodium ambrosioides L. ocorre pela presença do
ascaridol, substância ativa com comprovada propriedade anti-helmíntica, figurando nas
farmacopéias de países como os EUA, Inglaterra e Alemanha, que produz paralisia sobre a
musculatura do parasito. Ainda conforme os autores o uso do Chenopodium ambrosioides L.
101
como vermífugo, através do uso interno das folhas e ou das sementes, é conhecido no Brasil e
na Europa desde o século XVII.
Pode-se supor que os resultados obtidos com a aplicação de uma única dose
poderiam ser potencializados com a aplicação por períodos mais prolongados conforme
literatura e os relatos de outros informantes, entrevista 7 (uso durante 5 dias) e entrevista 10
(uso durante 3 dias).
4.2.4 Allium sativum L.
Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma
redução de helmintos adultos no abomaso de 45,83% e de 22,22 % dos gêneros Ostertagia e
Trichostrongylus, respectivamente, e no intestino delgado de 66,1 %, de 69,92 % e de 96,97
% dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus e Strongyloides, respectivamente.
No Teste de Redução de OPG observa-se após o tratamento uma redução na
produção de ovos de 1,19% e de 54,36% no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente,
após sua aplicação, frente aos helmintos da Superfamília Trichostrongyloidea e de 70,28 % e
de 39,02 % no sétimo e no décimo quarto dia, respectivamente, após sua aplicação para os
helmintos do gênero Strongyloides.
Apóiam os dados obtidos neste experimento Munssynski (1953), Chiej (1983),
Castro et al. (1993), Camargo (1998), Santos et al. (1999), Golin [2000], Cravo (2000) e
Kossmann e Vicent (2001) que descrevem o Allium sativum L. com uma vasta utilização
terapêutica na medicina popular, empregado como agente anti-helmíntico, utilizado na
prevenção e tratamento de parasitos. Conforme os autores o uso do Allium sativum L., que
contém um óleo isotiocianato de alilo composto sulforoso e derivados aminados, como
vermífugo na medicina popular concorda perfeitamente com as propriedades terapêuticas
cientificamente comprovadas.
O uso do extrato hidroalcoólico do Allium sativum L, neste experimento em
detrimento a outras formas de extração é apoiado por Chiej (1983) e Camargo (1998) que
afirmam que a infusão e o decocto fazem com que o Allium sativum L. perca suas
propriedades medicinais, pelo arraste do seu óleo essencial pelo vapor da água. Santos et al.
(1999) concluíram que o extrato aquoso do Allium sativum L. apresentou melhores resultados
como anti-helmíntico em caprinos que o extrato alcoólico.
102
4.2.5 Ivermectin
Os resultados apresentados no Teste Controlado demonstram após o tratamento uma
redução de helmintos adultos de 96,96% a 100% para todos os endoparasitos testados
(Ostertagia spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp., Strongyloides spp., Oesophagostomun
spp. e Trichuris spp.), exceção feita ao gênero Haemonchus no qual o tratamento não
apresentou eficácia. Soma-se a este resultado o apresentado no Teste de Redução de OPG e a
Coprocultura onde os resultados indicaram a permanência apenas de helmintos do gênero
Haemonchus.
Em conformidade aos dados ora apresentados Echevarria et al. (1996) encontraram
através do Teste de Redução de OPG, aplicado em ovinos de 182 fazendas de criação de
ovinos no Estado do Rio Grande do Sul, que 12,6 % das fazendas testadas apresentavam em
seus rebanhos resistência anti-helmíntica frente ao ivermectin. Souza et al. (1997) relatam que
na década de 60 encontram-se os primeiros registros de cepas resistentes a anti-helmínticos.
Em um estudo utilizando-se o Teste de Redução de OPG em ovinos encontraram, adotando o
critério de eficácia superior a 90 %, que a resistência está presente em 91,3% dos rebanhos
testados para o ivermectin. Os autores (op.cit.) chamam a atenção para a possibilidade de
falência do controle químico das parasitoses gastrintestinais de ovinos no Estado do Paraná.
De acordo com Cunha Filho et al. (1999) foram avaliados 850 ovinos de 10 rebanhos na
região de Londrina, Paraná e o fenômeno de resistência ao ivermectin ocorreu em 80% das
propriedades, sendo o gênero Haemonchus o mais freqüente.
Melo et al. (2003b) encontraram em 10 (58,8%) fazendas de criação de ovinos no Estado
do Ceará pesquisadas nematódeos do gênero Haemonchus resistentes a ivermectin. Blackhall
et al. (1998) apud Melo et al. (2003b) justificam que esse parasito tem uma grande
variabilidade genética e, possivelmente, alberga o alelo que causa a diminuição da
suscetibilidade a uma droga. Echevarria e Trindade (1989) afirmam que provavelmente este
nematódeo desenvolve resistência mais rapidamente, devido ao seu alto potencial biótico.
103
5 CONCLUSÕES
O levantamento de informações empíricas, de senso comum, relativas ao saber
popular tradicional sobre plantas consideradas medicinais, através de entrevistas com
questionários semi-estruturados (roteiro para os entrevistadores de questões que devem ser
tratadas durante a entrevista), mostrou ser um importante instrumento na seleção de plantas
com potencial anti-helmíntico.
Nas condições do experimento:
o uso do decocto da Campomanesia guazumifolia (Camb.) + Eugenia uniflora L. +
Polygonum punctatum Ell. apresentou eficácia na redução da produção de ovos da
Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de
helmintos
adultos
dos
gêneros
Ostertagia,
Trichostrongylus,
Cooperia
e
Strongyloides.
o uso do decocto do Polygonum punctatum Ell., apresentou eficácia na redução da
produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na
redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e
Strongyloides.
o uso da planta seca do Chenopodium ambrosioides L. apresentou eficácia na redução
da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e
na redução de helmintos adultos dos gêneros Haemonchus, Ostertagia, Cooperia,
Trichostrongylus e Strongyloides.
o uso do macerado hidroalcoólico do Allium sativum L. apresentou eficácia na redução
da produção de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e
na redução de helmintos adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia e
Strongyloides.
104
o uso do Ivermectin apresentou eficácia na redução da produção de ovos da
Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides e na redução de
helmintos adultos dos gêneros Ostertagia, Trichostrongylus, Cooperia, Strongyloides,
Oesophagostomun e Trichuris.
as plantas testadas, em diferentes extrações e modos de uso apresentaram eficácia na
redução de ovos da Superfamília Trichostrongyloidea e do gênero Strongyloides
as plantas testadas, em diferentes extrações e modos de uso apresentaram eficácia
frente a helmintos do abomaso e do intestino delgado.
nenhuma das plantas testadas neste experimento apresentou eficácia frente aos
helmintos do intestino grosso (Oesophagostomun spp. e Trichuris spp.).
os cordeiros ganharam peso mesmo com alta carga parasitária quando mantidos sob
uma dieta de 18,8 % de proteína e livres de reinfecção de endoparasitos.
Os resultados obtidos na presente pesquisa permitem concluir que a redução na
produção de ovos (contribuindo com menores níveis de contaminação nas pastagens) e a
redução de helmintos adultos (proporcionando uma menor espoliação verminótica no
hospedeiro) alcançados através do uso do decocto da Campomanesia guazumifolia (Camb) +
Eugenia uniflora L. + Polygonum punctatum Ell., do decocto do Polygonum punctatum Ell.,
da planta seca do Chenopodium ambrosioides e da maceração hidroalcoólica do Allium
sativum L. qualificam estas plantas medicinais como recursos potenciais disponíveis ao
controle integrado dos endoparasitos de ovinos.
Os resultados da pesquisa reforçam o potencial uso das plantas como recursos
preventivos e terapêuticos na etnoveterinária e a valorização das plantas medicinais na
atenção à saúde animal.
105
6 RECOMENDAÇÕES / SUGESTÕES
Trabalhar com outras concentrações e número de dosagens.
Testar a atividade biológica em outros endoparasitos (nematódeos, trematódeos e cestódeos)
Testar a campo como recurso em um controle integrado.
Aferir toxicidade.
Aferir índices de resíduos tissulares (carne e o leite), bem como sua sensorialidade.
106
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116
APÊNDICE A – Instruções e roteiro para realização das reuniões e entrevistas.
CONTRIBUIÇÕES
PARA
AS
REUNIÕES
E
ENTREVISTAS
A
SEREM
REALIZADAS NA BUSCA DE UNICIDADE DE PROCEDIMENTOS.
REUNIÃO
A metodologia de escolha da amostra baseia-se na técnica de amostragem não
paramétrica. Para isso foi escolhida a abordagem através de amostra intencional que, segundo
Thiollent (1986) apud Avancini (2002), trata-se de uma pessoa ou pequeno número de
pessoas que são escolhidas intencionalmente em função da relevância que elas apresentam em
relação a um determinado assunto.
Portanto na reunião programada, a comunidade indicará 1, 2, 3 ou mais pessoas, não
necessariamente presentes, que possam falar sobre o “uso de plantas medicinais no tratamento
de doenças dos animais”.
ENTREVISTA
Deve-se perceber que não se trata da aplicação de um questionário, mas sim de um
roteiro para os entrevistadores de questões que devem ser tratadas durante a entrevista. Não
devemos esquecer durante este processo das palavras chaves do nosso projeto: verminose,
verme, parasitas, mamite, mastite, inflamação do úbere e carrapato.
ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA
Data da entrevista: ______________ Entrevistador: _________________________________
Instituição: ____________________ Município: ___________________________________
a) Dados de Identificação
Nome: _____________________________________________________________________
Localidade (há quanto tempo): __________________________________________________
Local de nascimento: _________________________________________________________
Com quem, quando e aonde aprendeu a trabalhar com plantas medicinais? _______________
Participou de alguma atividade relacionada a plantas medicinais (curso, reunião, palestra,...)?
___________________________________________________________________________
b) Questões gerais
Quais doenças que os animais apresentam (devem ser listadas todas as doenças
citadas)?____________________________________________________________________
Os itens a seguir devem enfocar as três linhas da pesquisa: endoparasitos, ectoparasitos e
mamite. Devendo ser tratadas preferencialmente de forma individual para cada tema.
117
O que as provoca (causas)?_____________________________________________________
Como identifica as doenças (sinais)?______________________________________________
Como poderia evitar / prevenir o aparecimento destas doenças?________________________
O que utiliza primariamente no combate a estas doenças?_____________________________
c) Uso das Plantas
Quais plantas utilizam?________________________________________________________
Qual à parte da planta que utiliza? E em que condições usam esta planta? Seca ou
verde?_____________________________________________________________________
Mistura com outras plantas?____________________________________________________
Existe alguma condição especial para uso?_________________________________________
Quais as restrições ao uso? Perigos? Prenhez? Fraqueza?.....?__________________________
Como prepara para o uso (chá, infusão, pomada, tintura, xaropes,...)? Uso interno ou externo?
___________________________________________________________________________
Quanto usa da planta? Quantas vezes?____________________________________________
d)Coleta das plantas
Qual a época do ano, horário, lua,..., e estágio de desenvolvimento da planta?_____________
Existe alguma condição especial para coleta?_______________________________________
Onde coleta a planta? Cultiva?___________________________________________________
Como guarda, seca e conserva a planta?___________________________________________
e)Dados sobre uso de plantas junto à família
Quais as doenças mais freqüentes na sua família e os acidentes mais comuns: _____________
Quando surge alguma doença em casa o que costuma fazer primeiro: ____________________
Quando alguém da família está doente utiliza plantas medicinais (isolada ou associada a
outros medicamentos)?________________________________________________________
f) Dados de identificação da planta pesquisada
Denominação: _______________________________________________________________
Data da coleta: ____________________Quem coletou: ______________________________
Quem deu a informação: _____________________Local da coleta: ____________________
Abundância local: ____________________________________________________________
Habitat: ____________________________________________________________________
OBSERVAÇÕES:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
118
ANEXO A - Entrevistas com usuários tradicionais de plantas medicinais
Entrevista 1
Data da entrevista: 10/05/2002
Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: São Luiz Gonzaga/RS
a) Dados de identificação
Nome do informante: Santina Maria da Cruz
Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos.
A família é natural de Nonoai. Mora no Assentamento São Domingos há nove anos aonde faz
parte de um grupo de mulheres que produz essências, principalmente para uso humano.
b) Questões gerais
Antes de ser assentada, usava algumas essências para uso humano. Seu pai usava a
“erva-de-santa-maria” para o controle da verminose em terneiros e “pimenta-do-reino” via
oral para o controle do carrapato e da verminose.
Como exemplos de uso rotineiro de medicamentos, que aprendeu a preparar, cita o
uso da “losna” para a dor de estômago, essência de “malva” e “erva penicilina” para a gripe e
como calmante a “quebra-pedra” e a “pata-de-vaca” para problemas de rins e bexiga. Usa
também a “alfavaca” para o controle do churrio de terneiros.
Entende como principais problemas na área animal o carrapato, berne, verminose e
carbúnculo.
Identifica o animal com verminose quando este está com o pêlo arrepiado, range os
dentes e come pouco. Também faz uma observação no olho, que fica pálido.
A mastite na sua propriedade não é problema, pois após a ordenha deixa os terneiros
mamarem nas vacas. Antes de adotar este manejo seguidamente apareciam casos de mamite.
Acredita que as gramas altas, matos e capoeiras favoreçam o aparecimento dos
carrapatos. Decide banhar os animais quando aparecem alguns carrapatos.
Começou a usar o pastoreio rotativo há seis meses, que associado ao uso das ervas,
tem provocado uma diminuição de carrapatos nos animais.
Tem usado, como primeira opção no controle das doenças, plantas em diversas
formas de usos, usa também a homeopatia. Produtos químicos são raramente usados na
propriedade.
119
c) Uso das plantas:
Controle do carrapato
Folha de “umbu” + folha de fumo.
São coletadas as folhas verdes, livres de manchas, em qualquer época do ano. Utiliza
como medida um punhado de cada planta, coletadas de manhã ou à tardinha. Utiliza em todos
os animais, não tendo restrições. As folhas são fervidas até obter a cor amarelada. É colocada
água suficiente para cobrir as folhas no vasilhame. Usar um litro deste chá em 20 litros de
água. Fazer banhos com intervalos de 15 a 20 dias. Prefere preparar no dia em que vai usar,
mas pode ser guardado em recipiente fechado por até 30 dias.
Segundo observações da produtora esta mistura não mata os carrapatos, mas somente
os derruba. O uso mais concentrado mata os bernes, porém derruba o pêlo dos animais.
O “umbu” é abundante, porém o fumo depende de ser plantado. Na sua propriedade
o fumo nasce todo ano por ressemeadura natural. Prefere banhar ao entardecer, após a
ordenha.
2-Cinza de “umbu” + sal
São coletados tocos ou galhos secos para a produção de cinza de “umbu”. Usa 100
gr. de cinza misturada em 10 kg de sal. Deixa comer toda a mistura.
Relatou que usa também “erva-mate” + sal para o controle do carrapato.
120
Entrevista 2
Data da entrevista: 10/05/2002
Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: São Luiz Gonzaga/RS
a) Dados de identificação
Nome do informante: Ozair de Farias
Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos.
É natural de Erval Grande. Mora no Assentamento São Domingos há 9 anos. Seus
pais já usavam ervas e plantas, era comum o uso de “alho macho” para o controle da
verminose e do carrapato.
Faz parte de um grupo de mulheres que no assentamento prepara essências
medicinais para uso humano, fato que permite a redução dos gastos com medicamentos
comprados pela família.
b) Questões gerais
Os principais problemas que enfrenta na sua propriedade são o carrapato, a mosca do
chifre, a verminose e a diarréia em terneiros. A verminose é mais problema em animais
jovens, com menos de 1 ano de idade.
Identifica a verminose quando os terneiros param de comer, ficam delgados,
amarelados dentro das orelhas.
Identifica a mastite quando incha o úbere, a vaca dá coices, ás vezes tem grumos no
coador, pode aparecer sangue no leite ou não.
Usa o pastoreio rotativo em tifton e campo nativo. Não faz o manejo de colocar o
terneiro mamar na vaca antes ou após a ordenha.
Usa para a diarréia a raiz e ponta de “erva-de-bicho” mais galhos de “mata-campo”
que são fervidos juntos e dados para os animais beberem.
Usa “marcela” + “hortelã” + “erva-de-santa-maria” para controlar os vermes das
crianças.
c) Uso das plantas:
Controle do carrapato:
1º- Grimpa de “pinheiro”.
Para o carrapato o que tem funcionado muito bem é a grimpa de pinheiro fervida em
água. 1 Kg de grimpa de “pinheiro” + 10 litros de água. Pulverizar os animais à tardinha,
após a ordenha. A grimpa de “pinheiro” deu proteção por 20 dias, o carrapato não se fixa no
gado.
121
Podem ser coletadas em qualquer época do ano, em qualquer horário do dia. Como
principal problema, cita a pouca disponibilidade desta planta, embora seja adaptada a região,
possui poucas árvores no assentamento.
O chá deve ser preparado e usado no dia. Não tem contra-indicação. Prioriza para o
controle do carrapato a grimpa de “pinheiro”, por julgar mais eficiente.
2º - Grimpa de “pinheiro” + sal
100 gr. de folhas torradas juntamente com 2 kg de sal. Usar esta mistura durante
cinco dias.
3º - Folhas de “pessegueiro” + folhas de “cinamomo” + folhas de “umbu”
Usa um punhado grande de folhas de cada planta, fervidas em água. Colocar água
suficiente para tapar as folhas. Diluir um litro deste chá em 10 litros de água e banhar os
animais. Estas plantas têm em abundância no assentamento. Esta mistura é feita e usada no
dia. Não tem restrições de coleta e nem contra-indicações de uso.
4º - “Alho” + azeite + sabão em pó
Seis cabeças de “alho” + 200 ml de azeite + 2 colheres de sopa de sabão em pó. Dar
banho nos animais. O sabão em pó é fabricado pela própria agricultora com produtos
existentes na propriedade. Esse é um tratamento que tem uma boa eficiência.
Controle da mamite:
1º Essência de “tansagem”:
Coletar um vidro cheio de folhas de tansagem, cobrir com cachaça, tapar o frasco,
colocar no sol por 21 dias. Não pegar sereno. Usa 2 ml de essência de “tansagem” + 3 ml de
água fervida em infusão intramamária 2 vezes ao dia, após a ordenha. Usa tanto para mastites
com sangue ou não. Obteve bons resultados com este tratamento.
A “tansagem” é abundante no assentamento. O seu uso não se restringe só a mastite,
é usada para contusões e lesões de pele. Costumeiramente usa a essência de “tansagem”
associada ao óleo de angico. Não é coletada no inverno, pois a planta seca.
2º - Óleo de “angico vermelho”
Desfiar a casca interna do “angico vermelho”, colocar em vidro, cobrir com óleo de
girassol ou de milho, levar 21 dias ao sol.
Usar 5 ml em infusão intramamária 2 vezes ao dia durante 3 dias. Usa este óleo tanto
isolado como associado a essências de própolis e a de “tansagem”.
O “angico vermelho” também é usado para humanos em massagens no peito, na
garganta. É usado para acalmar dores de coluna e desmanchar contusões.
122
Entrevista 3
Data da entrevista: 10/05/2002
Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: São Luiz Gonzaga/RS
a) Dados de identificação
Nome do informante: Sebastião Batistela
Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos
Nasceu em Nonoai no ano de 1965, até aos 14 anos de idade viveu dentro da reserva
indígena de Nonoai. Há 9 anos mora no assentamento São Domingos.
Seus avós e pais sempre usavam remédios caseiros para bovinos, mas não lembra das
receitas. Aprendeu a fazer remédios com seu irmão que trabalhava na fazenda de João Pedro
Freitas de Campos, em Sarandi. Segundo ele lá tinha gado bom e não se comprava
vermífugos. Teve experiência com o uso de plantas durante o tempo em que viveu nos
acampamentos. Trabalhava como enfermeiro do acampamento e usavam bastante as plantas
porque não se tinha dinheiro para gastar em remédios comprados, que eram usados só em
última opção.
b)Questões gerais
O principal problema na sua propriedade hoje é o carrapato. A mastite também foi
um problema sério que ele consegui controlar usando o terneiro para “secar” as vacas depois
da ordenha. Tem pouco conhecimento de como prevenir a ocorrência do carrapato. Cita que
seu avô usava folhas e ramas de “mandioca” para os animais não pegarem carrapatos. Quando
os animais estão barrigudos e com o pêlo arrepiado acredita que estejam com verminose.
Para o seu filho faz todos os remédios com plantas. Acredita que as plantas podem
curar. Pela facilidade que os agricultores tem em comprar medicamentos prontos o uso de
ervas não é maior. Algumas pessoas ridicularizam o uso das ervas e isto também desestimula
o uso generalizado.
c) Uso das plantas
Controle da verminose:
1º - “sete-capotes” + “erva-de-bicho” + “pitangueira”:
Esta receita aprendeu em Sarandi. Usar 1 maço (cabe na mão) de cada planta,
picada, ferver bem (5 minutos) em 3 litros de água. Reconstituir. Dar pela boca um litro
por terneiro, durante três dias. São plantas nativas, que existem em abundância no
assentamento. Para controlar a diarréia usa “sete-capotes” mais “pitangueira”. Não tem
restrições quanto ao uso ou colheita, pode ser usado em qualquer classe de animais.
123
Entrevista 4
Data da entrevista: 10/05/2002
Entrevistador: Oldemar Heck Weiller e Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: São Luiz Gonzaga/RS
a) Dados de identificação
Nome do informante: Juçara Jagielo
Localidade: Assentamento São Domingos, Garruchos
É natural de Ronda Alta. Sua mãe, Maria Cavalheiro, usa muitas plantas. Curou-se
da bronquite asmática e da depressão com plantas.
b) Questões gerais
Usa a “pulmonária” para a gripe, para a gripe alérgica usa “erva-de-santa-maria” +
“calêndula” + “chapéu de couro”.
Os maiores problemas nos animais de sua propriedade são os carrapatos e a
verminose. A mamite não é problema, pois após a ordenha coloca os terneiros para secar bem
o úbere.
Para prevenir a mamite usa “fumo brabo” + “funcho” + sal que usa de 8 a 10 dias
após o parto.
c) Uso das plantas
Controle da verminose
1º - “erva-de-bicho” + “erva-de-santa-maria” + “catinga-de-mulata” + “hortelã branca”.
Usar a mesma medida de cada planta. Colher, lavar e deixar ao sol para secar a
umidade. Colocar em um recipiente de vidro, cobrir totalmente as plantas com uma mistura de
um copo de cachaça e meio copo de água fervida. Deixar no escuro por 24 horas. A coleta
deve ser feita até as 10 horas da manhã ou à tardinha. São plantas encontradas com certa
facilidade no assentamento.
Dosagem:
Adulto: 50 gotas/dia durante 13 dias.
Crianças: 25 gotas/dia durante 13 dias.
A “erva-de-santa-maria” e a “erva-de-bicho” morrem no inverno.
124
Entrevista 5
Data da entrevista: 06/06/2002
Entrevistador: Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: Sete de Setembro/RS
a) Dados de Identificação:
Nome: Edite Fim Schittler
Localidade: Rincão dos Donatos
Natural de Tucunduva, viúva e mãe de dois filhos, sempre morou no meio rural,
descendente de alemães, italianos e bugres, com 46 anos de idade, e há 23 anos morando em
Sete de Setembro. Seus pais e avós sempre usaram chás e tinturas para tratamento de doenças
de animais e humanos, aprendeu com eles o uso das plantas. Participou de Seminário de
Plantas e Ervas Medicinais e Curso de Medicina Alternativa promovidos pela EMATER/RS
local. Participa com a Pastoral da Criança da elaboração de pomadas e xaropes com plantas
medicinais.
b) Questões gerais
Entre as principais doenças cita a tristeza, mamite e intoxicações. Entre as
parasitoses o carrapato é o maior problema. A verminose nos animais jovens e a mosca dos
chifres nas vacas leiteiras. O berne não é problema, pois faz o controle com o uso de “pau
leiteiro” ou avelóz. Depois que começou a usar a erva mate junto com o sal, usa somente uma
vez por ano produto químico para o controle de carrapatos e a verminose diminuiu
drasticamente, praticamente não usa vermífugo para as vacas em lactação, como alternativa
usa uma folha verde de bananeira por dia durante três dias. Identifica a verminose quando os
animais principalmente jovens ficam barrigudos e com o pêlo arrepiado e não comem direito.
Identifica a mamite quando encontra grumos no coador de leite, faz CMT ou quando o úbere
fica avermelhado, duro e quente não saindo leite ou pouco leite grosso e com pús e sangue. A
tristeza quando as vacas ficam de cabeça baixa na sombra perto da água, não comem e
reduzem a produção de leite pela metade. Os vizinhos não usam a erva mate e nem plantas
para o controle de verminose, carrapatos e mosca dos chifres, aplicam produtos químicos
seguidamente e não resolvem os problemas.
c) Uso das plantas
Utiliza folha de chuchu e iodo para controle da pressão alta, losna, alcachofra, malva
e manjerona para humanos. Nos animais usa para o controle de carrapatos erva mate seca na
sombra misturada na ração uma vez ao dia fornecida para as vacas em lactação, toda a erva
que sai da cuia de chimarrão vai para os animais. Os animais que são tratados ficam mais
resistentes não pegando carrapato e matando os que já possuem, alisam o pelo melhorando a
produção de leite. Acredita que também controla verminose.
125
Entrevista 6
Data da entrevista: 11/06/2002
Entrevistador: Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: Sete de Setembro/RS
a) Dados de Identificação
Nome: Nelson Roberto Paluchowski
Localidade: Linha Boa Vista
Nascimento: Guarani das Missões
Tem 33 anos, casado, pai de um filho, sempre morou junto com os pais no meio rural
mesmo depois de casado, aprendendo com os avós e pais a fazer uso das plantas para o
controle de doenças tanto de humanos como de animais.
Participou do Seminário Municipal de Plantas Medicinais promovido pela
EMATER/RS local. A esposa participou do curso de medicina alternativa melhorando os
conhecimentos que já possuía. Explora uma área em conjunto com os pais de 25 ha com
produção diversificada, tendo o leite como produto principal.
b) Questões gerais
Como principais problemas do rebanho leiteiro cita a verminose, os carrapatos, a
mamite, a mosca dos chifres e a tristeza parasitária.
Faz o uso das plantas quando os animais começam a ficar barrigudos, não comem
direito e alguns apresentam papeira no caso da verminose.
Praticamente não tem problemas com mamite e verminose desde que começou a usar
as plantas medicinais.
c) Uso das plantas
Para o controle da verminose de galinhas faz cochos dos troncos das bananeiras e dá
água para as galinhas, repete esta prática a cada três meses.
No controle da verminose do rebanho leiteiro usa “erva-de-bicho”, 0,5 kg da
planta verde em um litro de água; macera e ferve a planta fornecendo 200 ml via oral
durante um dia. Coleta a planta inteira, somente em dias com sol, durante a manhã até as dez
horas e de preferência na lua nova. Repete o tratamento em 30 a 40 dias, tendo alguma
restrição em vacas com adiantado estado de prenhes, neste caso diminui a dose pela metade.
Usa a mesma quantidade tanto para animais adultos como para jovens.
Usa “mamão do mato” e folha de “bananeira” na proporção de dois quilos de cada
um por animal, durante três dias, misturado no pasto picado sendo coletados somente pela
manhã e em dias com sol.
126
Entrevista 7
Data da entrevista: 07/06/2002
Entrevistador: Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: Sete de Setembro/RS
a) Dados de identificação
Nome: Dirceu Deon e Olga Deon
Naturais da cidade de Jaguari, ambos de origem italiana e alemã, há 20 anos
morando em Sete de Setembro. Adquiriram o conhecimento com seus pais, avós e bisavós.
Praticamente não usam remédios químicos somente chás e tinturas de plantas.
b) Questões Gerais / c) Uso das plantas
Em humanos usam:
-
“Cipó miloni” = para problemas estomacais;
-
“cancorosa” = para gestante, ferida e limpar o sangue;
-
“cipó escada” = para problemas de coluna;
-
“gervão” = diurético;
-
“cipó uva do mato” = para azia, estômago e diurético;
-
“guanchuma” = para gastrite e azia;
-
“urtiga do mato” = para infecção, rins e coluna;
-
“corticeira” = para reumatismo;
-
“sete-capotes” = para diabete;
-
“mamica de cadela” = para estômago;
-
“casca de çucará” = para pressão alta;
-
“douradinha” = para limpar sangue.
Em animais usam
Para garrotilho – “aroeira bugre” mais “guamirim”. Um maço de folhas e brotos torrado
no fogão misturado ao sal dado uma vez ao dia durante cinco dias.
Para o controle de verminose:
“Erva-de-santa-maria”: para animais adultos em torno de 200 gr. de planta verde uma vez
dia durante cinco dias, colhidas pela parte da manhã, de preferência folhas e misturadas na
ração.
“Hortelã” e sabão caseiro: chá de “hortelã” misturado com sabão caseiro para terneiro, 1
litro uma vez ao dia durante três dias.
Pimenta preta, sal e “alho”: via oral para controle de verminose e carrapato uma vez ao dia
durante três dias.
127
Entrevista 8
Data da entrevista: 10/06/2002
Entrevistador: Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: Sete de Setembro/RS
a) Dados de identificação
Nome: Valdori Ávila e Maria Gorete Wolff
Descendentes de italianos, os pais vieram da Itália para Florianópolis e depois para
Sete de Setembro. Usam plantas medicinais tanto para animais como para humanos,
reduziram os custos de medicamentos alopáticos em 70 % no rebanho leiteiro.
b) Questões gerais / c) Uso das plantas
Reconhecem que os animais estão com verminose quando ficam com pêlo arrepiado,
barrigudo e comem pouco.
Para o controle da verminose usa folha e fruta de “uva-do-japão”, mistura com o
pasto picado e fornece no cocho, dá em torno de 500 gr. de folha durante três dias sempre pela
manhã. Folha de “mandioca” dá a parte aérea (folha + rama), uma planta por dia por animal
misturada com cana-de-açúcar ou pasto durante cinco dias. Não tem restrições de uso tanto na
“uva-do-japão” como na “mandioca”, fornece para todos animais. Após o uso de ramas de
mandioca nota que os animais ficam com o pêlo brilhoso e melhoram o apetite.
Não usa mais vermífugo nas vacas leiteiras.
Nas rachaduras de tetos usa "tansagem", banha e "confrei", colocando junto parafina
ou cera para melhorar a aderência.
128
Entrevista 9
Data da entrevista: 11/06/2002
Entrevistador: Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: Sete de Setembro/RS
a) Dados de Identificação
Nome: Celmira Rockenbach
Local de nascimento: Santo Ângelo
Os pais eram agricultores no município de Santo Ângelo, usava ervas e plantas tanto
para animais como humanos.
Trabalha na pastoral da criança tendo conhecimento do uso de várias plantas para o
tratamento de doenças e controle de parasitas.
b) questões gerais / c) uso das plantas
Usa carqueja moída e seca misturada na ração, para os animais, no controle de
carrapato, não mata o carrapato, mas impede que ele se grude ao animal. A carqueja é
coletada pela manhã até as 10 horas e seca a sombra fornecendo para os animais durante cinco
dias uma vez por dia, não tem restrições quanto ao seu uso para todos tipos de bovinos.
Repete a aplicação de 1,5 a 2 meses.
Utiliza a “erva-de-santa-maria” como vermífugo tanto para crianças como para
animais. Para ruminantes dá 100 gr. de planta verde por dia ou seca a planta na sombra
fornecendo misturada com a ração durante um dia. Para terneiros usa em torno de 30
gr. (um galho com sementes e folhas) seca por animal, moída e misturada na ração. Tem
restrição em vacas prenhes, diminuir a quantidade, da planta seca da em torno de 20 gr
na ração por dia.
129
Entrevista 10
Data da entrevista: 12/06/2002
Entrevistador: Marcelo Machado
Instituição: Emater
Município: Sete de Setembro/RS
a) Dados de identificação
Nome: Albino Paluchowski
Natural de Guarani das Missões aprendeu o uso de muitas plantas com o benzedor
Amâncio do Carmo que morou próximo a sua casa e com seus pais e avôs. A mais de 20 anos
residindo no município de Sete de Setembro, usa mais plantas para humanos, no tratamento
de diversas doenças, em animais usa as plantas mais para o controle de verminose que é o
principal problema de seu rebanho.
b) Questões gerais / c) Uso das plantas
Para verminose usa uma planta inteira de “erva-de-santa-maria” uma vez por mês por
animal, o que significa mais ou menos 250 gr. da planta. Coleta a planta só pela parte da
manhã e de preferência com sementes. Para terneiro dá a planta seca na sombra, moída
misturada na ração ou pasto em torno de 30 gr. por animal uma vez ao dia durante três dias
repetindo mensalmente.
Usa “erva-de-bicho” em forma de chá para terneiros e vacas, 1 kg da planta em 3
litros de água, da via oral 1 litro por dia durante três dias de preferência na lua minguante.
Tanto a “erva-de-santa-maria” como a “erva-de-bicho” não dá para vacas prenhes.
“Mamão” e “mamão do mato”: 2 kg de folhas verdes misturados no pasto durante
cinco dias usa também para suínos não tendo restrição quanto ao uso para bovinos. Para todos
animais com pêlo arrepiado e barrigudos fornece uma vez por mês durante três dias.
Na retenção de placenta usa “manjerona” na forma de chá, um maço da planta em
um litro de água até se limpar, leva mais ou menos dois dias.
130
Entrevista 11
Data da entrevista: 23/05/2002
Entrevistador: Luciana Honorato
Instituição: COPTEC
Município: Viamão/RS
a) Dados de identificação
Nome: Vivaldino Martins
Localidade: Assentamento Filhos de Sepé – Viamão, mora no assentamento há três anos.
Local de nascimento: Rodeio Bonito
Aprendeu a utilizar plantas medicinais inicialmente com a mãe e a vó e, mais tarde,
quando foi para o acampamento do MST onde era o responsável pela Equipe de Saúde, tendo
realizado cursos e visitas a hortas de plantas medicinais.
b) Questões gerais
O primeiro sinal de animal doente é quando ele não quer comer ou “fica enjoado para
comer”, as vacas ficam desanimadas e tristonhas.
Para prevenir mamite ele utiliza a rama de “mandioca”, “erva-de-santa-maria” e
“sete sangrias”, fornecidas no cocho com sal. As plantas são amassadas no pilão.
Para aves ele utiliza para prevenir pestes, a “bananeira” como bebedouro e também
fornece “cipó-mil-homens” no cocho.
Para carrapatos: rama de “mandioca” e cinzas, fornecidas na ração. A “mariapretinha” é usada para lavar os animais, contra bernes e carrapatos e também para lavar
feridas.
Para verminoses: Chá de “paú-bugre” e “goiabeira” (feitos separadamente). “Paúbugre” pode causar aborto.
c) Uso das plantas
Plantas mais usadas em humanos:
a) “coronilha”; o chá feito da casca é usado para baixar a pressão arterial;
b) “fumeiro bravo”: o broto é usado para resfriado e pontada (chá), as folhas são usadas
também em picadas de aranha, as quais são torradas e colocadas na pele em forma de
pó;
c) “Umbu”: para aliviar dores de cabeça, a folha é aquecida no fogão e colocada nas
têmporas. Para tirar “chio do peito e pontadas” também se utiliza a folha aquecida e
131
colocada no peito deixando-a enfaixada junto ao corpo. O “umbu” também é usado
em cólicas.
d) “Cancorosa”: usada como laxante e para “limpar o sangue”;
e) “Guanxuma”: contra todo tipo de infecção, usada a planta inteira como chá;
f) “Jurubeba”: para gastrite e úlceras, utiliza-se a planta inteira, na forma de chá;Cálculo
renal: chá de “boldo” junto com a flor do “milho”, chá de “unha de gato”;
g) “Arruda”; para recém nascidos, é torrada e colocada com azeite para secar o umbigo e
prevenir infecção, também para tirar resfriado de criança.
h) “Guiné”: o chá é usado em dores de cabeça;
i) “Salsa”: a raiz é usada para tirar “amarelão”.
j) “Tansagem”: usado como diurético;
k) “Catinga de mulata”: para regular a menstruação;
l) “Roseta”: lavar feridas inflamadas, as feridas se fecham rapidamente, sem deixar
cicatrizes.
Plantas mais usadas em animais:
a)“Umbu”: usado em mamites e para “limpar o leite” após o parto. A folha é torrada e
moída e colocada na ração, ou então se faz o chá do “umbu” junto com “funcho”, em
beberagem.
b)“Umbu”, “mata-campo” e “fumeiro bravo”: usado em mamite, usa-se as plantas juntas
em chá para beber e também passar no úbere.
c)“Mata-campo”: para fortalecer os animais fracos, é usado na forma de multimistura
(junto com folhas de batata e mandioca), triturado e fornecido no cocho.
d)“Tajujá”: em prolapso de útero, usar o chá para beber e também lavar o útero. Usada
também para doenças venéreas em touros.
d) Coleta das plantas
Na lua nova são coletadas as folhas, frutos e flores, na lua cheia as raízes.
São secas à sombra, dentro de casa.
A planta torrada, transformada em pó, é a forma mais prática para fazer os chás. A
manipulação das plantas, tanto colhe-las como torra-las, é feita a noite (costume herdado da
avó).
132
Entrevista 12
Data da entrevista: 23/06/2002
Entrevistador: Luciana Honorato
Instituição: COPETEC
Município: Viamão/RS
a) Dados de identificação
Nome: Oldemiz Souza Chiuza
Localidade: Assentamento Filhos de Sepé – Viamão, mora no assentamento há 3 anos.
Local de nascimento: Palmeira das Missões
Utilizava antigamente várias plantas medicinais para uso nas doenças da família,
porém não eram muito utilizadas em animais, pois, segundo ele “antigamente não eram vistas
essas doenças que temos agora, como essa mamite, os terneiros eram soltos com as vacas após
a ordenha e eles terminavam de esgotá-las”.
b) Questões gerais
As doenças mais comuns que ocorrem nos animais são: carbúnculo, para o qual se
faz vacinações como prevenção. “Peste do chifre, caruncho e estufamento” também foram
doenças citadas.
Para tratar do timpanismo ele usa a “carqueja” (chá) com bicarbonato, na proporção
de 200 gramas de bicarbonato para 2 litros de chá.
Para aves, o tronco da “bananeira” como bebedouro, é usado para “evitar pestes”.
A fruta do “cinamomo” moída no sal é usada para tratamento de garrotilho nos
cavalos.
c) Uso das plantas
As plantas mais freqüentemente utilizadas na família: “quebra-pedra”, “pata de vaca”
e “pêlo de porco”, para problemas de rins e bexiga. A “malva” é usada para todas as
inflamações, principalmente da boca, em que usa o chá da planta com leite e sal.
133
Entrevista 13
Data da entrevista: 03/06/2002
Entrevistador: Luciana Honorato
Instituição: COPETEC
Município: Viamão/RS
a) Dados de identificação
Nome: Terezinha Pires Portela
Localidade: Assentamento Filhos de Sepé – Viamão, mora no assentamento há 3 anos.
Natural de Palmeira das Missões aprendeu a usar plantas medicinais na família,
participou de algumas palestras realizadas no próprio assentamento. Na visita a casa de Dona
Teresinha, ela identificou várias espécies de plantas medicinais que ela cultiva em seu quintal
e horta, e falou sobre algumas plantas que utilizava onde morava anteriormente e que aqui são
encontradas com dificuldade.
b) Questões gerais / c) Uso das plantas
A informante faz uso de plantas principalmente para as doenças na família:
1. diarréias: “sete-capotes”, “pitangueira” e “goiabeira”. Faz o chá das folhas verdes. Mistura
até duas plantas no mesmo chá.
2. gripe: “alho” macerado em jejum ou em xaropes.
3. pneumonia (“pontada”): “funcho” e “baldrana”, faz o chá das folhas verdes.
4.machucados: passar banha de porco, quando fica algum corpo estranho (sujeira ou espinho),
faz emplastro com “linhaça”, que serve para puxar as sujidades, inclusive cisco no olho.
Dentre as doenças observadas nos animais foram relatadas as seguintes:
1. Retenção de placenta: Utilizava quando morava em Palmeira, uma planta conhecida como
“puxa-tripa”, porém aqui ela ainda não encontrou esta planta.
2. Carbúnculo: Prevenção através de vacinas.
3. Mamite: Ocorrem raramente casos em que o “leite estraga”, pois ela costumava deixar o
terneiro terminar de esgotar a vaca, segundo a informante este é um manejo preventivo para
que não haja leite residual. Uma prática utilizada nas mamites é a injeção com o próprio leite
infectado. O chá de “hortelã” também era utilizado para fazer massagem no úbere.
4. Verminose: para terneiros, utiliza 6 “alhos” esmagados em um litro de cachaça,
deixar 2 dias fermentando e dar de beber 100 ml pela manhã e 100 ml pela tarde.
5. Carrapatos: O chá das folhas de “umbu” é usado para bernes e carrapatos. Outra prática
usada para repelir carrapatos é passar cinzas sobre o pêlo do animal.
d) Coleta das plantas
As plantas que são armazenadas são secas a sombra, dentro de casa em local
ventilado, as mesmas são coletadas em seu quintal e horta. Ela evita o plantio na lua nova.
134
Entrevista 14
Data da entrevista: 06/06/2002
Entrevistador: Luciana Honorato
Instituição: COPETEC
Município: Tapes/RS
a) Dados de identificação
Nome: João Gonçalves de Lima
Localidade: Assentamento Lagoa do Junco, Tapes.
Local de nascimento: Tapes
b) Questões gerais
Doenças mais comuns que ocorrem na família:
Diarréia, dores de estômago e prisão de ventre.
Doenças mais comuns que ocorrem nos animais:
Diarréia e garrotilho.
Identificação das doenças:
Mamite: é vista quando é difícil de sair o leite do teto. Ele não conhece outras formas de
evita-la a não ser tirar leite 3 vezes ao dia;
Verminose: reconhece quando o animal tem o pêlo arrepiado, olhos fundos e não se alimenta.
O tratamento usado é o chá de “bugre” e “baleeira”.
Carrapatos: conhece o uso de “umbu”, mas o tratamento que mais utiliza é o diesel em água,
para banhar os animais.
c) Uso das plantas
Plantas que conhece e utiliza: a “vassoura vermelha” é usada na forma de chá para
prisão de ventre; o chá da “coronilha” para “afinar o sangue”; a “babosa” para dores de
estômago e em cortes de pele; o chá da “marcela” para diarréia.
Plantas que conhece e utiliza para tratar os animais: “baleeira” e “erva-de-bugre”
usadas juntas em forma de chá, para diarréias em terneiros e cavalos.
d) Coleta das plantas
As plantas são coletadas na hora do uso, quando necessário, a única planta que ele
armazena é a “marcela” (seca dentro de casa).
135
Entrevista 15
Data da entrevista: 03/06/2002
Entrevistador: Ricardo
Instituição: COPETEC
Município: Eldorado do Sul/RS
a) Dados de identificação
Nome: Pai João, Elia, Pino e esposa.
Localidade: Assentamento Integração Gaúcha, Eldorado do Sul, mora no assentamento desde
1994.
Inicialmente aprenderam a trabalhar com plantas medicinais com os pais e avós.
Realizaram alguns cursos nos locais de origem, e também obtiveram alguns conhecimentos no
acampamento. Mas nestes cursos praticamente só aprenderam novos métodos de uso
(pomadas e xaropes), pois quanto para o que servia cada espécie o aprendeu com pais e avós.
b) Questões gerais
Mamite, carrapatos, verminose e piolho são as doenças que os animais mais
apresentam.
As verminoses acham que pode vir da própria mãe, da alimentação, da água, do lixo
ou moscas. Quanto aos piolhos e carrapatos não tem idéia da causa. A mamite acha que é por
as vacas serem mal esgotadas.
Identificam a verminose quando o animal range os dentes, fica com o pelo arrepiado
ou come coisas diferentes do normal (terra). A existência de piolho identifica com a queda
dos pêlos.
A mamite é identificada através do inchaço do úbere ou principalmente quando se
visualiza grumos no coador. E identifica-se qual é o animal que apresenta estes grumos no
momento de lavar os tetos.
Não tem idéia de como prevenir a verminose e os piolhos. Para os carrapatos usava,
há tempos atrás, adicionar no sal, cinza de palha de feijão preto e fornecer aos animais. Para a
mamite usam esgotar bem o úbere.
Utilizam primariamente no combate a verminose fornecer “bananeira” (folhas e
troncos) aos animais. Para carrapatos já utilizaram banho de bolinhas de cinamomo
fermentadas. Para mamite utilizam fornecer a planta de “penicilina” (toda planta) ou “alho”
para os animais comerem e principalmente massageiam o úbere com a chamada Pomada
Milagrosa (feita com diversas ervas: “sabugueiro”, “tansagem”, “erva lanceta”, “mil-emramas” e outras).
136
c) Uso das plantas
Mamite: “penicilina” (folhas e ramos), “alho” (dentes), “sabugueiro”, “tansagem”, “erva
lanceta” e “mil-em-ramas”;
Carrapato: “cinamomo”;
Verminose: “bananeira” (fornece o caule e as folhas para os animais comerem);
Inflamações em geral: “penicilina”
Usa várias plantas juntas na elaboração das pomadas.
Desconhece restrições ao uso das plantas
d) Coleta das plantas
Só não fazem a coleta na lua nova, pois pode matar as plantas. Sempre conversa com
as plantas no momento da coleta
A grande maioria das plantas utilizadas é cultivada, a não ser as que são nativas e
abundantes no local.
e) Dados sobre o uso de plantas junto à família
As doenças mais freqüentes na sua família são a gripe, os vermes e as micoses.
Em primeiro lugar frente às doenças utilizam os recursos caseiros (chás, pomadas, xaropes e
benzeduras). Quando alguém da família está doente usa só as plantas medicinais.
137
Entrevista 16
Data da entrevista: 04/06/2002
Entrevistador: Ricardo
Instituição: COPETEC
Município: Nova Santa Rita / RS
a) Dados de identificação
Nome: Clemente / Adílio
Localidade: Assentamento Capela, mora no assentamento desde 1992.
Local de nascimento: Nonoai
Aprenderam a trabalhar com plantas medicinais com os pais e avós. Já participaram
de algumas atividades (cursos, reuniões e palestras) relacionadas com plantas medicinais.
b) Questões gerais
As doenças que os animais apresentam são carrapatos e baratinha no folhoso.
Identifica visualmente estas doenças. Utilizam primariamente no combate ao carrapato banho
de cinamomo.
c) Uso das plantas
Utiliza as folhas, frutos e ramos do cinamomo. Tritura na forrageira (folhas, ramos e
frutos), 1/3 de um tambor de 200 litros, completa com água e fermenta em torno de quarenta
dias. Passa com pano uma vez por dia por três dias.
d) Coleta das plantas
Coletar o cinamomo quando os frutos estiverem amadurecendo. Coleta nas plantas
existentes sem nenhuma condição especial.
e) Dados sobre o uso de plantas junto à família
As doenças mais freqüentes na família são a gripe e dor de cabeça. Quando surge alguma
doença em casa utilizam em primeiro lugar os recursos caseiros.
138
Entrevista 17
Data da entrevista: 04/07/2002
Entrevistador: Ricardo
Instituição: COPETEC
Município: Eldorado do Sul / RS
a) Dados de identificação
Nome: Dona Antônia e João Engelman
Localidade: Assentamento Integração Gaúcha, mora no assentamento desde 1994.
Aprendeu a trabalhar com plantas medicinais através dos conhecimentos de seus pais
e avós. Aprimoraram estes com cursinhos e oficinas no assentamento (com o professor Wiest
e Anselmo), nestas adquiriram conhecimentos principalmente de modos de preparo e
utilização das plantas medicinais (pomada, tintura e elixir).
b) Questões gerais
As doenças dos animais são rachaduras nos tetos, mamite, vermes e carrapato.
c) Uso das plantas
Utiliza a própolis na mamite, o biofertilizante no carrapato e a “bananeira” na
verminose. Não mistura as plantas utilizando uma só.
Utiliza a “bananeira” para os vermes: fornece o caule para os animais comerem pela
manhã por uma semana, para três semanas e repete. A “bananeira” deve ser coletada pela
manhã.
d) Coleta das plantas
As plantas devem ser fornecidas na lua nova, principalmente a primeira vez.
A grande maioria das plantas é cultivada, a não ser as que são nativas e abundantes
no local.
e) Dados sobre uso de plantas junto à família
Resfriados, reumatismos e dores de coluna são as doenças mais freqüentes na
família. Quando surge alguma doença, em primeiro lugar utilizam os recursos caseiros (chás,
pomadas, xaropes e benzeduras). Quando alguém está doente usa só plantas medicinais.
139
Entrevista 18
Data da entrevista: 04/06/2002
Entrevistador: Dario de Melo
Instituição: COPTEC
Município: Eldorado do Sul / RS
a) Dados de identificação
Nome: Floraci
Idade: Aproximadamente 70 anos
Localidade: Assentamento Integração Gaúcha, mora no assentamento desde 1994.
Local de nascimento: Erval Seco
Aprendeu a trabalhar com plantas medicinais primeiramente com os pais e avós. No
município de origem, dificilmente ia a médico. Participou de cursos e reuniões no
assentamento. Mais recentemente trabalha com o grupo da “farmácia viva”.
b) Questões gerais
As doenças que os animais apresentam são a mamite, a diarréia e a verminose.
A causa da mamite acha que são micróbios. A diarréia às vezes pode ser pelo
alimento, por exemplo, comer alguma coisa em excesso ou pode ser também alguns
micróbios. A verminose é causada por vermes.
Identifica a mamite pelo leite, às vezes aparecem grumos, pus e inchaço. Quando os
animais têm vermes a gente vê pela barriga grande, pêlos arrepiados e feios. Poderia prevenir
a mamite com higiene e chá de plantas. Utiliza primariamente as plantas no combate a essas
doenças.
c) Uso das plantas
a) mamite: “carqueja”, “babosa”, “sabugueiro”, “penicilina” e “confrei” (uso externo);
b) moscas, insetos e carrapatos: “arruda”, “erva-de-bicho”, “catinga-de-mulata” e
“alecrim”;
c) verminose: “bananeira”;
d) diarréia: “flor vermelha”;
e) cicatrizante: “serralha”.
Parte das plantas utilizadas:
“carqueja” (folhas e galhos verdes ou secos); “babosa” (folha fresca, somente o “leite”);
“sabugueiro” (folhas); “penicilina” (folhas e ramos); “confrei” (folhas); “arruda” (folhas e
ramos); “erva-de-bicho” (folhas e ramos); “catinga de mulata” (folhas e ramos); “alecrim”
(folhas e ramos); “bananeira” (folhas); “flor vermelha” (folhas e ramos) e “serralha” (folhas e
ramos).
140
Entrevista 19
Data da entrevista: 04/06/2002
Entrevistador: Celso da Silva
Instituição: COPTEC
Município: Eldorado do Sul/RS
a) Dados de identificação
Nome: Leodinéia Salete Ferreira
Nascimento: 16/10/1982
Localidade: Assentamento Padre Josimo, Eldorado do Sul, mora no assentamento desde 1987.
Local de nascimento: Ronda Alta
Aprendeu a trabalhar com plantas medicinais primeiramente com os pais e avós, no
município de origem boa parte do conhecimento adquiriu com os índios por morar próximo
destes.
b) Questões gerais
Mamite, diarréia e verminose são as doenças que os animais apresentam.
A mamite é provocada pela falta de higiene. A verminose é causada por vermes.
Identifica a mamite pelo leite que às vezes aparece com grumos, pus e inchaço. Vermes
observa pela barriga grande e pêlos arrepiados. A mamite se previne com higiene e tratamento
com uso de plantas medicinais.
Utiliza primariamente as plantas no combate as doenças.
c) Uso das plantas
Utiliza as seguintes plantas:
a) mamite: “alfavaca” (infusão);
b) carrapato: “cidreira” e “catinga de mulata”;
c) verminose: sementes de cucurbitáceas (torrada);
d) estimulante do leite: “funcho”;
Parte das plantas utilizadas:
“Alfavaca”: folhas;
“Erva cidreira”: folhas;
“Catinga de mulata”: folhas;
“Funcho”: folhas.
141
APENDICE B - Resultado da contagem do número de ovos por grama da Superfamília
Trichostrongyloidea
Controle
Dia 0
LOG
Dia 1
LOG
Dia 2
LOG
Dia 7
LOG
Dia 14
LOG
Nº dos ovinos
14560
4,16
11810
4,07
16210
4,21
13660
4,14
1810
3,26
16
6610
3,82
6010
3,78
10210
4,01
10810
4,03
16810
4,23
36
8260
3,92
7410
3,87
14410
4,16
15410
4,19
5260
3,72
38
6160
3,79
9310
3,97
5510
3,74
9010
3,95
9160
3,96
44
5610
3,75
8610
3,94
7810
3,89
4610
3,66
7610
3,88
45
4060
3,61
4060
3,61
5110
3,71
3410
3,53
4010
3,60
51
14810
4,17
9610
3,98
6160
3,79
13610
4,13
12610
4,10
57
2560
3,41
1910
3,28
6460
3,81
910
2,96
1210
3,08
59
8
8
8
8
8
N
62630,00 30,63 58730,00 30,50 71880,00 31,32 71430,00 30,60 58480,00 29,83
SOMA
7828,75
3,83
7341,25
3,81
8985,00
3,91
8928,75
3,83
7310,00
3,73
MÉDIA
4557,41
0,26
3221,46
0,26
4447,35
0,19
5388,61
0,26
5403,77
0,40
D. Padrão
20769955,36
0,07
10377812,50
0,07
19778928,57
0,04
29037098,21
0,07
29200714,29
0,16
Variância
58,21
6,77
43,88
6,76
49,50
4,88
60,35
6,90
73,92
10,72
C. Variação
Grupo 1
Dia 0
LOG
Dia 1
LOG
Dia 2
LOG
Dia 7
LOG
Dia 14
LOG
Nº dos ovinos
12160
4,08
19060
4,28
14210
4,15
9010
3,95
5410
3,73
17
4810
3,68
2860
3,46
7960
3,90
5810
3,76
810
2,91
26
23860
4,38
53860
4,73
65410
4,82
3610
3,56
9210
3,96
27
1510
3,18
4110
3,61
6710
3,83
810
2,91
810
2,91
32
2010
3,30
5260
3,72
910
2,96
160
2,20
110
2,04
46
1210
3,08
2210
3,34
1210
3,08
1810
3,26
410
2,61
49
20810
4,32
8260
3,92
8010
3,90
11710
4,07
3710
3,57
50
30010
4,48
4960
3,70
3010
3,48
4410
3,64
910
2,96
53
8
8
8
8
8
N
96380,00 30,51 100580,00 30,76 107430,00 30,12 37330,00 27,36 21380,00 24,70
SOMA
12047,50
3,81
12572,50
3,84
13428,75
3,76
4666,25
3,42
2672,50
3,09
MÉDIA
11467,99
0,57
17525,87
0,46
21453,07
0,60
4040,99
0,62
3230,19
0,63
D. Padrão
131514821,43
0,33
307156250,00
0,21
460234241,07
0,36
16329598,21
0,38
10434107,14
0,40
Variância
95,19
15,04
139,40
11,93
159,75
15,85
86,60
18,03
120,87
20,55
C. Variação
Grupo 2
Dia 0
LOG
Nº dos ovinos
4410
3,64
4
29210
4,47
8
28810
4,46
10
14510
4,16
21
1710
3,23
34
4010
3,60
39
6010
3,78
47
13010
4,11
54
8
N
101680,00 31,46
SOMA
12710,00
3,93
MÉDIA
10988,70
0,44
D. Padrão
Variância 120751428,57 0,19
86,46
11,17
C. Variação
Dia 7
13410
14810
23810
20260
11910
1710
4110
6010
8
96030,00
12003,75
7760,82
60230312,50
64,65
Dia 7
9110
2010
LOG
4,13
4,17
4,38
4,31
4,08
3,23
3,61
3,78
31,68
3,96
0,39
0,15
9,83
Dia 14
3710
2410
13610
18160
6910
1060
1110
3010
8
49980,00
6247,50
6341,52
40214821,43
101,50
LOG
3,57
3,38
4,13
4,26
3,84
3,03
3,05
3,48
28,73
3,59
0,46
0,21
12,79
LOG
3,96
3,30
Dia 14
14010
1010
LOG
4,15
3,00
Grupo 3
Nº dos ovinos
13
15
Dia 0
6110
8010
LOG
3,79
3,90
142
28,96
3,62
0,41
0,17
11,35
4360
2810
910
2410
5010
7010
8
33630,00
4203,75
2763,08
7634598,21
65,73
Dia 0
LOG
Nº dos ovinos
31410
4,50
11
5410
3,73
14
13810
4,14
19
4910
3,69
24
25810
4,41
35
29210
4,47
41
32010
4,51
43
10510
4,02
48
8
N
153080,00 33,47
SOMA
19135,00
4,18
MÉDIA
11686,23
0,34
D. Padrão
Variância 136567857,14 0,12
61,07
8,12
C. Variação
Dia 7
21010
810
6310
9310
13010
14010
2010
4110
8
70580,00
8822,50
6890,46
47478392,86
78,10
22
30
33
37
40
56
N
SOMA
MÉDIA
D. Padrão
Variância
C. Variação
8260
3310
710
1510
10610
6010
8
44530,00
5566,25
3470,02
12041026,79
62,34
3,92
3,52
2,85
3,18
4,03
3,78
3,64
3,45
2,96
3,38
3,70
3,85
28,24
3,53
0,32
0,10
9,15
910
6610
210
2110
10
5710
8
30580,00
3822,50
4811,13
23146964,29
125,86
2,96
3,82
2,32
3,32
1,00
3,76
24,33
3,04
1,01
1,02
33,14
Grupo 4
LOG
4,32
2,91
3,80
3,97
4,11
4,15
3,30
3,61
30,18
3,77
0,48
0,23
12,64
Dia 14
5010
210
6810
4010
310
9460
310
610
8
26730,00
3341,25
3637,64
13232416,67
108,87
LOG
3,70
2,32
3,83
3,60
2,49
3,98
2,49
2,79
25,20
3,15
0,69
0,48
21,93
Grupo 5
Dia 0
LOG
Nº dos ovinos
2610
3,42
7
1810
3,26
12
14410
4,16
18
4810
3,68
23
5010
3,70
25
910
2,96
28
23860
4,38
42
24310
4,39
55
8
N
77730,00 29,94
SOMA
9716,25
3,74
MÉDIA
9796,74
0,53
D. Padrão
95976026,79 0,28
Variância
100,83
14,11
C. Variação
Dia 7
5710
23510
2910
1310
3210
10
4610
2810
8
44080,00
5510,00
7484,08
56011428,57
135,83
LOG
3,76
4,37
3,46
3,12
3,51
1,00
3,66
3,45
Dia 14
LOG
110
2,04
10
1,00
1210
3,08
410
2,61
2310
3,36
10
1,00
110
2,04
1010
3,00
8
26,33 5180,00 18,15
3,29
647,50
2,27
0,99
815,80
0,91
0,99 665535,71 0,83
30,17
125,99
40,28
APÊNDICE C - Resultado da contagem do número de ovos por grama do gênero
Strongyloides.
CONTROLE
Nº dos ovinos
16
36
38
Dia 0
760
410
10
LOG
2,88
2,61
1,00
Dia 1
710
610
10
LOG
2,85
2,79
1,00
Dia 2
910
910
10
LOG
2,96
2,96
1,00
Dia 7
910
210
210
LOG
2,96
2,32
2,32
Dia 14
160
310
10
LOG
2,20
2,49
1,00
143
44
45
51
57
59
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coef. Variação
460
210
160
4810
1060
8
7880,00
985,00
1582,27
2503571,43
160,64
GRUPO 1
Nº dos ovinos
17
26
27
32
46
49
50
53
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coef. Variação
Dia 0
LOG
Dia 1
910
2,96
310
410
2,61
10
1510
3,18
1060
110
2,04
310
610
2,79
310
10
1,00
10
10
1,00
10
1010
3,00
10
8
8
4580,00 18,58 2030,00
572,50
2,32
253,75
542,32
0,88
358,01
294107,14 0,78 128169,64
94,73
38,09
141,09
GRUPO 2
Nº dos ovinos
4
8
10
21
34
39
47
54
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coef. Variação
GRUPO 3
Nº dos ovinos
13
15
22
30
33
37
40
56
N
SOMA
MÉDIA
2,66
2,32
2,20
3,68
3,03
20,39
2,55
0,78
0,60
30,42
Dia 0
LOG
710
2,85
210
2,32
160
2,20
10
1,00
1210
3,08
1610
3,21
1810
3,26
260
2,41
8
5980,00 20,34
747,50
2,54
707,49
0,75
500535,71 0,56
94,65
29,35
Dia 0
210
10
2010
210
10
510
110
1210
8
4280,00
535,00
LOG
2,32
1,00
3,30
2,32
1,00
2,71
2,04
3,08
17,78
2,22
160
410
10
3610
510
8
6030,00
753,75
1184,25
1402455,36
157,11
2,20
2,61
1,00
3,56
2,71
210
210
10
2410
1210
8
18,72 5880,00
2,34
735,00
0,91
818,97
0,82 670714,29
38,77
111,42
19,03
2,38
0,92
0,85
38,87
LOG
2,49
1,00
3,03
2,49
2,49
1,00
1,00
1,00
LOG
2,91
2,20
2,96
2,32
1,00
1,00
1,00
2,79
Dia 2
810
160
910
210
10
10
10
610
8
14,50 2730,00
1,81
341,25
0,89
376,96
0,78 142098,21
48,88
110,46
2,32
2,32
1,00
3,38
3,08
16,18
2,02
0,89
0,79
43,84
460
2,66
910
2,96
610
2,79
410
2,61
10
1,00
10
1,00
9810
3,99
2210
3,34
310
2,49
160
2,20
8
8
12530,00 20,53 4180,00 17,82
1566,25
2,57 522,50
2,23
3342,52
0,83 741,02
0,85
11172455,36 0,69 549107,14 0,72
213,41
32,33 141,82
38,01
Dia 7
410
10
310
10
10
10
10
810
8
1580,00
197,50
294,90
86964,29
149,31
Dia 7
810
410
410
610
1110
110
210
810
8
4480,00
560,00
338,06
114285,71
60,37
Dia 7
10
10
760
10
10
610
10
210
8
1630,00
203,75
LOG
2,61
1,00
2,49
1,00
1,00
1,00
1,00
2,91
13,01
1,63
0,87
0,76
53,63
LOG
2,91
2,61
2,61
2,79
3,05
2,04
2,32
2,91
Dia 14
460
10
10
10
10
10
10
110
8
630,00
78,75
157,97
24955,36
200,60
LOG
2,66
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
2,04
10,70
1,34
0,65
0,42
48,40
21,24
2,65
0,34
0,11
12,64
Dia 14
LOG
910
2,96
10
1,00
1610
3,21
10
1,00
910
2,96
610
2,79
10
1,00
210
2,32
8
4280,00 17,23
535,00
2,15
582,48
0,99
339285,71 0,98
108,88
45,85
LOG
1,00
1,00
2,88
1,00
1,00
2,79
1,00
2,32
LOG
1,00
1,00
2,49
3,42
1,00
2,66
1,00
2,79
Dia 14
10
10
310
2610
10
460
10
610
8
12,99 4030,00
1,62 503,75
15,36
1,92
144
Desvio Padrão
Variância
Coef. Variação
714,64
0,86
510714,29 0,74
133,58
38,73
GRUPO 4
Nº dos ovinos
11
14
19
24
35
41
43
48
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coef. Variação
Dia 0
LOG
210
2,32
310
2,49
160
2,20
110
2,04
210
2,32
2610
3,42
410
2,61
10
1,00
8
4030,00 18,41
503,75
2,30
859,58
0,67
738883,93 0,45
170,64
29,14
GRUPO 5
Nº dos ovinos
7
12
18
23
25
28
42
55
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coef. Variação
Dia 0
LOG
110
2,04
10
1,00
10
1,00
10
1,00
110
2,04
110
2,04
1960
3,29
1960
3,29
8
4280,00 15,71
535,00
1,96
880,75
0,95
775714,29 0,90
164,63
48,45
307,57
94598,21
150,95
0,88 883,35
1,02
0,77 780312,50 1,04
53,91 175,36
53,03
Dia 7
LOG Dia 14
LOG
10
1,00
10
1,00
210
2,32
10
1,00
110
2,04
410
2,61
310
2,49
310
2,49
10
1,00
10
1,00
3010
3,48
1810
3,26
10
1,00
10
1,00
110
2,04
10
1,00
8
8
3780,00
15,37 2580,00 13,36
472,50
1,92 322,50
1,67
1030,86
0,89 622,06
0,95
1062678,57 0,78 386964,29 0,90
218,17
46,06 192,89
56,93
Dia 7
10
10
10
10
110
10
310
410
8
880,00
110,00
160,36
25714,29
145,78
LOG
1,00
1,00
1,00
1,00
2,04
1,00
2,49
2,61
Dia 14
10
10
10
10
10
10
10
110
8
12,15 180,00
1,52
22,50
0,73
35,36
0,54 1250,00
48,28 157,13
LOG
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
2,04
9,04
1,13
0,37
0,14
32,58
APÊNDICE D - Resultado da contagem da carga parasitária do abomaso.
CONTROLE
Nº dos ovinos Haemonchus spp.
160
16
1140
38
400
44
110
45
260
51
410
57
6
N
2480,00
SOMA
413,33
MÉDIA
376,28
Desvio Padrão
LOG
2,20
3,06
2,60
2,04
2,41
2,61
14,93
2,49
0,36
Ostertagia spp.
350
230
310
170
210
230
6
1500,00
250,00
66,93
LOG Trichostrongylus spp.
2,54
120
2,36
50
2,49
70
2,23
10
2,32
120
2,36
50
6
14,31
420,00
2,39
70,00
0,11
43,36
LOG
2,08
1,70
1,85
1,00
2,08
1,70
10,40
1,73
0,40
145
Variância
Coef. Variação
141586,67
91,04
GRUPO 1
Nº dos ovinos Haemonchus spp.
10
17
380
26
840
27
530
32
10
49
570
50
6
N
2340,00
SOMA
390,00
MÉDIA
329,67
Desvio Padrão
108680,00
Variância
84,53
Coef. Variação
GRUPO 2
Nº dos ovinos Haemonchus spp.
40
8
150
10
1480
21
300
34
10
39
660
47
6
N
2640,00
SOMA
440,00
MÉDIA
561,89
Desvio Padrão
315720,00
Variância
127,70
Coef. Variação
GRUPO 3
Nº dos ovinos Haemonchus spp.
1250
13
20
15
10
22
160
30
10
33
360
56
6
N
1810,00
SOMA
301,67
MÉDIA
484,21
Desvio Padrão
234456,67
Variância
160,51
Coef. Variação
GRUPO 4
Nº dos ovinos
0,13
14,35
4480,00
26,77
LOG
1,00
2,58
2,92
2,72
1,00
2,76
Ostertagia spp.
330
70
10
20
170
150
6
750,00
125,00
119,96
14390,00
95,97
LOG Trichostrongylus spp.
2,52
10
1,85
90
1,00
20
1,30
40
2,23
60
2,18
50
6
11,07
270,00
1,85
45,00
0,59
28,81
0,34
830,00
31,80
64,02
Ostertagia spp.
160
480
90
260
110
80
6
1180,00
196,67
153,71
23626,67
78,16
LOG Trichostrongylus spp.
2,20
50
2,68
80
1,95
70
2,41
20
2,04
30
1,90
70
6
13,20
320,00
2,20
53,33
0,30
24,22
0,09
586,67
13,66
45,41
12,98
2,16
0,91
0,82
41,97
LOG
1,60
2,18
3,17
2,48
1,00
2,82
13,25
2,21
0,80
0,64
36,24
LOG Ostertagia spp.
3,10
20
1,30
70
1,00
240
2,20
30
1,00
320
2,56
300
6
11,16
980,00
1,86
163,33
0,89
138,66
0,78
19226,67
47,64
84,89
0,01
4,80
1880,00
61,94
LOG Trichostrongylus spp.
1,30
100
1,85
30
2,38
10
1,48
90
2,51
120
2,48
100
6
11,99
450,00
2,00
75,00
0,53
44,16
0,28
1950,00
26,61
58,88
0,16
22,96
LOG
1,00
1,95
1,30
1,60
1,78
1,70
9,33
1,56
0,35
0,12
22,35
LOG
1,70
1,90
1,85
1,30
1,48
1,85
10,07
1,68
0,24
0,06
14,33
LOG
2,00
1,48
1,00
1,95
2,08
2,00
10,51
1,75
0,43
0,18
24,38
Haemonchus spp. LOG Ostertagia spp. LOG Trichostrongylus spp. LOG
146
11
14
19
24
35
41
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coef. Variação
540
20
470
870
1000
10
6
2910,00
485,00
414,38
171710,00
85,44
GRUPO 5
Nº dos ovinos Haemonchus spp.
1060
7
10
12
590
18
20
28
640
42
250
55
6
N
2570,00
SOMA
428,33
MÉDIA
410,73
Desvio Padrão
168696,67
Variância
95,89
Coef. Variação
2,73
1,30
2,67
2,94
3,00
1,00
13,65
2,27
0,88
0,78
38,88
380
40
100
100
200
20
6
840,00
140,00
133,27
17760,00
95,19
LOG Ostertagia spp.
3,03
10
1,00
10
2,77
10
1,30
20
2,81
10
2,40
10
6
13,30
70,00
2,22
11,67
0,86
4,08
0,73
16,67
38,59
34,99
2,58
1,60
2,00
2,00
2,30
1,30
11,78
1,96
0,46
0,21
23,51
20
10
10
10
260
20
6
330,00
55,00
100,55
10110,00
182,82
LOG Trichostrongylus spp.
1,00
10
1,00
10
1,00
10
1,30
10
1,00
10
1,00
10
6
6,30
60,00
1,05
10,00
0,12
0,00
0,02
0,00
11,70
0,00
1,30
1,00
1,00
1,00
2,41
1,30
8,02
1,34
0,55
0,30
41,06
LOG
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
6,00
1,00
0,00
0,00
0,00
147
APÊNDICE E - Resultado da contagem da carga parasitária do intestino delgado.
CONTROLE
Nº dos ovinos Cooperia spp.
11920
16
6060
38
4240
44
15420
45
480
51
18550
57
6
N
56670,00
SOMA
9445,00
MÉDIA
6980,67
Desvio Padrão
48729750,00
Variância
73,91
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG
4,08
690
2,84
30
1,48
3,78
440
2,64
10
1,00
3,63
2470
3,39
70
1,85
4,19
1980
3,30
200
2,30
2,68
50
1,70
10
1,00
4,27
580
2,76
70
1,85
6
6
6
6
6
22,62
6210,00
16,63
390,00
9,47
3,77
1035,00
2,77
65,00
1,58
0,59
959,43
0,61
71,48
0,52
0,34
920510,00
0,37
5110,00
0,27
15,57
92,70
21,84
109,98
32,85
GRUPO 1
Nº dos ovinos Cooperia spp.
5300
17
2120
26
120
27
460
32
890
49
2570
50
6
N
11460,00
SOMA
1910,00
MÉDIA
1914,10
Desvio Padrão
3663760,00
Variância
100,21
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG
3,72
220
2,34
40
1,60
3,33
160
2,20
10
1,00
2,08
20
1,30
10
1,00
2,66
110
2,04
10
1,00
2,95
1110
3,05
10
1,00
3,41
70
1,85
10
1,00
6
6
6
6
6
18,15
1690,00
12,78
90,00
6,60
3,03
281,67
2,13
15,00
1,10
0,59
411,70
0,58
12,25
0,25
0,35
169496,67
0,33
150,00
0,06
19,61
146,17
27,09
81,65
22,34
GRUPO 2
Nº dos ovinos Cooperia spp.
5280
8
2070
10
2430
21
250
34
2390
39
3310
47
6
N
15730,00
SOMA
2621,67
MÉDIA
1646,82
Desvio Padrão
2712016,67
Variância
62,82
Coef. Variação
LOG
3,72
3,32
3,39
2,40
3,38
3,52
6
19,72
3,29
0,46
0,21
13,96
Trichostrongylus spp. LOG
220
2,34
130
2,11
10
1,00
50
1,70
3190
3,50
1080
3,03
6
6
4680,00
13,69
780,00
2,28
1245,79
0,90
1552000,00
0,81
159,72
39,55
Strongyloides spp. LOG
10
1,00
110
2,04
10
1,00
10
1,00
10
1,00
10
1,00
6
6
160,00
7,04
26,67
1,17
40,82
0,43
1666,67
0,18
153,09
36,23
148
GRUPO 3
Nº dos ovinos Cooperia spp.
11310
13
10
15
740
22
910
30
140
33
1770
56
6
N
14880,00
SOMA
2480,00
MÉDIA
4371,32
Desvio Padrão
19108400,00
Variância
176,26
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG
4,05
430
2,63
20
1,30
1,00
10
1,00
10
1,00
2,87
650
2,81
20
1,30
2,96
750
2,88
10
1,00
2,15
830
2,92
10
1,00
3,25
10
1,00
10
1,00
6
6
6
6
6
16,28
2680,00
13,24
80,00
6,60
2,71
446,67
2,21
13,33
1,10
1,04
363,85
0,94
5,16
0,16
1,08
132386,67
0,88
26,67
0,02
38,39
81,46
42,59
38,73
14,13
GRUPO 4
Nº dos ovinos Cooperia spp.
7510
11
110
14
1540
19
870
24
5360
35
3860
41
6
N
19250,00
SOMA
3208,33
MÉDIA
2877,83
Desvio Padrão
8281896,67
Variância
89,70
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG
3,88
60
1,78
10
1,00
2,04
60
1,78
10
1,00
3,19
10
1,00
20
1,30
2,94
370
2,57
10
1,00
3,73
600
2,78
10
1,00
3,59
810
2,91
10
1,00
6
6
6
6
6
19,36
1910,00
12,81
70,00
6,30
3,23
318,33
2,14
11,67
1,05
0,68
332,35
0,74
4,08
0,12
0,46
110456,67
0,55
16,67
0,02
20,98
104,40
34,69
34,99
11,70
GRUPO 5
Nº dos ovinos Cooperia spp.
10
7
70
12
40
18
10
28
1310
42
340
55
6
N
1780,00
SOMA
296,67
MÉDIA
511,92
Desvio Padrão
262066,67
Variância
172,56
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG Strongyloides spp. LOG
1,00
10
1,00
10
1,00
1,85
20
1,30
10
1,00
1,60
30
1,48
10
1,00
1,00
20
1,30
10
1,00
3,12
10
1,00
10
1,00
2,53
10
1,00
10
1,00
6
6
6
6
6
11,10
100,00
7,08
60,00
6,00
1,85
16,67
1,18
10,00
1,00
0,85
8,16
0,21
0,00
0,00
0,72
66,67
0,04
0,00
0,00
45,74
48,99
17,57
0,00
0,00
149
APÊNDICE F - Resultado da contagem da carga parasitária total do intestino grosso.
CONTROLE
Nº dos ovinos Oesophagostomun spp.
60
16
30
38
10
44
180
45
150
51
10
57
6
N
440,00
SOMA
73,33
MÉDIA
73,94
Desvio Padrão
5466,67
Variância
100,82
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG
1,78
10
1,00
1,48
30
1,48
1,00
10
1,00
2,26
20
1,30
2,18
10
1,00
1,00
10
1,00
6
6
6
9,69
90,00
6,78
1,61
15,00
1,13
0,55
8,37
0,21
0,31
70,00
0,04
34,23
55,78
18,46
GRUPO 1
Nº dos ovinos Oesophagostomun spp.
290
17
310
26
10
27
110
32
10
49
10
50
6
N
740,00
SOMA
123,33
MÉDIA
142,36
Desvio Padrão
20266,67
Variância
115,43
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG
2,46
30
1,48
2,49
10
1,00
1,00
10
1,00
2,04
10
1,00
1,00
10
1,00
1,00
10
1,00
6
6
6
10,00
80,00
6,48
1,67
13,33
1,08
0,75
8,16
0,19
0,56
66,67
0,04
44,82
61,24
18,04
GRUPO 2
Nº dos ovinos Oesophagostomun spp.
2630
8
340
10
670
21
120
34
10
39
130
47
6
N
3900,00
SOMA
650,00
MÉDIA
997,78
Desvio Padrão
995560,00
Variância
153,50
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG
3,42
20
1,30
2,53
130
2,11
2,83
20
1,30
2,08
10
1,00
1,00
20
1,30
2,11
10
1,00
6
6
6
13,97
210,00
8,02
2,33
35,00
1,34
0,82
46,80
0,41
0,67
2190,00
0,17
35,17
133,71
30,58
150
GRUPO 3
Nº dos ovinos Oesophagostomun spp.
1310
13
10
15
40
22
160
30
10
33
20
56
6
N
1550,00
SOMA
258,33
MÉDIA
518,36
Desvio Padrão
268696,67
Variância
200,66
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG
3,12
50
1,70
1,00
10
1,00
1,60
10
1,00
2,20
60
1,78
1,00
10
1,00
1,30
10
1,00
6
6
6
10,22
150,00
7,48
1,70
25,00
1,25
0,83
23,45
0,38
0,68
550,00
0,15
48,47
93,81
30,67
GRUPO 4
Nº dos ovinos Oesophagostomun spp.
420
11
60
14
20
19
30
24
10
35
260
41
6
N
800,00
SOMA
133,33
MÉDIA
168,72
Desvio Padrão
28466,67
Variância
126,54
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG
2,62
70
1,85
1,78
10
1,00
1,30
10
1,00
1,48
10
1,00
1,00
10
1,00
2,41
10
1,00
6
6
6
10,59
120,00
6,85
1,77
20,00
1,14
0,64
24,49
0,35
0,41
600,00
0,12
36,20
122,47
30,24
GRUPO 5
Nº dos ovinos Oesophagostomun spp.
10
7
10
12
10
18
10
28
10
42
10
55
6
N
60,00
SOMA
10,00
MÉDIA
0,00
Desvio Padrão
0,00
Variância
0,00
Coef. Variação
LOG Trichostrongylus spp. LOG
1,00
10
1,00
1,00
10
1,00
1,00
10
1,00
1,00
10
1,00
1,00
10
1,00
1,00
10
1,00
6
6
6
6,00
60,00
6,00
1,00
10,00
1,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
APÊNDICE G – Resultado da pesagem dos animais.
151
CONTROLE
Nº dos animais
16
36
38
44
45
51
57
59
CHEGADA 21/mai
Peso (kg)
22,00
22,00
23,00
34,00
24,00
24,00
27,00
24,00
DIA 0 18/jun
Peso (kg)
24,00
24,50
29,00
37,00
29,00
25,00
23,50
27,50
DIA 14 2/jul
Peso (kg)
24,00
25,50
30,00
39,50
28,50
27,00
25,00
29,00
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coeficiente de Variação
8,00
200,00
25,00
3,96
0,16
15,86
8,00
219,50
27,44
4,44
0,20
16,20
8,00
228,50
28,56
4,89
0,24
17,11
GRUPO 1
Nº dos animais
17
26
27
32
46
49
50
53
CHEGADA 21/mai
Peso (kg)
23,50
26,00
18,50
19,00
20,00
18,50
22,00
29,00
DIA 0 18/jun
Peso (kg)
23,00
32,00
17,00
23,00
22,50
25,00
24,50
26,00
DIA 14 2/jul
Peso (kg)
23,50
33,50
18,50
24,00
23,50
25,00
24,00
28,00
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coeficiente de Variação
8,00
176,50
22,06
3,87
0,15
17,53
8,00
193,00
24,13
4,18
0,18
17,33
8,00
200,00
25,00
4,31
0,19
17,24
GRUPO 2
Nº dos animais
4
CHEGADA 21/mai
Peso (kg)
24,00
DIA 0 18/jun
Peso (kg)
25,00
DIA 14 2/jul
Peso (kg)
25,50
152
8
10
21
34
39
47
54
20,50
21,50
23,50
20,00
23,50
22,00
25,50
23,50
23,50
24,50
21,00
27,00
23,50
26,00
24,50
25,00
24,00
22,50
24,50
25,50
28,00
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coeficiente de Variação
8,00
180,50
22,56
1,88
0,04
8,33
8,00
194,00
24,25
1,83
0,03
7,56
8,00
199,50
24,94
1,57
0,03
6,29
GRUPO 3
Nº dos animais
13
15
22
30
33
37
40
56
CHEGADA 21/mai
Peso (kg)
22,00
21,00
26,00
21,50
24,00
23,50
31,50
26,00
DIA 0 18/jun
Peso (kg)
24,50
25,50
27,50
25,00
28,00
26,00
36,50
28,00
DIA 14 2/jul
Peso (kg)
25,50
23,00
27,50
23,50
29,50
27,50
38,50
28,50
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coeficiente de Variação
8,00
195,50
24,44
3,43
0,18
14,02
8,00
221,00
27,63
3,83
0,15
13,88
8,00
223,50
27,94
4,85
0,24
17,36
GRUPO 4
Nº dos animais
11
14
19
24
35
CHEGADA 21/mai
Peso (kg)
21,50
26,00
22,00
24,00
20,50
DIA 0 18/jun
Peso (kg)
28,00
30,00
28,00
26,50
18,00
DIA 14 2/jul
Peso (kg)
30,00
31,00
29,50
27,50
21,00
153
41
43
48
26,00
26,00
23,50
28,00
27,00
28,00
28,50
26,00
29,00
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coeficiente de Variação
8,00
189,50
23,69
2,20
0,05
9,30
8,00
213,50
26,69
3,65
0,13
13,69
8,00
222,50
27,81
3,15
0,10
11,33
GRUPO 5
Nº dos animais
7
12
18
23
25
28
42
55
CHEGADA 21/mai
Peso (kg)
28,00
24,00
23,50
26,00
21,50
21,00
20,50
22,50
DIA 0 18/jun
Peso (kg)
29,00
27,00
27,50
27,50
24,50
31,50
21,50
22,50
DIA 14 2/jul
Peso (kg)
31,00
29,50
26,50
29,00
26,00
34,00
24,00
24,00
N
SOMA
MÉDIA
Desvio Padrão
Variância
Coeficiente de Variação
8,00
187,00
23,38
2,59
0,07
11,07
8,00
211,00
26,38
3,35
0,11
12,69
8,00
224,00
28,00
3,52
0,12
12,56
Download