UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PÓLO AVANÇADO DE XERÉM GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA CURSO FISIOLOGIA VEGETAL(XBT355) TURMA 2014/1 Aula 6: Etileno, ABA e o controle hormonal do desenvolvimento reprodutivo Prof. Dr. Silas Pessini Rodrigues Rio de Janeiro, 18 de março de 2014 Quais são os grupos conhecidos de fitormônios? Cytokinins Gibberellins Auxin Abscisic Acid Ethylene Brassinosteroids Strigolactones Salicylates Modificado à partir de: www.plantcell.org/cgi/doi/10.1105/tpc.110.tt0310 Jasmonates Fitormônios regulam todos os estágios de vida da planta e auxiliam em repostas contra estresses Germination Fruit ripening Embryogenesis Fertilization and fruit formation Seed dormancy Flower development Modificado à partir de: www.plantcell.org/cgi/doi/10.1105/tpc.110.tt0310 Growth and branching Tópicos da aula 1.Características gerais de ácido abscísico (ABA) e etileno (Et) 2. Efeitos do ABA e Et no crescimento vegetal Controle hormonal do desenvolvimento reprodutivo Em angiospermas: • Transição do crescimento vegetativo para o reprodutivo marcado pelo desenvolvimento da flor seguido pelo desenvolvimento e maturação do fruto seguido do desenvolvimento, maturação e germinação da semente Photo courtesy of Tom Donald Evocação floral: eventos que ocorrem no meristema do ápice caulinar que levam à produção de flores Desencadeado por: Fatores endógenos • rítimos circadianos • mudança de fase reprodutiva • hormônios Fatores extermos • fotoperíodo comprimento do dia Transição para a florescimento Plantas de florescimento autônomo dependem apenas de fatores internos para florescenrem Plantas de florescimento obrigatório florescem de acordo com fatores externos Plantas de florescimento facultativo podem ou não responder ao ambiente Lithops flowering O meristema do ápice caulinar vegetativo versus meristema reprodutivo Juvenil Mudança de fase para o Zona central Juvenil Células centrais divisão lenta Adulto células centrais divisão rápida Adulto Modelo de evocação floral e plantas que acabaram de passar da fase juvenil para a fase adulta Meristema competente: capaz de desenvolver órgão reprodutivo quando estimulado Determinado: capaz de se desevnolver mesmo que removido da sua posição original na planta O papel de GAs na iniciação do florescimento varia de acordo com a espécie e com o hábito de crescimento Lolium temulentum Gramínea anual de região temperada SIM! Beta vulgaris Bi-anual SIM! Malus domestica Perene NÃO! Arabidopsis thaliana Anual Dias curtos Dias longos SIM! NÃO! Photos courtesy of Plate 271 from Anne Pratt's Flowering Plants, Grasses, Sedges and Ferns of Great Britain c.1878, by permission of Shrewsbury Museums Service; David Kuykendall ARS; Vincent Martinez; Takato Imaizumi. Giberelinas atuam induzindo o florescimento por induzirem a expressão de genes florais AP1-AP3 --- APETALA 1 E 3 PI ---- PISTILLATA AG --- AGAMOUS M: tratado com etanol GA: tratado com 100 μM GA At mutante deficiente na síntese de GAs (ga1-3) Proc Natl Acad Sci U S A. 2004 May 18;101(20):7827-32. Etileno promove o florescimento em gramíneas O abacaxí é produzidos à partir de flores de abacaxizeiro. As plantas são tratadas com etileno para sincronizar o florescimento. Images couresy of Dave McShaffrey, Marietta College, ©2009, used by permission. Desenvolvimento floral Os hormônios contribuem para o desenvolvimento floral de diversas formas: • Estruturação do meristema floral • Desenvolvimento de órgãos florais • Desenvolvimento de estruturas masculinas e femininas de reprodução • Alongamento celular Etileno e giberelinas estão envolvidos na determinação sexual Hermafrodita Masculina Feminina Image courtesy of Abdelhafid Bendahmane, URGV - Plant Genomics Research INRA Desenvolvimento e maturação de frutos também estão sob controle hormonal A polinização inicia a senecência de pétalas, divisão e expansão celular no ovário seguidos de desenvolvimento e maturação do fruto Auxinas e giberelinas promovem a divisão celular e crescimento de frutos Variedades de uva sem sementes requerem GAs exógenas Receptáculos de morango respondem à aplicação de auxinas Auxina + GA GA Auxina Photo credits: Grape flowers by Bruce Reisch; Strawberry flower by Shizhao O amadurescimento de frutos é induzido por etileno Auxina + GA O gás etileno o amolecimento de frutos bem como o desenvolvimento de cor e sabor Etileno Etileno •Controle do amadurescimento •Controle da senescência de folhas e pétalas •Controle da divisão e alongamento celular •Determinação sexual •Controle do crescimento de raízes •Repostas a estresse H H C C H H C2H4 C2H4 Resposta tripla de plântulas de ervilha etioladas ao etileno O etileno unduz a resposta triplice: •Reduz alongamento •Inchaço do hipocótilo •Encurvamento do ápice caulinar Etileno promove senescência de folhas e pétalas Ar livre (controle) 7 dias com Et Plantas de algodão Etileno promove a senescência de folhas e pétalas. Em casas aquecidas à gás, as plantas eram projudicadas pela produção de etileno. Aspidistra é uma planta resistente à Et planta popular em áreas frias. Beyer, Jr., E.M. (1976) A potent inhibitor of ethylene action in plants. Plant Physiol. 58: 268-271. Etileno diminui a longevidade de frutos e flores Os níveis de etileno podem ser modulados para manter os frutos frescos, tanto comercialmente quanto em casa. Estratégia para o controle dos níveis de etileno Limitar a produção alto CO2 ou baixo O2 Remoção de Et do ar reação com KMnO4, absorção por zeolite Uso de interferentes do receptor de etileno tiosulfato de sódio (STS), diazociclopentadieno (DACP), etc. Reprinted from Serek, M., Woltering, E.J., Sisler, E.C., Frello, S., and Sriskandarajah, S. (2006) Controlling ethylene responses in flowers at the receptor level. Biotech. Adv. 24: 368-381 with permission from Elsevier. Via biossintética de etileno Via biossintética de etileno: regulação Mudanças na concentração de ACC, atividade da ACC oxidase e etileno ao longo da maturação de maçãs Frutos climatéricos: aumento na respiração é precedido por um pico de síntese de etileno Modificação genéticas podem limitar a síntese de etileno ACC synthase S-adenosil metionina ACC oxidase ACC (Ácido carboxílico 1aminociclopropano) ACC sintase “antisense” Controle H H C C Etileno H H A introdução de um gene antisense para interferir na síntese de etileno é uma estratégia efetiva no controle da síntese de etileno. Theologis, A., Zarembinski, T.I., Oeller, P.W., Liang, X., and Abel, S. (1992) Modification of fruit ripening by suppressing gene expression. Plant Phys. 100: 549-551. ETR1, proteína receptora de etileno ETR1 = proteína integral de membrana do RE Via de sinalização induzida por etileno S/ Et Et Mutante para a percepção de etileno apresentam distúrbios de amadurescimento Ar ou Etileno Wild type Receptor CTR Diversas mutações que afetam a percepção e a sinalização interferem com o amadurescimento do fruto. Green-ripe Never-ripe2 Never-ripe Barry, C. S., et al. (2005) Ethylene insensitivity conferred by the Green-ripe and Never-ripe 2 ripening mutants of tomato. Plant Physiol. 138: 267-275. Ácido abscísico (ABA) Processos associados •Maturação e dormência de sementes •Tolerância à discecação •Resposta à estresse •Controle da abertura de estômatos ABA ABA é acumulado em sementes em maturação Desenvolvimento do embrião Acúmulo de reservas Tolerância à discecação A maturação de sementes requer a síntese de ABA e o acúmulo de proteínas específicas para conferir tolerância à discecação. ABA: aspectos estruturais Biossíntese de ABA: envolve plastídeo e citoplasma Ocorre atravéz da via de terpenóides Síntese de IPP = também é o precursor de citocinas, giberelinas e brassinoesteróides Primeira etapa específica de síntese de ABA limitante do processo (ainda ocorre no plastídeo) Aonde ABA é encontrado na planta? Tempo (h) de exposição de plantas à seca ABA aparece primeiro no hipocótilo Na raiz só aparece depois de 10 h Receptores de ABA: existem algumas classes de receptores 1. PYR/PYL/RCAR – presentes no citoplasma e núcleo 2. CHLH – localizado no plastídeo controla expressão gênica 3. Proteína G (GTG1 e GTG2) – presente na membrana plasmática A dormência de sementes envolve a síntese e sinalização por ABA ABA Proteína kinase Fator de transcrição A perda da função sinalizadora do ABA (proteína kinase ou fatores de transcrição) interferem com a dormência induzida por ABA causa germinação precoce. Transcrição Nakashima, K., et al. (2009) Three Arabidopsis SnRK2 protein kinases, SRK2D/SnRK2.2, SRK2E/SnRK2.6/OST1 and SRK2I/SnRK2.3, involved in ABA signaling are essential for the control of seed development and Dormancy. Plant Cell Physiol. 50: 1345–1363. Copyright (c) 2009 by the the Japanese Society of Plant Physiologists with permission from Oxford University Press. McCarty, D.R., Carson, C.B., Stinard, P.S., and Robertson, D.S. (1989) Molecular analysis of viviparous-1: An abscisic acid-insensitive mutant of maize. Plant Cell 1: 523-532. Uma vez dormentes e secas, as sementes podem permanecer viáveis por períodos muito longos Sementes de plantas de lotus de 500 anos de idade germinadas com sucesso Palmeira proveniente de sementes de 2,000 anos de idade. A existência de uma casca dura e espessa mantêm a viabilidade de algumas espécies From Sallon, S., et al. (2008). Germination, genetics, and growth of an ancient date seed. Science 320: 1464, with permission from AAAS Lotus picture by Peripitus GA é requerida para a germinação de sementes A germinação requer a eliminação de ABA e produção de GAs promove o início do desenvolvimento e a quebra de substâncias armazenadas Mobilização de reservas Expansão celular GA ABA GAs são utilizados na indústria de bebidas para promover a germinação de grãos de cevada A quebra do amido do endosperma amilífero é induzida por GAs produzidos pelo endosperma ou adicionado durante o processo de maltagem. GA GA sugars amylase starch Embryo Endosperm Aleurone Images by Prof. Dr. Otto Wilhelm Thomé Flora von Deutschland, Österreich und der Schweiz 1885 and Chrisdesign. Desenvolvimento vegetal versus desenvolvimento animal Em plantas desenvolvimento continua ao longo do ciclo de vida não existe um carácter do desenvolvimento que seja pré-determinado o desenvolvimento se desdobra em resposta à fatores ambientais (comprimento do dia, temperatura, competição, nutrients, etc.) Em animais desenvolvimento é completado ao final da embriogênese Sumário da regulação hormonal do desenvolvimento reprodutivo GA e etileno promovem o florescimento em algumas plantas. O crescimento, maturação e amadurescimento de frutos são controlados por auxina, GAs e etileno. A maturação e germinação de sementes são reguladas por ABA e GAs. A compreensão dos efeitos hormonais na reprodução vegetal é imporante para a produção de alimentos uma vez que a maioria dos alimentos que ingerimos são derivados de sementes.