A manutenção dos níveis de glicose é muito importante porque o cérebro depende de glicose como fonte primária de energia, e as hemácias usam apenas glicose. A necessidade diária de glicose do cérebro de um adulto humano tópico é de cerca de 120g, o que dá conta da maior parte dos 160g diários de glicose necessários para todo o organismo. A quantidade de glicose presente nos líquidos orgânicos é em torno de 20g, e aquela prontamente disponível a partir do glicogênio tem aproximadamente 190g. Portanto, as reservas diretas de glicose são suficientes para atender às necessidades de glicose por cerca de um dia. A gliconeogênese transforma piruvato em glicose. Os precursores não glicídicos da glicose são primeiro transformados em piruvato, ou entram na via na forma de intermediários, tais como oxaloacetato e di-hidroxiacetona fosfato. O lactato formado pelo músculo esquelético ativo quando a velocidade da glicólise excede a do metabolismo oxidativo é prontamente transformado em piruvato pela ação da lactato desidrogenasse. Os principais precursores não glicídicos são lactato, aminoácidos e glicerol. Os aminoácidos são derivados das proteínas da alimentação e, durante o jejum, da degradação de proteínas do músculo esquelético. A hidrólise de triacilgliceróis em células adiposas produz glicerol e ácidos graxos. O glicerol é um precursor de glicose e pode entrar na glicólise ou gliconeogênese como di-hidroxiacetona fosfato. A glicose pode ser sintetizada a partir de precursores não glicídicos O local principal da gliconeogênese é o fígado, com uma pequena extensão ocorrendo também no rim. Também ocorre pouca gliconeogênese no cérebro, músculo esquelético e músculo cardíaco. De mais apropriada, a gliconeogênese no fígado e no rim ajuda a manter o nível de glicose no sangue para que cérebro e músculo possam dele extrair glicose suficiente para atender às suas demandas metabólicas. A enzima glicose 6-fosfatase está presente somente nos tecidos cuja obrigação metabólica é manter a homeostase da glicose - tecidos que liberam glicose no sangue (fígado e, em menor extensão, o rim). 1. Foma-se fosfoenolpiruvato a partir de piruvato através de oxaloacetato, pela ação da piruvato carboxilase e da fosfoenolpivuvato carboxicinase A gliconeogênese não é uma reversão da glicólise, devido às três reações essencialmente irreversíveis, catalisadas pela hexocinase, fosfofrutocinase e piruvato cinase. Na gliconeogênese, as reações virtualmente irreversíveis da glicólise são contornadas pelas seguintes etapas novas: A piruvato carboxilase é uma enzima mitocondrial, enquanto as outras enzimas da gliconeogênese são principalmente citoplasmáticas. O oxaloacetato, portanto, tem que ser transportado para o citoplasma a fim de completar a via. Ele é transportado para fora da mitocôndria por uma malato desidrogenase ligada a NADH. 2. A frutose 6-fosfato é formada a partir da frutose 1,6-bifosfato pela hidrólise do éster fosfórico no carbono 1. A frutose 1,6-bifosfatase catalisa essa hidrólise exergônica 3. Forma-se glicose pela hidrólise da glicose 6-fosfato, em uma reação catalisada pela glicose 6fosfatase Gliconeogênese Seis moléculas de nucleotídeo trifosfato (ATP) são hidrolisadas para sintetizar glicose a partir do piruvato na gliconeogênese, enquanto somente duas moléculas de ATP são geradas na glicólise na transformação de glicose em piruvato. Portanto, o preço extra da gliconeogênese é de quatro moléculas de alto potencial de transferência de fosforila por molécula de glicose sintetizada a partir de piruvato. As quatro moléculas adicionais de alto potencial de transferência de fosforila são necessárias para transformar um processo energeticamente desfavorável (a reversão da glicólise) em um favorável (gliconeogênese). A gliconeogênese e a glicólise são coordenadas de modo que, dentro de uma célula, uma via esteja relativamente inativa enquanto a outra estiver em alta atividade. A velocidade da glicólise é também determinada pela concentração de glicose e a da gliconeogênese pela concentração de lactato e de outros precursores de glicose. No fígado, as velocidades da glicólise e gliconeogênese são ajustadas para manter os níveis sangüíneos de glicose. O equilíbrio entre a glicólise e a gliconeogênese no fígado é sensível à concentração sanguínea de glicose Glucagon estimula a PKA quando a glicose sanguínea é escassa. A FBPase 2 é ativada. A glicólise é inibida e a gliconeogênese, estimulada. Altos níveis de frutose 6-fosfato estimulam a fosfoproteína fosfatase. A PFK2 é ativada. A glicólise é estimulada e a gliconeogênese, inibida. No músculo esquelético em contração durante exercício físico vigoroso, a velocidade pela qual a glicólise produz piruvato excede a velocidade pela qual o ciclo do ácido cítrico a oxida. Nestas células, a lactato desidrogenasse reduz o piruvato em excesso a lactato para restaurar o balanço redox. Contudo, o lactato tem de ser convertido de volta a piruvato antes de ser metabolizado. Ambos, piruvato e lactato, difundem-se para fora das células através de carregadores, para a corrente sangüínea. A gliconeogênese e a glicólise são reciprocamente reguladas O lactato e a alanina formados pelo músculo em contração são utilizados por outros órgãos No músculo esquelético em contração, a formação e liberação de lactato permitem ao músculo gerar ATP na ausência de oxigênio e deslocam o lactato metabolizado do músculo para outros órgãos. O músculo esquelético em contração fornece lactato para o fígado, que o usa para sintetizar e liberar glicose. Assim, o fígado restaura o nível de glicose necessário para as células musculares ativas, que obtêm ATP da transformação glicolítica da glicose em lactato. Estas reações constituem o ciclo de Cori. A alanina, como o lactato, é um precursor importante de glicose no fígado e ajuda a manter o balanço nitrogenado. Gabriel Fernandes Nutricionista Fonte: Bioquímica Jerry M. Berg John L. Tymoczko Lubert Stryer Piruvato carboxilase —————————> Piruvato + CO2 + ATP + H2O Fosfoenolpiruvato carboxicinase —————————> Oxaloacetato + GTP Oxaloacetato + ADP + Pi + 2 H+ Fosfoenolpiruvato + GDP + CO2 Após o malato ser transportado através da membrana mitocondrial, é reoxidado a oxaloacetato por uma malato desidrogenasse ligada a NAD+ no citoplasma. A formação de oxaloacetato a partir do malato também fornece NADH para utilização nas etapas subsequentes da gliconeogênese. Frutose 1,6-bifosfato + H2O Frutose 6-fosfato Frutose 1,6-bifosfatase ——————> Glicose 6-fosfatase ——————> Glicose + Pi Frutose 6-fosfato + Pi