1. Planeta-disco (a) Fazendo as correspondências q → m 1 4π ε 0 → −G mm q1 q 2 → −G 12 2 2 4π ε 0 r r 1 Se, por um lado, para o campo eléctrico, se tem q Φe = ε0 a forma da Lei de Gauss para o campo gravítico é Φ g = −4π G m . (b) Usando uma superfície gaussiana que contenha as duas superfícies do planeta (ver figura mais à frente, esquema 1)) Φ g = 2g ( z) A em que g(z) é a componente z da aceleração da gravidade à altitude z e A é a área da base da superfície gaussiana (superfície cilíndrica, por exemplo). Como a massa no interior da superfície gaussiana é ∆m = µA vem 2 g ( z ) A = −4π GµA ou g ( z ) = −2π Gµ de onde resulta g ( z ) = − g Dw = −2 π Gµ . O campo é uniforme e não varia com a distância à superfície (desde que a aproximação de planeta “sem espessura” seja razoável). (c) Se o planeta tiver massa volúmica ρ, então µ = ρ d, em que d é a espessura do planeta. Como g Dw = 2 π Gρ Dw d , e sendo g Dw = g e ρ Dw = ρ T = ρ , g = 2 π Gρd . GM T 4 Por outro lado, à superfície da Terra, g = = π RT Gρ . Inserindo na expressão 3 RT2 acima, 2 d = RT = 4,3 × 106 m. 3 1 (d) Usando novamente uma superfície de Gauss com uma base fora do planeta, onde o campo é − g Dw e a outra dentro e à distância z do plano central (figura acima, esquema 2), onde o campo é − g (z ) , vem Φ = − g Dw A − g ( z ) A . A massa contida no interior da superfície de Gauss é ∆m = Aρ (d / 2 − z ) pelo que o fluxo de campo gravítico também é dado por d Φ = −4π GAρ −z . 2 Igualando agora as duas expressões obtidas para o fluxo, vem (notar que g Dw = 2 π Gρd ) g Dw + g ( z ) = 4π Gρ 2z d − z = g Dw 1 − 2 d e, finalmente, g ( z ) = − g Dw 2z d (e) Como mostra a última expressão, a aceleração gravítica é proporcional à distância ao plano central, ou seja pode escrever-se na forma d 2z = −ω 2 z . 2 dt O movimento de uma partícula largada da superfície do planeta para dentro do poço é harmónico simples com frequência angular 2 g Dw ω= . d O período é, pois, 2π d T= = 2π ω 2 g Dw Usando a expressão d = 2 RT e substituindo valores, encontra-se 3 T = 2π RT = 48,9 minutos 3g Dw 2 2. Disco de Faraday (a) Na ausência de corrente a velocidade dos electrões é igual à velocidade de cada ponto do cilindro: v = ω r eˆθ Como B = B eˆ z a força magnética sobre os electrões é dada por ou seja Fm = −ev × B = −evB eˆr Fm = −eBω r eˆ r . (b) Para que a força electromagnética Fem = q ( E + v × B ) seja nula surge um campo eléctrico induzido tal que E = − Bω r eˆr . Este campo depende da distância ao eixo de rotação, E ( r ) = − Bω r . O campo eléctrico aponta do exterior para o interior. Logo, a periferia do cilindro fica a um potencial maior do que o seu centro. A diferença de potencial entre qualquer ponto da periferia do cilindro (P) e o centro (C) é 1 VP − VC = ∆V = ωBa 2 . 2 Designando a secção recta do cilindro por A, tem-se A = π a 2 e a equação acima pode ω ω BA . Por um lado, = T −1 é o inverso do período de rotação; por 2π 2π outro lado, BA = φ é o fluxo do campo magnético através da secção recta do cilindro. escrever-se ∆V = Portanto, ∆V = φ T (c) Se o gerador de Faraday estiver ligado a uma resistência externa, R, a corrente que passa na resistência é ∆V i= R e a potência dissipada por efeito Joule é (∆V )2 = ω 2φ 2 P= R 4π 2 R Como a energia se conserva, esta potência dissipada corresponde à variação da energia cinética do cilindro por unidade de tempo. A energia cinética do cilindro é Ec = 1 2 Iω 2 3 1 ma 2 o momento de inércia do cilindro de massa m. A conservação de 2 energia permite escrever dE c ω 2φ 2 φ2 = − 2 = − 2 Ec dt 4π R 2π IR e, finalmente, sendo I = dE c E =− c , dt τ com τ = 2π 2 I R φ 2 ou ainda τ= mR . B 2a 2 (d) Para B = 1 T, e A = πa 2 = 4π × 10 −4 m2, vem φ = 4π × 10 −4 Wb. Por outro lado, I = ma 2 / 2 = 1 × 4 × 10 4 / 2 = 2 × 10 4 kg m2 e R = 10 Ω . Portanto, 4π 2 × 10 −3 = 25 000 s ≈ 6,9 horas. 16π 2 × 10 −8 Sendo este o valor da constante de tempo, o cilindro, para parar ao fim de 10 minutos, terá de existir um outro mecanismo de dissipação de energia. τ= 4 3. Datação por carbono-14 A lei do declínio radioactivo escreve-se N (t ) = N 0 e − λ t Por definição, para t = T1/2 (tempo de meia-vida) tem-se N = N0 / 2: Tomando logaritmos, ln ( N0 = N 0 e − λ T1/ 2 . 2 ) 1 = ln e − λT1/ 2 que é equivalente a 2 ln (1) − ln (2 ) = −λT1 / 2 e, finalmente, T1 / 2 = ln 2 λ A constante de decaimento é λ = ln 2 / T1 / 2 = ln 2 / 5700 anos −1 : λ = 1,216 × 10−4 anos −1 . (b) Admitindo que o fóssil tinha, quando morreu, o mesmo teor de carbono-14 que o ser vivo actual, podemos escrever N fóssil (t ) = N ser vivo e − λt No caso em análise, N fóssil / N ser vivo = 0,1 e portanto 0,1 = e − λt ou t=− ln (0,1) λ =− ln (0,1) 1,216 × 10− 4 e t = 1,89 × 10 4 anos. 0,0006 × N ser vivo , donde N ser vivo ln (0,0006) ln (0,0006) t=− =− λ 1,216 × 10− 4 (c) Escrevemos agora e − λt = e t ≈ 61 000 anos. dN = λN 0 e −λt ou R = R0 e − λt com R0 = λN 0 (e R = λN ). dt Para N = 1015 e λ = 3,856 × 10 −12 vem R = 3856 desintegrações/segundo (d) A actividade é R = − 5 6 4. Arrefecimento de átomos a) De 1 2 3 mv = k BT 2 2 obtém-se v= 3k BT m e, substituindo valores (a massa do átomo de sódio é m = 3,819 × 10 −26 kg), vem v = 570 m/s. (Nota: considerou-se a velocidade média igual à velocidade quadrática média.) b) 0 x A conservação do momento linear segundo a direcção do movimento permite escrever: p final átomo = p fotão+ p inicial átomo ou ainda ∆ p átomo= p fotão. Segundo o eixo Ox, ∆pátomo= −h/λ = − Efotão/c pelo que a variação da velocidade do átomo é E ∆v = − fotão . mc De acordo com a aproximação sugerida no enunciado, Efotão≈ Etransição = Eexc –Efund = −3,04+5,14 = 2,10 eV = 3,36 ×10−19 J. A variação de velocidade em cada colisão frontal, ∆v = −Efotão / mc, é, substituindo valores, ∆v = −2,93 × 10 −2 m /s Seriam necessárias 570/(2,93×10−2) = 1,94×104 colisões. c) Vamos considerar todas as grandezas vectoriais projectadas na direcção 0x. (c.1) A energia cinética final do átomo é 1 1 1 2 2 2 2 E c final = m( vi − ∆v ) = m vi − 2vi ∆v + ∆v = E c inicial + m − 2vi ∆v + ∆v 2 2 2 ( ) ( ) e, portanto, ∆ E c = − m v i ∆v + 1 2 m ∆v 2 7 (c.2) Desprezando o segundo termo na expressão anterior ∆E c ≈ −m vi ∆v e usando o E fotão , encontra-se mc v ∆E c ≈ − i = −1,9×10−6. E fotão c resultado da alínea (b), ∆v = − (d.1) 0 x A conservação de momento linear permite concluir que a variação de velocidade do E átomo é, tal como encontrámos na alínea (b), ∆v = − fotão . Esta é, pois, a velocidade mc final do átomo depois de absorver o fotão. A variação de energia cinética do átomo é, portanto, ∆E c = 2 1 E fotão 2 m c2 Esta energia tem de ser fornecida pelo fotão, logo Efotão=Etransição+ ∆E c Efotão=Etransição + (d.2) Como ∆E c = 2 1 E fotão 2 mc2 de onde se conclui que Efotão>Etransição 2 2 E transição E fotão ≈ = 3,28×10−29 J, a variação de energia cinética do átomo é 2 2 mc mc 2 1 E transição , ou seja 2 m c2 ∆Ec =1,64×10−29 J. (d.3) Na emissão do fotão, tal como na absorção há conservação do momento linear. p inicial átomo = p final átomo + p fotão 0 x m vi = m vf + p fotão A velocidade inicial do átomo aponta agora no sentido negativo de 0x. Vimos em (d.1) E que esta velocidade inicial é − fotão . Como o fotão é emitido no sentido positivo, mc podemos escrever 8 ′ E fotão E = − fotão c c ′ é a energia do fotão emitido ( E fotão é a energia do fotão absorvido). Portanto, onde E fotão ′ E + E fotão vf = − fotão mc mvf + A variação da energia cinética do átomo é ′ E + E fotão 1 1 1 ∆E c′ = mvf2 − mvi2 = m − fotão 2 2 2 mc 2 E − − fotão mc 2 ou ainda ′ ′2 E fotão 1 2 E fotão Efotão + 2 mc 2 mc 2 e, finalmente, na aproximação sugerida, 2 3 E transição ′ ∆E c = 2 mc2 ∆Ec′ = Esta variação de energia cinética na emissão é o triplo da encontrada na alínea (d.2): ∆E c′ = 4,92×10−29 J. (d.4) Devido ao processo de absorção e emissão consecutiva, o átomo, inicialmente em repouso, adquire uma energia cinética E c = ∆E c + ∆E c′ = 4,92×10−29 + 1,64×10-29 ou E c = = 6,56×10−29 J A temperatura correspondente é T = 2 Ec , ou seja 3k B T = 3 µK . Este valor é muito pequeno (ordem dos microkelvins) pelo que o processo pode ser desprezado no arrefecimento. Só tem importância próximo do zero absoluto (não sendo possível atingi-lo). 9